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quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Perder na Taça e seguir em frente? É possível, mas não devia

"A técnica da força

O Eléctrico não foi feliz na primeira eliminatória da Taça de Portugal. A equipa de Ponte de Sor foi cilindrada de forma implacável em casa pelo Benfica de Castelo Branco: 7-0. Este foi o resultado mais pesado dos 55 jogos da ronda inaugural, vida difícil para os alentejanos.
Mas, por incrível que pareça, o Eléctrico seguiu para a segunda eliminatória, e vai ter novo desafio complicado, desta vez com o Arouca. Explique-se: o clube foi um dos repescados para a fase seguinte, de forma a acertar o número de clubes em prova. Imperativos matemáticos, portanto. Mas nem foi preciso ter assim tanta sorte, porque além do Eléctrico, mais 20 equipas que perderam o primeiro jogo vão ter mais uma oportunidade na Taça. Ou seja, dos 55 clubes «eliminados», 21 continuam na competição (e agradecem ao sorteio). Significa isto que quase 40 por cento dos clubes derrotados são apurados juntamente com os vencedores. Na minha opinião, esse modelo não é justo nem lógico. Retira emoção. E não é feliz do ponto de vista do mérito competitivo e desportivo.
O cenário não é novo: em 2016, a Naval foi esmagada por 8-0 pelo Benfica de Castelo Branco na estreia, mas graças às necessidades de repescagem, defrontou e venceu o Fafe na segunda eliminatória! Acabaria por perder por 4-0 com o Marítimo no jogo seguinte. Penso que todos concordam: é uma situação inusitada e evitável...
Como dizia acima, os imperativos matemáticos são impossíveis de contornar, e portanto este cenário reflecte uma necessidade. Não se trata de desorientação por parte da entidade que organiza a Taça - a FPF. Isso é claro. Na minha opinião, também é claro que, apesar disso, os responsáveis devem olhar com ponderação para este cenário e talvez encontrar uma solução distinta.
Equipas que perderam por 7-0 ou 8-0 não podem continuar na Taça de Portugal. Não dignifica a competição, na minha opinião. Por outras palavras, e sublinho que estou no campo da mera visão pessoal: não faz sentido um clube perder no mata-mata e manter-se na prova. Admito que, por força da tal matemática, possam existir excepções esporádicas. Mas repescar quase metade dos derrotados ultrapassa os limites do razoável.
A solução? Teria que se estudar, naturalmente. Introduzir uma fase pré-eliminatória para acertar previamente o número de clubes - como na Taça da Alemanha? Criar vagas para mais emblemas dos Distritais? Colocar as equipas da Segunda Liga a entrar mais cedo em prova? Não sou um especialista nestas matérias, mas é importante encontrar uma saída para impedir (e repito) que cerca de 40% dos derrotados tenham o privilégio de seguir em competição. Pode dar-se até o caso improvável de uma equipa chegar ao Jamor com uma derrota no percurso. Difícil de conceber, claro. 
O Eléctrico tem a segunda oportunidade a 29 de Setembro. Toda a sorte para os homens de Ponte de Sor - e para todas as equipas envolvidas nesta 2ª Eliminatória. A Taça de Portugal é uma grande competição, cheia de magia e muita história. E, também por isso, é preciso acarinhá-la e protegê-la, melhorando-a e tornando-a cada vez mais competitiva e emocionante. Da 1ª Eliminatória à Final do Jamor.

PS - Obrigado aos camaradas e amigos do Maisfutebol pelo simpático convite. É verdadeiramente uma honra escrever aqui."

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