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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A bola que transtornou Eusébio

"Dois dias depois do Natal o 'Rei' soube da melhor prenda da sua carreira desportiva

Corria uma fria segunda-feira de Dezembro, dia de descanso para os jogadores do Benfica, e Eusébio saíra para passear com Flora, Coluna e a sua melhor. Na volta de carro para Lisboa, o rádio tocava uma música de dança, tão ao agrado do 'Pantera Negra' que chegara mesmo a dizer que, se não fosse jogador, teria sido dançarino.
A música deu lugar às notícias e era o momento da revelação do vencedor da Bola de Ouro de 1965, do periódico France Football. Três anos antes, Eusébio já quase ganhara este ambicionado prémio, que consagrava o melhor jogador europeu do ano, mas perdera para Masopust (Dukla de Praga). Assim, ouvia com expectativa a voz da locutora, mas '(...) até tinha medo de ter essa esperança para não sofrer uma desilusão', pois 'Julgava que Fachetti (Inter de Milão) seria o jogador escolhido e me caberia de novo o segundo lugar...'. E finalmente foram proferidas as desejadas palavras: 'Eusébio ganhou a votação do «France Football» e é «o melhor futebolista europeu de 1965»'! Eusébio ouviu, riu e chorou. Não conseguia acreditar. Vendo o seu marido tão emocionado ao ponto de largar o volante, Flora ofereceu-se para tomar o seu lugar... apesar de não ter carta! Eusébio riu-se e , já mais calmo, retomou o caminho para Lisboa, mas a sua mente não parava de procurar as razões para a atribuição do título: '- Se calhar, foram os dois golos que meti à Turquia e à Checoslováquia. Não... Foram antes os dois golos de Sófia, ao Levsky...', sem nunca lhe parecerem suficientes.
Longe de se deslumbrar, sentiu o peso da responsabilidade que o título exigia e decidiu: 'Só há uma coisa a fazer: encarar todos os desafios, a partir de agora, como exames à distinção que me foi conferida. Tenho de provar que mereço o título. E isto obrigar-me-á a fazer o melhor possível em todas as condições'. A Bola de Ouro que foi entregue a Eusébio pode ser vista no Museu Benfica - Cosme Damião, na área 24. O 'Pantera Negra' e outras lendas."

Lídia Jorge, in O Benfica

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