Últimas indefectivações

sábado, 6 de dezembro de 2025

Clubes profissionais: casamentos, batizados e depois a vida real


"Os clubes profissionais já foram à festa, tiraram a fotografia de família e prometeram que este ano é que é, «vamos mesmo almoçar todos». Amanhã recomeça a vida normal

Quem nunca vestiu um fato e enrolou uma gravata ao pescoço, enfiou um vestido ou fez um penteado, para ir a um casamento ou a um batizado e fazer boa figura, sem necessidade de aprofundar grandes laços com os outros convivas a não ser aqueles com que já se dá bem na vida de todos os dias, ou pelo menos na dos fins de semana em que amigos se juntam para conversar, comer e divertir-se?
A vida em sociedade exige-nos destas coisas, e se calhar até está bem assim. No dia do casamento do meu amigo eu abraço efusivamente o irmão dele com quem deixei de me dar há anos ou dou um beijinho na irmã que noutros tempos foi minha namorada, mesmo que ela me tenha maltratado ou a tenha maltratado a ela quando éramos miúdos. Porque o que conta é o irmão que se casa, o dia é dele.
Claro que no batizado da filhota daquele casal com o qual não convivemos há anos mas tem um primo afastado, e por isso estamos na lista-padrão de convidados, vamos dizer que a menina é linda e temos mesmo de encontrar-nos no próximo ano para conviver e pôr a conversa em dia. Depois vem a vida...
Com os clubes profissionais parece suceder algo parecido. Ficam espetaculares nas fotografias de grupo, muito bem vestidos por sinal, e transpira para fora da sala de reuniões (porque ninguém a não ser eles lá está para conferir) que a discussão foi elevada. Claro que pode e deve ter sido, é o mínimo que se pede a pessoas de bem com educação. Já quanto às reais intenções de cada um há todas as razões do mundo para duvidar delas.
Sorriem, cumprimentam-se, posam para fotografias e sabem onde estão as câmaras de TV que não vão cansar-se de filmá-los a cada oportunidade. Falar... bom, se calhar é melhor não.
Fica a falar sozinho o dono da festa, pelo qual todos têm respeito institucional no dia do encontro mas que alguns não se cansarão de destratar pelas costas nos dias que aí vêm.
Como se destratarão uns aos outros em todos os dias que se seguirão, mantendo o que fizeram em todos os dias que ficaram para trás.
Vão emitir comunicados e tentar envenenar, nas sombras, os caminhos que sabem que o adversário irá pisar.
Vão ser o que somos todos quando não há casamentos e batizados: egoístas e autocentrados. Depois há os funerais, claro. E aí todos somos muito conscientes do que «realmente importa». Pois..."

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!