"Presidente da APAF desde julho, José Borges, entrevistado agora por A BOLA, tem o mérito de liderar uma iniciativa concreta dos árbitros, mesmo que a unanimidade não seja alcançada
A presença da Seleção Nacional no Campeonato do Mundo de 2026 continua a parecer uma inevitabilidade, ainda que a equipa das quinas tenha recuperado esse péssimo hábito de deixar tudo para o fim, de calculadora na mão.
Tendo em conta aquilo que já tinha sucedido na receção à Irlanda — resolvida com um golo para lá dos 90' —, e até mesmo a vantagem (duplamente) desperdiçada frente à Hungria, o pesadelo de Dublin até pode ser visto como uma surpresa, mas não completamente inesperada. Reforçando a ideia de que o apuramento só pode ser uma inevitabilidade, é importante dar o devido valor a problemas que não são novos, vincados sobretudo perante adversários que conseguem reduzir o espaço à equipa das quinas no último terço.
O jogo de Dublin voltou a expor um bloqueio criativo constrangedor, mas tão preocupante quanto a exibição foi o estranho descontrolo emocional por parte dos capitães da equipa das quinas, entre a expulsão de Cristiano Ronaldo e a indignação de Rúben Dias e Bernardo Silva perante o desagrado dos adeptos (eventualmente com maus modos).
Se o jogo fosse nacional, sem o carimbo UEFA/FIFA, talvez a culpa fosse do árbitro. Pelo menos é essa a narrativa que continua a imperar nas competições internas, e estranho até que Márcio Torres não tenha sido responsabilizado por apitar um jogo da Liga 2 [Lusitânia Lourosa-União de Leiria] a mais de 500 quilómetros do estádio da equipa visitada, presenciado ao vivo por 73 (corajosos) adeptos a um domingo à noite.
Por norma demasiado conformados com o papel de sacos de pancada, os árbitros decidiram agora tirar o corporativismo dos grupos de Whatsapp e apresentaram propostas concretas de alteração ao regulamento disciplinar, para que as punições aos emblemas profissionais deixem de ser uma piada de mau gosto, até quando comparadas com o saldo da caixinha das multas nos balneários dessas mesmas equipas.
Claro que o queixume fácil — que não deve, jamais, ser confundido com a liberdade de expressão que deve salvaguardar a crítica fundamentada e ponderada — continuará sem risco de extinção. Bastará afinar o discurso, se existir retórica para isso.
O problema não se resolverá assim tão facilmente, mas desta vez a culpa é dos árbitros, que decidiram assumir a iniciativa, mesmo sabendo que a bola está agora... do lado dos clubes."

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