"Cristiano Ronaldo ergueu o troféu da Liga das Nações e chorou como um menino. Pouco importa se tem 40 anos, pouco importa que desafie o que é esperado. Importa o que sente
Acredito que um atleta de alta competição vive para os resultados, para os recordes, para ser o melhor. Só assim fará sentido o esforço físico e mental a que está sujeito e se sujeita repetidamente, perdendo muito mais vezes do que aquelas que ganha.
Mas os atletas vivem também, tal como os atores e atrizes, dos aplausos do público, do carinho dos fãs e da devoção dos adeptos.
Portugal venceu a Liga das Nações em futebol, um troféu importante, claro, mas aquilo que fazia rolar o Mundo em Munique era Cristiano Ronaldo e o confronto com o miúdo Yamal. O português esteve melhor em todos os aspetos, foi um senhor antes e no fim do jogo em relação à nova estrela espanhola. Porque é como os grandes atores. Dizem alguns que está na hora de dar lugar aos mais novos. Será? Os grandes atores nunca saem de cena.
O surfista Kelly Slater decidiu esta semana, sim porque ele tem estatuto para escolher, participar em mais uma etapa do circuito mundial de surf. Aos 53 anos vai roubar ondas a surfistas que podiam ser seus filhos, mas quando o norte-americano, 11 vezes campeão do Mundo, põe um pé na areia há mais burburinho do que o barulho das ondas. O público sacode a areia dos chinelos e todos se levantam para o seguir, os repórteres fotográficos correm para não perder uma imagem que seja do passeio da lenda a entrar em palco. Adora surfar? Claro, mas podia fazê-lo no seu Havai do coração e está em França, porque os grandes atores não saem de cena e precisam de aplausos.
Valentino Rossi deixou de correr no MotoGP em 2021, depois de 26 anos, mas é com o irreverente italiano que o espanhol Marc Márquez vê serem feitas comparações no final de cada Grande Prémio que ganha. E ganha muitos. Rossi já só brinca com motos no seu rancho para onde convida os amigos, competir agora só em quatro rodas, onde não tem resultados que mereçam três linhas. Mas quando chega ao circuito todos se viram para ele, todos querem ouvir o que tem para dizer. Porque os grandes atores nunca saem de cena.
Este fim de semana em Paris, o espanhol Carlos Alcaraz e o italiano Jannik Sinner protagonizaram uma das melhores partidas da história do ténis. E eu sou uma sortuda porque estava em Wimbledon, em 2008, quando Rafael Nadal e Roger Federer jogaram a final de Grand Slam que é considerada a melhor de sempre.
Têm tudo para ser grandes atores, mas ainda terão de trabalhar mais, em palcos diferentes e recolher muitas mais palmas para serem candidatos ao Óscar.
Alcaraz venceu um encontro memorável, mas falou-se quase tanto de Nadal como de Carlitos e agora já todas as atenções estão viradas para Wimbledon, onde, imagine-se, qual será o nome mais falado? Roger Federer.
Os grandes atores nunca saem de cena e, para mim, todos os aplausos são merecidos. E de pé, em certos casos."
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!