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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Os serviços mínimos do Benfica não atrasaram o comboio da recuperação


"Numa noite pouco inspirada, um golo de Aktürkoğlu serviu para as águias baterem (1-0) um Vitória SC que voltou a dar provas da sua qualidade. O Sporting, que tem mais um encontro realizado, já só está a dois pontos de distância

Nem num dia em que a carruagem andou mais lenta, em que ter-se-á temido, até, uma greve, o comboio deixou de partir. O Benfica de Bruno Lage vem realizando uma viagem de aproximação, de recuperação, e nem um final de tarde menos veloz ditou que a trajetória se inverteu.
Há menos de um mês, a 10 de novembro, o Benfica entrou em campo contra o FC Porto a 11 pontos do Sporting. Passados 27 dias, o Benfica está a 2 pontos do Sporting, tendo um jogo a menos. O comboio da recuperação parece quase inevitável, indiferente a estados de alma ou a visitantes incómodos.
O Vitória SC foi, durante boa parte do desafio, um problema para o Benfica. Uma equipa bem trabalhada, que entrava na Luz com a motivação de apanhar na classificação o SC Braga, seu grande rival. Mas, nesta I Liga, a tendência de perseguição é outra, aproximando os dois lados da Segunda Circular.
O 1-0 determinou o desfecho de um jogo sem balizas. O Benfica só fez um remate à baliza, o Vitória só realizou dois tiros enquadrados. Foi um duelo de insinuações e suposições, de ideias não concretizadas, um rascunho constante, nunca um texto que fosse enviado.
O golo de Kerem Aktürkoğlu — como seria a época do Benfica sem este reforço de última hora? — foi o grande momento de lucidez da partida. O embate talvez tenha sido definido pelos minutos finais, uma longa procissão de faltas e períodos mortos, um desafio que foi até ao oitavo minuto de compensação sem parecer haver, verdadeiramente, futebol a ser jogado.
Para o Benfica, pouco importou. A Luz acabou a empurrar a equipa, que vai em oito jornadas seguidas a ganhar.
Com os olímpicos Gustavo Ribeiro ou Diogo Ribeiro como convidados ilustres nas bancadas, o arranque mostrou logo que o Vitória, com 17 triunfos em 25 compromissos na época até aqui, seria um adversário complicado. Kaio César, flutando entre a direita e o centro, criou perigo logo aos 5', com um remate perto do poste direito de Trubin, antes de Barreiro evitar uma finalização de Händel aos 16'.
Apesar do bom nível do Vitória, foi o Benfica a inaugurar o marcador. Os minhotos circulavam melhor, tinham fluidez e mobilidade, mas faltou-lhes a precisão que as águias evidenciaram, marcando no primeiro remate à baliza do jogo.
Por muito que a ausência de Kökçü tenha tirado criatividade ao meio-campo, Leandro Barreiro, que não era titular pelo Benfica desde agosto, teve uma boa participação no lance do 1-0, com um apoio frontal a dar a bola a Pavlidis. Num lance rápido, o grego abriu, de primeira, na esquerda, onde Kerem Aktürkoğlu, também de forma espontânea, atirou para bater Bruno Varela. O remate foi como que um alohomora, um feitiço de abertura de portas, desbloqueando a fechadura do adversário.
O golo sofrido aos 29’ tirou algum fulgor ofensivo ao Vitória, que teve uns minutos finais do primeiro tempo de menor qualidade. Até ao descanso, foram os lisboetas a roçar o 1-0, primeiro com Aktürkoğlu, já dentro da área, a ver o bis ser salvo por Alberto Baio, e depois numa tentativa de Pavlidis que saiu ao lado.
Os bons minutos do Benfica depois do 1-0 não apagaram o panorama geral, claramente visível nos primeiros 30’ e após o intervalo: foi um fim de tarde de pouca inspiração, a pender para o frio, uma exibição que, em boa parte, consistiu em ver as trocas de bola do Vitória, em apreciar os padrões coletivos dos homens de Rui Borges, em pensar nos limites do potencial de Tomás Händel, um médio que às vezes parece aquelas pessoas que sabem melhor os caminhos que o próprio Google Maps. Cá de fora pensamos que uma rota é a mais eficiente, mas ele vê diferente, vê melhor, foge dos engarrafamentos.
No entanto, faltava à equipa de Guimarães o que faltava ao encontro no geral: perigo, oportunidades de golo. Na primeira hora do desafio, cada conjunto só realizou um remate enquadrado, um total que, quando soou o apito final, só chegava a três.
A certa altura do segundo tempo, parecia que o Vitória estava perante uma oportunidade de sair com pontos da Luz. Florentino perdeu uma bola em zona perigosa, permitindo que Nuno Santos encarasse Trubin, mas Otamendi afastou o perigo, tendo Alberto Baio, aos 77', combinado com Gustavo Silva para causar um grande susto ao público da casa.
Chegaram a ouvir-se alguns assobios, mas a Luz rapidamente percebeu que era preciso apoiar a equipa. O comboio poderia não ir a acelerar, não era um TGV, mas um inter-cidades também chega ao destino. Mesmo que sem brilho, como se viu pela falta de pontaria de Pavlidis aos 77', quando, na área, não aproveitou a assistência de Aktürkoğlu.
Depois do falhanço do grego, jogaram-se mais 20 minutos. O que acontecia nessa dupla dezena de minutos? Pouco futebol. Serviços mínimos. Mas o comboio da recuperação lá segue, quem sabe saindo da plataforma nove e três quartos, inspirado por Kerem Potter."

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