"A lei do mais forte (leia-se futebol) exprime-se nos jornais, televisão, rádio e entre as pessoas. Os outros desportos são, comunicacionalmente, uma espécie de side car, ao lado do imperial futebol. Assim ditam, também, as poderosas (e, às vezes, corrompíveis) leis do mercado.
Acontece que, quando estão e causa representações nacionais, custa-me ver a mera reprodução deste enorme fosso entre a importância que é dada a qualquer minudência no futebol em relação a sucessos prestigiantes noutras modalidades.
Foi o que, notoriamente, se verificou agora. Portugal jogou bola na Arménia e atletas portugueses competiram nos Jogos Europeus em Baku. E o que vimos? Manchetes, páginas e páginas, noticiários e comentários televisivos até à náusea por causa de uma sofrida vitória contra uns medíocres arménios. Um exagero tonto. Ao mesmo tempo, a selecção nacional de ténis de mesa, campeã da Europa, arrebata a medalha de ouro no Azerbaijão. E o que constatámos? Uma quase ausência nos telejornais e uns míseros milímetros quadrados nas capas dos jornais, arrumados a uma canto e esmagados por um «inolvidável» êxito na Arménia.
Os medalhados no Azerbaijão (coisa rara no futebol) continuam em outras modalidades. Mas o que é isso diante de umas declarações inócuas de um qualquer jogador ou as férias de um treinador?
Vem aí o Mundial de hóquei. Este desporto, outrora o mais representativo de Portugal, bem precisa não só de reconquistas, como de apoio, que começa na comunicação social. Mas já antevejo uma qualquer pré-transferência no futebol a levar na enxurrada das não-notícias as notícias de Portugal do hóquei."
Bagão Félix, in A Bola
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