Últimas indefectivações

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A conquista de Apolo

"Em 1957, uma vitória por 3-0 sobre o Palmeiras, em São Paulo, deu ao Benfica o Troféu Saturnia. O triunfo constitui, desportivamente, o ponto alto de uma digressão ao Brasil e aos Estados Unidos.

Quando espreitaram de um ónibus fortuito os arranha-céus de São Paulo, estavam longe de se imaginarem conquistadores do Pacaembú.
Nesse momento anfiteatral, digno de Roma ou Atenas, tinham já rubricado, dois anos antes, um honroso 2-1. Glosando esse facto, a imprensa local falava agora em revanche. O adversário era o Palmeiras, recém reforçado com o grande Formiga.
Vinda de boas exibições, frente ao Flamengo de Zagalo, e ao Santos, de Pelé, bicampeão paulista, houve quem visse na nossa equipa uma das melhores estrangeiras que até então por lá se exibira. Os elogios, porém, não impediram que outros olhares lhe profetizassem com os bandeirantes uma derrota rotunda.
Foi neste clima entremeado que os 'manuéis' de seu Otto desembarcaram no duche escocês do Hotel Esplanada, onde foram pensar na melhor maneira de enviar para Lisboa o Troféu Saturnia.
Corria o ano de 1957. Veio a hora do tira-teimas a 25 do mês de Junho. Dominando o jogo desde o primeiro ao último minuto, os benfiquistas brindaram Formiga e companhia com um carinhoso 3-0 e os cumprimentos de José Águas, que fez hat-trick.
No final, estalejaram foguetes. Houve volta de honra. O estádio inteiro aplaudiu de pé.
O deus Apolo, que dava corpo ao Saturnia, foi circulando entre mãos, vestindo de música e poesia, como lhe era próprio, a epopeia encarnada.
Já se perfilavam no horizonte São Salvador e Recife. Mais ao longe, Fall River e Nova Iorque, ansiando a estreia dos campeões portugueses nos Estados Unidos. No dia seguinte, enquanto se passeavam pela cidade e faziam compras, os paladinos do Pacaembú cruzaram um mar de felicitações. E assim seguiram, de humor adequado, em direcção à Baía. Terra de felicidade, espécie de Ilha dos Amores, recomprensadora, onde, segundo escreveu no seu diário o jogador Calado, 'as morenas frajolas eram aos centos'."

Luís Lapão, in Mística

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!