Últimas indefectivações

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Uma grande apreensão

"NO dia em que o Sporting foi ao Dragão perder o jogo e a confiança na generosidade da aliança estratégica que vem mantendo com aquela casa, o presidente do FC Porto, rebaixando o Sporting à condição de grémio inapto, traçou um tão curioso quanto revelador paralelismo entre as carreiras de José Mourinho e de André Villas Boas.

Disse Pinto da Costa: «José Mourinho chegou a ter um pré-contrato com o Sporting e depois, devido à pressão da claque, o compromisso falhou. Curiosamente, André Villas Boas também teve um pré-acordo assinado com o Sporting, no tempo de Costinha, mas depois anulado.»

Objectivamente, não se tratam de grandes e impensáveis novidades. O fugaz entendimento de Mourinho com o Sporting já tinha sido exposto em público em devido tempo pelo próprio Luís Duque, que foi quem teve a ideia e está hoje de regresso ao comando do futebol dos verdes e brancos.

Quanto ao não menos fugaz entendimento de Villas Boas com Alvalade, isso sim, é de algum modo a confirmação do que se suponha ter acontecido na Primavera de 2010 quando o jovem treinador dava os primeiros passos da sua carreira a solo em Coimbra e, num gesto com pouco de original mas com muito de filial, oferecia o seu sobretudo à claque Mancha negra nos festejos pela manutenção da Briosa no primeiro escalão do nosso futebol.

Sobre este acordo entre Villas Boas e Costinha residiram sempre algumas dúvidas, muito por força do estrepitoso desmentido que o próprio Villas Boas haveria de fazer, não se inibindo de chamar de «palhaços» aos jornalistas que, afinal bem informados, se propuseram a dar a notícia.

Entretanto passou-se um ano inteiro e temos agora o jovem treinador do FC Porto já laureado com o título de campeão nacional, de vencedor da Supertaça interna e com o estatuto de ultra-favorito na corrente edição da Liga Europa. Naturalmente, Villas Boas desperta o interesse de clubes estrangeiros de nomeada e passou a ter um nome com créditos para a imprensa internacional.

Na semana passada foi noticiado o interesse do Liverpool nos seus serviços e esta semana os jornais italianos garantem que o consórcio norte-americano que comprou a Roma quer o português já para o ano no Estádio Olímpico. Villas Boas já disse que é adepto do FC Porto e que está bem onde está.

E, por enquanto, ainda não chamou palhaço a ninguém.

O que também é de assinalar.



O FC Porto-Sporting de domingo saldou-se pela 15.ª vitória consecutiva dos novos campeões em jogos a contar para a Liga que acabam de vencer. O percurso do FC Porto tem o seu mérito mas também tem muita ajuda abençoada.

No domingo foi Soares Dias que não viu, nos últimos instantes do jogo, Rolando jogar a bola com a mão depois de ter perdido o equilíbrio e por isso mesmo, em queda acidental, Rolando não quis perder a proximidade com a bola e deu-lhe um jeitinho com a mão.

Aliás não é a primeira vez nesta Liga que o mesmo Rolando tem o seu momento de andebol na área - no Funchal, com o Nacional ainda menos dúvida ofereceu o seu gesto - e os árbitros sempre mandaram seguir porque não estão para aborrecimentos, o que se compreende.

E até é caso para se dizer que se Rolando ainda jogasse no Belenenses, já o Belenenses tinha descido mais uma vez de divisão porque, com um central deste quilate a enterrar a equipa, a vida ainda estaria mais difícil para o histórico do Restelo.

A verdade é que Soares Dias poupou ao FC Porto uma grande penalidade que talvez tivesse permitido ao Sporting empatar o jogo e pôr fim à série incrível de vitórias no campeonato. Aliás, esta série de quinze jogos a ganhar iniciou-se logo depois do empate entre o Sporting e o FC Porto no encontro da primeira volta.

Na jornada seguinte, o FC Porto recebeu o Vitória de Setúbal e, já em período de descontos, com o resultado em 2-1 para os donos da casa, o árbitro Elmano Santos mandou repetir uma grande penalidade contra o FC Porto porque não gostou da maneira como tinha sido marcada da primeira vez.

E se da primeira vez a bola tinha entrada na baliza de Helton, da segunda vez não entrou e Elmano Santos deu por encerrada a questão. E começou dessa maneira esta série impressionante do FC Porto.

Ora bem, assim também é muito fácil bater recordes...



VOLTEMOS a Elmano Santos, um valor seguro da arbitragem nacional. Seguríssimo.

Tal como, em Dezembro, não gostou da maneira como o Vitória de Setúbal marcou de primeira a sua grande penalidade no Dragão e a mandou repetir, no último domingo não gostou da maneira como Pablo Aimar marcou um livre indirecto que terminou com a bola no fundo da baliza depois de ter sido desviada por um jogador do Beira-Mar.

Elmano Santos não mandou repetir porque mandou toda a gente para as cabines gozar o intervalo. Mas ainda teve tempo de dar um cartão amarelo a Aimar por ter protestado contra a sua decisão.

Aliás os dois últimos cartões amarelos recebidos por Aimar neste Liga são uma galhofa. No jogo com o FC Porto, para o campeonato, viu Duarte Gomes interromper-lhe uma perigosa jogada de contra-ataque para marcar uma falta, 30 metros atrás, contra o FC Porto em benefício do infractor. O argentino protestou sem grande estardalhaço mas levou logo um amarelo e ainda não havia 2 minutos de jogo.

E foi a partir daí que Duarte Gomes arrancou para aquela fabulosa exibição anti-Porto que até mereceu conferência de imprensa e tudo.



MESQUITA MACHADO essa pérola do poder autárquico nacional, mostrou-se muito satisfeito por caber ao Sporting de Braga defrontar o Benfica nas meias-finais da Liga Europa.

O presidente da Câmara Municipal de Braga está optimista com o desfecho da eliminatória.

E sente-se «muito mais tranquilo» por serem árbitros estrangeiros a actuar em Braga e na Luz. «Havendo dois clubes portugueses um árbitro internacional dá mais garantias de isenção», disse.

Se calhar até é capaz de ter razão.



ONTEM, o Benfica não teve pernas para o FC Porto e, por isso mesmo, viu-se eliminado em casa quando iniciou o jogo com uma vantagem sólida. Por toda semana que aí vem, o árbitro Carlos Xistra vai ser o tema das conversas de café e de escritório.

Trata-se apenas de um mau árbitro como ontem se voltou a ver. Mas o Benfica não tem desculpa pelo que deixou que lhe fizessem em casa. Ao contrário de Júlio César que teve muito que fazer, Beto passou uma noite tranquila, Isto é dizer muito.

E, agora, só a ideia de poder vir a jogar a final da Liga Europa com este FC Porto, deixa os benfiquistas francamente apreensivos. Compreende-se perfeitamente."


Leonor Pinhão, in A Bola

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