"O dérbi terminou empatado (1-1), beneficiando o FC Porto. Os leões entraram melhor, mas após a igualdade de Sudakov perderam muita qualidade, não tendo nenhuma das equipas arte para obter o triunfo
Não foram duas partes diferentes, não é bem essa a frase feita do futebolês a correta. Foram mais dois blocos de 20 ou 25 minutos diferentes, seguidos de incapacidade mútua, quase acordo tácito que ditava que ninguém era capaz de muito melhor.
O dérbi deu 1-1. Os primeiros 25' não pareciam encontro de empate, tal a superioridade do Sporting. Algures na segunda parte, quando Ríos foi o melhor Ríos em Portugal, quando o Benfica era agressivo e acumulava remates, não parecia partida de empate. Mas, olhando à globalidade, foi contenda de empate.
A impressão global foi entre o quero e não posso e o posso e não quero. O Sporting não matou quando cheirou sangue, o Benfica não teve embalo para virar. Agradece o FC Porto, que pode ficar com cinco pontos à frente dos leões e oito adiante das águias.
Dentro dos pequenos ciclos de domínio, arrancou a mandar quem tem um padrão de jogo mais reconhecível e reconhecido. Haviam passados meros três minutos e já o Sporting mostrava ao que vinha. Suárez roubou, perto da área do Benfica, a bola a Aursnes, conseguindo trabalhar até chegar perto de Trubin, que defendeu o remate do colombiano.
Estava dado o mote para os primeiros 25'. Os visitantes conseguiram constantes recuperações de bola perto da área das águias, que olhavam para o relvado como um aluno sem talento para a matemática aborda uma equação de segundo grau: sem saber por onde começar, que rumo tomar, quais são os passos necessários para atingir o resultado final. António Silva estava especialmente errático no passe, contrastando com a calma dos defesas leoninos, que arejavam a circulação verde e branca.
Seria, justamente, num roubo em zona subida que chegaria o 1-0. Trubin tocou em Enzo, que estava de costas para o jogo e, portanto, de frente para o perigo. Hjulmand, astuto, entendeu o que o médio ia fazer, antecipando-se. O capitão serviu Pote, que aproveitou as mãos pouco seguras de Trubin para dar vantagem aos bicampeões nacionais.
O golo surgiu aos 13'. Logo a seguir, no recomeço do desafio, Pavlidis, o ponta de lança do Benfica, tocou pela primeira vez na bola. A equipa de José Mourinho não chegava ao ataque e a Luz mostrava o seu descontentamento com a passividade encarnada.
Maxi Araujo demorou 10 segundos para ter a primeira picardia, no caso com Dedic. Mas o uruguaio de sangue quente está feito um lateral que defende com agressividade e ataca com critério. Por duas vezes ficou perto do 2-0, no melhor momento do tiki-tasca à Rui Borges. José Mourinho apelava à calma, mas o Benfica regressaria ao jogo, contra todos os prognósticos, logo a seguir.
O 1-1 foi como uma lotaria que caiu para os da casa. Sem qualquer aproximação com perigo até ali, com Barreiro a correr pelo campo como um homem que não sabe bem a que repartição pública se deve dirigir, vagueando de departamento em departamento sem resolver o seu problema, o golo veio da energia de Dedic, da clarividência de Ríos, da insistência de Sudakov e da falta de coordenação defensiva do Sporting. O ucraniano festejou-o com assinalável alívio.
A Luz, que começava a perder a paciência de cada vez que o rival reciclava o jogo, reiniciando a circulação, ganhou alma. Rugiu, festejou, empurrou os seus. Principiou outro jogo, de mais choque, mais dividido, já não um exercício de superioridade, mas um verdadeiro combate.
O recomeço consolidou o ascendente de quem marcou depois. Não foi o Ferrari que José Mourinho querará apresentar, mas houve umas acelerações vigorosas, um pouco de velocidade de ponta. O Sporting secou ofensivamente, tanto que, após Maxi roçar o 2-0 aos 26', não mais rematou. O Benfica, com mais urgência e agressividade atacante, teve três disparos quase seguidos, com Pavlidis, Aursnes e Sudakov a proporcionarem defesas atentas a Rui Silva.
Para procurar reencontrar o melhor Sporting, Rui Borges tirou Pote e Morita e colocou João Simões e Quenda, dois adolescentes para trazer energia e talento e deixar os visitantes com sete canhotos entre os 11 em campo. José Mourinho, como em todos os encontros de exigência máxima desde que regressou a Portugal, mostrou pouco confiar no banco, só fazendo a primeira substituição aos 81', lançando Prestianni. O jovem argentino duraria pouco em campo, já que viu o vermelho 10 minutos depois.
A certa altura do segundo tempo, chegou a parecer que as águias iam empurrar os leões para trás e forçar a reviravolta. Ríos, o colombiano que fala português com sotaque do Brasil fez, possivelmente, o seu melhor encontro desde que foi contratado, sendo o médio que se imagina há alguns meses, físico, levando a equipa para a frente, abarcando muito campo, chegando perto da baliza. Aos 73', Suárez evitou que o colombiano assistisse Barreiro e, pouco depois, foi o próprio Richard, de fora da área, a atirar perto da baliza de Rui Silva.
Quando o Benfica estava melhor, uma série de picardias, sempre com Maxi Araujo como protagonista, quebraram o ritmo do jogo. Seria o ocaso daquela equipa mais viva, mais à procura do 2-1. A expulsão de Prestianni, no arranque dos sete minutos de descontos, levou Mourinho a aceitar o empate como mal menor. O Sporting, sem argumentos, nada mais criou. E assim, entre o querer e o não poder, firmou-se o acordo tácito de aceitação do ponto para cada um."

Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!