"Nasceu em Lagoa, no Algarve, chama-se Alexandre Tverdohlebov e é campeão do mundo de sub17 por Portugal.
Os pais fugiram da Rússia, em busca de paz, segurança e de uma vida melhor para os filhos.
Martim Chelmik é natural de Matosinhos, defesa central de concentração gélida e pés aveludados.
É campeão do mundo por Portugal e filho de Liliana, uma senhora com raízes eslavas, e Joel.
Tripeiro de berço, Mateus Mide tem em casa o bom exemplo de Adriano, pai e homem do futsal.
A família Mide saiu do Brasil em 2002, ano em que Adriano apostou em Portugal para dar um rumo certo à carreira nos pavilhões. Em boa hora o fez.
Yoan Pereira nasceu no Luxemburgo, onde a família lutava por salários que o nosso país não era capaz de providenciar, mas veio ainda criança para a zona de Albergaria-a-Velha.
É um orgulhoso campeão do mundo por Portugal.
Daniel Banjaqui tem origem guineense e uma família criativa nos batismos: Figo e Zidane são os irmãos, Maldine e Rivaldo os primos.
Hassan Dbouk escapou com vida e aflição à brutalidade das guerras no Líbano. Encontrou o paraíso em Esmoriz, casou com Joaquina e do enlace nasceu o pequeno Gabriel.
17 anos depois, Gabriel é campeão do mundo por Portugal.
Santiago é de Fafe e chama-se Verdi, em honra à admiração do bisavô pelo compositor italiano.
Romário, o guarda-redes, nasceu em Ribeira de Pena e é filho de um senhor fã de… claro, do histórico avançado brasileiro.
Anísio, o goleador, cresceu numa casa guineense. Foi decisivo no título mundial de Portugal.
A multiculturalidade desta brilhante seleção é estimulante, prova de que a imigração e a integração devem andar de mãos dadas, no futebol e na sociedade.
Meninos campeões, exemplos de um Portugal que se quer grande, pintado nas cores da tolerância, no arco-íris da amizade e do companheirismo.
Longe dos berros dos incréus, dos instigadores de ódio e dos que só vislumbram um mundo a preto e branco. Bons e maus, vítimas e carrascos, anjos e diabos.
Parabéns à FPF, à equipa técnica de Bino Maçães e aos 21 campeões do mundo.
Tanto Portugal.
PS 1: 1989, 1991, 2025. Tivemos de esperar 34 anos até celebrar um título mundial com Portugal. O futebol transformou-se, o futebolista-tipo mudou, os estádios são diferentes, o modelo de negócio nada tem a ver. O objetivo continua, porém, a ser o mesmo. Todos os jovens campeões do mundo nacionais querem ser alguém nesta área profissional. Desejo-lhes a maior sorte e que todos cheguem à I Liga, com cabeça, juízo e sem queimar etapas.
PS 2: dos 36 campeões do mundo de Riade e Lisboa, sabem quantos não chegaram sequer à 1ª divisão nacional? Um apenas. Xavier, um alentejano de Serpa formado no Benfica a partir dos juvenis. Entre Mirense, U. Leiria, Estoril, Marinhense e Feirense fez 229 jogos nos escalões secundários. Nem um para amostra nos palcos maiores. O mais próximo de Xavier é Luís Miguel, um dos heróis de 1991. Só quatro jogos pelo Gil Vicente. Completa o pódio o guarda-redes Tó Ferreira, com 21 jogos espalhados por Famalicão, Beira-Mar e Salgueiros."

Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!