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quarta-feira, 4 de julho de 2018

Argentina: prazer e anticlímax

"No Rússia’2018 não mais jogará a Argentina e aproveitamos para lembrar Daniel Passarela, o melhor central argentino que capitaneou a selecção no primeiro título mundial. Em 1978, Daniel fez do torneio a sua passerelle e continuou a espalhar classe em 1982. Já no México’86, tornou-se no único argentino bicampeão e esteve ainda no França’98 como seleccionador.
Com 22 golos, o central argentino Passarella foi o mais jovem capitão a erguer uma Taça do Mundo. E se na selecção Daniel foi jogador e seleccionador, no seu River Plate seria três em um, tornando-se também presidente. Se as imperiais exibições de Passarella foram imaculadas até à conquista do título, tal não se poderá dizer do Mundial. A política do sanguinário general Videla entrou em campo e foi a jogo em clima intimidatório, condicionando árbitros e adversários. A ditadura ansiava por um sucesso que ocultasse as suas atrocidades.
Uma das polémicas envolveu o jogo que levou os argentinos à final. Precisando de vencer os peruanos por quatro golos para ficarem à frente do Brasil, venceram por 6-0! O Peru foi equipa mole perante a ditadura! Na final, ao som de ‘Argentina Corazón’, ouviu-se ‘Tango’ (nome dado à bola do Mundial) e os anfitriões venceram.
A poucos metros, operava a ‘Auschwitz de Buenos Aires’. Alexandre O’Neill dedicaria um escrito ao espaço de tortura, ao Mundial e aos que sancionavam a ditadura de Videla: "Em Buenos Aires, no River Plate, a seis campos de futebol (medidas máximas) do Centro onde, entre outros primores do jogo, se chutavam testículos, mamas e cabeças, a Taça do Mundo ferverá nas mãos de quem a ganhar, de quem a empunhar, de quem por ela beber a merda de ter lá ido."
Além do tom grave de O’Neill, o Mundial foi também rico noutros registos fisiológicos. Houve referência a urina alheia que, segundo o ‘Sunday Times’, foi usada para substituir a dos jogadores argentinos que estariam dopados (cenário nunca provado) ou às sensações de Passarella que, após levantar a Taça, não mais a largou, sentindo-se em "orgasmo permanente". Quarenta anos depois, 2018 foi… anticlímax!"

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