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terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Artur Jorge entronizado no Botafogo


"O 'portuga' não fez apenas história no Botafogo, fez história no futebol brasileiro, como Jorge Jesus, no Flamengo, também tinha conseguido antes dele

Um portuga de 52 anos transformou-se, numa semana, no maior treinador da história do Botafogo. Sim, no maior, com uma vénia ao grande Mário Zagallo. É verdade que o Campeonato Brasileiro tem uma história relativamente recente (a partir de 1959), e no início não tinha o peso dos estaduais, nem sequer se chamava campeonato brasileiro. Mas juntar o Brasileirão, que o Botafogo só tinha vencido duas vezes (e na primeira houve dois campeonatos no mesmo ano), à Libertadores, que o clube da estrela solitária nunca tinha conquistado, deixa Artur Jorge com um lugar único na história. Talvez daqui a dez anos, vinte, possa alguém vir reclamar o trono, depois de conquistas seguidas. Seja como for, ao ex-treinador do SC Braga ninguém poderá tirar o mérito de ter sido o primeiro. A vencer a Libertadores mas, mais ainda, a conseguir a dobradinha.
O investimento de John Textor, dono do Botafogo, já fazia adivinhar um salto para a elite — o título de campeão nacional parecia bem encaminhado na época passada, antes de Luís Castro sair para o Al Nassr, mas veio a ser perdido na reta final. Mas o dinheiro não garante tudo — o Atlético Mineiro, derrotado pelo Fogão na final da Libertadores, há uma semana, teve nos últimos anos um investimento similar e só ontem evitou a descida de divisão, ao vencer o Athletico Paranaense. E depois do Santos de Pelé (1962 e 1963), só dois clubes conseguiram, no meio do calendário terrível do futebol brasileiro (Artur Jorge chegou em abril e já vai em 54 jogos, tendo mais um, dois ou três até final do ano, da Taça Intercontinental), vencer Brasileirão e Libertadores no mesmo ano: Flamengo de Jorge Jesus e agora o Fogão. E já agora, só um, neste século, venceu a Liberta em anos consecutivos: o Palmeiras de Abel Ferreira.
Um atestado de competência dos treinadores portugueses? Sim e não. A competência maior é deles, dos próprios treinadores, individualmente. Como outros clubes sentiram na pele, a contratação dum portuga não é sinónimo de sucesso — esta época, Álvaro Pacheco (Vasco da Gama), António Oliveira (Corinthians), Petit (Cuiabá) e Pedro Caixinha (Bragantino) não resistiram aos maus resultados. Mas há uma mistura de preparação técnica (que falta no Brasil) com pragmatismo e capacidade de lidar com adversidades que confere à maior parte dos treinadores portugueses um perfil certo para triunfar num sítio louco como o nosso país irmão.
Mesmo sendo esse o caso, e mesmo com o investimento de Textor, nos últimos 60 anos só Jorge Jesus tinha feito o que o Rei Artur Jorge conseguiu agora. Também ele foi entronizado no Flamengo."

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