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domingo, 17 de junho de 2018

PT7

"É por jogos como este que, quando chegamos a qualquer parte do Mundo e dizemos que somos portugueses, toda a gente refere o nome do Cristiano Ronaldo. Não importa se trocam os érres pelos éles, ou se pronunciam Cristianô, todos o conhecem. É mais famoso do que os pastéis de nata.
No entanto, como se espera, os símbolos apenas o são quando contêm as características daquilo que simbolizam. Para que isso aconteça entre Cristiano Ronaldo e os portugueses, seria necessário que aprendêssemos algumas lições com ele ou que, pelo menos, mudássemos a imagem que temos de nós próprios.
Se, por um lado, faríamos bem em alterar essa imagem de nós próprios, tantas vezes negativa, derrotista, e tão oposta ao excelente aspecto e confiança que Ronaldo sempre apresenta; por outro lado, esforçarmo-nos por aprender com ele, também seria um sinal da conhecida humildade do trabalho que o fez chegar onde está hoje.
Nesse caso, e escolhendo apenas alguns detalhes deste jogo contra a Espanha, seria de valor aprendermos a, por exemplo, não ligarmos demasiado àquilo que os outros nos dizem, a não agirmos demasiado em função dos outros, mesmo quando achamos que estamos a investir contra eles. Veja-se a forma como, antes da marcação do penálti, David de Gea se aproximou e lhe disse qualquer coisa, uma provocação ou destabilização. Mais, incrivelmente, veja-se a maneira como Ronaldo fingiu não ouvi-lo, como o fuzilou alguns segundos depois e como, na comemoração, continuou a ignorá-lo em absoluto, sem necessidade de lhe dar qualquer satisfação ou de humilhá-lo.
O sumário da lição n.º 2 poderia ser: 'Lutar de igual para igual'. Não creio que os complexos de inferioridade devam entender-se como motivo de vergonha ou de culpabilização. Quando existem, há experiências do passado a justificá-los; ainda assim, são dispensáveis na maioria das circunstâncias. Cristiano Ronaldo não apenas demonstrou, e demonstra constantemente, que não tem esse tipo de problemas, como parece estar bem consciente de que o desequilíbrio é para o lado dos adversários. 
Sem queixas ou desculpas, Ronaldo cumpriu o seu papel. Acreditou até ao fim. Será que, enquanto povo, também somos assim? Talvez sejamos e não tenhamos conseguido reconhecê-lo. Nesse caso, precisamos de afinar os espelhos por onde nos avaliamos, são imperfeitos e não estão a ajudar-nos. Mas, se não formos, aqui temos uma bela oportunidade para treinar os nossos dribles, centros, marcações de livres directos. Se queremos fazer parte da equipa do Ronaldo, temos de estar à sua altura."

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