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quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Os analytics dos adversários do Benfica na Champions 23/24 🦅


"Inter de Milão, Salzburgo e Real Sociedad. São estes os adversários do Benfica no Grupo D da edição da Champions que vai começar esta semana. Os campeões nacionais não vão ter uma tarefa facilitada, já que vão defrontar três adversários que têm imenso potencial e que iremos, em seguida, dissecar.
Ao contrário do que ocorreu na temporada passada, Schmidt ainda está à procura de afinar as mecânicas da equipa. É certo que o plantel tem muitas soluções, mas falta saber como como vai estar Bernat em termos físicos, David Jurásek precisa de tempo para adaptar-se a esta nova realidade, Aursnes parece que não sabe jogar mal, mas é no meio-campo que faz a diferença, principalmente na primeira fase de pressão, quando a equipa perde a bola. Mas também como será feita a gestão física de Di María, o tempo de jogo de Neres, o parceiro de Orkun Kökçü na zona central e quem vai ser o novo homem-golo.

Salzburg, um “touro” perigoso
Mais um reencontro, desta feita para o timoneiro das “águias”. Roger Schmidt, que orientou os austríacos entre 2012/13 e 2013/14, período no qual conquistou uma edição do campeonato local e também a Taça austríaca e ajudou a iniciar a hegemonia do clube – venceu as últimas dez edições da Liga.
O estilo de pressão do alemão parece ter feito escola no clube de Salzburgo, pois na última edição da Champions, em que se ficou pela fase de grupos, foi a formação que mais desarmes (25,7) e acções defensivas no meio-campo contrário (17,8) conseguiu a casa 90 minutos, momentos reflectidos nos mapas abaixo. Uma equipa que, na temporada transacta, na prova milionária, mostrou privilegiar os corredores centrais e esquerdo para a condução da maioria dos seus lances de ataque (mapa da direita). À atenção das “águias”.
Não obstante as saídas de Sesko e Seiwald – ambos para o RB Leipzig – e de Okafor (AC Milan) – e da mudança no banco – Matthias Jaissle (Al-Ahli Jeddah) foi substituído no comando técnico por Gerhard Struber -, os decacampeões austríacos continuam a ser uma incubadora de talentos do grupo Red Bull, sendo uma equipa muito vertical, vertiginoso, mas que ao mesmo tempo valoriza a posse de bola, é forte a pressionar e tem um plantel repleto de jovens que deverão dar o que falar a breve trecho.
Na configuração habitual de 1x4x4x2 com um meio-campo em diamante que também se transforma num 4-2-2-2, destacam-se alguns elementos, como o “patrão” Strahinja Pavlovic, Lucas Gourna-Douath, dono de um pulmão inesgotável, o criativo israelita Oscar Gloukh, o cerebral Mads Bidstrup, o goleador Roko Simic ou o entusiasmante Karim Konaté. Estejam atentos.

Inter ou a desforra aqui à mão
O primeiro adversário a sair no sorteio aos “encarnados”, um reencontro após o Inter ter eliminado a equipa de Roger Schmidt nos quartos-de-final da última edição da competição. Venceram na Luz por 2-0 e, em solo italiano, registou-se um empate a três golos. Dizem os livros que o emblema lisboeta nunca bateu a formação interista. Além do embate já mencionado, os dois conjuntos defrontaram-se em 2003/04 nos oitavos-de-final da antiga Taça UEFA – empate na Luz 0-0 e triunfo dos italianos por 4-3 em casa. Na Liga dos Campeões será a primeira vez que os “encarnados” defrontam o Inter na fase de grupos, sendo preciso recuar à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1965 para encontrar outro duelo entre ambos: vitória para o Inter por 1-0.
Durante o último mercado, o plantel sofreu algumas mexidas: Onana, Skriniar, Gosens Brozovic, Dzeko e Lukaku saíram e entraram Sommer, Pavard, Cuadrado, Carlos Augusto, Klaassen, Marcos Thuram, Frattesi, Arnautovic e Alexis Sánchez. Atletas que acrescentam qualidade e muita experiência a um plantel que tem diversas soluções para todas as posições. A aposta no 1x3x5x2 mantêm-se, a equipa de Simone Inzaghi é fisicamente robusta, intensa, organizada tacticamente e matreira.
Na presente edição da Serie A, onde já “despachou” o rival Milan por 5-1, o Inter é a segunda equipa mais rematadora da prova, com 15,8 disparos por 90 minutos, é a que cria mais ocasiões flagrantes (três por encontro, no mapa central) e a que constrói mais expected goals (xG), nada menos que 10,2, tendo 13 golos e um saldo positivo de 2,8 tentos (mapa de cima à esquerda). Isto apesar de manter a tónica de aguardar pelos adversários e não ter uma intensidade atacante avassaladora, e quando o faz privilegia claramente o transporte pelos corredores laterais (mapa de cima à direita). O Benfica está, desde já, avisado.
No actual vice-campeão europeu, é preciso ter debaixo de olho algumas das suas estrelas, casos de Bastoni, um dos centrais mais completos da actualidade, Dumfries, uma máquina no flanco direito, qual locomotiva, Barrella, o cérebro da equipa, Frattesi, um diamante que será ainda mais lapidado nos próximos meses, e o capitão e goleador Lautaro Martínez.

Real Sociedad, um problema basco
A Real Sociedad é uma das melhores equipas que estavam no Pote 4. O projecto do clube basco é um dos mais entusiasmantes da actualidade no futebol europeu, fazendo uma mescla interessantíssima entre o melhor que a formação produz, a argúcia que o departamento de “scouting” tem para detectar talentos até então desconhecidos e no espaço que é dado a esperanças que já tinham sido quase descartadas – foi em San Sebastian que Martin Ødegaard voltou aos holofotes, regressou à casa de partida Real Madrid até ter sido contratado pelo Arsenal.
Imanol Alguacil – antigo jogador do clube que chegou a actuar com os portugueses Oceano e Carlos Xavier – treinava a equipa B e, no decurso da época 2018/19, subiu para a formação principal e é o homem do leme desde então. A base é forte e ganhou mais elementos de qualidade durante o Verão, com as incorporações de Hamari Traoré, Odriozola, Tierney (emprestado pelo Arsenal), Zakharian e o “nosso” André Silva (cedido pelo RB Leipzig). Fruto de uma grave lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, David Silva decidiu “pendurar as chuteiras” e é a principal baixa no plantel.
Nesta fase precoce da La Liga é a terceira, apenas atrás de Barcelona e Real Madrid, com melhor média de passes de ruptura por 90 minutos, cerca de dois, o que é um alerta para a equipa de Schmidt, que gosta de jogar subida no terreno. É também a terceira com mais ocasiões flagrantes criadas (2,2), atrás do Barça e do… Almería, que é último classificado, e no ataque privilegia as conduções pelos flancos, quase ignorando a zona central. Dados que podem ser observados nos mapas acima.
Com um futebol de posse e bastante harmonioso, a Real organiza-se num 1x4x3x3, onde emergem valores, como o seguríssimo Robin Le Normand (nasceu em França, mas optou por defender as cores da “la roja”), e Tierney sem lesões é um dos melhores laterais-esquerdos do panorama europeu. O meio-campo, com Mikel Merino (escolha regular na selecção do país vizinho), Zubimendi (tido como o “novo Busquets”) e Brais Méndez, é o sector mais forte da equipa, que ainda ganhou mais criatividade com a chegada do russo Arsen Zakharyan.
Na linha ofensiva, André Silva vai tentar encontrar o seu espaço. Enquanto isso, brilham Kubo – talentoso, veloz como um raio e principal desequilibrador da equipa -, Mikel Oyarzabal, um dianteiro muito completo, evoluído tecnicamente, tem golo e preenche diversas zonas, Sadiq, que se lesionou no início época passada, mas foi o substituto de Darwin no Almería e “fartou-se” de marcar golos, e Ali Cho, que tem um tecto para evoluir alto e pode virar do avesso qualquer jogo desde que esteja inspirado.
Fácil? Longe disso. O grupo do Benfica tem duas equipas muito fortes, Inter e Real Sociedad, e outra que é capaz de causar estragos num dia bom, o Salzburg. Se as “águias” conseguirem os níveis atingidos na época passada poderão, contudo, sonhar com pelo menos o mesmo brilharete de 22/23."

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