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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Os benfiquistas que apaixonaram o Brasil

"Depois de terem conquistado Portugal, deslumbraram o Brasil


Rivais em Moçambique, Costa Pereira, guarda-redes do Ferroviário, e Coluna, avançado do Desportivo, tornaram-se colegas no Benfica. Contratados em 1954, demonstraram rapidamente a sua enorme qualidade, assumiram-se como indiscutíveis no 'onze' benfiquista e contribuíram para a conquista do Campeonato Nacional e da Taça de Portugal. Se como adversários eram bons, juntos pareciam imparáveis!
A 14 de Junho de 1955, o Benfica partiu para o Brasil para participar no Torneio Charles Miller. Os 'encarnados' iriam defrontar os melhores clubes brasileiros e o campeão do Uruguai, o Penñarol. A qualidade dos 'canarinhos' levou o próprio jornal do Clube a ter algumas reservas: 'não vamos, evidentemente, surpreender os desportivas brasileiros, (...) nem estremecer os montes do Pão do Açúcar ou as pedras do Maracanã'.

Contudo, a recepção eufórica por parte dos brasileiros parece ter contagiado os benfiquistas. Na primeira partida, frente ao Flamengo, apesar da derrota por 1-0, a boa prestação dos 'encarnados' encantou os adeptos que se despediram do 'rectângulo em verdadeira apoteose'. Costa Pereira, que nem tinha começado bem a partida, convenceu com defesas brilhantes tanto a imprensa como o próprio Freitas Pauliche, treinador dos 'rubro negros', que o considerou 'um estupendo guardião que, indubitavelmente teria lugar na turma nacional do Brasil!'. Mas a estrela do encontro foi Coluna, que 'sobressaiu a grande altura, sendo alvo das atenções gerais'.  O médio, 'à medida que decorria o jogo, agigantava-se no «gramado», sempre na brecha e cada vez mais notado pelo público»'.
Os dois jogadores confirmaram as boas indicações na partida seguinte, frente ao Peñarol, com Coluna a abrir o marcador e Costa Pereira a manter a sua baliza incólume, na vitória por 2-0. O triunfo deixou as bancadas do Maracanã em êxtase, 'febrilmente, agitaram-se bandeiras de Portugal e do Benfica, que acompanhavam o coro tradicional, que a «torcida» não precisou de aprender: Ben-Fi-Ca! Ben-Fi-Ca! Ben-Fi-Ca!'. O jornal do Clube declararia: 'o Maracanã estremeceu'.
Fascinados com a qualidade do 'Monstro Sagrado', um 'periódico inseriu em toda a primeira página o busto de Colua, artisticamente desenhado'. O Benfica viria a vencer mais uma partida, frente ao Palmeiras, e a classificar-se em 4.º lugar. A imprensa considerou que o sucesso do torneio se deveu ao talento dos 'encarnados', com Coluna e Costa Pereira em primeiro plano, mobilizando milhares de adeptos a assistir às partidas. Depois de triunfarem em Portugal, de deixarem os brasileiros radiantes, ficariam com a Europa aos seus pés. Saiba mais sobre estes dois brilhantes futebolistas na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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