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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Vieira sabe por onde ir

"Gonçalo Guedes apresentou-se ontem na Selecção de Portugal e no período de poucos mais de três meses é o segundo jovem da fornada de talentos, que está ser preparada em temperatura adequada por Rui Vitória, a captar a atenção de Fernando Santos, depois de Nélson Semedo, um miúdo mais adulto do que muitos adultos com anos de experiência, entretanto prejudicado por grave lesão. Dois casos, apenas, que precisam de espaço, como preconiza o treinador, e, principalmente, de tempo para poderem afirmar-se, mas, ao mesmo tempo, dois exemplos significativos sobre o sucesso que se adivinha para o projecto tão grato a Luís Filipe Vieira, de profícuo aproveitamento nas áreas de formação do clube, assegurando-lhe um futuro estável ao nível de natural rotatividade de valores na equipa principal e, em simultâneo, mais interessante rentabilização do investimento feito na academia do Seixal, apetrechada com o que de melhor e mais moderno existe no mercado.
«Este é o rumo, é por aqui que vamos e tenho a certeza de que a médio e longo prazo vamos ser reconhecidos pela opção tomada», declarou Vieira em recente intervenção na visita à casa de Vendas Novas, testemunho do entusiasmo e da convicção que o acompanham nesta etapa que faz parte da terceira fase da gigantesca empreitada que em uma dúzia de anos salvou o Benfica das cinzas, onde ardia sem que alguém lhe acudisse, lhe devolveu a credibilidade e o respeito espezinhados por gestões que o levaram quase à ruína, o apetrechou com complexo desportivo sem igual intramuros, que envaidece o adepto mais exigente, e criou ainda as condições para a águia redescobrir o caminho das conquistas desportivas e reclamar a posse da dimensão europeia brilhantemente alcançada na década de 60.
O presente está a ser construído com a solidez necessária para garantir uma progressão serena, se possível com mais avanços que recuos, de aí o equilíbrio defendido pelo presidente benfiquista, fazendo acompanhar o crescimento dos praticantes mais jovens de referências orientadoras para as suas carreiras e até para as suas vidas, através de harmoniosa coabitação com os símbolos do clube, os quais Vieira teve igualmente o cuidado de proteger e valorizar a propósito de recente polémica em redor de Luisão.
A política para o futebol do Benfica está definida e com ela se pretende reservar lugar no comboio em que viajam alguns dos mais poderosos emblemas do mundo do futebol e contrabalançar o seu menor poder financeiro e também o pouco lucro suscitado por uma Liga de país periférico e de reduzidos proventos com mais competência na descoberta de diamantes e na arte de os lapidar. Não deve haver processo de renovação, porém, no futebol ou em qualquer outra actividade desportiva ou não, que não suscite embaraços e não gere receios ou frustrações, não pelas metas programadas, mas pelo tempo que se demora a lá chegar; e é por causa desta aparente discrepância que poderão germinar focos de descontentamento e de impaciência: de pouca relevância, talvez, mas inevitavelmente perturbadores.
Há um trabalho que deve ser feito no sentido de convencer a família benfiquista de que este é o caminho por que deve seguir-se, embora os benefícios dessa opção apenas surtam efeito a «médio e longo prazo».
É compreensível que assim seja, mas a pressa, apesar de geralmente má conselheira, reflecte incontornável estado de espírito entre os apoiantes que é transversal no universo futebolístico, motivo por que não basta dizer que se está fazer bem, é preciso ir apresentando resultados; motivo por que não basta cantar méritos dos jovens da casa, convém também explicar as inutilidades dos que chegam de fora, como são os casos de Cristante, Djuricic, Taarabt ou Bilal Ould Chich (?), mais as interrogações de Carcela ou Ola John; motivo por que o treinador, cuja capacidade reconheço, não pode fazer o papel de paizinho que tudo perdoa, pois metade do passe de Raúl Jiménez, pelo que se sabe, custou nove milhões. Por favor, Rui Vitória, em face dessa vultuosa despesa, o prazo de validade dele tem de ser, obrigatoriamente, curto. Mais do que o dos iogurtes, como ironizou...
Nota final - Se a coerência cabe no dicionário de Bruno de Carvalho certamente que a esta hora já apresentou queixa escrita, junto do CA da FPF, do árbitro Cosme Machado..."

Fernando Guerra, in A Bola

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