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sexta-feira, 22 de março de 2013

À beira do zero

"Ainda há pouco tempo o treinador portista empolava as qualidades do seu 'Barça das Antas', mas anteontem aterrou em Pedras Rubras ao som de petardos e de impropérios de adeptos.

O futebol é ingrato. Ainda há pouco tempo Vítor Pereira gabava a beleza do futebol praticado pela sua equipa e cantava o prazer que dava aos seus jogadores a posse de bola e a circulação mágica que com ela faziam.
Ainda há pouco tempo o treinador portista empolava as qualidades do seu Barça das Antas, mas em cerca de três semanas viu desmoronar-se o castelo de fantasia e aterrou em Pedras Rubras ao som de petardos e de impropérios adequados à fase desconfortável vivida pela franja menos tolerante de adeptos do dragão.
Ainda há pouco tempo Vítor Pereira valorizava as suas proezas na UEFA. Recordou que na Champions residia o FC Porto e não enxergava nenhum outro inquilino português. Mas o futebol é ingrato, insisto, e num instante foi-se diluindo a excessiva euforia portista, principalmente a partir do empate em Alvalade, não pelo resultado em si, porque empatar na casa do leão, independentemente do seu estado se saúde, nunca poderá ser olhado como um desfecho negativo para qualquer visitante, mas pela impotência relevada pelo dragão para se libertar dos grilhões com que Jesualdo Ferreira o manietou. Foi desde aí que nuvens de preocupações começaram a roubar espaço à esperança que iluminava o caminho de Vítor Pereira
Em cerca de três meses viu-se afastado da Taça de Portugal, excluído da Liga dos Campeões e, sequência de dois empates na Liga, colocado quatro pontos abaixo do Benfica e, por isso, na dependência de terceiros. Ou seja, se confirmar-se a ameaça de desistência da Taça da Liga disparada pelo presidente portista, como em termos de Campeonato, a sete jornadas do fim, o quadro não é entusiasmante, o FC Porto corre o risco de ficar à beira do zero quanto a mais conquistas (além da Supertaça, claro). Não se trata de uma afirmação, como é óbvio, antes de uma dedução sugerida pela lógica da coisa, ou não?...

PARECE cada vez mais próxima a necessária mudança de ciclo no futebol português. A infalível organização portista vai apresentando sintomas de cansaço e as virtudes que muitos apregoavam, e alguns apregoam, vão fazendo menos sentido. Aliás, sem entrar na discussão dos meios para atingir os fins, creio que o domínio azul e branco sobrevive por absurda distracção do treinador/cientista, que na época transacta perdeu desajeitadamente o título para o FC Porto. Como diz o povo, à primeira todos caem (e já estou a abrir uma excecção para ele: duas quedas), à segunda só cai quem quer, e se é vontade de Jesus prolongar a sua ligação ao Benfica deve saber muito bem que a condição essencial para poder alimentar o processo negocial é ser campeão nacional. Isto sou eu a falar, note-se. Apesar de não possuir o dom de pensar pela cabeça de Luís Filipe Vieira, julgo ser esta premissa uma evidência. No entanto, como aqui escrevi há uma semana, mesmo que ela se concretize, falta conhecer qual o entendimento do presidente benfiquista acerca de matéria tão sensível.

IZMAILOV  e Liedson: que papel desempenham, afinal, no plantel do dragão? Foi imenso o alarido provocado por estas contratações no mercado de inverno, mas até hoje de efeitos discretíssimos. O primeiro estreou-se na Luz, com o Benfica, para impressionar, a 13 de Janeiro, e desde lá tem alinhado a espaços sem que se vislumbre benefícios inquestionáveis com a sua aquisição. Pelo contrário, tudo leva a crer que o FC Porto foi amigo do Sporting ao livrá-lo de um peso financeiro e de um incómodo social. Sobre Liedson, o caso é ainda mais intrigante: soma 38 minutos de utilização. Fantástico! Dois exemplos claros da (des)afinação da máquina portista, antes eficaz, agora soluçante. As presenças do presidente no treino para dar sinal de autoridade e no balneário para arrefecer o ambiente só servem para empurrar Vítor Pereira para a porta de saída. Sendo um treinador do regime, e aceitando esse rótulo desde sempre, deixou-se esvaziar."

Fernando Guerra, in A Bola

PS1: Fernando Guerra é dos poucos jornaleiros Benfiquistas com espaço para dar a sua opinião nos jornais... mas o seu trauma anti-Jesus é difícil de explicar!!!

PS2: Engraçado como o Mito da organização infalível, é sempre posto em causa quando, desportivamente, as coisas correm mal aos Corruptos... basta algumas Proençadas, e a Organização perfeita, volta a ser infalível  independentemente de tudo o resto...!!!

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