" 'Nunca lutes com um porco. Ficas todo sujo, e ainda por cima o porco gosta'. Quem o disse pela primeira vez terá sido o dramaturgo irlandês Bernard Shaw. E é um bom exemplo daquilo a que se propôs Pedro Guerra quando abraçou o desafio de ser comentador desportivo na televisão portuguesa. Num momento em que a instituição Sport Lisboa e Benfica estava a ser atacada por todos os lados, com golpes vindos de dirigentes, adeptos e comentadores afetos aos dois maiores rivais futebolísticos nacionais. Pedro Guerra chegou-se à frente e aceitou entrar no jogo.
Em alguns momentos, não foi bonito. Para ninguém. Goste-se ou não do estilo e do conteúdo, o antigo diretor de conteúdos da BTV defendeu o Glorioso, por exemplo, no caso dos e-mails. Nessa entente contra o roubo estratégico de informações privilegiadas e devassa da vida privada de homens e mulheres com ligações ao SL Benfica, também o seu nome andou nas bocas do mundo. Pedro Guerra deu a cara pela anterior direção do Clube, sempre carregado de papéis, declarações e provas factuais. A primeira vez que o vi assim, sentado a uma secretária com pilhas de documentos a rodeá-lo. Pedro era um dos jornalistas mais destacados do semanário O Independente. Foi há 25 anos, e não poderei nunca esquecer a sua dedicação, bondade e educação. Foi um camarada de profissão como tive poucos, sempre atento, curioso e com um sentido de humor invulgar, de tão refinado.
Foi esse o Pedro que recordei, na quarta-feira passada, quando dele me despedi durante as cerimónias fúnebres. O Pedro até se pode ter sujado na lama do futebol português, mas não era essa a sua essência, só uma personagem criada num dado momento. Um abraço à esposa, à família e aos amigos, que conheciam a grandeza da sua personalidade."
Ricardo Santos, in O Benfica
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