"O jogo entre Boca Juniors e Benfica, realizado no dia 16 de junho de 2025, foi o embate inaugural da equipa de Bruno Lage no Mundial de Clubes, disputado em Miami no Hard Rock Stadium. Este jogo marcou o segundo encontro oficial do Grupo C e foi importante para as aspirações da equipa portuguesa na competição. Neste sentido, torna-se importante destacar que o Bayern venceu o Auckland City por 10-0, detendo os 3 pontos na tabela classificativa.
O Benfica, orientado por Bruno Lage, optou por um sistema tático inicial de Gr+3+4+3 com algumas variantes ao longo do jogo devido aos problemas provocados pelo adversário, mas também pelo resultado ao intervalo e pela expulsão de Belotti. Neste sentido, a equipa benfiquista demonstrou alguns momentos de boa capacidade de assumir o jogo e controlo da posse de bola, mas os argentinos com bastante eficácia na finalização e intensidade nos duelos. Assim, torna-se importante salientar as diferenças no sistema tático inicial de ambas as equipas.
Organização Ofensiva - Etapa de Construção
Em momento de organização ofensiva, mais especificamente na etapa de construção, a equipa do Benfica entrou com a capacidade de domínio da posse de bola e do jogo posicional, a conseguir iniciar esta etapa em zonas intermédias do terreno com o adversário a posicionar-se mais baixo. Neste sentido, observa-se uma construção curta com os centrais a deterem a capacidade de progressão com bola, posicionando-se a 3 (2 DC + 1 lateral) com 2 médios, muitas vezes paralelos (Renato Sanches e Florentino) em mobilidade interior para procurar linhas de passes e ligações interiores. Além disso, na primeira dinâmica, Bruma na esquerda e S. Dahl ou D María na direita (trocas posicionais) oferecem a largura à equipa encarnada. Assim, a equipa orientada por Bruno Lage procurava colocar mais 3 jogadores entrelinhas, designadamente o PL, Pavlidis, o médio Aursnes e o extremo (ou lateral) com trocas constantes posicionais entre Dahl e Dí Maria. Neste caso, as dinâmicas de construção incidiam em Álvaro Carreras, que permanecia mais baixo a auxiliar na etapa de construção, enquanto S. Dahl projetava-se no terreno. No entanto, no corredor direito, sendo S. Dahl um jogador canhoto e posicionando-se aberto, a sua tendência era a procura de zonas interiores com movimentações de fora para dentro.
Organização Ofensiva - Etapa de Criação
No momento de organização ofensiva, mais especificamente na etapa de criação, os encarnados procuravam alternar duas dinâmicas, mas sempre com o objetivo de ter o domínio da posse de bola e a circulação constante nos 3 corredores. Se, na primeira dinâmica, a construção era realizada a 3 (2 DC + 1 lateral) com mobilidade interior de 2 médios e a largura a ser oferecida por Bruma na esquerda e S. Dahl na direita, na segunda era da responsabilidade de Renato Sanches a quebra na largura na linha dos 2 DC para procurar assumir o jogo associativo e realçar as suas características de transporte de bola para zonas mais avançadas, bem como realizar passes verticais para os jogadores dentro do bloco. Porém, nesta dinâmica, o elemento que oferecia largura era alterado, isto é, posicionava-se Álvaro Carreras para o corredor esquerdo e na largura, mas também o extremo do lado da bola posicionava-se mais por dentro para atrair o adversário e, simultaneamente, ser opção para o jogo interior, assim como libertar o corredor para Álvaro Carreras. No entanto, torna-se importante referir que os jogadores dentro do bloco mantinham-se para oferecer de forma regular ligações interiores. Deste modo, o técnico Bruno Lage procurou surpreender com a constante mobilidade e trocas posicionais de Bruma e Di María entrelinhas para ser solução e atrair os adversários, enquanto Álvaro Carreras procurava receber por fora.
Este movimento era característico quando Di María detinha a posse de bola no seu corredor, realizava movimentação interior de fora para dentro e procurava explorar o lado contrário. Porém, ocorreu com regularidade a variação do centro de jogo por parte dos médios de modo a explorar a largura e profundidade no campo. Ainda assim, os encarnados conseguiam criar mais perigo quando procuravam combinações interiores com Di María, Bruma, Pavlidis por dentro, a mobilidade e as trocas posicionais ou de corredor eram ações que o Benfica procurava para criar desequilíbrios na estrutura defensiva do adversário. No entanto, e com o resultado negativo, Bruno Lage na segunda parte fez uma alteração e, por consequência, a alteração do sistema, com Aursnes a recuar para lateral direito e a entrada de Andrea Belotti para PL, passando a assumir 2 PL no ataque encarnado. Todavia, com esta alteração, o Benfica criou menos situações de ataque e perigo, além de ter permanecido menos tempo no meio campo ofensivo. De referir que, na segunda parte, o jogo perdeu qualidade e intensidade devido a muitas paragens provocadas pelos jogadores argentinos.
Organização Ofensiva - Etapa de Finalização
Na etapa de finalização, a equipa encarnada chegava a zonas de finalização com 4 jogadores para atacarem e preencherem as zonas pretendidas. Assim, as dinâmicas aconteciam através de combinações interiores com Di María + Bruma em mobilidade e trocas + Pavlidis com capacidade de apoio, mas também através de combinações no corredor com o extremo por fora e o lateral em movimentação de rutura interior. Além disso, o Benfica deixava 1 médio a garantir o apoio e a cobertura no corredor e outro a garantir o equilíbrio defensivo no corredor central. Assim, torna-se importante destacar que este momento verificou-se com maior frequência na 1.ª parte do jogo. Neste sentido, Álvaro Carreras oferece projeção ofensiva e chegada a zonas de cruzamento com boas tomadas de decisão aliadas à sua velocidade e, para tirar aproveitamento disso, os encarnados chegavam com 4 jogadores, nomeadamente o PL, Pavlidis, para o ataque a zonas de 1.º poste, aliado à movimentação de trás para a frente dos médios, Renato Sanches e Aursnes para surgir na zona do coração da área e, ainda, o surgimento com o extremo contrário, na imagem, Di María.
Organização Defensiva - Bloco Médio
No momento defensivo frente ao Boca, o Benfica optou por um bloco médio
No momento defensivo frente ao Boca, o Benfica optou por um bloco médio
Em momento de organização defensiva, a equipa atuou com maior regularidade num bloco médio num sistema tático de 4+4+2, com o 1.º momento de pressão a ser realizado de forma passiva por parte de Pavlidis e Aursnes e com a pressão a ser orientada de dentro para fora de modo a forçar o condicionamento e pressão aos corredores laterais. Além disso, a equipa encarnada procurava impedir os jogadores adversários de jogar dentro do bloco, tendo a capacidade de saltar na pressão e obrigar a passes recuados ou circulação desde trás. Neste momento, os encarnados procuravam a compactação defensiva e as coberturas defensivas, realizando pressão ativa nos corredores quando os argentinos queriam assumir a posse de bola. Porém, torna-se importante salientar que em certos momentos do encontro, o meio-campo do Benfica encontrava-se desprotegido, assim como o lado direito de S. Dahl devido ao pouco compromisso defensivo por parte dos avançados da equipa. Neste seguimento, sempre que os argentinos exploravam o lado direito, conseguiam descobrir situações de superioridade numérica devido a alguma falta de disponibilidade defensiva da equipa. Assim, surge ao minuto 21 o golo de Miguel Merentiel, através de uma situação de perda de duelo aéreo, permitindo espaço nas costas do lateral e alguma passividade na linha defensiva na movimentação para o golo.
Transição Ofensiva
Em transição ofensiva, era notória a capacidade dos encarnados de procurar constantemente as movimentações de ataque ao espaço do PL em momentos de recuperação de bola. Deste modo, os médios, Renato Sanches e Florentino, eram os impulsionadores do passe para o PL, Pavlidis, procurar e realizar a movimentação de ataque nas costas da linha defensiva adversária. Neste sentido, caso a recuperação fosse realizada em zona intermédia, ambos os médios procuravam rapidamente a variação do centro de jogo, mas também o passe vertical de forma a quebrar linhas e acelerar rapidamente o jogo, sendo uma característica forte de Renato Sanches. Porém, caso não existisse esse espaço, ocorria o passe em segurança e a circulação retomava. Assim, estas movimentações de ataque ao espaço por parte do PL aconteciam de dentro para fora, mas também em ruturas entre o espaço de DC – lateral em zonas mais próximas da baliza adversária. Tal como foi observado, com a mobilidade de Bruma e a atração de jogadores pelo corredor central, em momento de recuperação de bola, a equipa encarnada tentava aproveitar a velocidade de Bruma, quer pelos corredores laterais, quer pela movimentação de rutura entre DC – lateral.
Transição Defensiva
Em transição defensiva, torna-se importante destacar a entrada no jogo bastante forte por parte dos encarnados, conseguindo posicionar a equipa muito alta no meio-campo ofensivo para permitir um melhor rendimento no ataque organizado, bem como no aumento da capacidade para assumir o jogo. Contudo, após perda da bola no último terço ofensivo, a equipa comandada por Bruno Lage, fruto desse posicionamento muito ofensivo permitiu algum espaço nas costas da linha média que era passível de exploração por parte da equipa do Boca Juniors. Além disso, torna-se importante salientar que foi observada alguma falta de equilíbrio defensivo com situações de inferioridade numérica, nomeadamente de 3 contra 2, mas também alguma dificuldade para recuperar de imediato a posse de bola após a perda e, consequentemente, anular a transição ofensiva do adversário.
Esquemas táticos ofensivos
Nos esquemas táticos ofensivos, a equipa encarnada conseguiu originar o maior perigo, sendo que ambos os golos foram marcados de bola parada (penálti e canto). Neste sentido, ocorreram algumas alterações neste momento com a variação do batedor e do tipo de canto (aberto ou fechado). Assim, Di María assumiu algumas vezes o canto fechado e a tentativa de canto direto. Porém, foi através de canto de pé aberto que o Benfica chega ao golo do empate. Desta forma, os comandados de Bruno Lage colocaram 5 jogadores dentro de área com movimentações do 2.º para o 1.º poste, com Otamendi a tornar-se referência na bola aérea. De referir também a alteração nos jogadores de equilíbrio defensivo, isto é, a colocação de 2 ou 3 jogadores para as 2.ªs bolas, e também para impedir a possibilidade de transição ofensiva pela parte dos argentinos e, ainda, um jogador mais recuado para garantir a segurança defensiva.
Esquemas táticos defensivos
Em esquemas táticos defensivos, os vermelhos e brancos adotaram uma estrutura com 5 jogadores na zona, 3 na marcação individual e ainda 2 na entrada da área para as 2.ªs bolas e também para a possibilidade de transição ofensiva pela parte do Benfica. De referir que, se existisse a ameaça do adversário para a execução do canto curto, também colocavam um elemento para impedir essa realização. Assim, torna-se importante destacar que o Benfica não permitiu lances de perigo ao adversário em situações de bola parada."
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