"Como e quando começou a equipa feminina de Voleibol do Benfica a ser conhecida como 'As Marias'?
O nome é definidor, porque destrinça e identifica. Abundantes são os substantivos, por ser tão vasta a realidade e tão único aquilo que nela existe. Escreveu Saramago que os nomes são tão variados como as cores.
No desporto, aplicam-se nomes e fenómenos geracionais de multicampeões, para os destacar. No Benfica, foram exemplo a Dream Team do basquetebol, os Papoilas Rubras do Andebol feminino ou, no caso agora exposto, as Marias do Voleibol.
A origem é simples. Uma curiosidade explicada pelo nome, tão representativo do feminino, marca tão singular do mundo cristão, e não só. É 'expressão e reflexo da mentalidade'. O jornal do Benfica notou: 'Um nome bem português que fica bem no clube mais português de Portugal'.
No momento da conquista do primeiro Campeonato Nacional, em 1966/67, o Voleibol feminino contava então 16 anos no Benfica. Entre as 14 campeãs nacionais, com idades compreendidas entre os 19 e os 32 anos, apenas Godoberta Andrade não tinha Maria como primeiro nome.
A conquista possibilitou a inscrição da equipa na Taça dos Clubes Campeões Europeus de Voleibol feminino. A primeira prova seria em Budapeste (Hungria), frente ao Upjest, na 1.ª mão dos oitavos de final. Para a deslocação, o treinador José Magalhães selecionou 10 atletas: Maria Adelaide, Maria da Graça e a irmão Maria Esperança, Maria José, Maria Leonor, Maria Luísa, Maria Madalena, Maria Margarida e duas Marias Teresas.
Dez Marias. Assim ficou notado em 18 de Janeiro de 1968 no jornal O Benfica. Foi em Março, na edição de dia 12, nas vésperas dos quartos de final - nos quais o Benfica se apurou por desistência das húngaras -, que o jornal refere, pela primeira vez, as 'célebres Marias do Benfica'. Foi esta a génese do nome, até à primeira suspensão da secção em 1979, identificava a equipa feminina de Voleibol do Benfica.
Profundamente amadora, a equipa que pagava os seus próprios equipamentos e transportes ocupou as capas dos jornais e, apesar dos resultados, foi aplaudido. Era o 'amor ao desporto', como sublinhou Madalena Canha. Nas épocas seguintes, as Marias continuariam a participar em provas internacionais, legando, com o seu nome tradicional, uma história à modalidade que, escreveu-se n'A Bola, 'tantas tradições tem dentro do Benfica'. Conheça-a na área 3 - Orgulho Eclético, no Museu Benfica - Cosme Damião."
Pedro S. Amorim, in O Benfica
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