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terça-feira, 18 de setembro de 2018

Benfica: estabilizar ou rodar?

"As equipas de Rui Vitória ganham com a estabilização de um onze base. Tem sido assim ao longo dos três anos de Benfica: com o decorrer da época, vai sendo encontrado um conjunto de titulares, que ganham rotinas e que tornam o jogar ao mesmo tempo mais eficaz e fluído. Sintomaticamente, até aqui, o Benfica ia melhorando com o passar dos meses, atingindo um pico exibicional na viragem do campeonato.
Escrevo até aqui pois esta temporada destoa das anteriores. A equipa chega a Setembro com um nível exibicional elevado e com resultados muito positivos. Em importante medida porque, desde muito cedo (logo na pré-temporada), estabilizou o onze que, desde então, tem sofrido poucas mexidas.
Há evidentes vantagens nesta opção, se bem que, numa temporada longa e com um plantel extenso e rico, se coloquem também problemas.
Comecemos pelas vantagens, em particular as que são específicas das equipas de Rui Vitória. Se o Benfica é um colectivo que, do ponto de vista defensivo, assenta na organização e em princípios muito treinados (recordemos, a este propósito, os comentários elogiosos de Guardiola aquando do confronto com o Bayern na Champions), no processo ofensivo, a aposta parece ser mais na potenciação do talento individual dos jogadores (o que explica, por exemplo, a centralidade de Sálvio, um jogador pouco associativo). Ora, esta aposta nas individualidades requer conhecimento mútuo dos jogadores e rotina de jogo para funcionar (talvez esteja aqui a chave para as manifestas dificuldades de adaptação de Ferreyra, um jogador com muita qualidade).
Colocam-se, contudo, a este propósito, dois problemas. Por um lado, numa temporada longa, em que no mínimo teremos de disputar 48 partidas oficiais, não é possível, nem desejável, manter o mesmo onze; por outro, no que é fundamental, há muito talento no plantel à espera de oportunidades.
Como é reconhecido, uma das qualidades de Rui Vitória é a forma como aposta nos jogadores independentemente do estatuto, confiando-lhes responsabilidades que poucos antecipavam (tem sido assim com Gedson esta temporada, com Rúben Dias na passada, Ederson há duas e Renato há três – para ficarmos pelos casos mais relevantes). Mas é, também, sabido que o treinador do Benfica poucas vezes promove entradas directas no onze. Só que, com a qualidade do plantel, não faz sentido ficar à espera de lesões ou quebras exibicionais para dar oportunidades a Krovinovic, Gabriel, Jonas ou João Félix. É por isso que, da mesma forma que o Benfica ganha se acrescentar versatilidade táctica ao sistema dominante, também beneficiará se Rui Vitória conseguir preservar a criatividade e a espontaneidade no ataque articulando-as com maior rotatividade no onze titular."

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