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quinta-feira, 23 de maio de 2019

Uma lufada de ar fresco chamada Bruno Lage

"Faria todo o sentido, nesta etapa, fazer uma reflexão mais aprofundada sobre as competências de liderança do treinador do SLB e da forma como conduziu a sua equipa ao sucesso, quando o campeonato parecia já comprometido.
Em boa verdade, Lage assume-se como um “produto do ano 2019”, num futebol português que se encontra recheado de excelentes exemplos de liderança no futebol – Sérgio Conceição, Abel Ferreira, Luís Castro (já para não referir os que se destacam em terreno internacional, como é o caso de Nuno Espírito Santo, Marco Silva ou Leonardo Jardim, entre outros) – onde, todos eles, à sua medida, poderiam ser “case study” para um manual de “boas práticas”.
Contudo, poucos dias após o primeiro aniversário do que foi, possivelmente, um dos episódios mais tristes do futebol português (o ataque à academia de Alcochete), eis que, Bruno Lage destaca-se uma vez mais, por um discurso e uma postura pouco usual no futebol português – de conciliação e responsabilização, num claro apelo à massa associativa para a elevação do seu comportamento enquanto adeptos, no futebol e na sociedade em geral.

A Mensagem de Lage
O Benfica garantiu o 37º título na última jornada do campeonato e Bruno Lage subiu ao palco para agradecer aos benfiquistas, á equipa, a Vieira, ao staff, à estrutura, ao plantel, sobretudo a um jogador especial de 35 anos.
Respeitar os adversários? Tratá-los pelo seu nome? Valorizar as suas vitórias para que as que possam ser vividas na primeira pessoa, possam ter ainda mais significado? Deixar o Futebol no devido lugar, responsabilizando cada um a dedicar a energia que direcciona à sua equipa de estimação, para temáticas de maior relevo na sociedade actual (saúde, educação, economia)?
Em mais de vinte anos de carreira, não recordo um treinador que de forma tão recorrente e, aproveitando cada momento da sua visibilidade, colocasse sempre temáticas tão fracturantes em cima da mesa.
O seu lado humano (ou, por outra, a forma como o exerce... porque “lado humano”, todos têm) mostra ser, de facto, o principal motivo porque este treinador se destaca e, muito provavelmente, por esta mesma razão irá acolher afectos de adeptos de diferentes cores clubísticas a muito breve trecho. 
Bruno, mesmo sem intenção, modela de forma exemplar como se pode aproveitar o espaço dos “media” de uma forma responsável e com uma clara missão de unificação de esforços e vontade no sentido de elevar o futebol a um patamar mais digno (o “bom futebol”, como aliás refere).
Quantas vezes assistimos a um uso irresponsável das “montras dos media” (e redes sociais) apenas para disseminar o ódio gratuito e a estupidificação? Quantas pessoas, com notória visibilidade publica, aproveitam estes momentos de “palco” apenas para seu próprio proveito ou para semear discórdia e conflitos alheios?
Como bem disse, “futebol é apenas futebol e há coisas mais importantes na nossa cidade e nosso país pelas quais temos que lutar – se se unirem, tiverem a força e a exigência que têm no futebol (...) seremos um País melhor.”
A mensagem de Lage traz esperança não ao adepto mas ao povo português e, curiosamente, a forma como a este se dirige faz lembrar um outro treinador que, envolvendo-se grandemente com o “adepto”, viria a conquistar o cidadão, pintando as janelas de um pais com bandeiras portuguesas (Scolari).
Para já, fica aguçada a curiosidade de acompanhar o seu percurso e a expectativa que o seu DNA não se altere."

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