"Era uma questão de tempo até voltarmos ao nosso 'habitat' natural de polémica estéril e assobios para o lado em relação aos verdadeiros problemas do desporto e do futebol em particular
As suspeitas pairavam desde a morte de Pinto da Costa. André Villas-Boas, há poucos dias, pôs o dedo na ferida: «Andamos há anos a viver uma paz podre.»
O presidente do FC Porto será o último a quem podem assacar-se responsabilidades pelo regresso ao estado natural — custa tanto escrever isto — do futebol português. Sentou-se à mesa e nas tribunas ao lado de quem pôde, tentando encontrar pontos de convergência para uma indústria que só sobreviverá a prazo se os principais protagonistas se entenderem.
Não sabendo o que passa nos bastidores, cresce a sensação de que os clubes portugueses estão cada vez mais longe de entendimentos sobre algo que está legislado pela República, leia-se direitos televisivos centralizados. Cada um vai fazendo o seu papel, assobiando mais para o lado ou mais para a frente, mas não há sinais de concórdia. Em 2028 a centralização tem de ser uma realidade, a não ser que o futebol tenha força suficiente para obrigar o Governo (sabe Deus qual!) a atrasar a implementação da lei.
Este é o ponto crucial, mas afinal o que interessa são as velhas guerras de pacotilha, com comunicados e contracomunicados a propósito de arbitragens ou negócios imobiliários ocorridos há quase 20 anos e que pelos vistos parecem ter importância nas eleições para a Liga Portugal em 2025.
Ou guerrilhas entre presidentes de instituições que por obra e graça da força do futebol chegam a merecer comentários do Presidente da República e pedidos de audiência ao primeiro-ministro, como se ele tivesse pouco mais que fazer do que andar a pensar nas questiúnculas do desporto.
O primeiro-ministro, o Governo, as instituições (incluindo os clubes e as federações e as ligas) têm em primeiro lugar de preocupar-se com o Desporto enquanto motor de ajuda ao desenvolvimento da sociedade, tentando promover a expansão da prática em nome da saúde dos portugueses; num segundo nível devem preocupar-se com o ecletismo e com as condições dadas aos atletas olímpicos a quem de quatro em quatro anos exigimos medalhas sem querer saber como se treinaram durante os quatro anos anteriores; por último (mas não menos importante) devem preocupar-se com a saúde de uma indústria, o futebol profissional, que acrescenta muitos algarismos nas contas do PIB, emprega muita gente mas dificilmente sobreviverá saudável se todos continuarem a cometer os mesmos erros."
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