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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

O leilão dos miúdos do Benfica


"Em Maio de 1956, realizou-se um leilão infantil, a favor do fundo de construção do novo Parque de Jogos do Benfica

Os leilões sempre foram uma das iniciativas mais populares de angariação de fundos para a construção de Parque de Jogos. Por se realizarem semanalmente, por vezes era necessário fazer apelos no jornal do Clube para que os sócios entregassem ofertas para os leilões. Um desses apelos chamou a atenção de António Martins da Cruz, o filho mais velho do dr. António Martins da Cruz, dirigente benfiquista. O jovem escreveu uma carta para o jornal, dirigida ao seu director, dr. Paulino Gomes Júnior, expondo uma ideia:
'Eu leio sempre O Benfica que vem para o papá. No último soube que faltam prendas para os leilóes. Então lembrei-me de perguntar ao papá porque é que eu e o Quinca, que ainda não vai ao colégio, não mandávamos prendas para os leilões. O papá disse para eu falar ao Miguel e ao Janica, que são os primos de Santarém, e aos outros meninos que são do Benfica para todos mandarmos prendas e fazermos um leilão só com elas. Eu já falei aos primos, e eles querem. (...) O senhor doutor quer? Se quiser, eu, o Quincas e os primos de Santarém mandamos já as prendas.'
A dedicação desta criança não podia ser ignorada, e o seu benfiquismo devia ser preservado, pelo que a ideia foi imediatamente aceite, e rapidamente começaram a surgir as primeiras ofertas. A iniciativa mereceu o louvor de todos quantos pertenciam à organização de leilões, e o interesse das crianças começou também a crescer, porque assim se sentiam 'em pé de igualdade com os grandes'. Desde logo se definiu que seriam leiloados apenas artigos para crianças e que deveriam ser as próprias crianças a fazer as suas licitações, para que o carácter da festa fosse inteiramente infantil. Entre as ofertas que chegaram à Comissão Central estavam '6 sabonetes e 1 cavalinho de borracha', e '1 máquina fotográfica, 2 canetas, 1 livro, 1 lanterna, 1 azulejo' ou '3 gaiolas para grilos'. Foram várias e bastante valiosas as ofertas recebidas, que contaram também com a colaboração de alguns vendedores e fabricantes de brinquedos que se associaram a esta iniciativa.
Em 26 de Maio de 1956, foram muitos os pequenos benfiquistas que encheram o ginásio da secretaria para o 'leilão dos miúdos do Benfica'. O presidente Joaquim Ferreira Bogalho arrematou uma trotinete, e uma pequena caixa de bombons rendeu 990 escudos! No total, o leilão amealhou 5696 escudos para o Parque de Jogos do Benfica.
Saiba mais sobre as campanhas pró-Estádio na área 17 - Chão Sagrado do Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Manana, in O Benfica

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