Últimas indefectivações

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Abraço de Sierre para ti, João Félix

"Sim, chorei. Sou humano. Sou benfiquista. E também sou de Viseu

1. Na quinta-feira João Félix comoveu-se ao marcar o seu terceiro golo frente ao Eintracht Frankfirt e eu, assumo-o, deixei cair algumas lágrimas de felicidade. Sim, chorei. Sou humano. Sou benfiquista. E também sou de Viseu. Senti que naquele momento estava num momento, um sonho, instantes de fogo. Feito o hat trick mais jovem de sempre no clube do meu coração emocionei-me. Senti, agradecendo um bem recente e delicioso livro que o meu amigo PB me ofereceu no dia em que somei um ano mais, - Poesia y Patadas de Miguel Ángel Ortiz - que o futebol também é poesia e coração, emoção e razão, aplauso e êxtase, aguarela e cor. Muita cor. E aquele sentimento de intensa alegria que invadiu as bancadas do estádio foi mais um raio de luz em mais uma gloriosa noite europeia do Benfica. E Bruno Lage, com a sagaz humildade que nos embala e nos motiva, não levou o João ao Olimpo e mostrou-nos que acredita num jovem que tem talento e fibra e que com os seus três golos foi notícia, bem justa, para a forte UEFA na noite de uma Liga Europa com muitos golos portugueses. De Rúben Dias, Gonçalo Paciência e Gonçalo Guedes. E descendo ao real relvado na ponderada táctica que perturbou a forte equipa alemã - que ainda não perdera este ano, relembro, para muitos esquecidos! - o treinador e cidadão Bruno Lage expressa-se com um estado de espírito tão terra a terra que perturba alguns comentadores que, com uma sabedoria inútil, nos invadem os finais de jogos com as suas análises cheias de mãos cheias de quase nada. E com preconceitos que estão para além do comum. Diria, até, do que se julgaria normal. e aqui nem preciso de amuar nem de fingir que a liberdade de análise tem limites. João Félix fez um grande jogo. Grandíssimo! E Bruno Lage, ao contrário do que alguns doutores da fala e da escrita disseram, foi imenso na categórica humildade que evidenciou no final do jogo frente à forte equipa alemã. Humilde ele e suscitando a todos a íntima humildade depois de uma noite gloriosa - sim realmente gloriosa! - de um Benfica verdadeiramente europeu! Antes do jogo poucos acreditariam que o Benfica, este Benfica, marcasse quatro golos, relembro! Depois do jogo muitos entenderam que o Benfica poderia ter «ido mais longe»! E a questão é que muitos dos que escutei na noite da passada quinta-feira o que mereciam é que fizéssemos cópias - muitas cópias - de algumas deliciosas páginas - Patadas! - do livro acima referenciado. João Félix ficou, e bem, com a bola do jogo. Como Eusébio ou Cristiano Ronaldo - aqui com o seu Museu no Funchal a mostrar-nos muitas delas - também ficaram com as bolas de alguns dos momentos inolvidáveis que nos proporcionam em diferentes jogos europeus. Em que também marcaram três golos. Como, adito, e por justiça, o André Silva. O que aconteceu na Luz na quinta-feira, e também com João Félix, foram longos momentos de talento, instantes arrepiantes de emoção e segundos perturbantes de um sonho concretizado. Um, dois, três golos num jogo da Liga Europa. Nos quartos de final de uma competição onde estão grandes nomes da Europa. Contra uma forte equipa alemã. Não foi um conto, mas pareceu. Como, adaptando David Peace (2005), diremos que foi um «maldito Benfica» empurrado pelo «puto-maravilha, pelo menino João Félix». E dizendo isto, e embalado com aquele jogo de quinta-feira passada, lá estarão hoje, e de novo, milhares de benfiquistas a apoiar o Benfica no caminho da reconquista. Na certeza que João Félix na quinta-feira conquistou a Europa e mostrou a alguns descrentes que é um dos grandes talentos do futebol europeu do momento. E como benfiquista gostava que ficasse por cá. Como natural de Viseu partilho o orgulho do Luís e do Tiago, do João Alentejano e da Amélia, do Nuno e da Isabel, do José e da Ana, do António e do Joaquim, entre tantos outros que sentem bem que «no mesmo berço se nasce e se morre». E mesmo longe, degustando, como ele, os doces viriatos da Pastelaria Amaral, deixámos cair uma lágrima naquele momento em que o nosso João, alegremente ajoelhado, partilhou à Europa - e ao Mundo - a sua sentida e beirã emoção. E este momento fica para a sua e nossa memória. Que ninguém apaga. Nem apagará. E, agora, hoje na Luz e na próxima quinta feira na Alemanha, voltaremos a aplaudir toda a equipa, o sagaz Bruno Lage e, sempre, com golos ou sem eles, o João Félix. Mas também Jonas e Rafa, o Pizzi e o Gedson, o André Almeida e o Ferro, o Jardel e o Rúben e todos aqueles que nos fazem acreditar que a reconquista é possível e que a conquista da Europa se constrói com jogos como o da passada quinta-feira!

2. (...)"

Fernando Seara, in A Bola

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