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terça-feira, 28 de maio de 2024

Democratizar o futebol


"Antes e depois de Sérgio Conceição no FC Porto; os nomes consensuais, quase consensuais e os outros seis de Roberto Martínez

Dificilmente o futebol português poderia ser mais democrático: Campeonato Nacional para o Sporting, Taça de Portugal para o FC Porto, Supertaça Cândido de Oliveira para o Benfica, Taça da Liga para o SC Braga. Aconteceu apenas uma outra vez na história das quatro provas: 2017/2018. FC Porto venceu a Liga, Aves a Taça de Portugal, Sporting a Taça da Liga e Benfica a Supertaça Cândido de Oliveira. De seis em seis anos há uma rajada democrática que varre o futebol português que, regra geral, tem sido bem assimétrico: Benfica e FC Porto; FC Porto e Benfica; Benfica e FC Porto; FC Porto e Benfica.
Por falar em democracia, o jogo do Jamor deve ter sido o último pelo FC Porto do homem que, em sete anos, ajudou a democratizar as vitórias nas provas mais importantes do calendário do futebol português. Nos quatro anos anteriores ao regresso de Sérgio Conceição ao Dragão, a supremacia do Benfica foi avassaladora, quase uma ditadura: quatro Ligas, duas Taças de Portugal, três Taças da Liga e três Supertaças: 12 em 16 troféus. Nada menos de 75 por cento das provas nacionais. Daí para cá, em sete épocas, FC Porto ganhou 11 das 27 provas internas (três Ligas, quatro Taças de Portugal, uma Taça da Liga e três Supertaças). Quarenta por cento foram, pois, para o Museu azul e branco, Sporting venceu oito (duas Ligas, uma Taça de Portugal, quatro Taças da Liga e uma Supertaça), o Benfica chegou às quatro (duas Ligas e duas Supertaças) e o SC Braga a três.
Terminada a época de clubes, passemos ao Europeu-2024. Roberto Martínez anunciou os 26 nomes para atacar a prova da Alemanha e, por entre nomes que me parecem consensuais (Diogo Costa, António Silva, Danilo, Diogo Dalot, Gonçalo Inácio, João Cancelo, Nuno Mendes, Rúben Dias, Bruno Fernandes, João Palhinha, João Neves, Vitinha, Bernardo Silva, Gonçalo Ramos, João Félix e Rafael Leão) e outros perto de o serem (José Sá, Nélson Semedo, Francisco Conceição e até Ronaldo, por haver poucos jogadores para a posição de ponta de lança), aparecem seis nomes (Rui Patrício, Pepe, Diogo Jota, Pedro Neto, Otávio e Rúben Neves) cuja chamada é altamente contraditória em relação a uma das premissas tornadas públicas pelo selecionador nacional: quem quer ir ao Europeu não pode estar a 80 por cento.
Patrício não jogou um minuto na Roma desde meados de fevereiro, Pepe não jogou um minuto no último mês e ainda ontem ficou de fora da final por não estar apto, Diogo Jota jogou 138 minutos nos últimos três meses e zero no último mês, Pedro Neto esteve em campo 12 minutos nos últimos dois meses e Otávio e Rúben Neves jogam há um ano num campeonato de 3.ª linha. Estarão acima dos 80 por cento que o sempre simpático Roberto Martínez anunciou a 15 de novembro do ano passado? Não me parece. Posto isto, tragam lá o caneco! E democratizem um pouco mais os vencedores de Europeus: Alemanha e Espanha, 3; Itália, França e… Portugal, 2; União Soviética, Checoslováquia, Países Baixos, Dinamarca e Grécia, 1."

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