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sábado, 22 de fevereiro de 2025

A cimenteira Loma Negra e o cemitério dos elefantes


"Com um punhado de dólares María Amalia Pourtal levou a equipa da URSS aos subúrbios de Buenos Aires

Coronel Olavarría. Extraordinária essa capacidade que os países da América do Sul têm para dar nome de militares às suas cidades. É verdade que antes do coronel aparecer (e já muita gente lhe chama Oavarría, sem coronel) tinha um nome bem mais bonito: Campamento de las Puntas del Arroyo Tapalquén. Talvez fosse difícil de pronunciar, ainda por cima para disléxicos, mas esta terriola (na América do Sul também qualquer terriola é cidade) que faz parte dos subúrbios de Buenos Aires, fundada a meados do Século XVIII, e teve de ser roubada a uma dinastia de caciques Catriel, homens duros de hábitos telúricos, os pampas ou lelfunches, caiu nas mãos do tal José Valentín de Olavarría, um descendente de bascos que combateu ao lado de Simón Bolívar. Assim sendo faz algum sentido… Ou se calhar nem assim… Deixemos isso. Vamos falar do Loma Negra.
Em 1930 começou-se a jogar futebol em Coronel Olivarría por conta da cimenteira chamada precisamente Club Social y Deportivo Loma Negra. Aliás não só futebol. Fundado para encontrar distrações para os seus empregados, o clube tinha todos os desportos, desde o basquetebol e ciclismo ao boxe e à natação com uma série de outros pelo meio. Se foi Alfredo Fortabat a dar impulso à primeira fase de crescimento do Loma Negra, seria a sua viúva (nunca chegaram a casar), María Amalia Sara Lacroze Reyes Pourtal, a dar os primeiros passos para o levar a ser estruturado e profissional, fechando a construção do estádio e colocando-o a lutar pela subida ao Nacional. Vamos avançar que se faz tarde e é preciso fechar o jornal. Deste modo chega o ano de 1982. O ano do Campeonato do Mundo em Espanha, com a assassina Itália de Rossi e o circo amarelo do Brasil de Falcão, Zico, Sócrates e o diabo que os carregue de tão bons que eram. Mas não avancemos tanto assim. Ficamos por abril. A equipa da União Soviética acabara de fazer um jogo de preparação nos Estados Unidos (pois, pois… sei o que estão a pensar), defrontando a Grécia em Filadélfia e chegou a Buenos Aires para se medir frente à Argentina. Saiu-se bem com um empate (1-1) no Monumental carregado com 60 mil pessoas um tudo nada histéricas, tal como já tinham demonstrado em 1978. Também, pudera! Tinha Dassaev na baliza, e Chivadze e Demianenko, e Baltacha e Oganesian (que marcou o golo), e Shengelia e Oleg Blokhin. Bom, tudo bem, a Argentina até superava com Passarella e Tarantini, com Ardiles e Kempes, com Valdano e Diego Maradona. Conclusão: empataram, está empatado. Mas os russos não iriam para casa sem surpreenderem o povo de Coronel Olivarría.
Sábado, 17 de abril de 1982. No Estádio Ignacio Zubiría, pertença do Racing de Olivarría, os jogadores do Loma Negra surgiram no túnel lado a lado com as inconfundíveis camisolas vermelhas e com ainda mais inconfundíveis letras CCCP inscritas nelas. Soyuz Sovetskikh Sotsialisticheskikh Respublik – em cirílico os C correspondem aos nossos S e os P aos nossos R. María Amalia tinha sacado do bolso um punhado de dólares, tal qual como no filme. Era gente fina, essa María. O avô paterno, Federico Lacroze, fora o responsável pela instalação do caminho de ferro na Província de Buenos Aires e, pelo lado da mãe, era descendente de Manuel Oribe, segundo Presidente da República do Uruguai. Estudara em Paris, fora casada com Hernán de Lafuente, de quem teve uma filha, María Inés, divorciara-se e juntara-se com Fortabat. A moral argentina recusava segundas núpcias. Os crimes contra a Humanidade continuavam escondidos.
Outro punhado de dólares servira para trazer para o Loma Negra figuras do futebol argentino como Félix Lorenzo Orte, El Pampa, o ponta-de-lança Armando Mario Husillos, e o médio-centro Osvaldo Rinaldi. E, de repente, abriram-se em Coronel Olivarría as campas do cemitério da elefantes. Amorfos, os soviéticos deixaram-se bater por uma equipa menor. Desde 21 de novembro de 1979 que não sabiam o que era o sabor acre da derrota: dezoito jogos sem perder (treze triunfos e cinco empates), 43 golos contra e dez sofridos. Aos 36 minutos da segunda parte, Husillos fez um golo pífio mas as bancadas celebraram-no de forma divina. O Loma Negra venceu. María Amalia voltara a fazer das suas: pagara à federação russa 12 mil dólares. Menos de metade do que era o cachet – 30 mil. Era uma mulher de negócios."

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