"Internacional português do Man. United arrisca-se a ficar na história por ser um talento sempre no sítio errado. Até nisso a missão de Ruben Amorim é especial
Continua a ser estranho formular a frase O melhor jogador português da atualidade e não ver lá o nome de Cristiano Ronaldo, mas à medida que os anos passam a opinião pública e publicada vai-se rendendo às evidências e a outros homens que valem todos os segundos de atenção, escrutínio e contemplação.
A diferença relativamente ao período 2007-2022 (o ano da primeira explosão de CR7 no Manchester United e o último, curiosamente no mesmo clube e após nove estratosféricas temporadas no Real Madrid e quatro muito boas na Juventus) é que daí para cá variam os candidatos que proporcionam discussões interessantes sobre esse estatuto e cujas respostas dependem em grande parte do respetivo estado de forma e do que fazem (ou não fazem) as suas equipas: umas vezes Rafael Leão, noutras Bernardo Silva, Bruno Fernandes sempre presente e agora Vitinha.
Pensamos ser consensual a ideia de que o médio do Paris Saint-Germain é neste momento o melhor futebolista português. Maestro de uma orquestra que produz os mais belos concertos da Europa (França é demasiado pequena), exerce ainda o papel de capitão sem braçadeira, o que faz dele um líder de futuro.
O ex-jogador dos dragões estará no entanto apenas alguns pontos acima de Bruno Fernandes, dois excelentes futebolistas cujos percursos parecem no entanto distanciar-se num ponto: Vitinha tem estado ligado a projetos vencedores (FC Porto de Sérgio Conceição e agora PSG), enquanto o maiato tem-se distinguido por ser, de caras, o melhor jogador de equipas que pouco ou nada ganham – o Sporting pré-Ruben Amorim e este Manchester United que de grande só o nome e o escudo.
O percurso de Bruno Fernandes nos red devils faz lembrar, com as devidas proporções, o que João Vieira Pinto representava no Benfica pós-1994: um talento que falava sozinho num clube de presente e futuro nebuloso, a milhas do que fora no passado, mas resistindo anos a fio num papel demasiado exigente.
Tendo dobrado aos 30 anos em setembro último, o capitão do Manchester United sabe que já não terá muito mais tempo para se associar a uma equipa dominadora e que tenha por ADN a conquista dos grandes troféus, daí o interesse redobrado na recente notícia da possibilidade de o Real Madrid avançar para a sua contratação por um valor próximo dos €100 milhões.
Independentemente da solidez das informações veiculadas em Inglaterra, a possibilidade de o papa Champions equacionar a aquisição do médio ofensivo português vai contra uma certa ideia (injusta) de que o valor de Bruno Fernandes está inflacionado precisamente por ser uma luz na escuridão - porque são os outros demasiado maus.
Aqueles que o criticam deveriam, no entanto, assistir aos jogos da Seleção Nacional, do minuto 1 ao 90, para entenderem o óbvio: ele é aquele que melhor se adapta à indefinição de ideias, mesmo tendo jogadores tão ou mais talentosos à sua volta. Comparando com todos os outros, Bruno Fernandes tem sido, destacadamente, o futebolista mais regular de Portugal do passado recente.
Será uma perda para o futebol se os próximos cinco anos não devolverem a Bruno Fernandes tudo o que ele deu, sob pena de a história recordá-lo como um tipo que esteve sempre no sítio errado. Até nisso o desafio de Ruben Amorim é especial."
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