Últimas indefectivações

sábado, 20 de dezembro de 2025

Na televisão há pelo menos quatro penáltis por cada canto ou livre


"O VAR existe para o bem, mas o abuso da tecnologia tem contra-indicações. Sobretudo quando se escalpeliza um lance durante minutos injustificáveis e ainda por cima se decide mal

A decisão sobre o penálti que ressuscitou o Sporting nos oitavos de final da Taça, na quinta-feira, é polémica quanto baste. A opinião generalizada dos especialistas não anda longe da de quase toda a gente e aponta no sentido de um claro exagero.
Não é a primeira vez que sucede — e provavelmente não será a última — o VAR encontrar motivo para grande penalidade num dos múltiplos lances que ocorrem dentro da área na marcação de um canto ou um livre. Já lá vamos.
O que parece realmente grave e a carecer de explicação é a demora nesta decisão. O protocolo diz que o VAR deve alertar o árbitro para um erro quando ele é claro e evidente, na sua perspetiva. Ora, um erro claro e evidente não demora 12 minutos a ser escalpelizado. Quando muito passamos para o terreno da dúvida, e aí manda o bom senso que se respeite a decisão do árbitro em campo.
Foram 12 minutos que prejudicaram o produto-futebol, levando à sobreposição de um jogo da Taça sobre outro e à dispersão dos consumidores. Ainda por cima o resultado final foi a típica cena em que a montanha pariu um rato: ao que parece, depois de vistas e revistas as imagens, desculpem os verdadeiros técnicos da coisa, é que não há qualquer penálti. Ou seja, além dos prejuízos já citados, há um prejuízo claro do Santa Clara, que podia estar nos quartos de final da Taça e não está.
Erros sempre houve e haverá, estamos fartinhos de escrever isto por aqui. Na maior parte das vezes beneficiam os grandes, pelo que também resulta uma vez mais irónico que o Benfica, já apurado, tenha vindo logo falar sobre o tema e o FC Porto, apurado mais tarde, idem. Este tipo de situações há de bater mais vezes às portas deles que às do Santa Clara, por exemplo, mas adiante.
Resulta daqui uma boa lição: a ânsia de usar a tecnologia levou-nos a achar que os problemas humanos se resolveriam através dela. Esquecemo-nos de que por cima de uma máquina (ainda) há seres humanos, que por definição são falíveis.
O VAR trouxe e traz um alargado conjunto de boas decisões que fazem do futebol um jogo mais justo. Mas nunca irá acabar com o erro. E se calhar era hora de perder a ânsia pela tecnologia e usá-la como quem rói uma unha até ao sabugo. Se houvesse dois VAR por equipa para cada canto ou livre, encontrariam quatro penáltis e quatro faltas ofensivas, contas por baixo, a cada lance destes. Se calhar está na hora de apelar àquela famosa 18.ª lei do jogo, a do bom senso."

Luis Enrique: a força de 11 em vez de apenas 10


"Convicção, coragem e uma equipa criada, acima de tudo, a partir de uma ideia e de um rumo, mesmo quando o resultado falha. Luis Enrique, 'socialista' em clube e cidade de ostentação

Sou fã de Luis Enrique. Não sei se um dia não o irei criticar como hoje acontece com ídolos do passado, sobretudo por traição aos próprios valores em nome do resultado, mas nenhum de nós tem noção do que aí vem.
Este apreço nada tem que ver com a tragédia pessoal que viveu — e que refiro aqui para retirar já da equação —, mas até nesta é exemplo de superação, na forma de lidar com a maior das adversidades, que para muitos de nós será a perda de um filho. Provavelmente, ter-nos-ia deixado mortos a todos por dentro, enquanto nele faz positivamente parte de si, da sua forma de olhar para o mundo e para a vida.
Sou fã, mesmo que nos odeie. Que nos provoque a nós, jornalistas — haverá outras opiniões, mas tenho e terei sempre orgulho na minha profissão e no meu trabalho —, com títulos de documentários, a lembrar-nos de que continuamos a não fazer puto de ideia do que é vestir a sua pele. Talvez, mas não preciso de ser correspondido. Garanto.
Escrevo na vitória, porém poderia fazê-lo após uma derrota. Não teria tido o mesmo impacto para quem lê, embora para mim um mau resultado nada alterasse nas conclusões. Luis Enrique não precisava da Intercontinental para ser enorme, tal como Vitinha não deveria necessitar de pôr mais um caneco sobre a cabeça para se sentir campeão do mundo.
O PSG será a melhor equipa da atualidade, mesmo que os resultados o contradigam. É-o ao incorporar numa equipa solidária, de visão socialista, que paradoxalmente faz casa na capital do glamour e do gourmet, de tudo um pouco e um pouco do capitalismo, num estádio chamado Parque dos Príncipes e com donos que poderiam comprar meio-mundo sem grande esforço. Não é pobre, mas recusa há muito ser só uma formação milionária.
Quando Fernando Santos foi despedido pela Federação na sequência do Mundial do Qatar, o meu preferido para a Seleção Nacional era, adivinham, Enrique. Mesmo que fosse visão quase impossível e de várias perspetivas: o espanhol já tinha dito que queria voltar a treinar um clube e, na Cidade do Futebol, o perfil traçado não era o de alguém que falava aos adeptos desde o quarto de hotel através do Twitch e era por vezes radical nas escolhas dos jogadores. Seria um treinador de rotura para a rotura. Contudo, Fernando Gomes e companhia seguiriam a linha habitual: um homem que procura consensos e gerir expetativas e egos. O caminho da paz — porque Enrique não deixaria ninguém indiferente à sua volta — ainda não trouxe a consistência, o rumo e até ideias para os vários momentos do jogo, que provavelmente já estariam definidas com o homem de Gijón. Só que não há ses, como já várias vezes escrevi aqui, no futebol.
Falamos de alguém que conseguiu viver com Mbappé, mas desvalorizou a sua saída porque sempre soube que estaria melhor sem ele ou alguém de semelhante estatuto, criando com 11 em vez de 10 uma malha mais apertada no tecido coletivo. Quebrou dogmas ao colocar dois médios, um com 1,71 metros e o outro com 1,72 na sala de máquinas da equipa, mantendo por perto Fabián Ruiz, esse sim de 1,89, mas sobretudo um tecnicista, a fechar o lote de operários talentosos e criativos. Depois, não teve medo de lançar jovens de forma consistente, juntando Mayulu, Ndjantou e Mbaye a Barcola e Zaire-Emery nas opções em finais ou jogos importantes. E é isso o que significa lançar jovens, não estreá-los só para o registo contabilístico, o treinador poder um dia reclamar a paternidade futebolística com ‘fui eu que o lançou’ e os próprios assinalarem no Instagram o ‘cumprir de um sonho’.
Foi ainda alguém que transformou um extremo fanático pelo 1x1 num falso 9 competente e que, através do seu rendimento integrado no coletivo —garantindo finalmente a tão perseguida Liga dos Campeões —, venceu posteriormente a Bola de Ouro e o Best. São duas obras-primas do técnico a Taça, após uma goleada por 5-0 a um bom Inter, e os troféus individuais do seu jogador mais expressivo, que têm também muito de si, nem que seja pela transformação em campo.
Além de, diante de qualquer rival, chamar a si a bola, querer jogar, atacar e marcar, e quando não a tem pressionar para voltar a tê-la. Uma proatividade que merece todos os elogios, mesmo que nem sempre corra bem.
A Supertaça Europeia e a Intercontinental — e depois de Mbappé, bateu o Flamengo praticamente sem Dembélé, devido a sucessivos problemas físicos; e com Nuno Mendes abaixo do habitual por razões semelhantes — vêm na sequência de tudo o resto. De uma estrutura e confiança, do banco para dentro de campo e vice-versa, e ainda entre todos os jogadores, que mantêm a equipa no caminho certo.
É verdade que nem sempre corre bem e não faltará quem lembre New Jersey e a final perdida diante de um Cole Palmer e um Chelsea assombrosos, que lhes roubaram o perseguido título de Campeão do Mundo, um pouco compensado agora com a festa no Qatar. Pode tudo correr mal num jogo, todavia, isso não pode nunca riscar o trabalho feito, agora novamente recompensado. Claro que foi nos penáltis, porém foi superior a um Atlético Ma…, desculpem, a um Flamengo fechado em si mesmo, quase contranatura, à procura do erro para surpreender o rival. Não tendo sido um jogo bonito, apenas o PSG se pôde candidatar a trazer esse rótulo de Doha, porque foi o único a contribuir. Mesmo diante do campeão brasileiro e sul-americano.
É óbvio que é bom ter os portugueses neste patamar, mas melhor ainda será se os aproveitarmos na Seleção. Vitinha é cada vez mais reconhecido, João Neves impôe-se em todos os encontros e um Nuno Mendes saudável lidera o ranking dos laterais-esquerdos, ainda que Alphonso Davies esteja de volta. Tendencialmente, a equipa das quinas aproximar-se-á do modelo parisiense no Mundial, ainda que haja diferenças incontornáveis.
É olhar novamente para o exemplo. Luis Enrique mostra-nos todos os dias que não há que ter medo de se assumir rumo, decidir e acreditar no talento. Antes, poderia ser só uma ideia romântica, mas não é destas que se tem enchido a sala de troféus do Parque dos Príncipes."

Ambição e responsabilidade


"Em destaque nesta edição da BNews, a mensagem transmitida pelo Presidente do Sport Lisboa e Benfica, Rui Costa, na Festa de Natal do Clube.

1. Ganhar sempre
Rui Costa deixa uma mensagem ambiciosa e exigente a todos os que representam o Benfica: "Olhamos para 2026 com enorme ambição desportiva. Queremos continuar a lutar por todos os troféus em todas as competições – repito: em todas as competições; reforçar a nossa competitividade interna e internacional e afirmar, de forma clara, que o Benfica entra em cada época para ganhar. Esse é o nosso compromisso com os sócios, adeptos e com a grandeza do Clube."

2. Arbitragem em causa
Na rede social X, o Sport Lisboa e Benfica insurge-se oficialmente contra "mais um episódio escandaloso" no futebol português.

3. Bastidores
O marco na carreira de José Mourinho e o agradecimento de Banjaqui.

4. Dia Nacional do guarda-redes
Trubin, Samuel Soares, Diogo Ferreira, Lena Pauels, Rute Costa e Thaís Lima responderam a perguntas e partilharam técnicas com a jovem plateia, que, posteriormente, se atirou ao trabalho no relvado. E o dia foi ainda assinalado com uma ação no sintético do Estádio da Luz.

5. Benfica District
O arquiteto Miguel Saraiva, um dos principais responsáveis pelo projeto, em entrevista à BTV.

6. Dérbi na Luz
Benfica e Sporting jogam hoje na Luz em andebol (20h00).

7. Agenda para sábado
Quatro equipas femininas jogam na Luz: às 13h00 desafio com o Madeira SAD em andebol; às 15h00 embate com o CD Fiães em voleibol; às 17h00, receção ao Futsal Feijó; e, às 19h00, encontro com a AF Arazede.
No futebol de formação, os Juvenis visitam o Sporting às 15h00 e os Iniciados recebem o Estoril à mesma hora. Em voleibol, deslocação à AA São Mamede (16h00). No râguebi, a equipa masculina atua no reduto do RC Santarém (15h00) e a feminina é anfitriã do Sporting (15h00). E realiza-se, em Quarteira, o primeiro dia do Campeonato Nacional de Clubes de natação.

8. Eleita
Diana Gomes na "Equipa da Semana" da Women's Champions League.

9. Protagonista
A futsalista do Benfica Fifó é a entrevistada da semana."

50%

O pior de sempre !!!

Benfica FM: Golos...

Diz de si próprio que é honesto!


"RESPONDE COM HIPROCRISIA SEMPRE QUE É BENEFICIADO

Diz que não fala de arbitragens, mas recentemente queixou-se de uma suposta (e duvidosa) falta no segundo golo do Bayern.
Ontem disse que não viu o lance do penálti escandaloso que lhe permitiu evitar a eliminação, mas não faltam imagens com ele no banco a olhar para o tablet onde passavam as imagens com as repetições.
No Jamor foi beneficiado por três decisões erradas da arbitragem - penálti de Hjulmand sobre Dahl, golo anulado por falta inexistente de Carreras no início do lance do dois-zero e o vergonhoso pisão na cabeça - e no fim disse, com a maior das latas, que tinha sido uma vitória justíssima!
O senhor Borges não tem mesmo vergonha na cara. Está no clube certo, o clube que se diz diferente, o clube presidido pelo doutor Varandas que dá entrevistas ao canal do clube e as arbitragens desatam a benificiá-lo.
O senhor Borges vai ficar na história por ter no curriculum, não uma "dobradinha", mas sim uma "roubadinha"."

Mais uma VARgonha nos Açores


"ENTREGUEM JÁ MAIS ESTA TAÇA AOS "PISA NA CABEÇA"!

Por mais que a gente se esforce para encontrar atenuantes, não há incompetência que possa justificar o que se passou na final do Jamor com o Benfica e nos Açores com o Santa Clara. Tem que ser mesmo vigarice. O futebol português não tem emenda possível."

Esverdeou...

FC Porto: nem o silêncio é virtude, nem a crítica merece castigo


"O futebol português voltou, esta semana, a ser palco de uma decisão disciplinar que merece reflexão séria. O FC Porto foi sancionado pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol com uma multa superior a 15 mil euros, na sequência de uma participação apresentada pela APAF, tendo por base um comunicado oficial dos Dragões, divulgado após o chamado caso Fábio Veríssimo.
O comunicado em causa - importa sublinhá-lo - não surgiu no vazio. Resultou de um contexto concreto, amplamente noticiado, em que o árbitro Fábio Veríssimo alegou ter sido alvo de uma tentativa de pressão no intervalo de um jogo, circunstância prontamente difundida nos meios de comunicação social. Perante esse enquadramento, o FC Porto reagiu institucionalmente, expondo a sua posição, descrevendo factos, questionando procedimentos e criticando critérios.
Uma leitura atenta do comunicado revela algo que não pode ser ignorado: o FC Porto afirmou expressamente que iria apresentar participação disciplinar junto das instâncias competentes, por entender que determinados comportamentos justificavam apreciação disciplinar. Ou seja, o clube não se limitou a criticar, anunciou o exercício de um direito que lhe assiste, nos termos dos regulamentos desportivos: o direito de participação disciplinar.
Este ponto é absolutamente central. Participar disciplinarmente não é um ato abusivo nem ofensivo; é um mecanismo legítimo de tutela institucional, previsto e reconhecido pelo próprio sistema federativo.
Mais: anunciar publicamente essa intenção não constitui, por si só, qualquer ilícito. Pelo contrário, insere-se na normal transparência da atuação de um clube de dimensão nacional (para o que aqui releva), sujeito a escrutínio público permanente.
Ainda assim, foi precisamente esse comunicado - que descreve circunstâncias, manifesta discordância, anuncia a intenção de recorrer aos meios disciplinares e formula crítica institucional - que deu origem à queixa da APAF e, subsequentemente, à sanção aplicada pelo Conselho de Disciplina.
É aqui que deve surgir a inquietação no futebol português. Que mensagem transmite uma decisão disciplinar que pune um clube por exercer - e anunciar - um direito que o próprio ordenamento desportivo lhe confere?
A leitura que inevitavelmente se impõe é a de que esta decisão acaba por coartar, de forma indireta, mas eficaz, o direito de participação disciplinar e o direito à crítica, ambos pilares de um sistema que se quer transparente e democrático.
Os árbitros são, convém recordá-lo, seres humanos, falíveis e mortais. Exercem uma função num contexto de enorme pressão mediática e emocional. Isso não os desqualifica - mas também não os coloca numa redoma imune à crítica. O escrutínio faz parte da função. Sempre fez. Sempre fará.
A este ritmo, corre-se o risco de a APAF deixar de ser percecionada como uma associação representativa e passar a ser vista, com inevitável ironia, como a Associação Portuguesa dos Amuados do Futebol - excessivamente sensível à crítica e pouco disponível para aceitar o contraditório.
Mas mais grave do que essa perceção é o papel das instâncias disciplinares que, ao sancionarem este tipo de comunicados, legitimam uma visão restritiva da liberdade de expressão, colidindo com o artigo 37.º da Constituição da República Portuguesa. A crítica, mesmo firme, incómoda ou contundente, não se confunde com ofensa, nem pode ser tratada como infração disciplinar apenas porque desagrada.
Punir quem critica, descreve factos ou anuncia o recurso aos meios legais disponíveis não protege a arbitragem. Fragiliza-a. Cria um efeito dissuasor, incentiva a autocensura e empobrece o debate público no futebol, um fenómeno que é, goste-se ou não, de interesse geral.
Não é necessário proibir a crítica para a eliminar; basta criar um ambiente em que quem fala sabe que pode ser sancionado. O resultado é o medo. Um medo que já é visível no futebol português. Ainda ontem à noite, após o jogo entre o Santa Clara e o Sporting, o presidente da SAD do clube açoriano rematou, dizendo: «Eu e todos do Santa Clara vamos, por ordem minha, permanecer em silêncio, já que tenho medo de que, se falar o que penso, o nosso clube possa ser ainda mais prejudicado do que já foi.»
A arbitragem não se fortalece com silêncio imposto nem com sanções exemplares. Fortalece-se com competência, coerência, transparência e abertura ao escrutínio.
Não podemos ter árbitros de porcelana."

Por uma arbitragem melhor


"Repito hoje, na ressaca da noite estranha de Ponta Delgada, o que há muito digo e escrevo: o VAR em si é um instrumento que faz sentido, que acrescentou verdade ao jogo, mas, sobretudo em Portugal (e ao contrário do que sucede em Inglaterra, na Champions ou num Mundial), o recurso ao vídeo-árbitro há muito que ultrapassou o limite definido pela FIFA: mínima intervenção e máxima eficácia, na intenção essencial de corrigir erros grosseiros (como um célebre golo com a mão de Thierry Henry frente à Irlanda, que foi a causa próxima da introdução do vídeo). A originalidade portuguesa fá-lo parecer invertido: máxima intervenção e mínima eficácia, para corrigir erros que de grosseiros nada têm e por vezes nem erros são.
O que aconteceu ontem não pode deixar dúvidas quanto a um ponto: um lance em que árbitro e VAR demoram uma dezena de minutos a decidir pode ser tudo o que quiserem, mas erro grosseiro, e nesse sentido óbvio, não é certamente. Acrescente-se a isso a sensação, quase certeza, de que nunca teria havido igual cuidado de observação na área contrária. Neste caso na do Sporting, mas não seria muito diferente com Benfica, FC Porto ou até Braga. Como também me parece evidente e há anos assinalo, a instância VAR fez com que deixasse de haver só um juízo permeável à pressão dos grandes e passasse a haver dois. Está à vista. Não interessa tanto, e não é o meu ponto, se o manto é verde, vermelho ou azul, que as tonalidades variaram ao longo dos tempos, é antes a forma como os árbitros têm tomado conta do jogo, sem perceberem que isso os penaliza em última instância, porque os responsabiliza por mais decisões ainda.
O esforço deveria ser o inverso, de reduzir a intervenção do árbitro do jogo e não de a aumentar. Estaremos de acordo em que o VAR já resolveu no essencial o problema do fora de jogo (e até da bola ter entrado ou não numa baliza), pelo que sobram os lances de interpretação – sobretudo de penalti e expulsão – para alimentar a polémica permanente que nos consome. Dou exemplos concretos do que poderia ser um debate útil, e que passaria, no limite, por uma revisão das leis. Exemplo 1: fará sentido que seja penalti um lance em que a probabilidade de golo não é evidente nem perto disso, como no agora famoso “aumento da volumetria” aquando de um cruzamento banal? Vale a pena pensar que, na essência, o penalti é a compensação com uma situação “artificial” de golo – bola parada para alguém chutar, perante um guarda-redes estacionado na linha de baliza - pela negação, por via de um qualquer tipo de falta, de uma situação “natural” de golo. Não devia ser penalti apenas quando a probabilidade de golo é efetiva (algo que os árbitros já ajuízam em casos de expulsão)? Exemplo 2: terá lógica que um jogador expulso possa ser substituído – desde que não tenha negado uma ocasião clara de golo ou obrigado um atleta adversário a sair do jogo por lesão – permitindo ao árbitro uma aplicação uniforma das regras (do primeiro ao último minuto, sem estar preocupado se é o primeiro ou segundo amarelo) e protegendo um espetáculo – que não é barato, nem na televisão – sempre mais interessante quando é de onze contra onze? Nota: isto só faria sentido dentro do limite de substituições previstas, não para acrescentar outras, e deveria ser acompanhado por um agravamento do castigo do atleta expulso para os jogos subsequentes (e em multa), de modo a desincentivar qualquer aumento da agressividade. Não são temas consensuais, reconheço, mas faria sentido debatê-los, no intuito de fazer com que o resultado de um jogo seja mais consequência das jogadas dos futebolistas e menos do que os árbitros decidem sobre essas jogadas. Com menos penaltis e menos expulsões teríamos menos ruído. Desde que há VAR, os números provam-no, há mais penaltis e expulsões. Valeria a pena, pelo menos, pensar."

É tudo uma questão de ética e valores


"Quando o meu nome entra no comunicado
Há muito que aprendi uma regra simples para sobreviver e, sobretudo, para continuar a divertir-me numa atividade de que tanto gosto, neste ecossistema tão peculiar que é o futebol português: não ler tudo, não reagir a tudo, não viver a medir-me pelo que dizem de mim.
Enquanto comentadores de arbitragem, habituamo-nos a ser alvo de apreciações que raramente se limitam ao futebol. Muitas vezes são o reflexo de uma lente clubística. Aquela “clubite” que distorce o que se vê, o que se ouve e, principalmente, o que se quer acreditar. E, dentro de certos limites, isso faz parte do jogo mediático e do ruído semanal.
Mas há uma diferença enorme entre o ruído e o registo formal. Entre a opinião solta e um comunicado institucional assinado por uma direção de um clube, em que um nome é vinculado a uma estrutura federativa sem que se dê o contexto completo. Aí, o silêncio pode ser interpretado como confirmação, conivência ou, pior, como ausência de ética. É por isso que desta vez escrevo sobre o tema. Não para atacar ninguém, nem para alimentar guerrilhas, mas para pôr as coisas no lugar certo: o da verdade e o da clareza.

O que foi, afinal, essa “comissão não permanente”
O comunicado emitido pelo FC Porto refere o meu nome como integrando uma “Comissão Não Permanente de Arbitragem” da Federação Portuguesa de Futebol. A formulação, por si só, é suficientemente vaga para gerar interpretações erradas: desde a ideia de que desempenho funções regulares, até à suspeita de influência em avaliações, critérios ou decisões técnicas. Há, assim, que esclarecer.
O meu envolvimento resumiu-se a três reuniões online. Três. À distância. Sem qualquer remuneração. Sem vínculo contratual. Sem qualquer papel executivo. Sem qualquer responsabilidade operacional. Fui convidado, como um dos “peritos” indicado pelos delegados que votam na Assembleia Geralda FPF, a dar a minha visão sobre dois temas muito concretos: Recrutamento e retenção de árbitros (como atrair mais gente e como evitar que se perca quem entra) e Modelos de governança da arbitragem profissional (incluindo aqui a reflexão sobre o que poderia ser, um dia, uma entidade autónoma para gestão da arbitragem profissional)
Foi isto. Nem mais. Nem menos.
Aceitei o convite de forma natural e desassombrada por uma razão simples: sinto que devo contribuir para a causa da arbitragem para lá do comentário ao lance do fim-de-semana. Devo-o à arbitragem — que me deu formação, carácter, disciplina e uma escola de vida — e devo-o a mim próprio, enquanto alguém que não gosta de ficar apenas na crítica sem, quando surge oportunidade, ajudar a construir.

O meu lugar: fora das estruturas
Desde que deixei a arbitragem no ativo, a minha vida profissional seguiu o seu caminho, com a minha atividade principal na área do marketing desportivo. Em paralelo colaboro com a comunicação social, atualmente com a Sport TV e com o jornal Record, num contexto remunerado e assumido.
E qual é, para mim, o sentido dessa colaboração? Não é “marcar pontos” para ninguém. Não é ser porta-voz de ninguém. É, antes de mais, tentar fazer duas coisas que considero essenciais e que raramente são feitas com serenidade: Humanizar a arbitragem (lembrar que há pessoas, decisões em segundos, pressão real e falibilidade humana); Ajudar a esclarecer as Leis do Jogo, a sua interpretação e a sua aplicação — com o máximo rigor possível e com a máxima independência possível.
Essa independência, para mim, apenas uma palavra bonita. É método. É postura. É limite. E, talvez por isso mesmo, ao longo dos anos, tenho-me afastado de contextos formais dentro da estrutura da arbitragem nacional. Por opção járecusei cargos e funções precisamente porque gosto desta posição mais isolada, em que não respondo tecnicamente a nenhuma estrutura e em que apenas o meu conhecimento, o meu critério e a minha ética me condicionam.
Dito isto, ser independente não é ser indiferente. E ser livre não é ser inútil. O facto de eu preferir não estar “dentro” não significa que não possa, pontualmente, contribuir “de fora” quando me pedem opinião sobre temas estruturais. Aliás, já o fiz no passado, noutras circunstâncias, com outro Conselho de Arbitragem, ajudando a produzir documentação técnica usada em formação dos árbitros. Sempre em regime voluntário. Sempre sem contrapartidas. Sempre sem que isso tivesse qualquer impacto no que digo, no que escrevo ou no que analiso publicamente.

Confundir participação com influência é um erro — e alimenta o problema
Percebo o contexto em que o comunicado surge. O futebol português vive, muitas vezes, em estado de guerrilha: cada jornada é um capítulo, cada lance é uma arma, cada suspeita é uma manchete. E quando a arbitragem entra, como infelizmente quase sempre entra, instala-se a tentação de procurar culpados, redes, conspirações e explicações que nem sempre correspondem à realidade.
Mas há um risco grande em misturar planos. Uma coisa é discutir modelos, reformas, transparência, comunicação e tecnologia na arbitragem. Outra coisa é sugerir, directa ou indirectamente, que pessoas convidadas a participar em reflexões têm influência sobre decisões competitivas.
Eu não tenho. Nunca tive. Não faço nomeações. Não avalio árbitros. Não defino classificações. Não condiciono critérios. Não estou numa sala a decidir o que quer que seja sobre jogos ou competições. A minha participação foi exatamente o que acima descrevi: três conversas para pensar o futuro, não para mexer no presente.
E é aqui que me permito uma nota que não é ataque — é princípio: quando um nome é colocado num comunicado sem contexto completo, cria-se um ruído que não esclarece nada e apenas empurra o debate para o terreno da suspeição. Ora, se há coisa de que o futebol português não precisa é de mais suspeição. Precisa, sim, de melhores processos, melhor comunicação, melhor formação, melhor tecnologia e melhor cultura desportiva — de todos os lados.

A ética não se proclama: pratica-se
Não vou entrar em guerras, nem em acusações, nem em contra-comunicados. Não é o meu estilo e, francamente, não é a forma como acredito que se melhora o futebol. O que posso fazer, e é o que faço aqui, é assumir com clareza o meu papel e os meus limites. Sou comentador. Sou analista. Sou cidadão interessado.
Sou ex-árbitro. E sou alguém que, quando convidado a dar uma opinião sobre temas estruturais, não tem nenhum problema em fazê-lo, desde que isso não ponha em causa a minha independência. E não põe.
Porque a independência não se mede pelo facto de ter estado em três reuniões online. Mede-se pelo que digo quando ninguém gosta do que digo. Mede-se pela coerência ao longo do tempo. Mede-se pela capacidade de apontar erros onde eles existem, seja de que cor forem as camisolas envolvidas. E mede-se pela recusa em alinhar em lógicas de trincheira.

Para terminar, o essencial
Escrevo isto para evitar mal-entendidos e julgamentos errados. Para que fique claro que o meu nome, ali colocado, pode sugerir uma pertença e um poder que não existem. E escrevo também porque acredito que há uma saída para este ciclo de desconfiança: não é com mais ruído, nem com mais insinuações, nem com mais campanhas. É com reformas bem desenhadas, critérios mais claros, tecnologia mais homogénea, pedagogia constante e — isto é o mais difícil — uma cultura coletiva que aceite que o futebol se melhora com exigência, sim, mas também com responsabilidade.
A arbitragem tem de ser melhor.?E o futebol português também — dos clubes aos dirigentes, dos jogadores aos treinadores, dos adeptos aos comentadores, passando por todos os agentes que, directa ou indirectamente, o fazem e o influenciam.?Porque a credibilidade não se constrói apenas de um lado: constrói-se (ou perde-se) no comportamento de todos.
Da minha parte, continuarei a fazer o que sempre fiz: analisar, explicar, criticar quando for caso disso, elogiar quando for justo — e manter-me, como sempre, livre de donos e de alinhamentos."

Demissão...

Linhas 'invisíveis' !!!

Comunicado

Atrasos...

O outro lance...

Imagens exclusivas!

Já ninguém se lembra!!!

Comunicado

Não sejas ingênuo...

Em Portugal decretou-se que há uma Taça que tem de ir para um clube.

O APITO DOURADO corou de vergonha!! Levaram 12' para analisar este lance e dar penalti aos mesmos do costume...

Déjà vu

Vamos lá dizer mal do Benfica


"O Desporto nacional favorito está mais vivo que nunca e em tudo se encontra motivo para destilar veneno. Aproveitando célebres palavras de Ronald Koeman, na última passagem pelo Barcelona, ‘es lo que hay’

Estará o Benfica assim tão mal, serão as pessoas do Benfica — do presidente aos jogadores, dos treinadores às equipas das modalidades, do diretor financeiro ao animador do estádio — assim tão incompetentes que se justifique o crescimento, o fortalecimento e o mediatismo do desporto nacional que se transformou bater no Benfica?
Para os sócios que votaram nas eleições mais concorridas de sempre — facto desvalorizado até por alguns benfiquistas mais interessados em colher louros de uma piadola que valorizar manifestação rara de envolvimento democrático na vida de um clube desportivo — não está e por isso elegeram, de forma tão transparente como esmagadora, Rui Costa.
Passado mais de um mês das eleições é ainda difícil encontrar alguém que, sem mas ou meio mas, afirme, objetivamente, que Rui Costa ganhou as eleições. Que foi Mourinho que as ganhou, Noronha Lopes que as perdeu, há explicações para todos os gostos, todas ignorando que talvez tenha sido mesmo reconhecido o trabalho de Rui Costa, com mais méritos que erros, estes também reconhecidos pelo próprio.
O fenómeno de bater no Benfica não é novo, mas ganhou novo fôlego. É uma das expressões do estado geral de indignação, por tudo e por nada, da sociedade, alimentado pelo reforço emocional proporcionado por gostos e likes de falanges nas redes sociais — talvez alguém com mais conhecimento possa perceber se há aqui motivos para se identificar o reflexo condicionado da experiência de Pavlov com cães.
Às vezes até parece ser o Benfica o saco de boxe para que se descarreguem frustrações, objeto de ódio de quem padece de complexo de inferioridade. Não querendo explorar esse campo especulativo, o que é clarinho é que o escrutínio que se usa para o Benfica é muitas vezes ignorado para outros e o que se acusa no Benfica ou ao Benfica não se vê, convenientemente, nos outros.
O espaço mediático — como as eleições do Benfica poderiam ter ensinado — é apenas uma perceção da realidade e não a reflete na essência. Mas, para todos os efeitos, é nele, mesmo que delirante, que também vivemos, por ele também somos influenciados e até decidimos. Escapar disso, afundados em romantismos, é cada vez mais difícil. E é, como tal, nesse espaço que o Benfica também tem de jogar e defender-se quando é atacado.
A chegada de Mourinho ao Benfica só intensificou o fenómeno descrito. E quando o Benfica contratou Mourinho sabia que estava a contratar o pacote completo — não apenas um dos melhores treinadores do mundo, como alguém com capacidade de comunicação única para lidar com as difíceis circunstâncias do momento atual, apesar de dizer umas bacoradas de vez em quando.
A 25 de setembro escrevi que Mourinho voltou ao futebol português com pezinhos de lã, mais maduro, conciliador, generoso nos elogios, prudente nas críticas, argumentativo nas explicações, como uma espécie de senador, mas que o Benfica precisava de um Mourinho combativo, desafiador, provocador, cru, irritante e arrogante. Este último, entretanto, também já chegou.
Mourinho vai sempre pôr a falar as pessoas do que quer. Chegará a altura em que responderá a quem o acusa de se vitimizar, mesmo que quem o tenha feito também tenha desvalorizado que, até agora, foi noutra latitude que um treinador, em bom português, apesar de ser italiano, reclamou estar a jogar contra tudo e contra todos. Mourinho deixou escapar sem resposta as recentes afirmações de Frederico Varandas, para quem na casa do Sporting não se chora — percebe-se porque Mourinho não estava em Portugal quando o presidente dos leões disse que os sportinguistas estavam traumatizados e tinham muito azar com o árbitro João Pinheiro, que o árbitro Tiago Martins estava condicionado pelo FC Porto; ou quando Varandas foi ao túnel do estádio do Famalicão pedir satisfações ao árbitro Luís Godinho.
Nenhum clube — ainda menos o Benfica por ser o maior em Portugal, mais interesse despertar e mais pessoas mobilizar — pode escapar à crítica, positiva ou negativa, ao mais exigente escrutínio, nenhum dos dirigentes, jogadores ou treinadores podem eximir-se de responsabilidades do actos que cometem, das políticas que executam. É até imprescindível, no exercício democrático, que isso aconteça. Não me parece, com franqueza, que presidente, treinador ou jogadores se incomodem com críticas justas ou honestas, já me parece que possam ficar incomodados com omissões convenientes, acusações injustas e diferentes pesos e medidas na análise de desempenhos. O mesmo acontecerá com qualquer um que esteja a ler este texto.
Quanto ao resto é como dizia Ronald Koeman, depois de uma derrota com o Bayern em 2021, quando treinava uma equipa do Barcelona dizimada por lesões: «Es lo que hay.» É o que temos."

Gyokeres levou banho de realidade


"Das comparações com Haaland às dúvidas que se começam a levantar no Arsenal passou apenas um ano e o Sporting está a fazer mais falta ao sueco do que o contrário. Quem diria?

97 golos em 102 jogos no Sporting são muita fruta e fizeram de Viktor Einar Gyokeres um autêntico Deus em Alvalade. Merecidamente. Perante a rocambolesca novela que foi o processo da saída do sueco para o Arsenal, no último mercado de verão, muitos anteviram as passas do Algarve para Rui Borges sem o supergoleador que andou com a equipa às costas nas últimas duas temporadas.
Neste mesmo espaço, a 18 de agosto último, tinha Gyokeres chegado a Londres há poucas semanas, escrevi, após um Man. United-Arsenal, que Gyokeres teria de ser muito mais do que potência muscular para sobressair na Premier League. Se em Portugal isso era o principal fator diferenciador e os defesas quase tombavam pelo chão só com o seu arranque, em Inglaterra avançados corpulentos são o pão nosso de cada dia. Esse jogo de Gyo foi para esquecer e estes primeiros meses nos gunners, com exceções aqui e ali, têm sido uma desilusão para quem esperava ver um rendimento semelhante ao que o avançado tinha mostrado por cá.
Não foi assim há tanto tempo que, por ocasião de um Sporting-Manchester City, na Liga dos Campeões, foram muitas as comparações de Gyokeres com Haaland. Essa noite mágica de Alvalade correu, de facto, muito bem ao então jogador dos leões no duelo nórdico de avançados, já que foi dele o hat trick que ajudou o leão a destruir (4-1) a turma de Pep Guardiola. Era a lua de mel de Gyokeres com o Sporting e os seus adeptos, numa relação que acabaria por terminar muito mal e de costas voltadas meses depois.
Olhando aos números, e eles estão longe de nos dizer tudo o que se passa num campo de futebol, Haaland tem, ao dia de hoje, entre clube e seleção, 36 golos em 27 jogos em 2025/26; Gyokeres, com uma lesão pelo meio que lhe retirou a titularidade no Arsenal, tem 6 golos em 23 aparições... A diferença é avassaladora e já obrigou, inclusivamente, Mikel Arteta a deixar os primeiros recados em público. «Fisicamente está muito bem, mas tem de começar a converter as ocasiões de golo que tem», disse recentemente o treinador.
A vida é feita de escolhas e, se calhar, o estilo de jogo refinado e de toque do Arsenal não será aquele que melhor se encaixa com a verticalidade e potência de Gyokeres, até aqui um peixe fora de água no xadrez de Arteta. Quem soube fazer-se à vida sem o homem da máscara foi Rui Borges, que tornou o Sporting mais imprevisível e versátil ofensivamente. Um jogador não faz uma equipa, mas uma equipa pode fazer muito de um jogador..."

Apostar na formação não é lançar jogadores


"Benfica tem no Seixal uma mina, mas falta-lhe um projeto desportivo.

José Mourinho vai tomando as rédeas do Benfica, dando consistência à equipa à medida que os bons resultados se vão acumulando. O rendimento dos encarnados já é outro, apesar de a qualidade exibicional ainda estar longe da que os adeptos pretendem.
Já aqui escrevi que a tarefa do treinador não é fácil, dado ter apanhado o comboio em andamento e ter herdado um plantel desequilibrado e, principalmente, longe de corresponder à sua ideia de jogo. Um problema que só a reabertura do mercado, em janeiro, poderá corrigir.
Vamos esperar pelos presentes, estando todos conscientes que os cofres da Luz não são inesgotáveis e que no último verão já foram gastos mais de 100 milhões de euros…
Entretanto e até lá, Mourinho tem feito da formação uma bandeira. Em boa hora. A escola do Seixal é desde há um bom par de anos a melhor de Portugal e também está, reconhecidamente, entre as melhores do Mundo.
Os títulos nos escalões jovens amontoam-se e a hegemonia entre os eleitos para as mais variadas seleções nacionais um facto indesmentível. Mas só isso não chega, é preciso formar jogadores para a equipa principal. Esta, sim, tem de ser a prioridade.
José Mourinho em apenas três meses na Luz já estreou na equipa principal cinco jogadores: Banjaqui, José Neto, Tiago Freitas, Rodrigo Rêgo e Ivan Lima. Todos jovens de grande potencial, mas não basta lançar jogadores, a aposta tem de ser com convicção, o mesmo será dizer… continuada. O que não tem sido feito no Benfica nos últimos tempos, diria mesmo após a saída de Roger Schmidt.
O treinador alemão foi o responsável pelo aparecimento de António Silva, pela explosão de João Neves ou pela afirmação de Gonçalo Ramos. Três craques que valeram e vão valer muitos, muitos milhões. Tomás Araújo prometia ser outra herança de Schmidt, já que foi titular em três dos quatro jogos do alemão na época transata.
Depois, já com Bruno Lage, foram muitos os jogadores lançados na equipa principal, mas que até hoje não conseguiram afirmar-se, casos de João Rego, João Veloso, Diogo Prioste, Joshua Wynder, Nuno Félix e Leandro Santos, que continuam na Luz. Isto para já não mencionar quem entretanto saiu, por empréstimo ou em definitivo, como Tiago Gouveia — que jeito daria neste momento, especialmente após a lesão de Lukebakio… —, Bajrami, Hugo Félix, Rafael Luís, Gerson Sousa, Gustavo Varela, Diogo Spencer e Gustavo Marques.
Gonçalo Oliveira ou Gonçalo Moreira podem muito bem ser os próximos e talento não lhes falta. O que falta é um projeto desportivo do Benfica.
Com nove campeões da Europa e do Mundo de sub-17 a baterem à porta, considero que era imperioso o clube decidir rapidamente qual o espaço no plantel principal para tanta pérola antes de começar novamente a investir tudo o que tem em reforços…"

BF: Manu...

Megafone - Voo Picado #5 - O Ministro da Educação e o Kevin Durant entram num bar

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Falar Benfica - Conversas Gloriosas #35

O Benfica Somos Nós - S05E31 - Farense...

PortugueseSoccer: Liga Portugal Match Day 15, Reviewing First 14 Match Days, World Cup Ticket Prices & Hotel Concerns

5 Minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - Está Neemias a caminho de prémios individuais?

Observador: E o Campeão é... - "Mourinho lançou o programa novas oportunidades no Benfica"

Observador: Três Toques - Chegou o natal…. Menos na Turquia

Zero: Canto - Nápoles, Moreira e Faro: há Ríos de esperança na Luz?

🤩 A estreia de Daniel Banjaqui!

750

Dia Nacional do Guarda-Redes 2025

Nos quartos de final da Taça de Portugal


"Ao vencer por 0-2 no reduto do Farense, o Benfica está apurado para os quartos de final da Taça de Portugal. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Boa atitude e exibição
José Mourinho, que alcançou a 750.ª vitória da sua carreira, deixa elogios ao grupo de trabalho: "Estou muito contente com a atitude da equipa. Foram muito sérios desde o princípio até ao fim. Atitude coletiva da equipa, concentração, boas performances individuais. Estou verdadeiramente contente com o jogo."

2. Foco nos objetivos
Na opinião de Manu: "Podíamos ter feito mais golos, mas se tivesse de destacar alguma coisa, destacava a seriedade com que entrámos no jogo, com que encarámos todos os duelos, todos os lances. Estamos num bom momento e somos todos precisos para dar continuidade a este momento."

3. Man of the Match
Veja os melhores lances de Richard Ríos, considerado o homem do jogo.

4. Ângulo diferente
Veja, de outro ângulo, os dois golos do Benfica marcados ao Farense.

5. Outros resultados
Em futebol no feminino, o Benfica empatou 1-1 com o PSG. Os Sub-23 perderam por 2-0 na visita ao Santa Clara e os Juniores ganharam por 3-0 na receção ao Mafra. Em hóquei em patins, triunfo, por 5-9, na deslocação ao CH Carvalhos.

6. Agenda
Consulte a agenda desportiva do Benfica no Site Oficial. Amanhã há dérbi com o Sporting na Luz em andebol (20h00).

7. Sorteios
O Benfica tem deslocação ao Torreense nos quartos de final da Taça de Portugal de futebol no feminino. Em futsal, na 4.ª eliminatória, a equipa masculina vai receber o CS São João, e a equipa feminina será anfitriã da UD Os Pinhelenses.

8. Supertaça de basquetebol
A partida entre Benfica e FC Porto realiza-se no domingo, às 15h00, em Coimbra.

9. Convocatória
São duas as hoquistas do Benfica selecionadas por Espanha.

10. Em busca de títulos
O Campeonato Nacional de Clubes da 1.ª Divisão de natação realiza-se no próximo fim de semana. A anteceder esta prova, os nadadores do Benfica conquistaram 17 ouros, 12 pratas e 8 bronzes nos Campeonatos Nacionais de Juniores e Seniores de Piscina Curta."

BolaTV: Entrevista Vasco Vilaça, Ricardo Baptista e Miguel Tiago Silva...

Zero: Saudade - S04E15 - Golos de Sporting, FC Porto e Benfica na Seleção? Nem vê-los

BolaTV: Mais Vale à Tarde que Nunca - O empresário de jogadores, Igor Ludgero

ESPN: Futebol no Mundo #519

TNT: Melhor Futebol do Mundo...

Central: 1949, Funchal: Quando o Benfica disse NÃO ao Racismo!

Bem-vinda de volta, Fórmula 1!


"Ver os melhores pilotos do mundo competir em Portugal reforça a nossa credibilidade enquanto nação organizadora e apaixonada pelo desporto motorizado. Aproxima o público, entusiasma gerações mais novas, cria memórias. F1 não é só velocidade — é narrativa, é espetáculo, é emoção partilhada

O regresso da Fórmula 1 a Portugal, ao Algarve, em 2027 e 2028, não é apenas uma boa notícia. É um sinal: de ambição, de visão e de confiança num país que já provou, quando foi chamado à última hora, que sabe organizar, receber e brilhar. Portimão não é um circuito qualquer: é técnico, exigente. desafiante, daqueles que os pilotos respeitam e seduzo público à primeira curva. A F1 ali não passa — fica.
Há, claro, a economia, que nunca é detalhe. Hotéis cheios fora da época alta, restauração a trabalhar a um ritmo raro, emprego direto e indireto, promoção internacional que dinheiro nenhum compra com a mesma eficácia. Durante um fim de semana, o Algarve deixa de ser apenas destino turístico e passa a ser centro do mundo desportivo. E isso arrasta a região, mas também o país, para um patamar de exposição que tem reflexos muito para lá dos três dias de competição.
Depois há o lado que não se mede em números: o desporto e o prestígio. Ver os melhores pilotos do mundo lutar num traçado português reforça a nossa credibilidade enquanto nação organizadora e apaixonada pelo desporto motorizado. Aproxima o público, entusiasma gerações mais novas, cria memórias. A Fórmula 1 não é só velocidade — é narrativa, é espetáculo, é emoção partilhada.
Deve cre-se que o GP de Portugal é a termo certo. Mas o país não tem de implorar por vaga no calendário, e sim, de aproveitar quando o tem. Se se confirmar o que já sabemos, o Algarve voltará a mostrar que, quando os semáforos se apagarem, estamos prontos para mais. Dentro e fora da pista."

Incoerência 'vs.' Liderança


"Criticamos o atleta que, na flash interview, se diz feliz por ter marcado um golo quando a equipa perdeu. Criticamos o treinador que coloca a sua narrativa acima da narrativa do clube. Criticamos quem põe intenções individuais à frente dos objetivos coletivos e quem age de forma indiferente à cultura organizacional. Será ético impedirem-me de me expressar pelo momento que o clube possa estar a passar? Provavelmente, não, mas neste meio isso pouco interessa, temos de ser muito mais astutos do que a ética.
Perante isto, como deve um líder gerir as suas intenções, desejos e vontades no turbilhão que é a liderança de um clube desportivo, sobretudo quando o contexto é altamente mediático? A resposta é simples e verdadeira: total contenção. Guardar para si próprio — ou para círculos muito restritos — aquilo que não serve o interesse do clube. Na comunicação, menos é mais, sobretudo em ambientes onde tudo é amplificado a níveis difíceis de controlar. No final do dia, o que conta não é a intenção de quem comunica, mas a mensagem que é recebida.
O desporto de alta competição tem uma particularidade decisiva: o impacto brutal do resultado. Ao contrário de outras áreas, aqui o veredito é frequente e quase sempre binário: sucesso ou fracasso, tudo bem ou tragédia. Para quem lidera, equilibrar emoção e razão é uma missão espinhosa, sabendo que ambas tendem a seguir em sentidos opostos. Outra missão central é compreender o contexto. Num mundo onde as emoções estão constantemente à flor da pele, surfar a onda é regra para quem quer sobreviver. Expor publicamente o que vai na alma não é uma opção, sobretudo quando a expressão individual entra em choque com a cultura, a identidade ou os objetivos do clube.
Mas será que o estado do clube ia, por exemplo, assim tão mal? Nestes contextos, os cenários são reduzidos: ganhar ou não ganhar. Se é esta a cultura que se pretende incutir num clube, então o locus emocional torna-se determinante. De que vale afirmar diariamente, ou até escrever nas paredes, que só a vitória interessa, se o comportamento demonstra o contrário? Como exigir coerência a outros colaboradores quando a liderança não dá o exemplo? Sabemos bem que coerência e exemplo são pilares fundamentais da liderança. E como demonstrar satisfação individual quando, coletivamente, as coisas não estão bem?
Não é possível, por mais vontade que exista, explodir publicamente de forma emocional, mesmo quando se acredita ter razão. Nestes casos, a vontade é quase sempre contrária à racionalidade. A gestão desta tensão é muito mais complexa do que aquilo que cabe em páginas de jornal. É impossível transcrever integralmente o dia a dia de quem lidera no desporto de alta competição. Ainda assim, basta um deslize emocional para se perceber, de forma clara, a crueldade da exposição mediática nestes contextos."

E que tal entregar o Mundial-2026 ao México e ao Canadá?


"Já sabíamos que a mentalidade estadunidense, de um modo geral, não percebe o futebol, até porque este tem empates, algo que não lhes entra no paradigma.
A aproximação dos últimos largos anos, porém, levava a um caminho de pacificação entre mentalidades, e talvez por isso se decidiu a realização de um Mundial nos Estados Unidos.
Azar dos azares (como se não bastasse o azar do Mundo), calha o de 2026 na presidência de um ser estranho, que está a fazer dos adeptos de futebol um grupo de bandidos à procura de vistos para o El Dorado.
Já agora: isso dos bilhetes ao sabor do mercado não é para o público do futebol.
Não podemos entregar isto só ao México e ao Canadá?

De chorar por mais
A luta entre Pavlidis e Suárez está muito boa. Mas há Samu e vários outros a brilhar rumo à Bola de Prata. Há Liga.

No ponto
João Pinheiro está a um passinho de ser nomeado para o Mundial-2026. Lá se vai a narrativa antiarbitragem...

Insosso
Leverkusen não é Madrid, Bayer não é Real. Xabi Alonso prova de um veneno que já conhecia como jogador.

Incomestível
Há azarados e há os realmente desafortunados: Vasco Sousa teve duas fraturas de perónio seguidas. Caramba!"

O Futebol made in Hollywood


"The Show must go on! Traduzindo, o Campeonato do Mundo tripartido (analisado pelo melhor jogador na sua escola primaria - sim , esse «artista») vai trazer uma série de inovações, algumas para Yankee ver.
Começamos pelas Body Cams arbitrais e os filmes live interpretados por árbitros e VAR. Possivelmente, diálogos animados por Cheerleaders como no outro Football. Para apimentar os breaks, écrãs Led de tamanho gigante e produção imersiva. Seja lá o que isso for.
2030 já está perto e seria importante que os estádios nacionais se preparem bem. Para a Oitava, a evolução tecnológica mais complexa, e que vai fornecer ao comentariado em vigor mais umas horitas de combate televisivo, vai ser a introdução da IA na lei que os Yankees (e por experiência própria) menos entendem: o inefável offside.
Com uma combinação de sensores nas bolas, micro câmaras e etc, os milímetros devem entrar no Jogo, fazendo com que a experiencia live seja uma extensão do Futebol Digital que jogamos nas nossas casas.
O Futebol made in Hollywood is Coming!"

BolaTV: Toque de Bola - S01E03 - Luís Figo | «Um orgulho ganhar a Bola de Ouro depois de Eusébio»

BolaTV: Mais Vale à Tarde que Nunca - Tarde de humor com Mário Falcão

BolaTV: Lado B #20 - O João Félix é guarda-redes?

Zero: Fantasy - Jornada 15: com um olhar para DGW

Jogo Pelo Jogo - S03E19 - Benfica ainda sonha com o título?

Mata Mata - Sporting Atropela, Benfica Cresce, Porto Não Vacila... Tudo sobre a 14J da LP1 e LP2!

Transforma #205 - Passa a Bola - “BENFICA NA LUTA, SPORTING A RESPIRAR, BRAGA E PORTO A FESTEJAR"

Os Três do Costume #14 - Benfica de Mourinho - De Besta a Bestial? Liga a 3? Vem aí o Natal!

O Resto é Bola #32 - FC Porto campeão de inverno e as goleadas de Sporting e Benfica no último episódio do ano ⚽️

SportTV: ReporTV - Senhor Presidente

BolaTV: NBA - Wemby Assombra Os Campeões

CUMPRIR CALENDÁRIO RUMO AO JAMOR


"Farense 0 - 2 BENFICA

> Mourinho a dar oportunidade a alguns jogadores menos utilizados. Da minha parte, saúdo em especial o regresso à titularidade de Manu e o podermos ver Sudakov na posição 10, à partida aquela onde melhor exprime o seu futebol.
> entrada atrevida do Farense, que até conseguiu o primeiro lance de perigo na sequência de um canto. Mas logo o Benfica tomou o controlo do jogo e aos 10 minutos já se estava a adiantar no marcador com um remate de primeira de Ríos, sem deixar a bola bater na relva - está a habituar-se a marcar? Ficou a certeza de que a primeira parte do Restelo não se iria repetir.
> sem especial brilho, fomos tendo a iniciativa, criando algum perigo, mais nas bolas paradas, deu até para Otamendi desperdiçar um penálti - não foi o primeiro - que colocaria um ponto final na eliminatória. > o azar a perseguir o Benfica: lesão de Sudakov, logo hoje, esperemos que não seja grave, já o Barreiro que andava a fazer a posição foi para o estaleiro, e, depois, também o Samuel Soares, com problemas numa coxa, teve que ser substituído ao intervalo por Trubin.
> a segunda parte começa com um lance polémico, de juízo duvidoso do apitador: ou é penálti ou é vermelho, não há mais hipóteses. Mas nem uma coisa nem outra, falta marcada fora da área e amarelo para Romero. O VAR tem que o chamar para que tome uma decisão de jeito, mas Hélder Malheiro mantém-se na sua - o problema é que nunca deve ter jogado à bola e não consegue enxergar que se não fosse a falta, que foi fora da área, não havia defesa do Farense que chegasse à bola a tempo de incomodar Ivanovic que ficava na cara do redes em zona central - vermelho claro por mostrar a Romero, portanto.
> um belo remate de Dahl, em nítida subida de rendimento, bem aberto no seu corredor, remate forte e cruzado, com defesa difícil do redes do Farense, depois oportuna recarga do Ivanovic, que bem precisava de um golo - mesmo que fácil, mesmo que só de empurrar - para ganhar confiança depois de uma primeira parte pouco vistosa. Próximo jogo da Taça será em princípio no Dragão, o Porto ainda tem que eliminar amanhã o Famalicão, mas Mourinho tem razão, chegamos ao quarto jogo na Taça sempre fora de casa.
> Farense completamente dominado, sem conseguir sair de trás, Trubin a enregelar, o jogo a virar treino de conjunto para o Benfica. Notou-se até que os nossos jogadores - gato escaldado de água fria tem medo - começaram a evitar meter o pé em bolas muito divididas, mais do que compreensível com a eliminatória arrumada.
> com o jogo mais do que resolvido, o apitador ainda arranjou forma de dar um amarelo ao Ríos, que foi primeiro agarrado e depois, pareceu-me, arrastado até cair em cima do adversário, mas o Malheiro só ajuizou a parte final do lance, ia a dormir
> Mourinho a promover a estreia de mais um jovem sub-17 na primeira equipa, por sinal um em quem deposito grande confiança para o futuro: Banjaqui! Foi para o corredor direito, mas não para a defesa.
> mais um jogo de folha limpa, sem sofrer golos, sem grandes dificuldades para o nosso redes, manda a verdade verdade dizer que o adversário de hoje também não era de elevado grau de dificuldade, mas o facto é que o processo defensivo está cada vez mais apurado por Mourinho."

Jaime Cancella de Abreu, in Facebook

Ríos, Ivanovic e a naturalidade do Benfica na noite de Faro


"Mourinho fez mudanças no onze, Silas também, e as águias impuseram-se (2-0) ao Farense, chegando aos quartos de final da Taça. Os dois reforços marcaram num jogo sem muita história

Há encontros relativamente fáceis de explicar, em que os quês e os porquês não se acham através de grandes teorias ou metáforas. Jogos em que as coisas acontecem porque a vida é assim, os dias têm 24 horas, existe a lei da gravidade, os seres humanos necessitam de oxigénio para sobreviver, etc e tal.
O Benfica, terceiro da I Liga, é muito melhor que o Farense, nono da II Liga. Vários suplentes do Benfica são muito melhores do que vários suplentes do Farense. Numa noite calma e serena no São Luís, as teias da bola não quiseram cozer um traje excessivamente complexo.
Farense 0-2 Benfica. Um golo em cada parte. Algumas situações para os visitantes vencerem por números mais expressivos, mas não muitas, só um bocadinho, nada que alterasse a rotina. Nenhuma oportunidade de golo para os da casa, só a suavidade da burocracia. Mas uma burocracia não asfixiante, meramente um documento simples de preencher.
A equipa de José Mourinho deu continuidade ao bom momento. São seis vitórias e um empate nos últimos sete compromissos, série em que os encarnados sofreram somente dois golos.
Se o Benfica vai estando em crescendo, Ríos personifica essa subida de rendimento. Mais confiante, mais livre, com mais chegada perto da baliza contrária. Não marcou qualquer golo nos primeiros 20 jogos pelo Benfica, vai em três nos derradeiros cinco. Logo aos 11', na sequência de livre lateral de Sudakov, o colombiano atirou para o primeiro. O confronto dos oitavos de final começava a ter ali um desfecho, quase um desfecho pré-anunciado, como sabermos que não vamos saltar da cama mal o primeiro despertador que definimos toque.
Após o 1-0, a eliminatória entrou em ritmo morno, qual refeição cozinhada em lume muito, muito brando, mesmo muito. Era um reencontro entre Mourinho e Silas, antigo técnico e jogador na União de Leiria que projetou o setubalense, e a tranquilidade do jogo teria dado tempo para um e outro se sentarem em diálogo sobre aqueles tempos há mais de duas décadas.
O Farense apresentou-se sem oito dos seus 11 jogadores mais utilizados, com Claudio Falcão, Franco Romero, André Candeias, Poloni, Sangaré, Toni Herrero, Yannick Semedo e Brian Araujo de fora do onze. Um dos pouco utilizados que teve oportunidade, Fran Delgado, empenhou-se em manter o seu estatuto de reserva, com vários erros e más abordagens, entre elas uma falta completamente escusada quando Schjelderup estava de costas dentro da área. No entanto, Otamendi, tal como já sucedera na eliminatória anterior, não conseguiu marcar o penálti, havendo uma bela defesa de Jakob Tannander.
Se Mourinho teve na lesão de Barreiro a pior notícia saída de Moreira de Cónegos, novo problema físico foi o pior do primeiro tempo. Sudakov, após uma falta de Rafinha, teve de sair de campo. Aursnes, num raro dia em que foi poupado, lá saiu do banco ainda com muito desafio por disputar, qual condenado a estar em mais jogos do Benfica do que a águia do símbolo. Após o intervalo seria Samuel Soares, que já se queixara, a ceder o seu lugar a Trubin.
Perto do descanso, Tomás Araújo, lateral devido à inclusão de António Silva como parceiro de Otamendi, cruzou bem para Ivovic, que meteu a bola na baliza. No entanto, o croata estava adiantado, pelo que teria de esperar mais um pouco para o seu golo. Prestianni, em boa posição, não teve pontaria, tal como Ríos, de livre, já no recomeço.
Manu Silva, que não era titular desde 8 de fevereiro, quando se lesionou contra o Moreirense, atuou desde início até ao fim. Teve uma atuação correta, serena, como a noite. Schjelderup, que não era titular desde outubro e não saiu do banco contra Casa Pia, Ajax, Nápoles e Sporting, não fez por reclamar mais oportunidades.
Aos 56', Ivanovic deu para Dahl na esquerda. O sueco rematou e o croata, oportuno, encostou para o 2-0, quebrando um jejum goleador que, exceção feita a um penálti apontado contra o Tondela na Taça da Liga, durava desde setembro. Nem a velha frase feita — "o 2-0 é o resultado mais perigoso do futebol" — assomou em Faro, porque não houve qualquer aroma a perigo ou inesperado no jogo.
Até final, a eliminatória teve um interesse semelhante a ir para a varanda ver a chuva cair. Bom para pensar na vida, ideal para a reflexão, não propriamente um plano entusiasmante ou memorável.
Os jogadores do Farense, incapazes de criar perigo para Trubin, empenharam-se em colocar bolas fora do estádio. Três jogadores (Franco Romero, Gio e Bruno Almeida) chutaram bolas que passaram as bancadas e foram para o exterior do recinto. É o equivalente futebolístico a ver chover.
José Mourinho ainda estreou Daniel Banjaqui, de 17 anos, um dos recentes campeões do mundo. Mais um jovem lançado pelo treinador, que o colocou breves instantes. Veremos se, da coleção de meninos que tem tido direito a alguns minutos, sairá algum que seja verdadeira aposta, ou se tudo ficará por uma contabilidade de debutantes.
Em cima do final, Franco Romero ainda bateu Trubin, mas o golo foi anulado após revisão VAR, que descobriu falta sobre António Silva. E a noite acabou como quase sempre foi vivida, com naturalidade e sem surpresas."