Últimas indefectivações

sábado, 4 de janeiro de 2025

Antevisão...

BI: Antevisão - Braga...

Informações incorretas no jornal "Correio da Manhã"


"O Sport Lisboa e Benfica esclarece que são incorretas as informações e as comparações do jornal Correio da Manhã sobre os FSE's da Benfica SAD versus outros clubes.

Uma comparação e análise rigorosa deve ser feita incluindo as operações intragrupo, ou seja, as compras realizadas entre as empresas detidas pelo Sport Lisboa e Benfica e cujos valores permanecem no universo Benfica, não se tratando, portanto, de fornecedores fora do universo da SAD.
Este, aliás, foi tema de análise e clarificação na última Assembleia Geral de Acionistas.
Ao contrário do que foi escrito pelo jornal Correio da Manhã, em 23/24 os custos com FSE's da Benfica SAD para fora do universo Benfica correspondem a um valor de 55,8 milhões de euros, o que representa 21,8 por cento dos rendimentos operacionais com transações de direitos de atletas.
É, por isso, totalmente falso que a Benfica SAD gaste em fornecedores externos ao universo Benfica mais de um terço dos seus rendimentos. Na realidade, esse rácio está próximo de um quinto de toda a sua faturação."

Propostas: zero!

Alguma Dúvida?

Mesmo árbitro. Lance identico.

Tiago Martins, o árbitro que expulsa Bah

2025 ainda agora começou e já se repeita a tradição de décadas.

Pelo segundo jogo seguido, Mora tem carta branca para fazer o que quer...

Bah sempre a fazer das suas.

Velhos hábitos...

Mudaram a Lei?!

Bah, seu desgraçado!

Então e a aposta na formação, Bruno Lage?


"Seixal foi viveiro de pérolas na primeira passagem pelo Benfica e agora eclipsou-se neste regresso do técnico às águias

Na primeira passagem pelo Benfica (2018 a 2020), Bruno Lage lançou meninos como Florentino Luís, Ferro, Nuno Tavares e Tomás Tavares, ao mesmo tempo que potenciou João Félix de tal modo que, após 20 golos e oito assistências, seria transferido para o Atl. Madrid por € 126 milhões.
O que aconteceu, então, para que, cinco épocas depois, não se veja vislumbre sequer de aposta em pérolas do Seixal pelo técnico que substituiu Schmidt? Esta época, por exemplo, na montra da Liga, só quatro nascidos na cantera da águia foram utilizados por Lage e esses quatro são... Florentino (25 anos), António Silva (21), Tomás Araújo (22) e Renato Sanches (27). Note-se que João Rego (19) jogou 5 minutos no campeonato, mas ainda com Schmidt no comando.
O que é feito, então, da formação do Benfica? Não há um jovem que sirva para a equipa principal? Ou que possa ser potenciado na montra maior do futebol português? Até ver, a realidade diz-nos que não, que não há...
Ao invés, FC Porto e Sporting vão fazendo uso das pérolas das respetivas escolas. No caso dos leões, agora orientados por Rui Borges, destacam-se dois meninos de 17 anos, Geovany Quenda e João Simões, mas também Arreiol e Mauro Couto, ambos de 19; isto além dos consagrados frutos da Academia, Inácio, Bragança e Quaresma.
Pelos dragões de Vítor Bruno, outra mão cheia de diamantes em crescimento, com os holofotes a incidirem sobretudo em Rodrigo Mora (17 anos), mas também em Martim Fernandes (18) ou Vasco Sousa (21); a que se juntam João Mário, Gonçalo Borges e ainda os homens da casa, Diogo Costa e Fábio Vieira. Do Seixal é que, até ver, nada... à vista."

O Emblema e o Manto Sagrado


"O emblema do Sport Lisboa e Benfica, conforme descrito no seu portal oficial, constitui, sem qualquer sombra de dúvida, “a sua imagem de marca. Tal como a maior parte das tradições e símbolos do Clube, o emblema foi elaborado entre 13 de dezembro de 1903, quando surgiu a ideia de criar o Clube, e a data da sua fundação, a 28 de fevereiro de 1904. O tom, a vivacidade e a alegria da cor das suas camisolas, a águia como símbolo da sua independência, autoridade e nobreza, uma roda de bicicleta que representa o ciclismo como uma das primeiras modalidades do clube, a bola de futebol e a legenda de união e força conjunta - E Pluribus Unum (de todos um). Eis o nosso símbolo que tem deixado marca em Portugal e no mundo.”
A preservação das cores originais de um clube nos seus equipamentos desportivos reveste-se de um papel absolutamente essencial na perpetuação da sua identidade e no respeito pela sua história. Num contexto desportivo em que as tendências modernas e as pressões comerciais ganham cada vez maior expressão – por mais compreensíveis que estas possam ser – torna-se indispensável que os clubes saibam equilibrar a inovação com a reverência pelas tradições que constituem o alicerce da sua existência. As cores de um clube transcendem em muito a mera função estética; são um símbolo dos valores, da cultura e da essência que o tornam único, promovendo uma ligação emocional indissolúvel com os seus adeptos. Cada tonalidade, símbolo e pormenor presente nos equipamentos narra uma história. No caso do Sport Lisboa e Benfica, as icónicas camisolas vermelhas e brancas são fruto de escolhas meticulosas realizadas pelos seus fundadores. José da Cruz Viegas, beneficiando de acesso a catálogos britânicos de tecidos, optou pelo vermelho, uma cor que não só se destacava em campo, mas que também deixava uma impressão duradoura nos jogadores e adeptos. Por sua vez, Cândido Rosa Rodrigues, outro fundador, defendeu que as cores deviam captar a atenção dos transeuntes, uma vez que o clube jogava frequentemente em locais públicos. O vermelho foi adotado por evocar alegria, dinamismo e entusiasmo, enquanto os calções brancos tiveram como referência o Belem Football Club. Ainda que fundamentadas em critérios práticos, estas escolhas cromáticas passaram a corporizar ideais e princípios que, ao longo das décadas, se tornaram um património inalienável do clube.
A continuidade das cores originais nos equipamentos desportivos é, igualmente, uma homenagem a todos aqueles que, ao longo da história, contribuíram para moldar a identidade do clube. Conforme é frequentemente evocado pelos benfiquistas, estas cores representam “os ases que nos honraram o passado.” Desde os pioneiros até aos atletas e associados que inscreveram o seu nome na história do clube, as cores simbolizam uma ponte intergeracional que preserva as memórias de vitórias e sacrifícios que definiram o percurso do Sport Lisboa e Benfica. Esta lealdade às cores fundadoras garante que tanto os adeptos veteranos como as gerações vindouras reconheçam, nos equipamentos, os valores que sempre sustentaram o clube, mantendo viva a chama da sua tradição e os pilares da sua existência. Por outro lado, a inevitável modernização do desporto e as exigências de inovação levaram muitos clubes a introduzir variações nos seus equipamentos, particularmente nos alternativos e nos terceiros kits. Embora estas inovações sejam cruciais para atrair novos públicos e manterem a relevância no panorama da moda desportiva, é imperativo que o equipamento principal – e, idealmente, também o alternativo – permaneçam fiéis às cores originais. Este compromisso com a tradição não impede a evolução, mas antes estabelece um elo indelével entre o passado e o progresso contemporâneo, assegurando que as novas gerações vejam refletidos nos equipamentos os mesmos valores e símbolos que inspiraram os seus antecessores.
Além disso, as cores originais são uma forma imediata de identificação, não apenas para os adeptos, mas também para o próprio clube no panorama desportivo internacional. Num estádio ou numa competição global, as cores de um clube constituem a sua bandeira, a primeira e mais evidente manifestação da sua singularidade face aos concorrentes. A preservação destas cores traduz um respeito pelas raízes do clube, reforçando a sua coesão e projetando uma imagem de continuidade histórica enquanto se projeta para o futuro.
Em síntese, as cores fundadoras de um clube transcendem qualquer interpretação meramente estética; elas constituem um elemento central da sua alma e legado. Respeitar estas cores nos equipamentos é salvaguardar a identidade do clube face às pressões e transformações contemporâneas, permanecendo fiel aos valores que o sustentaram desde a sua génese. Desta forma, o clube não só honra o seu passado, como fortalece a sua ligação aos adeptos, garantindo que as futuras gerações continuem a encontrar nos equipamentos os mesmos valores e tradições que cimentaram o seu património.
No que respeita à revisão estatutária apresentada na Assembleia Geral Extraordinária, realizada a 21 de setembro no Pavilhão da Luz, foi amplamente debatida e aprovada uma proposta que submeti, a qual foi desenvolvida com base nos contributos de diversos sócios ao longo dos anos. Esta proposta visou regulamentar aspetos dos equipamentos do Sport Lisboa e Benfica e do seu emblema.
De acordo com os futuros estatutos vigentes, a proposta estabelece que o equipamento principal do Benfica mantenha o vermelho como cor predominante, complementado por detalhes em branco, admitindo, de forma limitada e pontual, a inclusão de outras tonalidades, como o preto, exemplificado pelo equipamento da época 2013/14. Introduziu-se, contudo, a obrigatoriedade de que o equipamento alternativo apresente sempre uma base branca, complementada preferencialmente por detalhes em vermelho, sem excluir a possibilidade de utilização de outras cores, como o preto, desde que o seu uso seja criterioso e em consonância com a tradição visual do clube. Esta abordagem visa harmonizar modernidade e respeito pelas raízes históricas.
Quanto ao terceiro equipamento, mantêm-se as diretrizes aplicadas nos últimos anos. Este equipamento, concebido como uma “tela criativa” para a marca Adidas, não está sujeito a restrições cromáticas, permitindo liberdade criativa para refletir tendências da moda desportiva contemporânea. A sua versatilidade assegura que este vestuário seja não apenas uma peça desportiva, mas também um elemento do quotidiano dos adeptos, conciliando funcionalidade e inovação.
Uma mudança significativa introduzida nesta revisão estatutária foi a obrigatoriedade de utilização do emblema original, a cores, em todos os equipamentos. Na proposta inicial, esta exigência limitava-se ao equipamento principal e ao alternativo, de forma a preservar a identidade visual nesses dois conjuntos. Contudo, após um debate alargado na Assembleia Geral e face ao feedback recebido dos sócios, ficou claro que a maioria dos associados defendia a utilização do emblema original a cores também no terceiro equipamento. Esta alteração foi aprovada com mais de 80% dos votos favoráveis. Assim, elimina-se a possibilidade de utilização de versões monocromáticas ou modificadas do emblema nos equipamentos de jogo. Estas variantes serão permitidas apenas em vestuário não destinado a competição, como equipamentos de treino, polos ou merchandising.
Com estas disposições, o Sport Lisboa e Benfica reafirma o seu compromisso com a preservação da identidade histórica, garantindo que os seus equipamentos continuem a refletir, com rigor, os valores e o legado que definem o clube."

Terceiro Anel: Lanterna Vermelha - S01 - Sorteio das Meias Finais

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Mercado - S08E02 - Águias de olho em promessa minhota

Zero: Tema do Dia - Caso Dani Olmo: o que está em causa?

Observador: E o Campeão é... - No Sporting e no Vitória "nada vai ser como antes"

TNT - Melhor Futebol do Mundo - Dani Olmo fora do Barça?...

ESPN: Futebol no Mundo #412 - Caso Dani Olmo e protagonismo brasileiro no Arsenal

Observador: Três Toques - Amorim ou Conceição: quem fará melhores compras?

BolaTV: Este Futebol não é para velhos #18 - Milan ou Barcelona, qual é o maior clube?

BolaTV: Lado B #20 - Especial Natal

BolaTV: Rivalidades #15 - O dérbi entre Palmeiras e Corinthians

O VAR foi uma das maiores conquistas do futebol moderno. Não há argumentos racionais que justifiquem o regresso ao passado


"A questão da “emoção” ou do “tempo perdido” esbate-se muito facilmente: a intervenção dos vídeo árbitros não está no top-3 dos motivos que mais fazem parar os jogos e a questão da quebra de emotividade não faz qualquer sentido, porque o que está em causa é a reposição imediata da verdade no jogo. Preferimos um partidaço emotivo, mas com mentira, (...) ou um jogo um bocadinho menos entusiasmante, mas com justiça? A escolha não é difícil

Roberto Rossetti, presidente do Comité de Arbitragem da UEFA, deu por estes dias uma entrevista ao La Stampa que vale a pena ler com atenção. O italiano abordou, sem preconceitos, a forma como vê o setor da arbitragem em tempos de grande exigência e pressão sobre os homens do apito.
Rossetti, um dos melhores árbitros da sua geração, fez a defesa intransigente da vídeo arbitragem, dando o exemplo do Argentina-México que arbitrou no Mundial de 2010: “Todo o mundo viu o fora de jogo de Carlos Tévez... menos eu.”
A sua sinceridade falou em nome de todos aqueles que não tiveram a felicidade de contar com essa ferramenta. Erros relevantes cometidos há uns anos seriam hoje corrigidos em dez, quinze segundos. Não deixa de ser frustrante, mas as coisas são como são.
No que me diz respeito, não tenho a mínima dúvida: a introdução da vídeo arbitragem foi uma das maiores conquistas do futebol moderno.
Apesar da sua ‘juventude’ - ainda não completou uma década de existência -, são incontáveis o número de jogos cuja verdade desportiva foi resgatada com eficácia.
Confesso, não percebo quem ainda defende o regresso ao futebol de antigamente. Não há, não pode haver argumentos racionais que o justifiquem.
A questão da “emoção” ou do “tempo perdido” esbate-se muito facilmente: a intervenção dos vídeo árbitros não está no top-3 dos motivos que mais fazem parar os jogos e a questão da quebra de emotividade não faz qualquer sentido, porque o que está em causa é a reposição imediata da verdade no jogo. Preferimos um partidaço emotivo, mas com mentira, ou um jogo um bocadinho menos entusiasmante, mas com justiça? A escolha não é difícil.
Olhem para os números: são incontáveis os penáltis que ficaram por assinalar ou que foram mal assinalados antes do VAR. Estamos a falar de milhares de golos mal validados ou por validar (lances de fora de jogo). Já para não contabilizar os vermelhos por exibir ou mal exibidos.
São tantos, mas tantos exemplos que é quase ofensivo referir um a um.
Hoje o erro continua a existir, não fosse o jogo jogado, treinado e arbitrado por pessoas. Mas são menos, muito menos do que foram.
O grande problema da tecnologia foi o do aumento de expetativas para o exterior. Desenhou-se a ideia de que a vídeo arbitragem terminaria com as más decisões nas quatro linhas, quando na verdade ela foi projetada para erradicar apenas as mais evidentes e factuais.
As outras (que são a maioria) ficarão sempre para a interpretação da equipa de arbitragem em campo. Nunca podem entrar nestas contas.
Ainda assim não deixa de ser verdade que há um conjunto de análises que não deviam acontecer, tendo em conta o auxílio precioso que as imagens hoje facultam. Quando isso acontece, estamos perante má vocação para a função, falta de treino adequado, relaxamento/desconcentração em sala ou mera incompetência técnica (para analisar situações à luz das leis de jogo).
Qualquer uma delas é grave em alta competição.
É fundamental criar, com tempo, planeamento e estratégia, um quadro específico de VAR's, totalmente independente da carreira de árbitro. Estamos a falar da separação de funções, tal como acontece agora com os árbitros assistentes.
Essa evolução permitirá trabalhar de forma mais personalizada e dedicada, com treinos mais específicos e frequentes. Será aí que se perceberá quem é mais qualificado e quem não tem perfil para a missão.
O futebol tem que ser paciente com este processo, como é com tantos outros, aqueles mais impactantes, que demoram o seu tempo a crescer, maturar, solidificar. Mas a perspetiva é boa e as coisas irão melhorar bastante. Tenho essa convicção."

SportTV: NBA - S03E13 - Thunder e Cavaliers são os principais candidatos?

Carta aberta ao Jorge Jesus


"Querido Amigo: o Jorge Jesus é, para mim, uma trindade: o homem bom; o trabalhador incansável, porque nunca repousa, num trabalho de transcendência (não lhe basta o que faz, quer sempre fazer melhor); e o excecional treinador de futebol. De facto, é mais conhecido como treinador de futebol de muitos méritos. A quem intente depreciar o mister Jorge Jesus que leia o seu currículo desportivo (agora enriquecido com o título de melhor treinador do Médio Oriente) e a resposta será concludente: um (repito-me) excecional treinador de futebol.
Não sabe Jorge Jesus fundir, sintetizar, concentrar numa obra de pensamento sistematizado e depurado a teoria da sua prática? Será trabalho para uma futura (ou nascitura?) tese de doutoramento de um jovem, tenha a idade que tiver. Fui adjunto de Jorge Jesus, no Benfica. Pude sentir como, a treinar, a sua eloquência se expande sem disciplina crítica, num livre jogo de intuições, observações, reminiscências, mas que os jogadores entendem e fazem suas. Jorge Jesus, nas suas palestras aos seus jogadores, tem a mesma espontaneidade, a mesma incerteza, a mesma emoção que ressalta de um jogo de futebol.
Mas o futebol não é mais do que futebol? Sem dúvida! Por isso, nenhum treinador é perfeito. Acontece com os grandes treinadores (e com os grandes homens, afinal) o que acontece com os quadros dos grandes pintores: tiram o seu relevo e a sua beleza do mesmo contraste de luz e sombra. E só à distância nos dão a ilusão de perfeitos.
À distância, quando os historiadores se deitarem ao estudo do currículo desportivo de Jorge Jesus concluem, por certo, que ele foi bem mais do que o melhor treinador do Médio Oriente. E o que nele há de mais saudavelmente espontâneo, até distante da tarefa reflexiva e elaboradora, é espontâneo, porque Jorge Jesus é sinónimo de futebol!
Na gala dos Globe Soccer Awards, que se realizou, no Dubai, a 27 de dezembro, subiram ao palco, para receberem os respetivos troféus, Jorge Jesus e Cristiano Ronaldo, dois portugueses: este, aos 39 anos ainda consegue ser o melhor jogador do Médio Oriente (acabo de aludir ao melhor jogador de futebol de todos os tempos, segundo muitos dos entendidos); aquele, porque ganhou, invicto, o campeonato saudita, como treinador do Al Hilal.
Quando comecei a trabalhar, com o meu Amigo, no Benfica, surpreendia-me a sua rápida e certeira leitura do jogo. Só mais tarde percebi que o Jorge Jesus vê o futebol com inocência e, portanto, o vê na origem. Entre Educação e Conhecimento a relação parece estreita, direi mesmo: íntima. E a educação, tendo a aula como referência central, parece ser o radical fundante do conhecimento.
Na Sociedade do Conhecimento, o excluído é o que se encontra excluído do conhecimento e portanto da escola. E o meu Amigo? Praticamente sem escola, sabe mais de futebol do que muitos (quase todos?) os licenciados, os doutorados, em educação física e desporto, ou em motricidade humana. Na Sociedade do Conhecimento (se bem penso) é preciso passar de uma educação que reduz o aluno a comandado, cujo horizonte de vida não pode ultrapassar o do professor, para uma educação permanente que só a vida pode proporcionar. Sem dispensar a escola, evidentemente. «Questionar não é só desconstruir; é também relativizar, olhar de outro ângulo, de outro contexto» (Pedro Demo, Educação e Conhecimento, Editora Vozes, Petrópolis, 2000, p. 132). E portanto relativizando a escola, deixando entrar nela, em verdadeiro processo dialético, a teoria e a prática de profissionais, como Jorge Jesus que, sem escola, também nos podem ensinar futebol — como o seu currículo desportivo o atesta.
Fui adjunto de Jorge Jesus, no Benfica. E, sendo embora licenciado e doutorado e professor agregado, aqui digo, publicamente, que muito aprendi da sua lucidíssima inteligência. Sim, por vezes, ele é um orador que parece narcisar-se com a sua linguagem. E porquê?
Sobre o mais, porque os seus habituais ouvintes, os seus jogadores, findas as palestras do seu treinador, e tendo mesmo em conta o espírito de rebeldia que anima os mais jovens, não escondem a sua admiração: «Este homem diz-nos de futebol o que ninguém nos disse.» E alguns chegaram a confidenciar-me (não minto): «Melhor treinador do que este? Não conheci, nem conheço.»
O sr. José Maria Pedroto que, com o apoio fraterno de Jorge Nuno Pinto da Costa, transformou radicalmente o futebol do FC Porto, era da opinião que o melhor treinador de futebol era sempre o ex-jogador da linha média. E acrescentava: «Vê o Manuel José e o João Alves? Sabem pensar o futebol. Não tenho receio em vaticinar: 'Serão, no futuro, grandes treinadores'.»
E foram. E ainda professava à minha ignorância futebolística: «O jogador da linha média precisa de ter, em todos os momentos do jogo, uma visão global desse mesmo jogo, para saber servir os seus companheiros.»
De José Maria Pedroto até hoje, o futebol evoluiu. Não só no treino, mas também taticamente. Hoje, deverão ter uma visão global do jogo todos os jogadores de um desporto coletivo. Mas será de salientar como o sr. Pedroto, há mais de 50 anos, já desejava, para a sua equipa, verdadeiros (e sirvo-me de uma expressão muito atual) «trabalhadores do conhecimento».
Evoco sempre com enternecimento o nome de Pedroto. Era um profissional de futebol com um saber disponível para a eternidade Ora, o meu Amigo sempre jogou na linha média. Se vivo fosse, o sr. Pedroto apresentá-lo-ia como exemplo da sua tese. Mas eu só queria dizer-lhe, uma vez mais, que o direito à vida se confunde, hoje, com o direito de aprender e que o meu Amigo é um dos meus Mestres.
Seu
Manuel Sérgio"

A piteira matou Piteira na história do Trio dos Ossos


"Hélvio fumava como um tubo de escape e era fininho, fininho, de osso bater com osso.

Piteira: em brasileiro é boquilha. Hélvio Pessanha Moreira era um furioso fumador e usava piteira. O povão não perdoou: passou a chamar-lhe Hélvio Piteira. Na verdade o próprio Hélvio, finguelinhas, de canelas finas, quase estaladiças, meias sempre em baixo, num molhe por cima das chuteiras, tinha algo de piteira na figura. Era Piteira e ficava-lhe bem. Em garoto, vindo lá do Bairro de Humaitá, em Niterói, (diacho que agora me lembrei do Humaitá, que jogou no FC Porto!), fazia de tudo como as mulheres a dias do antigamente. Isto é, começou a lavar roupa como ponta-esquerda de uma equipa amadora da rua onde morava, depois varreu o chão como volante, ou trinco, se preferirem, até se instalar como defesa-central, assim tomando conta do quintal das traseiras onde não passava nem passarinho, que é bicho de passar, se não não lhe tinham dado esse nome. Trabalhou para o Ministério da Marinha e ser profissional de futebol nunca lhe mereceu um pingo de interesse até chegar o Fluminense em 1944, batendo o pé da insistência e obrigar Piteira encolher os ombros e dizer que sim. Tinha vinte anos. Nascera no Campo dos Goycatazes no dia 20 de janeiro de 1924. Sujeito pacato de não se meter em encrencas. O mundo todo à sua frente. Aliás, o único que ficava atrás dele era o guarda-redes, pois então. Juntou-se, com a camisola tricolor vestida, a dois outros defesas, Mirim (que se chamava de verdade Valdemiro Teixeira) e um tal Ponce de León, com a sonoridade de fidalgo espanhol do tempo em que Pizarro caçava Atahualpa Yupangi no Vale do Urubamba, com uma sede devoradora do ouro dos incas. Os três juntos pareciam um. Eram tão, tão magros, que ficaram conhecidos por Trio de Ossos. De cada vez que entravam em campo era como se ouvíssemos um chocalhar de esqueletos igual ao do Comboio Fantasma da Feira Popular da minha infância. Mas eram ossos rijos, tenham lá calma. Sobretudo os das canelas calejadas de Hélvio Piteira. Chico Formiga, que jogou com ele no Santos, que o comprou ao Fluminense por 150 mil cruzeiros em 1949, dizia que Hélvio, «apesar dos caniços finos, sempre foi um defensor implacável no desarme e quase imbatível nas disputas pelo alto». Eram tempos do catano, e não há que ter medo da palavra. Do catano, meus amigos! Vejam só como entraram em campo as equipas do Olaria e do Fluminense no dia em que, com uma exibição francamente intolerável por parte de Piteira, os das Laranjeiras venceram por 8-2. Olaria: Zezinho; Leleco e Lamparina; Valter, Cláudio e Ananias; Alcino, Cidinho, Baiano, Zoé e Esquerdinha. Fuminense: Tarzan; Pé de Valsa e Hélvio Piteira; Índio, Mirim e Bigode; 109, Maneco, Simões, Orlando e Rodrigues. Convenhamos: com estes vinte e dois em campo quase era possível escrever um romance machadiano, do género das Memórias Póstumas de Brás Cubas ou coisa assim. Eu, por mim, pegava nos nomes de todos e escrevia-os para sempre na parede branca da memória. Lamparina? Zoé? Pé de Valsa? Brincadeira. Como diria Nelson Rodrigues depois de ver umas fintas do Garrincha: «Isso aí não existe!». E 109??? Há lá nome melhor para um ponta-direita do que 109???!!! Nem 115. E 115 tinha de jogar no meio, nos serviços de urgência que afastavam perigos e assustavam defesas. Defesas é como quem diz. Não assustavam o Piteira. Nos jornais da época gabava-se a sua capacidade de ser ‘sem-pulo’. Eu explico: ’sem-pulo’ porque era tão mais rápido que os avançados contrários e tão mais alto do que a maioria deles que, muitas vezes, despachava os lances pelo ar sem tirar os pés do chão. Nas bancadas, a populaça delirava. E gritava: «Sem-pulo! Sem-pulo! Sem-pulo!». Logo a seguir, Hélvio contrariava a voz do povo e, de repente, voava como um albatroz de asas aguçadas, os braços também fininhos, toda a ossatura tão leve que desobedecia à Lei da Gravidade. Muitas vezes jogava de barrete na cabeça. Barrete tricolor que o destacava no meio de todos os outros, como se isso fosse preciso. Depois, a piteira matou Hélvio Piteira. Fumava como um tubo de escape, apanhou cancro na garganta. Aos 60 anos, um ataque de tosse levou-o até ao céu como se fosse uma nuvem passageira…"

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Foi um dérbi vibrante e cabe agora ao Benfica reagir


"Foi um dérbi vibrante, repartido, interessante e correto este a que assistimos no último domingo, mas que já passou. Outros virão no novo ano e cabe agora ao Benfica reagir. Para as equipas técnicas, entretanto, o último jogo só fica fechado, especialmente quando as coisas correm mal, depois de detalhadamente analisado, para aproveitamento futuro. Como sempre eram grandes as expetativas e sempre diferentes, à partida para este novo confronto. Desta vez, a recente troca de lugares entre os dois clubes na tabela e a proximidade pontual eram condições para confirmar ou inverter. A estreia do novo treinador do Sporting e como iria estruturar a sua equipa era também uma curiosidade extra.
Relativamente ao jogo e a todos os jogos, a maneira como se começa determina muitas vezes a maneira como acaba. Neste último exemplo, o Benfica começou a perder bem antes de sofrer o golo. Se tivéssemos o poder de escolher uma parte de um jogo para sermos melhores, eu escolheria sem dúvida a primeira, porque condicionamos o adversário para a segunda parte, mais ainda quando se chega em vantagem ao intervalo. Foi o que o Benfica não conseguiu evitar.
Mesmo com a inversão da tendência que deu um Benfica melhor na segunda metade, a reação tem sempre muito de emocional e quem traz desvantagem do início, traz também o stress associado à necessidade de marcar. A perna pesa mais e o coração acelera. O discernimento não é o ideal e a urgência cresce a cada minuto que passa. Os dados lançados quanto antes definem, em muitos casos, o que acontece depois. O Sporting entrou mais agressivo no ataque, com espírito renovado tirando partido essencialmente do entendimento e poder dos seus dois avançados. A diferença, pareceu-me, acabou por mostrar-se na relação da dupla antagonista Trincão e Florentino.
O médio do Benfica não fez diferença como terceiro homem do meio campo. Já Trincão, com o espaço que lhe foi permitido, foi influente no peso atacante que representou no apoio a Gyokeres. Já do lado encarnado, Amdouni esteve na primeira metade muito solitário, não se conseguindo impor nem segurar a bola, frente à forte dupla que o guardou. A alteração de Lage ao intervalo deu um Leandro Barreiro influente na mudança deste cenário. Tanto na cobertura da zona de Trincão, que desde então pouco mais se viu, como no apoio e presença que conseguiu acrescentar na frente, que ajudou a libertação de Amdouni, embora sem reflexo no resultado.
Agora, pela frente espera-nos uma longa segunda volta, depois de cumprida a próxima jornada. A verdade é que os vencedores não se declaram tão longe da meta...

Segue jogo
Confesso a minha preferência pelo perfil do árbitro inglês. Característica simples, que aprecio e que faz diferença: na dúvida, mais vale não apitar do que o contrário. Sendo a Premier League considerada a melhor liga do planeta, além da qualidade dos jogadores, essa distinção assenta muito na intensidade do jogo e nas paragens que quase não existem. Por cá, os nossos massagistas estarão mais em forma do que alguns jogadores, tal a frequência com que entram em campo para perder tempo, quando dá jeito.
A nossa Liga é a quarta em que mais se apita e menos se joga, entre trinta ligas europeias estudadas. Os números não mentem. À atenção dos árbitros portugueses e de quem tem a responsabilidade de os formar. Em último caso, a Premier League está disponível na televisão. E nunca é demais lembrar que o futebol é um desporto de contacto... Ano novo, vida nova? Era bom.

IPO
Saúdo a feliz iniciativa da Liga com as Fundações de Benfica e Sporting associadas ao IPO (Instituto Português de Oncologia), socorrendo-se de dois jovens ídolos de clubes rivais, em vésperas do dérbi lisboeta. Em época natalícia, quando os corações mais se abrem aos que nos rodeiam e passam dificuldades, a iniciativa contou com a participação solidária de Tomás Araújo e de Eduardo Quaresma. Marcante uma das imagens que ilustram este evento a de um jovem acamado equipado à Porto, entre os dois jogadores dos rivais de Lisboa. Ver as camisolas mais representativas do nosso futebol unidas numa realidade em que a saúde e as doenças graves são os temas, é bonito e um exemplo para muitos que confundem o que é realmente importante."

O Benfica que desejo para 2025


"Terminou o ano de 2024 e mais uma vez o Glorioso acaba o ano civil de mãos a abanar. Nem um troféu para amostra. Tal como em 2020. Tal como em 2021. Tal como em 2022. Apenas em 2023 o clube conquistou 2 troféus oficiais no futebol masculino, o Campeonato e a Supertaça. Termina o ano no 3º lugar, depois de perder mais um derby para o Sporting, o 3º consecutivo em Alvalade nos últimos meses, isto já depois de ter despedido um treinador à 4ª jornada com uma indemnização milionária e depois de voltar a gastar consideravelmente mais em contratações que os seus rivais.
Na passagem de ano, há a tradição das 12 passas e de fazer os desejos para o Novo Ano e não tenho problemas em admitir que, entre desejos pessoais, profissionais, financeiros, amorosos, de paz no mundo e essas coisas, enfio/enfiava sempre lá pelo meio querer o Benfica Campeão. E dei por mim na madrugada de 1 de Janeiro a pensar "O que gostava que fosse o Benfica em 2025?". Vieram algumas coisas à cabeça...
- Que o Benfica seja Campeão Nacional, obviamente. E apesar de tudo, é perfeitamente possível. Até pela inconstância dos nossos rivais. Este parece um daqueles campeonatos "à Trapattoni" em que o menos mau vencerá. O Sporting de Amorim parecia imparável e inevitável, mas desde a saída deste para o Man Utd, as coisas alteraram. Veremos como cresce com Rui Borges, mas mesmo a vitória no derby não foi convincente. E o Porto também continua uma incógnita. Claro que o Benfica também não está propriamente uma máquina oleada e tem dado sinais de regressão, depois do entusiasmo com a entrada de Lage.
- Que o Benfica vença a Taça de Portugal e a Taça da Liga. É uma tristeza e uma vergonha reparar que o Glorioso não vence a Taça de Portugal desde 2017. E que apenas venceu 4 nos últimos 30 anos. E que não vence a Taça da Liga desde 2016. Este clube devia fazer-se de conquistas, mas as conquistas têm sido poucas.
- Que o Benfica faça uma boa participação na Liga dos Campeões e no Mundial de Clubes. Não falo em vencer, porque é irrealista, mas o clube pode e deve chegar longe em ambas as competições. Honrando o seu palmarés e lustro internacional.
- Que em Outubro tenha eleições livres, esclarecedoras e democráticas, à Benfica. E que Rui Costa não as vença e que quem o suceda (seja João Diogo Manteigas ou Noronha Lopes, os nomes que se perfilam, ou alguma candidatura ainda desconhecida) faça a limpeza de alto a baixo que o clube precisa. Que acabe com o Vieirismo de vez e traga sangue novo àqueles corredores da Luz e que a sua primeira medida seja uma auditoria profunda a tudo o que se passou no clube nos últimos anos.
- Que a reformulação dos estatutos seja aprovada e finalizada, mesmo que fique o lamento que o nº de votos de cada sócio se vá manter inalterável. Sócios com 3 votos e outros com 50 é algo difícil de entender. Mas houve avanços muito importantes com os novos estatutos.
- Que se aumente a lotação do Estádio para os 70.000 lugares anunciados, que se comece a dar uma roupagem nova ao seu exterior, que se faça o safe standing para a bancada onde estão os No Name, que se incentive cada vez mais o regresso das bandeiras à Luz, que se baixe os décibeis da música nas colunas e que o clube entenda que menos é mais. Menos música, menos speaker, menos instruções aos adeptos de como fazer a festa. Um jogo do Benfica tem que ser uma festa dos Benfiquistas e não uma festa do departamento de Marketing do Benfica em que os adeptos são adereços e joguetes na bancada.
- Que se retire as três estrelas no emblema do clube (uma gabarolice sem sentido), que se coloque a águia de novo a segurar a fleuma e não sentada em cima da roda, que se arranje maneira da vénia dos jogadores no relvado aos adeptos ser muito mais visível e valorizada e não perdida no meio do cântico do hino e que o clube faça esforços para que a entrada dos jogadores volte a ser como antigamente. Primeiro entra a equipa adversária sozinha no relvado e depois o Benfica. Quem se lembra do estrondo no antigo Estádio da Luz quando estas entradas das equipas eram à vez, sabe do que falo. Isso sim, é futebol. E não a coisa sem sal e sabor de entrarem as duas equipas ao mesmo tempo.
- Que o Benfica não apoie Pedro Proença na sua candidatura à FPF, esteja muito atento a quem se quer seguir na Liga (Artur Soares Dias? Lord have mercy) e lute afincadamente pelos seus direitos e grandeza no que diz respeito à centralização dos direitos televisivos, porque se for manso, tem tudo para ser de longe o maior prejudicado nessa negociação.
- Que o Benfica acerte muito mais nas contratações, tanto no futebol, como nas modalidades. É chocante o dinheiro que o clube gasta em tiros ao alvo, de forma recorrente. Ou precisa de novo diretor desportivo ou de repensar o seu sistema de scouting. E que com isso passe a não andar sempre tão desesperado por vender jogadores, com ou sem pressões de Jorge Mendes e consiga reequilibrar as suas finanças, que ainda pioraram mais na Presidência de Rui Costa, em vez de melhorarem. E já agora, que uma visão não tão mercantilista do clube ajudasse a mudar também o paradigma na cabeça dos nossos jogadores, mesmo os que são da nossa formação: que tenham vontade de brilhar mais do que 6 meses no clube e cresçam a pensar na glória do Benfica e não nos milhões lá fora. Aqui estarei a ser muito romântico, eu sei, mas nem é Francescos Tottis que estou a pedir. Só que, sei lá, em vez de irem embora 6 meses depois de explodirem, fossem passados 3 anos. Pronto, vá, 2 anos. Alguém acha que Gyokeres ficava 2 épocas no Benfica?
- Que quem dirige o clube sirva muito mais o Benfica, em vez de se servir, defenda muito mais o clube, em vez de se defender, seja muito mais proativo em vez de reativo e que saiba passar muito melhor aos seus atletas a mensagem e o significado do que é ser Sport Lisboa e Benfica. Que quem apoia o clube seja muito mais exigente, inconformado e revoltado com a ausência de títulos e valores que tem sido a norma no Glorioso de há umas décadas para cá.
Tudo isso acontecesse e seria um Benfiquista feliz. Não acontecendo...lá estarei à mesma. Em todos os jogos, sentado na minha cadeira, pagando todas as quotas e vivendo o Glorioso de forma intensa, na mesma maneira. Nasci Benfica, cresci Benfica, vivo Benfica, morrerei Benfica. Sempre a querer o melhor para o clube."

Zero: Afunda - S05E27 - A confusão das últimas semanas

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Mercado - S08E01 - Mercado de olho em Leões e Águias

Observador: E o Campeão é... - Mercado é problema ou solução para os grandes?

Zero: Tema do Dia - O que esperar do mercado de Inverno?

Observador: Três Toques - Seja onde for, "tiki taka" de Conceição é só um

Pre-Bet Show #100

Partidas e chegadas


"O Benfica “partiu” do lugar a que tinha “chegado” na segunda-feira passada e fê-lo por causa de uma primeira parte que não deixará de merecer a necessária reflexão dos jogadores e da equipa técnica. Sem tirar mérito ao bom início de jogo do Sporting, a verdade é que das três oportunidades criadas nos primeiros 45 minutos (sim, não foram mais do que três, ao contrário do que alguns comentários querem fazer crer), todas elas resultaram de incompreensíveis passes ou desconcentrações da equipa. Escrevi na semana passada que o pior que podia acontecer ao Benfica era “pensar que a décima quinta jornada é o ponto de chegada e não, como é, apenas o ponto de partida” e na primeira parte temi que o meu conselho não tivesse sido ouvido, perante um Benfica de “pantufas” que se apresentou em Alvalade perdendo quase todos os duelos, sempre atrasado na disputa da bola e com enorme dificuldade em construir jogo. Depois do intervalo, garantindo o essencial (como aqui tenho escrito, Trubin está um senhor guarda-redes), a equipa soube dar uma resposta à altura, Lage substituiu bem (Barreiro, tal como Amdouni, justificam mais) e podia, se tivesse sido eficaz, ter saído de Alvalade com outro resultado. Diz-se frequentemente que “a última imagem é a que fica” e é com ela que vou deixar partir 2024 na convicção que essa reação, essa segunda parte, seja o ponto de partida para a chegada que todos os benfiquistas desejam em maio de 2025. E, porque o futebol é apenas a coisa mais importante de todas as coisas, pouco ou nada importantes, desejo a todos um ano de 2025 repleto de paz, saúde e sucesso!"

Zero: Negócio Fechado - S03E16 - André Cruz...

Zero: Saudade - S03E17 - Ora diga «A»: do Brasil no Mundial90 para o Tirsense e outras excentricidades

Mais do que mau perder, Guardiola está a aprender a perder


"Estava marcado um jogo de futebol para crianças em Nova Iorque, banal nas entranhas, com pais babados prontos a assistirem em redor, mas o árbitro não apareceu, então o organizador teve de perguntar quem dali, mais do que vagar, teria conhecimento das regras do soccer para safar o imbróglio e servir de pessoa do apito. Perante o entroncamento, um tipo barbudo, com boné a pontuar-lhe a cabeça e pernas arqueadas chegou-se à frente. De bom grado assumiu o posto, mas, durante a partida, outros pais cedo mostraram o seu desagrado perante as insistentes vezes em que ele parava a ação e se punha a dar instruções à canalha e a corrigi-la.
Algures em 2013, a desfrutar do seu ano sabático, Josep Guardiola i Sala nem a gozar do estatuto incógnito no país que pouco liga ao futebol era capaz de relaxar, de por um segundo desligar a ficha da tomada e se escusar a irritar progenitores preocupados apenas com ver os filhos a divertirem-se. Sabemos o que lhe aconteceu antes e depois desse breve interlúdio pelas Américas: o treinador viera de 247 jogos com o Barcelona onde literalmente tudo conquistara em quatro anos, iria para três épocas e 160 partidas dominadoras com o Bayern de Munique e, mais tarde, entraria no Manchester City, que transformou no primeiro tetracampeão inglês e levou à vitória na Champions, feito que lhe cobravam para a sua valia ser provada sem ter um particular argentino na equipa.
A obsessão de Guardiola por futebol, não é de agora, roça o limiar do saudável. Calvo por tanto matutar acerca dos imponderáveis da bola, o catalão vai numa série de apenas uma vitória e dois empates em 12 jogos, cheio de derrotas que confluem para uma pintura inaudita de tão negra: o City recheia-se há quase dois meses de uma constante que é raríssima em Pep e equivalente nem a 13% das 905 partidas da sua carreira. O mais bem-sucedido técnico, porque dominador, dos últimos 15 anos do futebol, guiado por um ditador estilo que verga adversários ao seu carrossel de passes, de repente não arranja forma de ganhar um encontro.
Várias possíveis explicações haverá para o fenómeno. A fulcral será a lesão de totémico Rodri, o Bola de Ouro e mais influente dos médios, sem o qual a equipa fica desguarnecida de quem lhe segure os cordéis das marionetas coreografadas para o jogo de posse de Guardiola. Outras, igualmente detetáveis sem esforço, serão o baixio de forma dos seus pesos-pesados (Phil Foden, Kevin de Bruyne, Gündoğan, Bernardo Silva), incapazes de renderem o que se viu neles em épocas anteriores, as consecutivas mazelas de outros jogadores nucleares (Rúben Dias, John Stones, Akanji) ou os erros individuais que custam golos, minando o Manchester City em quase todos os jogos deste período.
Depois, existirão teorias.
Casmurro no olhar de muitos, compulsivo na estima de alguns, como na do pai de uma criança que o confrontou, noutra ocasião de criançada em Nova Iorque, por o ver a corrigir posicionamentos do seu filho, que jogava pela equipa adversária (episódio também contado pelo viciante podcast ‘Heroes & Humans of Football’), há um caso passível de ser desenhado com base nas falências do próprio treinador.
A habitualmente louvável fidelização de Guardiola ao seu estilo, à sua forma de fazer as coisas, está a tramar o City por manter a linha defensiva subida no campo, a conceder a enormidade de espaços que a equipa é incompetente a resguardar quando perde a bola. Ao não mudar a postura, não está a proteger quem joga. Também se pode apontar que está a colher os frutos podres de ter empurrado, até restringido, a liberdade criativa dos seus jogadores para momentos tão específicos dos padrões coletivos que agora, quando precisa de alguém que fuja às chocalhas e resgate a equipa das masmorras, faz com que ninguém se solte. Nem Jack Grealish, antes o maior vagabundo em campo do futebol inglês, espírito livre dos raides e dribles, hoje amestrado pela ordem que com os anos lhe tirou o risco da finta, a ousadia do remate, em prol de ser o porto seguro a quem se dá a bola, mas para ele a reter, conquistar faltas e deixar os companheiros recuperar o fôlego.
Além da insistência em não se desviar do plano, expondo aos adversários o conforto de saberem que é assim e assado que podem machucar o Manchester City, pode Pep ter ido longe demais na sua domesticação dos libertários?
Até o bem-disposto Jack, leve no trato, bonacheirão de gestos e ânimos, que não marca há 36 jogos e deu três assistências em ano e meio, mostrou três dedos da mão aos adeptos do seu Aston Villa, este fim de semana, lembrando o trio de Premier Leagues que tem no currículo com o City, rendido ao tipo de reação atiçada que Pep Guardiola já tivera, em Liverpool, com seis dedos dos seus esticados no ar para responder ao escárnio da falange em Anfield Road. Isto no homem que leva as mãos à careca, agacha-se, afunda a cabeça nas cócoras e chegou a quase mutilar-se, abrindo feridas no crânio e nariz com as unhas durante um dos jogos desta recente travessia em que confessa estar stressado e a ter noites pouco dormidas. O lado azul de Manchester cedeu às artes ocultas do mau perder, ou pelo menos aos sintomas.
Mas a explicação mais plausível no futebol em que os neurónios queimados no treino, a pensar em tática e sistemas, apenas te levam até certo ponto, será ir ao lado factual da coisa: Guardiola nunca tivera de ir ao tutano, em 16 anos de carreira, para tirar uma equipa de um ciclo destes, em que perder parece fácil e ganhar custa horrores. Provavelmente, um dos melhores treinadores da história, porventura quem mais influenciou o futebol moderno, não está a saber lidar com a continuidade da derrota.
É um estímulo novo para Pep. O máximo que estivera sem ganhar, mas empatando aqui e acolá, fora em 2016, já com o Manchester City, quando esteve seis jogos sem vitórias. Não somos moscas na parede para atestarmos como discursa o treinador perante os seus nestes delicados momentos, que conversa tem com cada jogador à parte, os truques a que recorre, o trato que dá ao cerne da pessoa diferente para ressuscitar os ânimos. Um técnico distingue-se pelo conhecimento tático, nos treinos e a agir durante os jogos, mas as habilidades pessoais têm de seguir em paralelo. E não sabemos, porque é inédito, como a obsessão de Guardiola se molda a uma secura de resultados desta aridez.
Uma outra explicação, tão simples se bem que palpiteira, pode estar na hipótese de os jogadores sentirem fastio com os seus métodos. São já muitos anos juntos, muitas épocas a ganharem, ninguém é imune ao tédio das rotinas. Apesar de ser sinónimo do que mais excelso existe no futebol, Pep Guardiola está a aprender no posto a conviver com a realidade que visita, às tantas, a enorme maioria dos treinadores - a ter que tirar uma equipa de hábitos perdedores. Constatar isso será elogiar-lhe a carreira mais do que empolar uma crítica ao declínio recente. Só na sua 16.ª época, e aos 53 anos, se pôs a jeito para experimentar tal coisa no futebol."

Otília, a rainha das bifanas


"Na noite anterior ao dia que será o dia de jogo, Otília deitada na cama faz contas de somar. Febras, entremeadas, hambúrgueres, salsichas, chouriças, pão normal, papo-seco, pão de cachorro, ketchup, mostarda, barris de cerveja, garrafas de vinho, uma de moscatel, outra de uísque barato, azeite, óleo (muito), sal, pimenta, especiarias (as que der para comprar), guardanapos, batatas de pacote, batatas-palha, cenouras, pickles, lavar copos, comprar pratos de plástico, confirmar se a televisão está boa, ligar para os senhores da internet, ir às botijas de gás, limpar a rulote, escrever na lousa e no papel as promoções («à entermiada, hamburgue, salchicha, hot-dog e bifanas»), lembrar o Manel de encher os pneus da viatura, dizer-lhe com carinho: «põe água no carro», ao filho pedir que leve os aventais pretos, à nora não dizer nada, que é uma cabeça tonta.
Passa a noite nisto: relembra tudo uma vez, depois volta a percorrer a listagem das coisas a fazer, perde-se a meio, começa de novo, «febras, entremeadas, hambúrgueres...». Com os anos de ofício, as coisas a fazer são lembradas com método, raramente mudam de posição, tudo tem a ciência que Otília criou na sua cabeça e no seu agir. Começa pelas carnes, a meio põe a necessária padaria, depois vêm os molhos, logo a seguir os bebes, as gorduras, os condimentos, acompanhamentos, a higiene, os utensílios, a necessária burocracia, as limpezas, os escritos e, por fim, os avisos à navegação da tripulação da rulote para que se não percam num detalhe, morram num pormenor, destruam a noite de negócio por um esquecimento sem sentido.
Otília tem dos dias a ideia de um trilho de comboio - pouco interessa o chegar, mais vale acautelar o ir. Limar os parafusos, arranjar as estacas de madeira, limpar as plantas que nascem no meio, fazer brilhar o metal. O comboio - esse comboio que anda em movimento há exactamente 64 anos - deve passar sem um sobressalto, galgar em direcção ao lugar para onde vai sem nenhum contratempo, dentro do tempo previsto, indo indo indo, só vapor, velocidade e horas marcadas no relógio grande dos ponteiros pretos das estações. Chega-se ao destino não por acaso divino mas pelas mãos de homens que acautelam o seu chegar. Os silvos da noite, os raios do dia, o fumo, a humidade, as temperaturas, os frios e os calores, a força do tempo - tudo mecânicos elementos que conspiram contra a desenvoltura do comboio em movimento. Basta que uma roldana, uma porca, uma lasca, um esquecimento aconteçam e toda a engrenagem afunda num tropeço de forma, abrandando o passo ao comboio, sulcando-lhe as vontades, quebrando-lhe o eixo, desencarrilando-lhe as promessas.
Houve um dia, já longínquo na memória, dia de sol glorioso de um princípio de tarde junto ao Estádio do Jamor, em que, por maus preparos e ineficazes antecipações, Otília ficara sem pão nem cerveja em frente a uma horda de adeptos sedentos, esfomeados, desvairados, alucinados, dementes. Culpa, claro, uma e outra e mais outra vez, da nora que, tendo ido de manhã tratar das unhas dos pés, se esqueceu acidentalmente (Otília reforça sempre, quase 30 anos passados, o a-c-i-d-e-n-t-a-l-m-e-n-t-e com uma projecção que fere fundo em quem a ouve) de passar pela panificadora e pela Central de Cervejas. Como se fosse possível alguém acordar um dia e desmemoriar o cérebro para função tão fundamental, como se um ser humano - na palete existencial entre o profundamente bronco e o brilhantemente genial - pudesse esquecer-se de tais ofícios e deveres.
As gentes aos urros, vociferando impróprios impropérios futebolísticos sobre Otília, queixando-se, esfomeados, da pouca-vergonha que era aquela barraca de madeira sem pão para o conduto nem líquido para a goela. «Nunca mais cá volto, ah é certinho», ouviu Otília a mais de 342 adeptos em fúria, chorando por dentro a perda da reputação tão a pulso conquistada a amor, carinho, saborosíssimas gorduras feitas de ancestrais segredos que sobreviveram na família Casimiro séculos e séculos e séculos até desaguarem nos seus truques mágicos de mulher veloz a tratar os comeres.
Disso nunca Otília se esquecera na vida e disso fazia questão de recordar pelo menos uma noite em férias - não para estragar o convívio estival, mas para alertar os parceiros de ofício e de vida para as profundezas mórbidas do desconcertante desleixo dos elementos. A nora Fátima tudo isto ouvia e calava - engolia em seco, olhava o horizonte, agarrava-se vezes sem conta ao copo de fresco verde e deglutia, sem botar faladura, uva, água e humilhação. O filho, cansado de ouvir os gritos da esposa (que Fátima no recato do lar ganhava novas coragens), desvirtuava o discurso da mãe, parodiando: «ao menos isto agora dá para rir», o que enfurecia ainda mais Otília e a fazia dar pontapés debaixo da mesa ao marido - que não estava minimamente interessado na conversa, perdido de uísque, lagosta e visões de mulheres lindas passeando cães no calçadão.
Otília adora servir os adeptos em jogos da Selecção. Em nova (há quanto tempo), comovia-se com José Águas: uma paixão que lhe durou a vida inteira e ainda não esqueceu - atrás das garrafas, junto ao bibelot de uma menina triste que tem na prateleira de cima, mora ainda o elegante benfiquista levantando uma orelhuda Taça dos Campeões. Por decoro e respeito ao esposo, fixou-a ali para que só ela o veja. Quando alguém pede um Martini (é tão raro pedirem Martinis nas rulotes), ela esquece-se das febras, segurando o antebraço do Manel: «deixa, eu sirvo; está um calor insuportável nas carnes».
Sente saudades dos outros tempos, Otília. Saudades de ser feliz, indo ao estádio. Comove-se muito com a alegria das pessoas antes dos jogos; entristece-se com a tristeza das pessoas depois dos jogos. No meio, enquanto as pessoas se alegram ou entristecem a ver o jogo, ela fica sentada num banquinho de madeira a ouvir o relato. Cansada, de olhos cheios de fumo e bochechas encarnadas de calor, fecha os olhos e encosta a cabeça contra a porta da rulote. Imagina que está dentro do estádio, ouve as jogadas e vê tudo por dentro dos olhos. Quando é golo, festeja com o marido, o cunhado, a nora e os filhos. Imitam o som das bancadas. Todos aos saltos na rua, batem em carros, apitam buzinas, abraçam-se uns nos outros todos engalfinhados. Depois, quando o golo perde o prazo de validade dos afectos, voltam silenciosos para perto da rulote e baixam o volume do som para favorecer outro golo - se ouvirmos baixinho o relato, potenciamos novo milagre.
Dependendo do resultado final, Otília assim também depende de si própria. Se a Selecção ganha, está tão feliz que se torna mecânica no ofício - ninguém quer saber da qualidade da febra se ganhou. Se a Selecção perde, fica tão triste que faz questão de preparar as melhores iguarias para os olhares e gestos e palavras desiludidas dos clientes que estão quase quase a chegar - pior do que a derrota, só mesmo a injustiça de lhe juntar uma ceia tão mal servida.
Otília finge sempre que não nos observa. Se olharmos para ela, os seus olhos estão na grelha; se não olharmos, ela olha-nos com amor e ternura. A dor nossa é a dor dela. A sua infelicidade é a mesma que sentimos. É por isso que Otília faz brilhar os olhos sempre que, perdidos ou ganhados, lhe dizemos com o coração na boca: «Otília, estas são as melhores bifanas do mundo!»."

2025, Odisseia de Hamilton na Ferrari


"Britânico é o sétimo campeão contratado pela equipa de Maranello, dos quais só dois reconquistaram o cetro na Scuderia: Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher

No primeiro dia de 2025, o acontecimento desportivo que dominou as redes sociais foi a oficialização de Lewis Hamilton como piloto da Ferrari. O final da passagem do britânico pela Mercedes, a mais vitoriosa de um piloto numa equipa na história da categoria rainha do desporto automóvel. O momento é descrito como o fim de uma era na F1, ainda que desde a última conquista de Hamilton na equipa da marca alemã tenham decorrido quatro temporadas e uma nova era na F1 esteja em curso, a de Max Verstappen, sempre vencedor desde 2021.
Às primeiras horas do Novo Ano, Lewis Hamilton alterou a foto de perfil na rede social X e fê-lo com distinta subtileza, publicando uma imagem dos seus primeiros anos no kart, em que usava um capacete… vermelho. A Ferrari, na mesma rede social, escreveu a simples frase: «Hora perfeita para seguir @LewisHamilton». Na Mercedes, assinalou-se a despedida: «Após 246 corridas, 84 vitórias, 78 poles, 153 pódios, oito títulos Mundiais de Construtores e seis títulos Mundiais de Pilotos juntos... Tudo o que resta dizer é ‘danke’ [obrigado em alemão], Lewis». A acompanhar, a imagem de Hamilton, de costas, a sair para o fundo das boxes, tocando o emblema do fabricante, a estrela de três pontas.
Com a contratação de Hamilton, a Ferrari passa a ser o único construtor em que correram os cinco pilotos com mais títulos na F1, Michael Schumacher e Lewis Hamilton (sete), Juan Manuel Fangio (cinco) e Alain Prost e Sebastian Vettel (quatro).
O início de carreira de Hamilton na Ferrari será uma das maiores expectativas do ano desportivo de 2025, antevisto como uma odisseia. Lewis é o sétimo campeão contratado pela equipa de Maranello, dos quais só dois reconquistaram o cetro na Scuderia: Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher."

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Bom Ano Novo...

Bruno Lage e o piloto de avião


"Há uns anos, um cartoonista americano da revista New Yorker, desenhava uma situação peculiar. Um passageiro de pé no seu assento e com uma mão levantada, interpelava os restantes passageiros, afirmando que os pilotos eram uns presunçosos, alheados da realidade dos viajantes comuns e, consequentemente, questionando: "Quem acha que devia ser eu a pilotar o avião?" Uma dúzia de mãos levantaram-se entusiasticamente, em aprovação.
O irónico cartoon, abordava o tema da voz "anti-peritos", que tem vindo a crescer nos últimos anos.
A situação retratada veio-me à memória, em resultado das várias vozes do universo benfiquista que questionaram o "piloto" Bruno Lage, sobretudo após os jogos contra o Bayern e o AVS. A manifestação geral de deceção pelos resultados e as exibições produzidas, parece-me perfeitamente normal. Como aconteceu também com a injusta derrota em Alvalade, assente numa medíocre primeira parte. Mas o conteúdo específico? dos protestos, nos jogos referidos, incluía, designadamente, planos de jogo alternativos, alinhamentos distintos, momentos de substituição diversos, preparação motivacional diferente.
Aos 48 anos, Bruno Lage, além de ter todas as numerosas qualificações requeridas e as certificações necessárias para ser um treinador de topo, dispõe de uma experiência eclética na Premier League, no Championship, nas Ligas portuguesa e brasileira, bem como participações na Liga dos Campeões. É um "piloto" certificado cujo trabalho deve ser avaliado, com exigência, no final da época.
Atualmente, o mundo do desporto profissional, assenta em avultadas competências científicas e técnicas de disciplinas diversas. O futebol profissional e o basquetebol da NBA, são, provavelmente, o cume dessa pirâmide multidisciplinar de conhecimento. Resulta curioso que os autores do "fogo amigo" acreditem que, na informalidade, e com base apenas na sua observação exterior, somada ao seu fervor clubístico, podem arquitetar melhores soluções do que Bruno Lage e a sua equipa técnica. Outros técnicos (Ancelotti, Klopp ou Arteta), poderiam ter feito melhor? Possivelmente sim. Mas ser-se eventualmente perito noutra área profissional, e um observador traquejado de futebol, não nos transforma automaticamente em "pilotos" certificados de uma equipa de futebol.
Esta tendência atual, para de dentro do ecossistema dos clubes, se disparar "fogo amigo" sobre os treinadores, vai-se avolumando. No Real Madrid, Ancelotti-agora o treinador com mais títulos internacionais na história do clube-foi internamente criticado pelos alinhamentos escolhidos nesta época. Como "piloto" experiente e galardoado, respondeu: "Fiz 1300 onzes titulares na minha carreira, não creio que ninguém aqui me possa dar conselhos".
Por vezes, alguns peritos, cometem os mesmos erros que nós, os leigos, pretendendo abordar domínios que não são o seu território específico de saber. Rafa Benitez, quando treinou CR7 no Real Madrid em 2015, tentou modificar a sua técnica de remate nos livres diretos. Achava-a deficiente. A chacota generalizada demorou algum tempo a passar.
O problema do "fogo amigo", é o poder somar-se ao "fogo" dos rivais. Nestes, alguns dos seus habituais pregoeiros, reagiram à melhoria benfiquista pós-Schmidt, com a néscia repetição dos mesmos slogans, invocando pseudo favorecimentos arbitrais.
Provavelmente este "remake" deve-se ao facto do Benfica, com Bruno Lage, já não estar afastado da luta pelo titulo da Liga e estar ainda em posição de jogar o playoff da Liga dos Campeões.
Também por isso, num período crucial das competições, convirá marcar uma pausa nas criticas ao treinador, acompanhar serenamente as suas decisões e apoiar sempre a equipa. No final da época, o clube certamente avaliará as classificações, as exibições, a valorização do plantel, o lançamento de jovens talentos, a interação com os sócios e adeptos, tudo parâmetros significativos para uma avaliação 360º a Bruno Lage e ao seu corpo técnico.
É certo, que hoje é unanimemente reconhecido que a avaliação do técnico anterior terá tardado, e que essa saída lenta terá custado ao Benfica 5 pontos na Liga em curso. Contudo, no Sporting, o movimento oposto - entrada prematura do treinador do "processo "- custou 8 pontos e o fim de uma supremacia até então incontestada.
O Presidente do SCP ironizou sobre os custos para o Benfica gerados por essa saída lenta.
O tempo dirá, quais os custos desportivos e financeiros totais da "entrada prematura" que promoveu e na qual persistiu durante as seis semanas em que esteve demasiado ocupado consigo mesmo. Não é fácil defender simultaneamente a verdade e o seu próprio ego. O senhor Presidente foi lesto na decisão. E, felizmente, foi lento, muito lento, na correção."

Terceiro Anel: Diário...

Terceiro Anel: 11 ideal...

Reflexão, rumo à mudança


"Confesso que me debati comigo mesmo, durante algum tempo, relativamente à realização deste texto aqui. Mas sinto que cada vez mais é difícil não dizer nada, por ver das únicas coisas que realmente prezo na vida à deriva, e continuar com o sentimento de impotência, sendo que neste caso, refiro-me ao nosso estimado Sport Lisboa e Benfica. Custa-me imenso, dado que cada vez mais, vejo um clube extremamente burguês, onde cada vez menos se luta, e espera-se mais que as coisas venham do céu, sem que entenda lá muito bem, internamente, os passos que se deve seguir, em prol da fórmula de sucesso.
No futebol masculino, sai Roger Schmidt e entra Lage. Ao início, confesso que ainda defendi o Lage, seja porque era necessário treinos aquisitivos, seja porque tinha um discurso aparentemente mais condizente com a realidade, comparando com a primeira passagem. Visto este após contra os nossos eternos adversários da segunda circular, eu questiono-me se realmente a culpa estará nos jogadores e no treinador, uma vez que entre Lage e Schmidt, a má gestão mantém se praticamente igual, não se muda o futebol deficiente da equipa, e os discursos continuam longes da realidade, sendo que a diferença, é que Lage não diz que não tem de pedir desculpa nem diz que temos de aceitar. Será mesmo culpa dos jogadores e dos treinadores?
Porque muda-se tudo e mais alguma coisa, e os frutos que tenta-se colher no futuro acabam sempre por ser os mesmos, sem nenhum sinal ao fundo do túnel, onde infelizmente passamos a ter uma vitória a menos que o Sporting em Alvalade, a contar para o campeonato.
Do que adiantará "assumir a responsabilidade", e termos alguns que ainda vêm para as redes sociais ofender e tentar tapar-nos os olhos, se acabamos sempre por ter perda de qualidade e de investimento, juntando-se ao lançamento de dinheiro pra cima dos problemas, e gastando-se balurdios, pondo a causa a saúde financeira do clube, entre futebol masculino, feminino e modalidades?
Do que nos adianta serem poucas as modalidades que ainda ganham algo, se chumbamos orçamentos, e não tem consequências? Do que lhes adianta dizerem que nós temos de nos limitar a apoiar, se depois nem expulsam antigos presidentes de sócio, por apertarem pescoços? Do que adianta manter o ego de alguns, se no fim não conseguimos acabar com os 50 votos? Do que adianta isto tudo, se no fim, seja nos pavilhões ou no estádio, meterem música aos altos berros, ao ponto de ninguém se fazer ouvir, para o bem como para o mal? Mais que contratar treinadores e/ou jogadores, há que lutar, a outubro de 2025, pelo nosso verdadeiro Sport Lisboa e Benfica, para que se acabe com os interesses, com a má gestão, e com as ligações a "parceiros estratégicos", que vêm desmentir o nosso presidente, passado um mês, dizendo que independentemente das cláusulas, que António Silva quer sair. Pela saúde, vitalidade, democracia e bem-estar do nosso amado Sport Lisboa e Benfica!"