"Não foi só o treinador que disse que nada mudou. Também o capitão Hjulmand o afirmou no final do jogo com o SC Braga. Hjulmand e Rui Borges, atenção: mudou tudo depois do empate com os minhotos.
«Continuamos a depender de nós. Apesar de estarmos em 2.º nada mudou, porque há um dérbi. Vamos preparar o Santa Clara, que será um jogo difícil. Este resultado não belisca nada. Estamos tristes porque queríamos continuar em 1.º mas seguimos o nosso trabalho com a crença enorme de que vamos ser felizes»
Não, Rui Borges, este resultado beliscou. Não beliscou tudo, mas beliscou muito. E mudou tudo. Mudou que o Sporting, até ao empate (1-1) de segunda-feira à noite com o SC Braga, podia jogar com dois resultados na Luz, empate e vitória, e ao dia de hoje só pode contar com a vitória. Mudou que a perceção, palavra tão em voga por estes tempos, é de que o Sporting corre atrás (e ir atrás já não é perceção, é um facto) de um rival mais forte, com mais soluções e embalado em boas exibições, enquanto em Alvalade se percebe um plantel menos rico — diferença aumentada no mercado de inverno, em que se observaram cuidados financeiros mas por isso mesmo fica difícil entender a contratação de Biel por 6 milhões... — e uma equipa nesta altura aparentemente menos preparada para a luta.
Já aqui escrevi que seria nesta reta final, quando o plantel leonino ficasse mais composto com o regresso de alguns dos lesionados — e como estavam os leões a respirar por Pedro Gonçalves... — que Rui Borges seria posto verdadeiramente à prova, se teria unhas para a guitarra leonina. Pois chegou a hora. E o treinador acusou a pressão. A conferência de imprensa pós-SC Braga foi desastrosa, com o técnico a sentir-se pressionado de uma forma que lhe era desconhecida. Já reconheceu os erros internamente e isso é bom, mas vai ter de o fazer também publicamente (hoje há conferência de imprensa na Academia Cristiano Ronaldo em Alcochete), porque publicamente fez o que fez a Conrad Harder; porque publicamente disse que estava tudo como dantes.
Não, nada está como dantes e os adeptos, que não são parvos, já o perceberam. E a perceção que têm, outra vez a palavra da moda, é de que o comportamento do Sporting em campo se aproxima mais de uma equipa pequena do que de um candidato ao título… O problema das perceções é que depois os números as desmistificam, só que aqui os números parecem confirmá-las: o Sporting de Rui Borges entra bem mas perde o fôlego e o domínio, perdeu oito pontos no último quarto de hora, permitiu que Vitória de Guimarães, FC Porto, Aves SAD, SC Braga… evitassem derrotas depois de estarem em desvantagem no marcador e durante muito tempo. E sabe-se que com os campeões acontece o contrário: reviravoltas, vitórias ao cair do pano como muitas tinha Ruben Amorim. A tal estrelinha que dá muito trabalho. Com Borges tem sido ao contrário...
«Sentimo-nos bem, nada mudou. Claro que queríamos ganhar, mas mantemos a cabeça levantada. Tem o impacto de agora. O campeonato continua, temos dois pontos de desvantagem em relação ao primeiro classificado e temos ainda tudo nas nossas mãos. Temos de manter a cabeça levantada. O jogo contra o Benfica não vai ser decisivo, o que importa agora é o jogo com o Santa Clara»
Não foi só Rui Borges que disse que nada mudou. Também o capitão Hjulmand o afirmou no final do jogo com o SC Braga. Hjulmand, atenção: mudou tudo. Está perdido para o Sporting? Claro que não, mas o primeiro passo é reconhecer que o cenário efetivamente mudou e é a partir dessa mudança que os leões terão de trabalhar se quiserem que a luta na Liga continue animada até ao fim. O dinamarquês costuma ser realista nestas alturas e muitas vezes dá o mote, desta vez também acusou a pressão e não lhe saiu da melhor forma. Será importante a equipa trabalhar sobre este novo cenário, assumi-lo e encará-lo de frente, mesmo na altura de comunicar para fora. E lá dentro de campo jogar um bocadinho mais e diferente daquilo que se viu nos últimos jogos em que a tática foi meter a bola no Viktor... É que não é certo que o sueco consiga fazer tamanho milagre sozinho."
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