Últimas indefectivações

Lendários: Michel Preud'Homme
Vitória justa
A invenção do futebol
Lage rodou e ganhou e o Seixal a aparecer
Benfica-Boavista, 3-0 Despedaçar uma pantera para ultrapassar um leão
Benfica-Boavista, 3-0 Destaques do Benfica - Belotti fez muito mais que só o golo de estreia
O Benfica ganhou a uma experiência de videojogo em xadrez
Terceiro Anel: Boavista...
Vinte e Um - Como eu vi - Boavista...
Kanal - Tamos Juntos - Boavista...

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

O Compromisso do futebol com a Memória e a Tolerância


"80 Anos sobre Auschwitz – O Compromisso do futebol com a Memória e a Tolerância

Há precisamente 80 anos, no dia 27 de Janeiro de 1945, o mundo testemunhava horrorizado a libertação dos prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, dia que marcou o início do fim de um dos capítulos mais sombrios da história da humanidade. Outrora instrumentalizado pelo regime nazi, o futebol alemão assume hoje um papel crucial na preservação da memória e na promoção de valores de tolerância e inclusão.
Durante o Terceiro Reich, o futebol foi usado como ferramenta de propaganda, com os clubes forçados a excluir atletas e sócios judeus, e a alinharem-se com a promoção da ideologia nazi. O próprio Bayern de Munique, enfrentou a perseguição nazi pela associação histórica que tinha com a comunidade judaica. No pós-guerra, o futebol alemão iniciou um longo processo de autorreflexão e de reconciliação social, que inclusivamente obrigou ao encerramento e refundação de muitos dos seus clubes, processo esse que apenas culminou em 1963 com o relançamento da Bundesliga.
Clubes como, por exemplo, o Borussia Dortmund, o Schalke 04, ou o Eintracht Frankfurt, têm sido exemplares na preservação desta memória. O Dortmund, por exemplo, organiza anualmente visitas anuais de jogadores e adeptos a Auschwitz, na promoção da educação sobre o Holocausto. A Bundesliga e a Federação Alemã de Futebol (DFB) implementaram programas contra o racismo e a discriminação. A campanha "Nie Wieder" (Nunca Mais) acontece todos os anos, com os atletas a subirem ao relvado com braçadeiras especiais, e com a promoção de ações pedagógicas antes e após os jogos nos estádios e clubes de todo o país.
Para nós que amamos este jogo, o futebol é aquele lugar onde há lugar para todos, onde não há cores, religiões ou segregação social. Recordo como a visita de José Mourinho a Israel e à Palestina interrompeu a terceira Intifada, da mesma forma como me lembro dos dérbis diários entre a rua de baixo e a rua de cima onde o filho do doutor e o filho da porteira jogavam na mesma equipa e a bola não escolhia se ia bater na montra da cabeleireira ou enfiar-se debaixo do carro do advogado.
No entanto esses tempos de aprendizagens reais já foram, e este desafio de escolher a tolerância e vez do medo é hoje ainda mais exigente num quotidiano de redes sociais e de algoritmos que se alimentam do ódio, o que antevê um futuro a cada dia mais parecido com um passado que, por muito que queiramos, não podemos esquecer.
Trabalho há 20 anos no futebol alemão, e ao acordar hoje com uma mensagem corporativa do meu clube assinalando esta data, senti-me compelido a partilhar também aqui o essencial desta missão que nos deve unir.
Grupos de extrema-direita ainda tentam infiltrar-se nas claques organizadas dos clubes. Disso foi bom exemplo a tentativa tomada de poder na Juventude Leonina pelo Grupo 1143 liderado pelo nazi Mário Machado. Ou então em sentido contrário, temos o mais mediático caso do comentador ferrenho do Sport Lisboa e Benfica que utilizou a visibilidade que a televisão para passar para a política. Começou por atacar de forma implacável os adversários do seu clube, passou ao ataque às minorias étnicas, e hoje é líder do terceiro maior partido português pelo qual diz querer "Limpar Portugal".
O futebol alemão reconheceu a sua responsabilidade histórica num período dramático para a humanidade e hoje aplica todo o seu potencial como agente de mudança social.
Em Portugal não basta a adesão a iniciativas da UEFA como o "Football Against Racism in Europe" (FARE), é necessário ser pró-ativo para prevenir que oportunistas e mercadores do ódio se aproveitem desta enorme e bela plataforma social movida pela paixão.
O futebol, como espelho da sociedade, tem o dever de ser intransigente contra o racismo, a xenofobia, a homofobia e qualquer outra forma de discriminação. A memória de Auschwitz lembra-nos onde o ódio e a intolerância vão desembocar. São lições valiosas. Mostram-nos como que é possível confrontar um passado doloroso e transformá-lo em um compromisso ativo com um futuro mais justo e inclusivo.
Só o futebol tem o poder de unir pessoas de diferentes origens e culturas. É casa comum da promoção da paz, da compreensão mútua e do respeito à diversidade.
Que os nossos estádios, também por cá, sejam os campos de um jogo limpo, honrando a memória daqueles que pereceram por um mundo mais humano, pela democracia e pela liberdade, onde Nunca Mais" seja um definitivo "chega!" a indivíduos como Mário Machado e André Ventura que tentam ainda ao dia de hoje subverter e a manipular os valores universais e profundamente humanos do desporto rei!"

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!