O longo caminho para o sucesso

"Os basquetebolistas do Benfica demonstraram que, por muito sinuoso que seja o percurso, a persistência é recompensada

O caminho até à final de uma competição é bastante penoso, as equipas são obrigadas a realizar uma campanha quase perfeita, pois basta uma derrota para ditar a eliminação. À medida que vão avançado, a euforia dos adeptos aumenta. Os próprios jogadores ficam cada vez mais motivados pelo ambiente que se gera à sua volta. Mas, numa final, há sempre uma equipa que perde. O choque é tremendo. Como se recupera depois de se ter estado tão perto da glória? E como se motiva os jogadores a fazerem o mesmo percurso no ano seguinte, sob a condicionante de que o receio de novo desaire vai estar sempre presente?

Na temporada 1958/59, a equipa de basquetebol do Benfica realizou uma excelente caminhada na Taça de Portugal, alcançando a final. No jogo decisivo, perante o Belenenses, o resultado manteve-se em aberto até aos últimos segundos. O conjunto de Belém foi mais eficaz e venceu o encontro por 44-42. Os benfiquistas, após terem estado tão perto de voltar às conquistas, viam a oportunidade fugir por tão pouco. No entanto, a imprensa mostrou-se optimista quanto ao futuro dos encarnados: 'A carreira cumprida nesta época deu as melhores perspectivas e deixa perceber muito bem que o team de basquetebol benfiquista terá em breve o valor que todos nós ansiamos'. O vaticínio dos media revelar-se-ia correto!

Na temporada seguinte, os encarnados realizaram uma campanha fantástica no Campeonato de Lisboa, conquistando o título de forma invicta, com 14 vitórias em 14 jogos. 'A regularidade terá sido a melhor característica da equipa vencedora do campeonato'. Após o 4.º lugar no Campeonato Nacional, seguiu-se a Taça de Portugal, em que trilharam um percurso magnífico. Na final, frente ao Barreirense, os benfiquistas entraram muito nervosos, e 'o Barreirense soube aproveitar da melhor maneira a indecisão inicial dos homens do Benfica'. A excelente 2.ª parte das águias foi insuficiente para reduzir a vantagem do conjunto do Barreiro, que venceu por 48-52. A tristeza do passado voltava a tomar conta dos encarnados.

Os grandes jogadores não se distinguem apenas pelas suas qualidades físicas ou técnicas, destacam-se também pelo fator psicológico, por nunca desistirem qualquer que seja o desafio. E, na temporada 1960/61, o Benfica demonstrou isso mesmo. Com prestações brilhantes, conquistaram o Campeonato de Lisboa e sagraram-se campeões nacionais. Atingiram a final da Taça de Portugal e, frente à Académica, os encarnados aprenderam com os desaires passados, 'impondo desde cedo um ritmo rápido que levou a turma dos estudantes ao esgotamento físico'. A superioridade refletiu-se no marcador, ao triunfarem por 79-45. À terceira, o Benfica vencia a prova-rainha, protagonizando uma temporada perfeita em que ganhou todas as competições em que estava inserido.

Saiba mais sobre estas conquistas na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica