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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Gestos que fazem um grupo

"Um bom treinador faz um grande grupo (em antítese da grande verdade de que só os maus líderes fazem «fraca a forte gente»)

Marcelo Rebelo de Sousa: um presidente à Benfica
1. Completou-se, anteontem, um ano desde a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa. Um Presidente à Benfica (embora seja do Sporting de Braga)!
Parabéns, Senhor Presidente da República!

Unir para formar uma equipa
2. Recentemente, Rui Vitória afirmou (e muito bem) que é de «pequenos pormenores que se fazem grandes equipas».
Como os momentos como os que todos presenciámos, nos últimos jogos do Benfica, a provar a tal união, que ajuda a ganhar.
E o que ele está - novamente - a fazer é construir uma nova e grande equipa.
À semelhança do que aconteceu a época passada, quando a maior parte o olhava com desconfiança e com descrença na sua capacidade de ganhar e de construir uma equipa.
Um grupo!
Aquelas palavras foram ditas num determinado contexto, imediatamente após um gesto de grande profissionalismo, de solidariedade e de entreajuda de um jogador para com um colega seu.
No jogo com o Leixões, para a Taça CTT, quase via postal, Jonas - o marcador habitual de grandes penalidades - cedeu a Mitroglou a marcação de um penalty.
Um gesto que não passou a ninguém em claro.
Como não passou, também, em claro a reacção do banco ao grande golo de André Almeida, nesse mesmo jogo.
Ou, no jogo de domingo passado, frente ao Tondela, os festejos do primeiro golo, após as dificuldades iniciais.
Ou, ainda, e também nesse jogo,pela forma como vibraram com o golão de Rafa - por ter sido, efectivamente, um grande golo, de levantar o estádio, e por ter sido ele, em particular, a marcar... o seu primeiro de muitos (como esperamos) ao serviço do Benfica.
Gestos e reacções que fazem um grupo.
E que significam muito a quem assiste, mas sobretudo para quem os orienta e lidera.
Porque, na verdade, um bom treinador faz um grande grupo (e antítese da grande verdade de que só os maus líderes fazem «fraca a forte gente».)

Benfica - Tondela
3. No passado domingo repetiu-se o que tem acontecido nos últimos jogos. Uma primeira parte com muitas dificuldades para ligarmos os vários sectores - inclusivamente as diversas fases ofensivas - que teve consequências na última linha.
De facto, no primeiro tempo, o Benfica não conseguiu desmontar a estratégia do Tondela.
Mérito para o adversário, que nos criou imensas dificuldades, evitando quase sempre lances de perigo, mas, essencialmente, grandes oportunidades para o Benfica, anulando qualquer tipo de movimentos.
Quase irrepreensível - até a defender, embora não espelhado no resultado - esse Tondela!
Uma equipa muito coesa defensivamente.
Por outro lado, tão decisivo quanto a estratégia defensiva, o antijogo do Tondela, concretizado, sobretudo, pelo seu guarda-redes.
Ao invés, uma segunda parte totalmente diferente: dinâmica e com grande ligação entre sectores.
Como se houvesse todo um novo mundo.
Porque passámos a ter o que nos faltara: as movimentações e... os golos.
Jogando e fazendo jogar.
De forma criteriosa e com grande rigor.
Com pormenores extraordinários.
Só assim se conseguiu ultrapassar a estratégia do adversário - e as várias assistências ao seu guarda-redes (uma por cada 2 defesas... já para não falar na eternidade que precisava para marcar cada pontapé de baliza)!
Com aquele adicional de alma à Benfica, porque - como tenho vindo a dizer - só um Benfica assim, em cada jogo, ultrapassará toda e qualquer adversidade.
Um Benfica feito de jogadores a transbordar de mística - mesmo que não tenham aqui nascido, mas que aprenderam a ser do Benfica - que também farão dessa mesma raça e do seu querer um Benfica (tetra)Campeão.

Os passos de uma longa caminhada
4. Este será o nosso maior desafio: o tetra. E, para que isso possa acontecer, só com um Benfica forte e unido. Sem que seja necessário o Presidente e o Treinador prometerem títulos (até porque, sabemos agora, promessas dessas só no tempo do Apito Dourado... por muito que isso custe a alguns).
Ganhar é o nosso objectivo.
Estamos a meio de uma longa caminhada.
No caminho para o sempre ambicionado tetra.
Com plena consciência dos obstáculos que teremos de ultrapassar.
Sem desvalorizar ou menosprezar nenhum dos clubes que nos irão defrontar.
Mas sabendo que a decisão deste campeonato passará, muito, por Braga, onde iremos na 22.ª jornada, mas por onde passarão todos os outros candidatos nesta segunda volta.
Ainda falta muito campeonato.
E muitos pontos para discutir, para ganhar, perder e recuperar.
O que se avizinha não será fácil.
E se não o será para nós, imaginem para outros candidatos que não jogam nada e cujo plantel vale muito menos que o nosso.
E que vão entrar num ciclo de jogos de enorme dificuldade: deslocação ao Estoril; recepção ao Sporting (o que me vou rir... o Sporting, a partir de agora, a só se preocupar com Braga e Porto, pela aspiração recentemente actualizada) e deslocação a Guimarães.
A tal superequipa, a quem - segundo os próprios - não assinalam 2 penalties, em média, por jogo, ou mais, especialmente quando não ganham... porque jogam muito pouco.
Ou seja, por culpa e incompetências próprias.
Mas com muita permissividade dos árbitros.
Porque nunca os ouvi confessar que foram beneficiados, apenas muito prejudicados quando o normal é acontecer o contrário... como no fim da semana passada.
Com a certeza de que farão tudo o que puderem para nos condicionar, impedindo o nosso treta.
Por isso, não tenho dúvidas: vamos voltar a ter de recorrer ao «olho por olho, dente por dente».
Seja contra quem for.
Acreditem!

Gonçalo Guedes
5. Gonçalo Guedes foi o mais recente menino bonito da Luz, lançado, a par de outros tantos jovens jogadores, a partir da nossa formação.
O menino que se impõe como um dos imprescindíveis da equipa (e dos sócios e adeptos)!
Não obstante as adversidades que foi tendo ao longo do seu percurso, nunca teve receio do desafio.
A par de Bernardo Silva, André Gomes, Renato Sanches, Lindelof, Nélson Semedo, entre tantos outros, fez da ambição, vontade e disponibilidade as suas maiores armas.
Sendo, efectivamente,uma aposta ganha.
Demonstrando que, no Seixal, se consegue conciliar o crescimento com mudança de paradigma, mas, muito especialmente, formação com vitórias.
Esta semana soube-se que Gonçalo Guedes sairia para o Paris Saint Germain.
Continuará a jogar entre os melhores.
E será, certamente, bem recebido por Angel Di Maria, para, nas horas de lazer, procurarem saber novas do seu - deles - Benfica.
Do Benfica, de nós todos, fica a gratidão (mútua, por certo) e a promessa de o queremos ver em Maio, juntamente com Renato Sanches, no Marquês
- Miklos Fehér.
Fez ontem... 13 anos!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

O intruso mercado de Inverno

"Lá tem de ser. Mais um defeso invernal, entre dois defesos de Verão. Como o tempo corre e a distância entre defesos escasseia, as movimentações, especulações e outras operações alimentam as notícias de futebol dia-sim, dia-sim. Agora ainda mais vincadamente por ter surgido um intrigante el dourado chinês, para gáudio do regime chinês (ainda oficialmente comunista!) e de várias placas giratórias em regime de bitola comissionista. Sou absolutamente contra esta janela (é assim que se diz, não é?) de transumância desportiva. Vicia a lógica de temporada, põe jogadores em roda-viva antes, durante e após, agrava o fosso entre os poderosos e os outros, trata atletas como mercadoria, hoje podem estar aqui e amanhã são recambiados para sítios de que nunca ouviram falar. 
Presentemente, há uma renovada modalidade de negociar em Janeiro para transferir no Verão. Uma espécie de mercado de futuros, com entrega a prazo e preço acordado agora. às vezes, acompanhado de derivados, mais conhecidos por sobras ou monos. Confesso que também não me agrada esta forma de transaccionar, com os atletas a estarem meia época num limbo futebolístico e a pensar mais nas possíveis lesões do que nas boas exibições.
Bem sei que a estabilidade de um plantel já não é o que era. Agora é uma miragem, de tal sorte que quando me quero lembrar de atletas de há poucos anos nos clubes que mais acompanho, me vejo em palpos-de-aranha, não podendo atribuir tudo ao natural desgaste memorial.
Mas entre aquela estabilidade que já não volta e a total instabilidade que se acelera, não haverá mesmo um meio-termo?"

Bagão Félix, in A Bola

Futebol traído?

"O futebol cria ídolos, heróis, mitos e “deuses”.
Uns são efémeros, outros perpetuam-se numa fusão perfeita com o tempo.
Como desporto tem a sua memória, a sua história, o seu património genético.
Ao longo dos tempos, foi-se construindo, emancipando, evoluindo num constante desafio, sempre sem perder a matriz, os referenciais que lhe dão sentido e que o tornam a única linguagem comum planetária. Ganhou independência, tornou-se o maior fenómeno global, mantendo a sua especificidade sem perder heranças ancestrais na sua base, no seu quotidiano, numa cúmplice e intensa relação entre: memória – presente – possibilidades de futuro.
Quando se perde a memória, perde-se o rumo, perdem-se importantes parcelas da vida, experiências e aprendizagens indispensáveis para a sustentabilidade, encurtando assim o caminho para potencial caos. O futebol estruturou-se em termos de hierarquias, de regras e de funções, de forma local e global, muito antes de se falar de globalização (FIFA: 209 Federações; ONU: 193 países).
Jogo de emoções e de paixões, envolvendo directamente um enorme número de pessoas (jogadores, treinadores, dirigentes, árbitros, médicos, terapeutas e massagistas, intermediários, técnico de instalações, de equipamentos e muitos mais) e uma enorme quantidade de outros que também interferem com o futebol e que o ligam à investigação, ao ensino, às estruturas do poder político, ao marketing, aos patrocínios e ao negócio.
O futebol é, portanto, um mundo dentro do universo.
Desde cedo, evidenciou características que permitem uma crescente progressão e potencialidades de concretização de valores humanos essenciais: solidariedade, vontade de superação, tolerância e integração, reconhecimento justo da competência.
Muitos exemplos da história da humanidade o comprovam.
Claro que, por vezes, surgem distorções, desvios vindos de fora e que se mediatizam em função de uma “colagem forçada” (para servir fins pouco dignos) de grupos com interesses definidos e alheios ao futebol (mesmo que pretendam dar a ilusão de proximidade que nunca é real mas antes estratégia para esconder os verdadeiros objectivos).
Ao longo dos tempos, muitas imagens perduram, muitos títulos e troféus se contemplam, mas são as equipas e os ídolos que, endeusados pelos feitos que conseguiram “oferecer” ao jogo, marcam épocas e são referências que vencem o tempo.
Alguns mantêm-se actuais pelos contributos com que enriqueceram o jogo, outros perderam-se em “tentações” que contariam a sua marca de genialidade como jogadores e que marcam pela negativa o que passaram a fazer contra o futebol.
Sinais dos tempos? Penso que não, provavelmente egoísmos, ambições desmedidas e muitos esquecimentos. Todos os “deuses da bola” atingiram a dimensão universal graças ao jogo e à memória dos adeptos e da comunicação social.
No campo, jogavam de forma brilhante, fantástica, com a simplicidade de beleza única, com elegância, sempre com a arte de encantar.
Pelé, Garrincha, Eusébio, Yashin, Maradona, Johan Cruyff, Beckenbauer, Platini, Ronaldo, Messi, Cristiano Ronaldo, entre muitos outros de uma lista infindável, são intemporais…
No campo atingiram o “paraíso”, mesmo que nas suas vidas alguns tenham encontrado um universo conturbado.
Mesmo assim, são muitos os que continuam a “dar a cara” pelo futebol de excelência, o tal que maravilha e perdura nas mentes de cada um, independentemente da cor da pele, da religião, do local onde vivem. Merecem a nossa admiração.
Contudo, há alguns que nos últimos anos não têm devolvido ao futebol o que ele lhes possibilitou, antes pelo contrário.
Deixando-se contaminar por ventos perversos (nos últimos anos com enorme e péssima influência de Blatter) passaram a usar o jogo não para o engrandecer mas para se engrandecerem (Platini e mais alguns são triste exemplo).
Ontem, surgiu na comunicação social uma notícia que deixa preocupados todos os que gostam de futebol:
“Marco van Basten apresentou dez medidas para melhorar o jogo e torná-lo mais honesto”.
Marco van Basten, excepcional jogador holandês, foi um avançado dos melhores do futebol e autor de golos “impossíveis”, portanto um ídolo que todos apreciam.
Agora, exerce funções de director técnico (ou de desenvolvimento, segundo outras fontes) da FIFA. Todos gostávamos de conhecer os critérios pelos quais ocupa esse cargo bem como se houve definição de perfil, convite ou outro qualquer processo.
Mas o que mais preocupa é o facto desse actual director técnico da FIFA apresentar dez medidas para revolucionar o futebol com argumentos do género “Tenho muita curiosidade sobre o que seria o futebol sem fora-de-jogo” (uma das medidas que sugere).
Com este cargo, divulgar numa entrevista as “10 medidas que podem vir a revolucionar o futebol”, no mínimo parece ligeireza e no máximo falta grave de memória sobre o jogo que o promoveu. Para além de esquecer a especificidade do jogo (as raízes) sugere adaptações que são próprias do andebol, do basquetebol, do râguebi e até do hóquei em patins.
Como cidadão tem direito a expressar a sua livre opinião.
Nas funções que exerce perdeu uma boa oportunidade para identificar os principais problemas que afectam o desenvolvimento do futebol e de enviar as sugestões sobre alterações para o local apropriado: International Football Association Board (IFAB) que é o órgão que regulamenta as regras do futebol.
As suas ideias englobam: “Abolição do fora-de-jogo; suspensões temporárias para substituir o cartão amarelo que desaparece; um shot-out (corrida de 25 metros até á baliza adversária com oito segundos para finalizar) para substituir as grandes penalidades para desempatar jogos; paragem do relógio nos últimos dez minutos, nos tempos mortos, para se combater o antijogo; só o capitão deve falar com o árbitro; limitação do número de faltas e exclusão do jogador que atingir esse limite; diminuição do número de jogos por época, a cerca de 50; aumentar o número de substituições nos prolongamentos; substituição de jogadores sem paragem do jogo; no futebol profissional manter o 11 x 11 mas nas camadas jovens e para maiores de 45 anos utilizar-se o 8 x 8 em campo reduzido”.
Revela desconhecimento da progressão faseada que se utiliza, em diversas latitudes, para os escalões jovens e muitas confusões.
Não se nega a possibilidade de evolução sempre necessária.
De facto, houve alterações que trouxeram influência positiva ao jogo, como é o caso da proibição do guarda-redes agarrar uma bola vinda directamente de um passe com o pé ou de um lançamento de linha lateral de um colega de equipa.
Também o sistema de comunicação entre os árbitros se revelou bastante positivo, hoje indispensável. Mas daí a lançar para o ar ideias, sugestões, por apetite ou “curiosidade” pessoal, especialmente quando se exercem funções de grande responsabilidade na FIFA, não devia acontecer, se verdadeiramente se pretende defender a estabilidade do próprio jogo.
Esta confusão em apresentar publicamente o que cada alto dirigente pensa ou gostava que fosse experimentado para satisfazer a própria curiosidade para o que possa acontecer no futebol (particularmente das instituições que dele deviam cuidar muito bem) começou a ter maior “roda livre” após o desempenho do antigo presidente Blatter.
A tendência de “homogeneizar” é sempre um prejudicial erro de casting (veja-se também os nossos actuais cursos de treinadores...).
O futebol desperta inúmeros apetites… Os dirigentes das estruturas e superestruturas devem saber encontrar com competência, investigação cuidada, reflexão profunda, rumos possíveis para o desenvolvimento… Sem manifestações, tiques de vaidades redutoras ou meras opiniões pessoais próprias de conversas informais à mesa de um café.
Já se revelaram muitas e lamentáveis desilusões com vários ídolos (Platini, Beckenbauer e outros…). Agora também com Marco van Basten.
Ninguém contava.
“Mas como Coubertin era um estratega do soft power, sabia que as pessoas falam muito em mudar para depois, quando se trata de realmente mudar, mudarem o menos possível.”
(Gustavo Pires, olimpicamente a ruptura de Pierre de Coubertin com a Educação Física, FMH, 2014;50, Lisboa)
O futebol nunca é vencido!"

Benfiquismo (CCCLX)

Vamos dançar ?!!!

Lanças Apontadas... tradição para manter!

Minúcias?

"1. O Sporting, depois do jogo no Funchal, onde empatou, mas poderia ter ganho não fora um fora-de-jogo mal tirado, foi recebido em Lisboa por 20 (vinte) leões furiosos. Tal manifestação foi objecto de reportagens e notícias nas televisões, como se 20 (vinte) tardívagos adeptos significassem um avassalador protesto. Assim vai o entretenimento televisivo. Um pormenor adicional: eram mais os repórteres e operadores de câmara do que os desconsolados tiffosi.
2. Nuno Espírito Santo fez bem em expulsar, perdão tirar, Layún do jogo com o Rio Ave. É que Jorge Sousa queria bater o recorde do número de pancadas necessárias para receber ordem de expulsão. Nem com um penálti e respectiva canelada, o coitado do Layún teve direito a um segundo amarelo.
3. Segundo as contas de Octávio Machado, o Sporting deveria ter mais 11 pontos. O FC Porto queixa-se de quase 20 penálties não marcados e muitos pontos a menos. Não sei se, no conjunto, não excederiam todos os pontos possíveis, o que seria inédito. Certamente «a culpa é do Benfica».
4. Rafa marcou finalmente um golo, e que golo! Também debutante foi o agora lateral-esquerdo e melhor 12 do futebol português André Almeida, no jogo da Taça. Ambos foram seguidos de unida e significativa manifestação de carinho dos colegas que lhes deve ter deixado a tola dorida, apesar de, no caso do Rafa, estar protegido por um chapéu.
5. O guarda-redes do Tondela começou a demorar uma eternidade nos pontapés de baliza ao minuto 1. O árbitro preparava-se para lhe mostrar o amarelo ao minuto 90. Lógico!"

Bagão Félix, in A Bola

A Taça habitual do Benfica

"Algarve recebe a fase decisiva da Taça da Liga com uma certeza: haverá um não grande na final pelo 8.º vez em 10 edições. Sem Sporting e FC Porto, Rui Vitória quase obrigado a erguer troféu

Domingo que vem, nesse bonito elefante muticolorido que é o estádio do Algarve, o Benfica deverá erguer a sua oitava Taça da Liga (em dez edições). Tudo o que não for assim tem de ser considerado surpresa. Da grossa. Por dois motivos. Primeiro: o Benfica tem imenso jeito para vencer esta competição talvez porque é o único dos três grandes que a tem levado a sério (e faz muito bem). Segundo: não estão na final four algarvio as duas únicas equipas que, nos confrontos directos, têm sido superiores ao Benfica de Rui Vitória - FC Porto e Sporting. Afastados esses dois incómodos e sabendo-se que o Benfica de Vitória tem por hábito aviar todos os outros clientes - tanto os pequenos (como o Moreirense), como os médios (como o V. Setúbal) e os médios-grandes (como o Braga) - há uma probabilidade altíssima, seja qual foi a final, de a nação encarnada festejar o título que a Liga algo pomposamente designa de «campeão de Inverno». Há ainda outro lado estatístico a favorecer Rui Vitória, que é o da looooonga invencibilidade benfiquista na Taça da Liga: o clube soma 42 jogos (!) e mais de 9 anos sem perder neste torneio, o que é um argumento tão impressionante quanto o resultado do último Benfica - Moreirense para a Taça da Liga: 6-1 para as águias em Moreira de Cónegos, há exactamente um ano! É claro que Augusto Inácio vai lembrar tudo isto quando fizer a antevisão da meia-final de amanhã, quicá lembrando que o FC Porto também era favoritíssimo e ficou pelo caminho.
Na meia-final de hoje medem forças os outros dois clubes que ganharam a Taça da Liga: o V. Setúbal (vencedor da primeira edição, em 2008, com Carlos Carvalhal no banco) e o SC Braga (201; José Peseiro). Aqui não há favorito claro, tendo em conta o belo momento de forma dos sadinos (chapeau a José Couceiro, o que este homem tem feito com um orçamento pindérico...); e o que tem sido o percurso do Braga de Jorge Simão, algo titubeante e não isento de fricções - o corte drástico com o central André Pinto colheu os próprios braguistas de surpresa. Deve acrescentar-se que o SC Braga chega ao Algarve algo desfalcado e sob o efeito de uma derrota muito dolorosa - com o rival V. Guimarães em casa; conhecendo o perfil de António Salvador, que quer ser campeão nos próximos quatro anos (e faz muito bem em pensar assim), não me custa imaginar a fúria que o assaltará se o Braga hoje falhar a presença na segunda final da época - provavelmente contra o mesmo adversário da Supertaça.
Independentemente do nome do finalista apurado hoje é cenrto que haverá uma equipa não grande na final da Taça da Liga pelo 8.ª vez em 10 edições. O que, ironia!, reforça o perfil popular de uma prova prensada, para ter sempre os três grandes nas meias-finais... o que só acabou por acontecer em duas edições (2008/09 e 2009/10). Repara-se que pelo segundo ano seguido o Benfica é o único grande nas meias-finais, e aqui a Taça da Liga não faz mais que imitar a tendência da bem mais importante Taça de Porgual, que regista a mesma fórmula - um grande para três não grandes - em cinco das seis últimas meias-finais! (aqui não se podendo dizer que FC Porto e Sporting desdenham a competição...). Se olharmos para o quadro de semifinalistas das duas competições na última década (ver anexo) concluiremos que o tempo em que os três grnades não deixavam nada para os outros acabou. Nos últimos sete anos, Benfica, FC Porto e Sporting nunca estiveram em maioria nas meias (embora tenham ganho a maioria dos troféus)! Falta ver se ou qual dos três desafiantes - Moreirense, Braga, V. Setúbal - consegue evitar aquilo que parece inevitável: mais uma taça para o Benfica.
(...)

Soares, Pinto & Guedes
Se Soares é fixe para o FC Porto como foi em Guimarães, logo veremos. Parece reforço (avançado ágil, matreiro, esquivo, com faro de golo) mas a verdade é que a história portista recente (Ghilas, Suk, Marega, Depoitre...) apresenta demasiados tiros ao lado neste sector para podermos gritar «gol!». Ver para crer, mas acredito que o FCP, com Soares e com o talentoso Brahimi de volta 15 dias mais cedo que o esperado, pode ter ganho um alento importante para a 2.ª volta.
No Sporting: André Pinto é um bom central português e vai juntar-se a outros bons centrais portugueses (Rúben Semedo, Paulo Oliveira e Tobias Figueiredo) num Sporting que tem mostrado agilidade a desfazer-se dos flops estrangeiros (Markovic, Meio e Elias na calha). Sobre o propalado interesse do Liverpool no campeão europeu William: há uma restrita elite de clubes a quem nuncase diz não. O Liverpool é um deles. Se William sair para Anfield honrará a tradição de Alcochete: as melhores pérolas saem para clubes verdadeiramente de topo.
No Benfica. Falhadas as vendas de Liindelof e Jiménez, calhou a Gonçalo Guedes ser a vítima da absoluta necessidade de dinheiro em caixa. De outra forma não se prestaria o presidente da instituição, qual Oliveira Figueira das aventuras de Tintin, a andar por esse Mundo fora na companhia de Jorge Mendes a tentar impingir os seus produtos - quem dá mais?, quem dá mais? - em vez de esperar no seu cadeirão presidencial pela chegada de propostas dos putativos interessados (até porque foi dito várias vezes que o Benfica não tinha necessidade de vender. Pois...). A confirmar-se a transferência por 30 milhões para o novo riquíssimo Paris SG - um clube da média-alta com aspirações de grandeza -, é mais um negócio mirabolante de Jorge Mendes, que assume importância transcendental na vida do Benfica. Nenhum outro empresário teria sido capaz de colocar um projecto de jogador por esta fortuna num clube onde não tivesse relações privilegiadas."

André Pipa, in A Bola

PS: Esta mistura da Azia com a Inveja, que a Lagartada, olha para o sucesso desportivo e para as vendas dos jogadores do Benfica, é deliciosa...!!!
Quando o jornalista desportivo profissional, tenta enganar o 'povo' ao anunciar que uma competição a eliminar, tem o seu vencedor definido por antecipação, antes das Meias-finais, é sinal de profundo desespero, por ver o seu Clube novamente fora das Meias-finais...!!! E sem surpresa diga-se !!!