Últimas indefectivações

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

A Luz a seu dono na festa encarnada

"Os jogadores do Benfica mereceram nota seis na parte técnica, nota oito na disciplina táctica e nota dez na entrega ao jogo. Insuperáveis!

O Benfica contrariou a tese que coloca o estádio da Luz como salão de festas do FC Porto e venceu, com inegável justiça, o clássico de ontem. Depois de uma metade inicial penosa, mal jogada de parte a parte e pejada de faltas, a equipa de Rui Vitória foi superior ao adversário, nos processos e na organização, e garantiu três pontos importantes para as contas do título. Não sei o que terá dito Rui Vitória aos seus jogadores entre Atenas e Lisboa, mas uma coisa é certa: funcionou. Sem produzir um futebol de qualidade, o Benfica ancorou o triunfo sobre os dragões na enorme entrega e insuperável atitude dos seus jogadores, que valeram nota seis na parte técnica, nota oito na disciplina táctica e nota dez na forma como suaram a camisola encarnada.
A 26 jornadas do fim do campeonato, é preciso ter alguma cautela e muita prudência nas projecções a fazer. Mas não será, por certo, abusivo constatar que a produção de jogo do FC Porto está longe do que se viu, na época passada, à equipa de Sérgio Conceição. Quanto ao Benfica, apesar da vitória, fica a sensação de que a equipa deverá evoluir para fórmulas mais ousadas, que aproveitem o poder de fogo que está no banco.
Para facilitar, evitando contaminação clubistas, coloquemos Benfica, FC Porto, Lema, Fábio Veríssimo e Jorge Sousa, fora da equação. Mas tomemos, por base de trabalho, o lance da expulsão do central argentino do Benfica, no clássico de ontem. Será que, perante uma decisão tão obviamente errada, que podia ter adulterado o resultado final, não haverá explicações a dar, por parte dos responsáveis da arbitragem, aos adeptos? A ideia que fica, jogo após jogo, semana após semana, é que estamos perante um lote de árbitros com manifestas insuficiências. Há que ter paciência...
Para facilitar, evitando contaminações clubistas, coloquemos SC Braga e Rio Ave, Bruno Viana e Galeno e Tiago Martins e Bruno Paixão, fora da equação. Mas tomemos, por base de trabalho, o derradeiro lance do jogo do último sábado, na Pedreira. Será que o presidente do Conselho de Arbitragem da FPF não deve vir a público explicar as razões que terão assistido ao árbitro e ao VAR para não ter sido assinalado grande penalidade favorável aos forasteiros? Ou, até, assumir culpas por um atropelo, incompreensível à luz dos meios colocados ao serviço da arbitragem? Silêncio é que não não!

Ás
Rúben Dias
Grande exibição, a primeira de nível superior num clássico, sem paragens nem faltas desnecessárias, sempre concentrado e a vestir a pele de líder encarnado dentro das quatro linhas, numa antecipação do futuro, assim continue na Luz. O Rúben Dias de ontem tem tudo para ser o sucessor de Pepe na Selecção Nacional.

Ás
Rui Vitória
Semana de ouro, mais pelos resultados do que pelas exibições, é certo, mas com triunfos frente a AEK e FC Porto que recolocaram os encarnados no rumo certo. E; por paradoxal que pareça (por interromper série vitoriosa), o interregno que se segue será bem vindo, momento para  reagrupar tropas e assentar ideias.

Ás
Shoya Nakajima
Dois golos e duas assistências na vitória do Portimonense, que era lanterna-vermelha, sobre o Sporting, ficam na história deste pequeno japonês (1,64m), de 24 anos, transbordante em talento e irreverência. Parece impossível como nenhum dos grandes se interessou por Nakajima, um dos melhores jogadores da Liga portuguesa.

João Cancelo, até onde?
Joaõ Cancelo,  24 anos, produto futebolístico do Seixal, deixou o Benfica há quatro anos, era ainda um projecto de jogador, a troco de 15 milhões de euros, pagos, à altura, pelo Valência, numa altura em que o clube da Luz precisava de acalmar a tesouraria. Hoje, na Juventus, Cancelo está a atingir patamares de excelência que levaram às seguintes apreciações, nos jornais de ontem, relativamente ao jogo que fez em casa da Udinese: 'Coriere Dello Sport': «Ter um jogador assim na lateral-direita é um luxo que poucos podem dar-se. Tem pés de maestro e acelerações de velocista. Fez a assistência do 1-0 e andou perto do golo. Devastador». 'Gazzetta Dello Sport': «Parece um desperdício que tanta classe esteja relegada a uma ala, no papel menor de lateral-direito, mas talvez seja preferível ser o melhor dos laterais que o quarto ou quinto dos outros. A assistência para Bettancourt roçou a perfeição, um cruzamento digno de David Beckham...»

O que ganhou Mourinho? Tempo? Espaço?
«Se chover em Londres a culpa será minha. E se correr alguma coisa mal com o Brexit, também...»
José Mourinho, treinador do Manchester United
A vitória épica sobre o Newcastle deu mais tempo a José Mourinho, à frente do Manchester United. Mas terá dado mais espaço ao treinador português, envolvido numa guerra sem quartel com o homem de confiança da administração norte-americana dos red devils? Uma coisa é certa: o futuro de Mou depende de um equilíbrio defensivo que a sua equipa não mostra.

A única resposta de Cristiano Ronaldo
No meio de um turbilhão mediático, Cristiano Ronaldo respondeu como melhor sabe, mostrando-se focado no essencial da sua profissão, o golo. No mais, entre contrainformação e especulação, a justiça terá o seu modo, num tempo onde deve ser observada a presunção de inocência..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Saber sofrer e no fim vencer

"Jogo muito intenso com as defesas quase sempre superiores aos ataques

Estratégia azul
1. O início do jogo mostrou um FC Porto em 4-3-3 (Marega permite ao FC Porto alternar o seu sistema em função do grau de dificuldade que o adversário pressupõe). A ideia de Marega na direita era clara. Por um lado, vencer o duelo ofensivo na dimensão física, por outro, no plano defensivo, condicionar uma das referências do triângulo adversário do lado esquerdo. Ao minuto 14, o Benfica obriga Casillas à sua primeira intervenção no jogo. Seferovic foi protagonista com um dos seus movimentos típicos (procura da profundidade), valeu a boa percepção do jogo do guarda-redes. Em termos estratégicos, foi evidente um FC Porto de pressão alta a condicionar a construção (1.ª fase) do Benfica. A razão? Pareceu-me evidente. Lema e Rúben Dias não são jogadores que se sintam confortáveis neste momento do jogo. A solução encontrada pelo Benfica foi, muitas vezes, procurar jogar na contrapressão. Aí, Seferovic foi importante sobretudo a funcionar como tabelador com as linhas atrasadas após ser solicitado à figura.

Reposta encarnada
2. Com posse, o FC Porto era agressivo. Brahimi à figura e Marega à profundidade criavam distintos constrangimentos à defensiva do Benfica. O Benfica respondia. Para lá de Seferovic a servir de referência ofensiva, os triângulos nos corredores laterais iam começando a funcionar e o resultado foram as constantes faltas laterais que os jogadores do FC Porto faziam. A primeira parte chega ao fim. O jogo estava completamente equilibrado. Equipas com grande preocupação em não se exporem ao erro, mas o que mais me saltou à vista foi a estratégia em condicionar o jogo do Benfica (bem pensada e melhor executada) pelo FC Porto, por um lado, e, por outro, a capacidade demonstrada pelo Benfica em se adaptar a essa realidade e, com critério (procura de Seferovic à figura), responder à altura.

Benfica mais forte
3. O início da segunda parte começa com a entrada de Sérgio Oliveira (52') no lugar de Otávio. Na zona de Fejsa, Otávio teve sempre muitas dificuldades para jogar e fazer jogar os seus colegas ao terço ofensivo. Sérgio, por seu lado, conferia mais jogo de frente para a baliza adversária o que, em teoria, pode fazer activar a procura da profundidade.
O Benfica estava mais forte! A equipa conseguia recuperar a bola mais alto e acelerar de imediato para a baliza adversária. Se numa primeira ameaça (Grimaldo após roubo de bola iniciou uma jogada em que Gabriel permitiu uma grande defesa a Casillas) o Benfica expôs a defesa do FC Porto. Num segundo momento, Seferovic marcou novamente naquilo onde é muito forte... A procura da profundidade.

Expulsão
4. O minuto 83 traz um grande revés ao Benfica. Dois minutos depois de entrar Alfa Semedo (com o objectivo claro de trancar o jogo), Lema foi expulso. O novo reajuste táctico traz Semedo para central e junto a Fejsa, Gabriel e os dois extremos. Sete minutos de sofrimento na perspectiva do Benfica, sete minutos do tudo por tudo para o FC Porto.
Em suma, um jogo muito intenso, no qual as defesas se sobrepuseram quase sempre aos ataques /Rúben Dias personificou essa dominância). Venceu o Benfica, que soube aproveitar com um golo o tempo na segunda parte, na qual esteve por cima e, posteriormente, soube sofrer quando as contingências do jogo assim o ditaram."

João de Deus, in A Bola

Alvorada... do Bernardo

As Regras dos Jogos... Mais uma Autoridade & Tatuagens !!!

Cadomblé do Vata (especial: Verdíssimo)

"Análise do Apito de Vata aos lances polémicos do clássico arbitrado por Fábio Veríssimo:
1. Amarelo a Grimaldo aos 9 minutos - boa decisão - corta contra ataque perigoso, não interessa se é no primeiro ou se é no último minuto, se trava um caga tacos ou se se atira para a frente do intercidades que liga Bamako a Toumbouctou
2. Amarelo ao Casillas aos 19 minutos - boa decisão - anti jogo é punível com cartão amarelo, seja no primeiro ou no último minuto, independentemente do treinador ser boa gente ou um filho da mãe hipócrita.
3. Fora de jogo não assinalado ao Seferovic perto do final da 1ª parte - boa decisão - o lance é prometedor de golo, se estiver fora de jogo, o VAR que anule, que isto de ir ao fim de semana para o Jamor não pode ser só para fazer corrida na mata.
4. Amarelo ao Otávio à 7ª falta - boa decisão - é certo que devia ter mostrado antes, mas como ficou evidente na 6ª falta do mimalho brasileiro, o problema não foi técnico mas matemático, portanto se alguém errou foi a professora dele da primária, quando o deixou passar para o 5º ano.
5. Segundo amarelo a Lema aos 83 minutos - boa decisão - o planeta vive o drama do aquecimento global e um pontapé na atmosfera como o desferido pelo argentino pode aumentar dramaticamente o buraco do ozono. Existe Livre directo, Livre Indirecto e desde ontem, Livre Ambiental."

Cadomblé do Vata

"1. Podem voltar a soltar a águia Vitória... já não corre o risco de levar uma bolada saída dum chutão da defesa do FCP à procura do Soares e do Marega.
2. Numa só semana acabamos com a sucessão de derrotas na Champions e voltamos a ganhar ao FCP na Luz... não se arranja uma final europeia para o SLB jogar amanhã ou terça feira?
3. Desde que o Capitão se despediu, Jardel lesionou-se e Dias, Conti e Lema foram expulsos... já se pode falar em Maldição do Luisão ou é preciso o Ferro ser internado com um problema psiquiátrico? 
4. Ganhamos ao FCP com um golo do Seferovic e acabamos o jogo com 10 jogadores... só isto devia chegar para deixar qualquer portista em gaguejo eterno quando tentasse arranjar desculpas para a derrota.
5. No final há que dar parabéns ao Rui Vitória pela brilhante abordagem táctica da primeira parte... impedindo a equipa de rematar à baliza, não deixou o Casillas ganhar moral e o espanhol ficou assim mais vulnerável para o segundo tempo."

De cernelha !!!


Faz parte dos meus truques

"O futebol são onze em campo e todos nós na bancada. Mas este ‘nós’ está longe de ser uma entidade colectiva, abstracta. É, no essencial, um conjunto de ligações individuais com o que se passa no relvado, feitas de pequenas escolhas, determinantes para o desenrolar do jogo. Cada um que se senta na bancada participa de facto na partida, não necessariamente com cânticos, aplausos ou pressão sobre a arbitragem. Não fora assim, não fazia sentido nem a paixão, nem muito menos o empenho com que, semanalmente, nos deslocamos ao estádio.
Lembrei-me disto quando ouvi, no lançamento do jogo, Rui Vitória prometer "arranjar uns pequenos truques para ganhar ao Porto". Em campo, não dei propriamente pelos truques: vi antes um Benfica determinado, com uma abordagem estratégica inteligente – durante parte do jogo expectante e, depois, na segunda metade, com Rafa em campo, capaz de desbloquear a partida. Mas também vislumbrei duas equipas preocupadas, acima de tudo, em se anularem mutuamente, com um futebol físico, dividido em duelos aéreos e com ideias de jogo sofríveis.
Estou, no entanto, convencido de que o que pode ter colocado justiça no resultado, oferecendo-nos a vitória, não foi nada disso, mas, antes, a atenção com que preparei a minha relação com o jogo. Desta feita, não facilitei: levei o mesmo polo com que havíamos vencido da última vez no Jamor; fui rigoroso com os lugares em que os miúdos se sentaram; a caminho do estádio enviei as SMS da praxe e subi os degraus até ao 3.º Anel com o pé certo. Faz parte dos meus truques e essa é mais uma razão pela qual não sou treinador do Benfica."

A vitória justa do Benfica e a justiça na vitória de Mourinho

"Ganhou o Benfica e ganhou bem. Não porque jogue muito futebol, que não joga – em toda a partida construiu só um par de oportunidades e raras foram as jogadas com ligação efectiva – mas porque, desta vez, quis mais ganhar que o Porto. E quis em duplo sentido: foi tacticamente mais ousado - em português corrente, atacou mais, sobretudo na segunda parte e até ficar com um homem a menos – e manifestou crença efectiva e em doses suplementares, numa vontade de ganhar visível nos planos próximos da tv, particularmente evidente nos rostos de Ruben Dias, Grimaldo ou Pizzi. E depois tem melhores jogadores, pelo menos muito mais soluções ofensivas de qualidade. A comparação não deixa dúvidas: o Porto, sem Aboubakar, com Soares à procura do ritmo certo e Marega ao pé-coxinho, tinha como única solução de recurso o jovem André Pereira, enquanto o Benfica pôde lançar Rafa, dispunha de Jonas e Castillo e ainda deixou fora da lista Zivkovic, João Félix e Ferreyra. De competências técnico-tácticas muito haverá ainda para analisar no futuro da época mas quanto à profundidade do plantel não há dúvidas de que o Benfica leva vantagem.
O jogo não foi grande coisa, a primeira parte então foi mesmo fraca demais, mas as águias surgiram mais fortes no reatamento e o dragão nunca exibiu o poder de fogo que mostrou noutros momentos importantes, por exemplo no mesmo clássico da temporada anterior que pesou bastante na decisão do título. Demasiado viciada nos lançamentos longos para Marega e Soares, que o Benfica soube controlar, e com os laterais presos à vigilância dos extremos encarnados, a equipa foi sobretudo incapaz de construir com qualidade, de ter bola e de a circular. No eixo central, a colocação de Herrera como segunda unidade pressionante no momento defensivo fê-lo viver o jogo numa espécie de exílio tático, enquanto o combate com o trio benfiquista – Fejsa, Gabriel, Pizzi – ficou resumido a um Danilo que ainda não vejo justificar a suplência de Sérgio Oliveira e a um Otávio fora do habitat natural, por isso sem espaço para a criatividade e essencialmente faltoso. Só depois da expulsão de Lema o Porto poderia ter marcado mas verdadeiramente pouco tinha feito por isso até então.
Torci como já não me lembrava por José Mourinho. Gostei mesmo de o ver guiar o Manchester United à reviravolta frente ao Newcastle. O treinador português tem cometido vários erros nos últimos anos, restam poucas dúvidas. Apontaria, sem qualquer pretensão de verdade absoluta, o ter desvalorizado em certos momentos a construção de um jogar de qualidade (e de iniciativa) em detrimento de algum experimentalismo estratégico, com planos demasiado diferentes para cada jogo ou marcações individuais anacrónicas (que reforçam a importância dada ao opositor), ter revelado quase uma obsessão por jogadores musculados (Lukaku, Fellaini, mesmo Pogba), quiçá na tentação de mostrar que se pode ganhar com ideias opostas às que Guardiola celebrizou, ou ainda a preocupação excessiva em chamar sobre si próprio os holofotes da crítica, o que só poupa os jogadores até certo ponto, envolve-os também fatalmente, depois. José Mourinho não pode é ser tratado como um qualquer, que há toda uma história que não se apaga e que faz dele um dos técnicos mais bem sucedidos de sempre na história do jogo. É certo que depende essencialmente dele ser capaz de inverter a tendência recente. E até acredito que pode fazê-lo pegando no exemplo daquela última meia hora do jogo deste sábado, quando a equipa se livrou de estratégias de equilíbrio e se assumiu, com todos os talentos à solta, como aquilo que efectivamente pode ser mais vezes: uma grande máquina de jogo ofensivo, capaz de encostar o rival às cordas. Não, não esqueço que o adversário era o Newcastle, que segue frágil nos últimos lugares da Premier, mas não escondo que gostava de ver sequelas daquele filme. Porque o Man United é melhor assim e porque aquele é o Mourinho que nos faz vibrar. E respeitar mais ainda."

Vitória de quem soube desamarrar o jogo

"+O Benfica é um justo vencedor?
Sem dúvida. Num duelo muito equilibrado, foi o Benfica que forçou a quebra do bloqueio em que o jogo estava metido desde o apito inicial. Mérito da equipa e de Rui Vitória, que seguramente entendeu que o momento de atacar o rival seria depois do intervalo.

+E que factores provocaram essa rotura?
Uma entrada forte do Benfica na 2.ª parte, subindo a linha de pressão e condicionando a saída de bola do FC Porto. A substituição de Otávio retirou alguma energia frenética ao meio-campo dos dragões e a entrada de Rafa potenciou aquilo que Cervi exibia após o intervalo: velocidade e contundência, desgastando o adversário directo, neste caso Maxi Pereira.

+O FC Porto demorou muito tempo a reagir. Porquê?
Porque o Benfica soube prolongar os momentos de insegurança do adversário. Ao fazer o golo, a águia continuou a provocar o erro, sendo agressiva no ataque à bola e posicionando-se em terrenos adiantados. O Benfica dominou claramente nessa meia hora.

+E nunca o Benfica sentiu o perigo de não ganhar o jogo?
Quando a vantagem é mínima, essa possibilidade está sempre viva e naturalmente cresceu quando Lema foi expulso. Mas o Benfica soube agarrar bem o seu momento e cerrou fileiras.

+Este FC Porto é menos competente do que aquele que se sagrou campeão?
Sobretudo já não tem segredos. Precisa de se reinventar. Na Luz, a profundidade foi controlada pelo rival e a solução foram cruzamentos e lances de bola parada. É curto.

+Vitória apostou em Lema. Foi arriscado?
Havia sempre riscos associados à utilização de um jogador sem ritmo competitivo e ser claramente o quarto central da equipa. Mas foi uma aposta coerente, de acordo com as opções de Rui Vitória. Lema teve lances em que comprometeu ao ponto, por exemplo, de ter sido expulso, mas foi importante nos duelos aéreos e não foi factor de desequilíbrio.

+Três jogos, três centrais expulsos. Há aqui algum padrão?
Meramente circunstancial. Foram lances em que o segundo cartão amarelo saiu do bolso dos árbitros em virtude do critério que todos eles aplicaram nesses jogos. Importa relevar a capacidade que o Benfica teve em unir-se nesses momentos. Em Chaves sofreu o empate já com 10 mas num lance que nada teve a ver com esse facto.

+Gabriel foi opção em vez de Gedson. Natural?
Sim, pelo equilíbrio que o brasileiro confere a um meio-campo que não podia abrir brechas e que tinha de ser forte nos duelos individuais. Acresce que Gabriel esteve na melhor oportunidade que o Benfica teve (tiro aos 60’ e grande defesa de Casillas) além do golo, onde teve participação determinante.

+Quem foi a figura do jogo?
Seferovic, porque o golo que marcou decidiu o clássico, mas a verdade é que foi Rúben Dias quem fez um jogo quase perfeito. Com 20 anos, pareceu um veterano de guerra. Nenhum jogador vale mais do que uma equipa, mas a soma de grandes exibições individuais eleva o rendimento de uma equipa. Rúben Dias esteve próximo da excelência, mas outros juntaram-se num nível muito elevado: Grimaldo, Pizzi, Salvio. Sendo assim, é natural ser melhor."


PS: Pois bem, o critério?! É o tal critério unilateral...!!!

Pizzi, tão raro

"A assistência no clássico, sim, mas sobretudo muito mais Se o leitor olhou para o título e pensou que este artigo se justifica pela assistência feita para o golo que decidiu o clássico, deixe-me que lhe diga desde já que não está totalmente certo.
Quer dizer, também não está totalmente errado: aquela assistência de cabeça, no espaço entre dois adversários, é um tratado de inteligência, visão de jogo e pragmatismo.
Esta temporada, e em apenas sete jogos para o campeonato, Pizzi já coleccionou quatro golos e quatro assistências: esteve, portanto, em oito dos quinze golos da equipa.
São números muito bons e que provam a qualidade do médio.
Mas, repito, não é só isso que justifica este título. Afinal de contas, os bons jogadores vão aparecendo felizmente com alguma cadência.
O que torna Pizzi num jogador raro é tudo junto.
É antes de mais a qualidade, claro: os golos, as assistências, a inteligência, a visão de jogo, os passes longos e curtos, a entrega ao futebol, a coragem, o gosto pelo risco, a determinação com que surge quando é preciso a abrir linhas de passes, a pedir a bola, a assumir a coordenação do jogo.
Mas é também tudo o que nem sempre se vê no relvado: a dedicação ao Benfica.
Pizzi acabou de completar 29 anos, já está na fase madura da carreira e, que eu me recorde, nunca se leu notícias de que gostava de sair, que queria aproveitar para fazer um grande contrato ou que queria experimentar outro campeonato.
À excepção de um desabafo na época passada no Dragão, quando pontapeou uma garrafa à chegada ao banco, também não me lembro de o ver reagir mal a uma opção técnica. Houve essa vez, sim, ao sétimo jogo em que foi substituído naquela temporada, mas foi uma reacção invulgar e prontamente sanada. Depois disso Pizzi voltou a ser o que sempre foi.
Formou com Jonas a melhor dupla do campeonato, fundamental nos dois últimos títulos do Benfica, mas soube reagir à ausência do brasileiro para assumir a liderança da equipa em campo.
Pizzi é um daqueles jogadores raros e acredito que foi por isso que a Luz se levantou a aplaudi-lo quando foi substituído no clássico deste domingo.
Nada mais justo, de resto."

Joia Nakajima e a autodestruição do futebol português

"Uma das minhas séries preferidas quando era mais moçoila era a "Missão: Impossível", na qual Jim Phelps (Peter Graves, melhor dizendo) liderava um departamento tão secreto, tão secreto, tão secreto que as missões eram entregues em cassetes (ainda se lembra do que é uma cassete?) que se autodestruíam em cinco segundos. Foi disto que me lembrei quando, este fim de semana, Banksy decidiu, num ato de trollanço máximo, pôr uma obra a autodestruir-se depois da mesma ser vendida na Sotheby's por mais de um milhão de libras. “Parece que acabámos de ser banksiados”, disse então o responsável do departamento de arte contemporânea da leiloeira, Alex Branczik.
E o que é isso tem a ver com futebol, pergunta o excelso leitor? Tudo, explicarei eu. No domingo, entre tantos jogos para ver, consegui dar um olho no Sporting-Benfica em juniores (0-3), no Académica-Estoril da 2ª Liga (2-7 - sim, foi mesmo 2-7), no Southampton-Chelsea da Liga inglesa (0-3), no Atlético de Madrid-Bétis da Liga espanhola (1-0), no Liverpool-Manchester City da Liga inglesa (0-0) e no Portimonense-Sporting (4-2). Ah, sim, e no clássico dos clássicos: Benfica-FC Porto.
Entre sete jogos, de tantos níveis e competições diferentes, consegue adivinhar qual foi, de longe, o pior? O meu colega Diogo Pombo dá uma ajudinha, com o título que deu à sua crónica do clássico: "Futebol procura-se, urgentemente".
A quantidade de faltas, passes falhados e bolas pelo ar (66 duelos aéreos no clássico? A sério?) que se viram na Luz fizeram lembrar um jogo da distrital, no que deveria ser, supostamente, um dos melhores jogos da nossa Liga, já que envolvia duas das melhores equipas. Mas a verdade é que, comparando com os outros jogos que citei (e com o Braga-Rio Ave do dia anterior, por exemplo), nem parecia estar a disputar-se um jogo da mesma modalidade (felizmente para os programas do costume, houve uma expulsãozita, para terem tema de conversa para a semana toda, não fossem ter de efectivamente falar de futebol).
É como o discurso dos intervenientes. Em Espanha, Quique Setién diz: "Isto não é uma questão de intensidade, nem de ter mais tomates, nem de correr mais; é uma questão de capacidade, de inteligência, de precisão nos passes, de boas recepções, de bons remates"; em Inglaterra, Pep Guardiola diz: "Não nos vamos pôr a defender contra o Liverpool, porque isso seria aborrecido. Temos de jogar como sabemos. Se perdermos, parabéns para eles e tentaremos melhorar e conseguir da próxima vez"; também em Inglaterra, Jurgen Klopp diz: "Acredito mesmo que o mais importante no futebol é entreter as pessoas. Não salvamos vidas, não criamos nada, não somos bons em cirurgias médicas, só somos bons a jogar futebol. Se não jogamos para entreter as pessoas, então para que é que jogamos?"
Em Portugal, entre aqueles que deveriam ser dos intervenientes mais influentes, temos um que pouco gosta de falar de futebol e repete banalidades; outro que teve uma tirada deveras infeliz a enviar os adeptos para o teatro; e um clássico que tem um amarelo para um guarda-redes a perder tempo na 1ª parte, uma televisão que no intervalo tem um ex-árbitro a comentar "os casos" e uma estilista a falar de desfiles, e uma música de tourada a fechar "o espectáculo" no final.
Enquanto isso, em Portimão, pé ante pé, com a classe que lhe é habitual, Shoya Nakajima ("qualidade ao centímetro", como escreve o treinador Blessing Lumueno) espalhava magia, juntamente com um grupo de jogadores talentosos colocados em campo por António Folha (onde andavam Zivkovic, João Félix, Óliver...?), um treinador corajoso, que mesmo em último lugar joga como se estivesse em primeiro: "Eu quero jogar este futebol, porque este futebol é o futebol que projeta equipas e jogadores e dá espectáculo. Posso perder, mas não sou treinador para jogar para o ponto. Hoje foi possível ganhar, porque não tivemos medo de perder com o Sporting."
O futebol português é uma espécie de tourada e o mais provável é autodestruir-se em breve. Mas, enquanto isso não acontece, ainda temos alguns baixinhos a dar-nos esperança.
(...)"


PS: É preciso o Benfica ganhar um clássico, para aparecer os profetas do fim do mundo no Tugão!!! Quando o Benfica não ganhar, está tudo bem...!!!

Sporting andava há demasiado tempo no fio da navalha

"Uma derrota que verdadeiramente não surpreende

O que mais assusta na derrota do Sporting em Portimão nem foi o resultado. A forma como o Portimonense venceu, isso sim, é que é atemorizante.
 A formação de José Peseiro correu muito e correu mal.
Foi, aliás, uma desorganização completa: não soube ocupar espaços, não percebeu as movimentações adversárias e não acertou nas marcações. Não jogou com uma equipa adulta.
O primeiro golo do Portimonense é sintomático.
Uma triangulação simples, básica, toca para trás e vai receber à frente, desmontou por completo a defesa leonina. Coates está a marcar Wilson Manafá mas faz o movimento para seguir a bola e deixa Manafá solto para receber a bola e partir em direcção à baliza.
O segundo golo é também uma boa amostra do que antes se disse.
Battaglia vai pressionar Manafá, que toca para Nakajima e Battaglia vai pressionar Nakajima (que estava a ser marcado por Ristovski). Manafá fica solto, Nakajima toca para Paulinho, que devolve a Manafá. Acaba por ser Bruno Fernandes que marca o adversário junto à linha de fundo. Ristovski e Battaglia foram atrás da bola e deixaram Nakajima solto para receber e rematar para golo.
Todos os jogadores corriam atrás da bola e nenhum ficava a marcar o adversário, portanto.
O que é um sintoma clássico de uma equipa que quer tudo, mas não sabe como. De uma equipa em défice de confiança, de maturidade e de segurança.
Tenta compensar com longas correrias o que não consegue fazer com inteligência.
O momento temerário e inseguro do Sporting não é de hoje, aliás. Há várias semanas que a equipa caminhava no fio da navalha, capaz de cair para qualquer um dos lados.
Basta recordar que venceu o Moreirense e o V. Setúbal sempre nos 25 minutos finais, que bateu o Feirense nos últimos minutos e que ganhou em Poltava já nos descontos.
Perdeu em Braga e foi encostado às cordas na Luz.
O empate no dérbi, aliás, somado a algumas vitórias arrancadas a ferros (só os dois triunfos sobre o Marítimo terão sido mais tranquilos) foram disfarçando o óbvio. Até que não deu mais.
A paragem que se segue para compromissos das selecções chega por isso numa boa altura: há muito para corrigir e trabalhar em Alcochete.
A época começou com demasiado barulho fora de campo e pode tornar-se muito longa dentro dele."

O ano de 2018 da canoagem portuguesa

"Portugal, após o fim da ilusão da sua essência salvífica e missionária universal que conciliava bem com os seus interesses expansionistas e comerciais, regressou à situação de se autorreconhecer como um simples povo no meio de povos. Afirma, Eduardo Lourenço que Portugal “deu a volta ao mundo para tomar a medida da sua maravilhosa imperfeição”. E, por isso, a nossa badalada imperfeição, sabe-se lá porque mistério evolucionista ficou-nos atavicamente impressa nos genes. Só que essa imperfeição é a génese de muitas das nossas qualidades. Somos um povo quase sempre desorganizado. Nesse atavismo residiu sempre a força da nossa capacidade de “desenrascanço” pois, quem não é organizado, quem tem dificuldade em se projetar no futuro, tem, no imediato, a força motriz da sua funcionalidade. Normalmente damo-nos bem no caos pois a ordem colide com as faculdades que desenvolvemos como marinheiros. Para um marinheiro não chega preparar-se em terra; tem de, no mar, ter os seus sistemas adaptativos alerta para enfrentar a complexidade das mais duras borrascas ou a inclemência das mais letárgicas acalmias. Nós, normalmente, mandamo-nos ao mar sem muito pensar. Acreditamos que a pesca nos resolverá o problema da subsistência. Marcas da nossa imperfeição que, hoje em dia, começa a ceder a outras qualidades que nos estavam arredias. Hélas! Começamos a saber prever o futuro. Começamos a desenvolver estratégias no universo de incertezas e antagonismos que nos envolve. A estratégia joga com o azar e a adversidade e, nesse plano particular, somos bem expeditos.
Vem isto a propósito da análise do ano de 2018 na canoagem portuguesa. Vários momentos altos se verificaram, quer a nível estrutural e organizativo que a nível do rendimento desportivo.
Comecemos pelo Campeonato do Mundo na modalidade de Sprint que teve lugar em Agosto em Montemor-o-Velho. Vivendo este campeonato por dentro reparei, antes de mais, numa organização ímpar que mereceu os encómios de todas as delegações estrangeiras. Já tenho experiência de vários campeonatos do mundo e europeus e posso afirmar, sem chauvinismos que seriam deslocados, que este organizado em Portugal foi excepcional. Não houve necessidade de desenrascanço porque houve uma organização bem pensada, atempada e eficaz por detrás deste evento. Estamos todos de parabéns e principalmente os obreiros deste memorável acontecimento. Tenho para mim que o toque de diferença nas nossas organizações que colhem o aplauso geral radica na nossa forma de ser, em especial, na nossa capacidade de receber e colocar o outro como referência. Por exemplo, eu, quando um turista me pede uma informação mais complicada de resolver e eu vou com ele ao sítio não é uma questão de subserviência acéfala, mas genuína preocupação de que o turista se sinta em casa e reconheça Portugal como lugar de paz e convivialidade fraterna. É puro sentido patriótico fazer bem as coisas quando nos relacionamos com os estrangeiros. Temos obrigação de dar o nosso melhor quando o nosso prestígio como nação está em causa.
Depois a parte desportiva. Ainda estou rouco de tanto berrar pelo Fernando Pimenta na final dos 1.000 metros do campeonato do mundo. Pela primeira vez na história um português ganhou esta prova. Esta é a prova-rainha da canoagem mundial. Os 5.000 metros, que não é distância olímpica é importante, mas os 1000 metros é o zénite competitivo da modalidade. Ele é fabuloso e congraça todas as qualidades de um atleta de elite. Ele sacrifica tudo pelo seu êxito desportivo. Pode chamar-se a isto alienação; eu chamo focalização. Quando se quer ser o melhor do mundo em alguma coisa não pode haver contemplações para os nossos mais saborosos comodismos. Dieta controlada, sono controlado, sexo controlado, diversões inexistentes. Tudo direccionado para o êxito. Terá tempo de “pecar”; agora tem que ser um “santo”. Pimenta elevou bem alto o nome de Portugal. De realçar a qualidade de alguns dos resultados da selecção portuguesa. Muito boa a consecução da final do K4 500m masculino. Meus amigos, atingir finais A e finais B num campeonato do mundo é somente ficar entre os melhores 18 do mundo. Este é o nível da elite. Queremos medalhas? Sim, queremos, mas não podemos vilipendiar resultados que nos integram na elite mundial. Custou muito aqui chegar; valorizemos o que fazemos.
Passemos, agora, à Vila de Prado e ao Campeonato do Mundo de Maratona. Um monumento de eficácia a organização, onde nada falhou. O Náutico de Prado e o município de Vila Verde já nos tinham habituado à excelência organizativa, mas desta vez, foi o zénite. Estão de parabéns o clube, do qual tenho a honra de ser sócio honorário e o Dr. Patrício Araújo, vereador da Cultura, Lazer e Desporto, meu amigo de longa data e meu treinador-adjunto quando fui treinador do Náutico de Prado. Só que as pessoas não têm o mérito todo. Existe o sortilégio do lugar. Prado é a catedral mundial da canoagem maratoniana. É o verdadeiro sanctu santorum de todos os amantes da canoagem. Os hindus vão, pelo menos uma vez na vida banhar-se no Ganges; os muçulmanos vão rezar, pelo menos uma vez na vida, em Meca; os canoístas de todo o mundo devem, pelo menos uma vez na vida, competir no rio Cávado em Prado. Quem não fizer isso não entra no reino dos céus canoísta quando morrer e assim não tem acesso às 3.000 virgens que nos esperam ansiosas.
Prado é lugar privilegiado e “santificado” e a cada momento pode acontecer o milagre. Só que o milagre, desta vez, teve fortes raízes telúricas. Quero desde já exaltar o feito do Sérgio Maciel que se sagrou campeão do mundo em canoa monolugar no escalão de sub-23. Este feito, que o honra e ao seu treinador, o meu amigo de peito e canoísta de longa data, Engº Rodolfo Coelho, augura-lhe um futuro promissor na modalidade pois o Sérgio congraça todas as qualidades que podem fazer dele um futuro campeão mundial absoluto.
Agora quero deixar falar a emoção. No campeonato do mundo que aconteceu na Vila de Prado assisti ao feito emocionalmente mais marcante de toda a minha vida desportiva. Estou a falar da prova do José Ramalho. Este canoísta de elite, meu aluno na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto é, actualmente, o melhor maratonista do mundo. O seu plano de treinos de 2018, extremamente duro mas muito bem organizado, apontou as principais baterias para este campeonato do mundo. Os seus testes de controlo apontavam para um nível de forma excepcional. Só que a dimensão aleatória do desporto aconteceu na sua vertente mais negativa. Permitam-me ser exaustivo na narrativa da prova do nosso campeão. Imediatamente após a largada, José Ramalho quebra a proa do seu kayak. Faz uma volta com o barco a meter água e como na primeira volta não há portagem tem de seguir os adversários em péssimas condições de navegabilidade que só são parcialmente resolvidas ao fim da segunda volta. O remendo ficou mal resolvido. Quando, ao fim da terceira volta, se consegue tapar razoavelmente o furo, o José Ramalho tem cerca de 600 metros de atraso em relação à frente da prova. Vejo-o começar a pagaiar cheio de energia, mas já não acredito. De tal forma estou descorçoado que proclamo para os circundantes: - Nunca mais vai apanhar a frente da prova, pois lá estão os melhores maratonistas do mundo que não vão querer deixar o José Ramalho recuperar. O Américo Magalhães Júnior aposta comigo uma francesinha em como ele recupera. Apostei de imediato desejando perder. E perdi mesmo. Nunca vi nada assim. O José Ramalho mete um ritmo de prova rondando os 15 km/h enquanto a frente de prova vai bem dura a 14 km/h. Disse para os meus botões que ele ia rebentar. Não rebentou e, a faltar uma volta, apanha a frente de prova. Na portagem os adversários força o ritmo e deixam-me para trás. Eu de mim para comigo: - Agora ficou definitivamente para trás, pelo cansaço instalado pelo esforço desmesurado. Não, não ficou. Foi buscar forças não sei aonde e conseguir recuperar a frente de prova e disputar a ponta final com os melhores maratonistas do mundo. Perdeu, mas para mim, esta foi a vitória mais maravilhosa da já longa carreira do José Ramalho.
Para o ano, na China, vou estar ao lado dele, a puxar para ele conseguir o título de campeão do mundo que já merece há muito tempo, pois só eu e a sua companheira querida, também minha aluna na FADEUP é que sabemos os martírios que ele teve de ultrapassar para estar ao lado dos melhores do mundo. José Ramalho é um campeão, no corpo e principalmente na alma."

Benfiquismo (CMLXXIII)

Coreanos, com os pés em bico...!!!

Vermelhão: com dedicatória especial... bem espetado!!!

Benfica 1 - 0 Corruptos


Sabe sempre bem, quando se ganha, jogando em inferioridade numérica desde do primeiro minuto!!! Principalmente contra um adversário, recheado de gente sem carácter, medíocre... apalhaçada e repleta de vilanagem pura!!! Mesmo quando se joga pouco...!!!
Foi de facto um jogo no geral fraco: os Corruptos a jogarem para o empate desde do 1.º minuto, com o palhaço castelhano como expoente máximo!!! O Benfica a não querer assumir o jogo... a parecer estar com medo!!!
Até pode ter sido estratégia, de facto a única forma dos Corruptos criarem perigo, era na velocidade nas costas dos nossos defesas (em ataque planeado a única opção, é meter a bola do Brahimi e ele que decida), algo que com o Benfica a defender somente no nosso meio-campo, os deixou sem espaço entre o Odysseas e os Centrais (além das bolas paradas)!!! Mas mesmo tendo sido uma opção estratégica, eu, não gosto de ver o Benfica a jogar assim, na Luz...!!!
Curiosamente, acabou por ser exactamente assim, que o Benfica chegou à vantagem! Com uma bola nas costas da defesa dos Corruptos, e com o Pizzi e o Seferovic a serem mais rápidos que os adversários... E de facto, quase sempre que enviámos esses 'balões' para a frente, acabámos por criar perigo ou quase-perigo!!!
Este jogo 'directo', também não é o tradicional no jogo do Benfica, mas hoje até 'aceito' que os jogadores optassem por este estilo de jogo, já que na luta no meio-campo, ou era assinalada falta contra o Benfica... ou os jogadores Corruptos faziam falta sem qualquer consequência disciplinar... e assim, era praticamente impossível o Benfica chegar junto da área dos Corruptos, fazendo o nosso jogo 'habitual' de bola no pé... E ao contrário do que acontecia ao Benfica, quando os Corruptos faziam 'recuperações altas' raramente foram assinaladas faltas, ao contrário do que acontecia com o Benfica, onde sempre que se 'cheirava' um desequilíbrio na defesa dos Corruptos, já vinha o apito...!!!
Outro factor importante neste jogo, foram os Benfiquistas nas bancadas!!! Explico: a 1.ª parte foi pouco interessante, sentia-se que o jogo estava 'empatado', com muitas paragens e com o público 'fora do jogo', mas no 2.º tempo tudo mudou... E creio que foi naquela jogada, onde o Salvio compensou o André, após um mau passe do Grimaldo, e 'perseguiu' o Brahimi, até à linha de fundo!!! Desta vez acabou por ser mesmo o público a empurrar a equipa, algo raro... principalmente na Luz!!! A entrada do Rafa, também ajudou a dar 'energia' ao nosso jogo, e entusiasmo nas bancadas... e golo veio logo a seguir!!!

E nos últimos 10 minutos, após mais expulsão anedótica, acabou por ser o 'Benfica amor da minha vida'' a embalar, a sucessão do 'chuveirinho' apadrinhado pelo Verdíssimo, celebrando como fosse um golo, cada corte, cada recuperação, cada bola na linha de fundo, cada duelo ganho...!!!

O Seferovic marcou o golo, lutou muito e foi considerado o MVP, mas na minha opinião, houve outros destaques: pessoalmente, acho que o Rúben foi o melhor em campo, vários cortes fundamentais... e numa semana onde foi massacrado com críticas, foi o nosso 'espírito' lá dentro!!!
O Gabriel passou despercebido, mas foi muito importante no equilíbrio da equipa... o Fejsa, não está com o fulgor de épocas anteriores, e ter uma muleta ao lado ajuda...
Duas curiosidades: o Odysseas hoje praticamente não fez uma defesa...; o Salvio mantém a média: sempre que jogou, o Benfica ganhou!!! Os nossos três empates da época, PAOK, Sporting e Chaves (o Fener não conta...!!!), o Salvio não jogou!!!
Última nota para o Lema: bom jogo no geral, nota-se que não tem velocidade para jogar com uma defesa em linha, mas nos duelos físicos, e no jogo pelo ar, é bastante competente... E na 1.ª fase de construção também notou-se algumas dificuldades, mas acabou por não inventar... só falhou um passe... Destacou-se na Argentina, porque marca golos nas bolas paradas ofensivas, mas para o Benfica é necessário mais... Sem qualquer culpa na expulsão... Várias faltas idênticas, durante os 90 minutos, não tiveram acção disciplinar... muito menos, como um 2.º Amarelo!!!
Um detalhe técnico: o Benfica hoje podia ter usado a armadilha do fora-de-jogo várias vezes, mas os jogadores acabaram por decidir não o fazer: o Grimaldo, o Rúben... Não me pareceu ter sido acidental. Com jogadores novos, sem rotinas, se calhar o melhor é mesmo não arriscar o fora-de-jogo...!!!
Outro 'detalhe', que poucos falam, está ligado as ausências: o Benfica hoje jogou com o 4.º Central (sem Jardel e Conti), e está sem aquele que teoricamente será o Lateral-direito titular (Corchia), 1 médio-centro titular (Krovi), e pelo menos o avançado titular (Jonas) e até a 2.ª e 3.ª opção para ponta-de-lança (Castillo e Ferreyra) e provavelmente sem aquele que será titular nos próximos tempos como extremo-esquerdo (Félix)!!!
São muitas 'alterações', qualquer fenómeno idêntico em qualquer um dos nossos rivais, seria o descalabro!!! O Rui Vitória, tem as costas largas, acompanho algumas das críticas técnicas, mas o homem a bem ou a mal, num ambiente de enorme pressão, externa e interna, com apitadeiros miseráveis, sem praticamente 'metade' dos titulares, está a aguentar o barco... a jogar bonito ou feio, a jogar com maior ou menor ambição, estamos a 'ganhar'... e como se viu hoje, a atitude e o espírito de grupo no plantel, está nos píncaros...
Para grande desgosto, de muita gente...!!!
Já falei do Verdíssimo, além da influência nos últimos minutos, onde se notou estar em 'pânico' com a possibilidade dos Corruptos perderem mais um jogo apitado por ele (recordo que apitou o Corruptos-Guimarães, onde transformou um 1-4, num 2-3 apertado)!!! Desde do primeiro minuto demonstrou dualidade critério tanto em termos disciplinares (o Otávio e o Herrera, foram os inimputáveis de serviço!!!), como em ternos técnicos... Um cagão que se está a fazer à carreira do 'novo Proença', um incompetente bem apadrinhado, que ainda há poucas épocas, andava por aqui no Distrital da minha terrinha, a espalhar ignorância futebolística e a entregar 'encomendas' aos senhores do CA da AFL!!!
Importantíssimo, o Benfica terminar este 2.º ciclo de jogos em 1.ª lugar, mesmo que seja partilhado com o Braga. Recordo que este início de temporada, foi totalmente cozinhado, para evitar a qualificação do Benfica para a Champions, e ao mesmo tempo colocar os Corruptos destacados no 1.º lugar logo desde do início... Nas seis jornadas anteriores a este jogo, os Corruptos fizeram 4 jogos em casa e 2 fora, tudo adversários teoricamente mansos... E mesmo com as ajudas arbitrais descaradas, vergonhosas, criminosas, estão em 3.º !!! É verdade que nada está decidido, bem pelo contrário... mas agora até Fevereiro, o Benfica tem tudo para ganhar os jogos todos (no Campeonato), o Braga e o Rio Ave vêm a Luz... e só depois na 2.ª volta temos 4 deslocações complicadas (Alvalade, Dragay, Braga e Vila do Conde...). Mesmo sabendo que todos os jogos do Benfica são finais da Champions para os nossos adversários, o Benfica tem que 'abrir' uma vantagem na liderança, só assim podemos ter algumas hipóteses de conquistar a Reconquista!!!
Com mais esta paragem longa do Campeonato, temos que recuperar os lesionados (Jardel, Krovi), dar minutos e ritmo aos jogadores pouco utilizados, como o Jonas, Castillo, Ferreyra, Corchia... e esperar que esta paragem, não seja usada pelos cartilheiros nos mérdia, e na Procuradoria para inventar uma qualquer intentona contra o Benfica...!!! Se calhar, até vamos ter Borboletas Azuis!!!

Ressaca difícil...

Benfica 3 - 1 Guimarães
28-26, 22-25, 25-18, 26-24

Vitória complicada. Com o desgaste da última sexta, o treinador fez bem rodar o plantel (Pinheiro, Filip e Théo a titulares)... mas no 4.º Set, tivemos vários match point's, mas fomos obrigados ir aos 26 !!!