Últimas indefectivações
sexta-feira, 6 de setembro de 2024
Acabado de ser apresentado
"BRUNO LAGE DE NOVO O MELHOR
TREINADOR DO MUNDO!
1. Foram os livros que me levaram a conhecer pessoalmente BRUNO LAGE, há uns dez anos atrás, quando editei um trabalho do CARLOS CARVALHAL de que ele era co-autor, com o título "Futebol: Um Saber Sobre o Saber Fazer". Mais tarde, ainda não tinha ascendido a treinador principal do Benfica, propôs-me, e eu aceitei, a edição do livro "Formação: da Iniciação à Equipa B". Foram dois sucessos editoriais, porque muito adquiridos e apreciados pelos treinadores seus pares.
2. Tenho de BRUNO LAGE a ideia de que é alguém que sabe de futebol, do treino e do jogo, e que me surpreendeu muito positivamente pela capacidade motivacional e de liderança que demonstrou quando se tornou treinador principal do Benfica - histórias, muitas histórias da notável caminhada rumo ao "impossível" 37 estão plasmadas no interessantíssimo livro "O Benfica Segundo Jonas".
3. Tenho de BRUNO LAGE a ideia de que é um homem simples e humilde. Logo após o título de 2018-19, pedi-lhe que me arranjasse uma camisola de treino, daquelas personalizadas com o BL, para com ela ir vestido para o programa "Juízo Final", da Sporttv, como forma de o homenagear enquanto grande obreiro daquele título. Respondeu simplesmente: "Obrigado, Jaime, mas não é necessário. Eu quero é ficar sossegado no meu canto, junto da família, sem protagonismos."
4. Quando muito se fala na queda do Benfica de BRUNO LAGE na segunda metade da época 2019-20, que foi real, é preciso relembrar, em nome da verdade e para sermos justos porque já muitos se esqueceram, que tudo começou na visita ao Dragão, quando uma arbitragem que nos foi altamente prejudicial ditou a nossa derrota por 3-2. Em vez de sairmos de lá com os 7 pontos de avanço com que entrámos, ou mesmo 10, saímos com 4 e o campeonato ficou ali relançado.
5. O resto da época foi o que se sabe, com penaltis falhados em dois jogos sucessivos que empatámos imediatamente antes da paragem por causa da pandemia, e nos deixaram um ponto atrás do Porto, e, depois, todo o descalabro e desorientação que se seguiram à retoma da Liga. Tudo isto deve (ou tem!) que servir de útil e imprescindível lição para RUI COSTA e BRUNO LAGE evitarem cometer agora o mesmo tipo de erros cometidos no passado.
6. A decisão de fazer regressar BRUNO LAGE foi tomada por RUI COSTA. Um novo treinador do Benfica é e será sempre, com as suas virtudes e os seus defeitos, "o melhor treinador do mundo", chame-se ele BRUNO LAGE ou outro nome qualquer, seja ele a primeira, a segunda ou a terceira escolha, seja ele representado por Jorge Mendes - não sei se o Bruno ainda é - ou por outro qualquer agente.
7. Não sei se temos um plantel melhor do que o da época passada - precisamos primeiro de ver no campo o que valem os reforços -, mas penso que temos no mínimo um plantel mais equilibrado. Espero de BRUNO LAGE aquela chicotada psicológica que aplicou à equipa em 2018-19, que potenciou muito o valor dos jogadores, e que a tão bons resultados nos conduziu nessa época.
CARREGA, BRUNO LAGE!"
Novos elementos no Conselho de Administração e uma nova Comissão Executiva
"O Conselho de Administração da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD tem novos elementos. José Francisco Pereira Gandarez, Nuno Alexandre Martins Lopes Catarino, Eduardo José Stock da Cunha e Manuel Gonçalo Fazenda Gíria Lopes da Costa foram cooptados. A Sociedade oficializou a informação num comunicado enviado nesta quinta-feira, 5 de setembro, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Nuno Catarino assume desde já a supervisão de toda a área financeira, iniciando funções como membro da Comissão Executiva até 1 de janeiro de 2025.
Esta cooptação surge na sequência da cessação de funções, por renúncia, de Luís Paulo da Silva Mendes, Maria Rita Santos de Sampaio Nunes e Lourenço de Andrade Pereira Coelho.
O Conselho de Administração da Benfica SAD designou ainda os novos membros da Comissão Executiva, que estarão em funções até ao final do quadriénio 2021/2025:
- Rui Manuel César Costa (Presidente)
- Manuel Ricardo Gorjão Henriques de Brito
- Jaime Rodrigues Antunes
- José Francisco Pereira Gandarez
- Nuno Alexandre Martins Lopes Catarino (iniciará funções como membro da Comissão Executiva até 1 de janeiro de 2025, assumindo desde já a supervisão de toda a área financeira)
O Conselho de Administração passa a ter a seguinte composição:
- Rui Manuel César Costa (Presidente)
- Manuel Ricardo Gorjão Henriques de Brito
- Jaime Rodrigues Antunes
- José Francisco Pereira Gandarez
- Nuno Alexandre Martins Lopes Catarino
- Maria do Rosário Amado Pinto Correia
- António Albino Pires de Andrade
- Eduardo José Stock da Cunha (iniciará funções como membro não-executivo na data em que informar a Benfica SAD que obteve ou não requer autorizações para o efeito)
- Manuel Gonçalo Fazenda Gíria Lopes da Costa
A Benfica SAD informou ainda que Nuno Catarino, vogal do Conselho de Administração, foi designado como representante da Sociedade para as Relações com o Mercado e com a CMVM."
Imaginem!
"Imaginem lá todos os meios de comunicação social, começarem a partir de agora a colocar em dúvida o presidente do Sporting e a sua super estrutura, porque o melhor jogador do clube admitiu não ter recebido qualquer proposta para sair, ainda por cima, achar que a cláusula de rescisão de 100M€ é demasiado elevada e que admite sair em Janeiro.
Já estão a imaginar as notícias, a toda a hora, nos vários canais, a abrir todos os programas ditos desportivos, a falar sobre a falta de liderança do balneário leonino, do desagrado dos jogadores, da falta der condições para reter os melhores, da falta de projeto e rumo desportivo, do treinador que não tem controle sobre o que os jogadores falam à imprensa?
Só que não!
Quem autorizou esta entrevista? Qual a estrutura que mantém ou quer manter um jogador triste e contrariado? Qual o clube que não tem capacidade de contratar um jogador que andou quatro meses a negociar e que viu rejeitadas , pelo menos quatro propostas?
Disto nada se diz, nada se comenta, nada se fala!"
Sobrevivente...
A incrível história de sobrevivência de Karem Akturkoglu pic.twitter.com/vg0fPjMtC4
— O Fura-Redes (@OFuraRedes) September 5, 2024
Mensageiro!
O engraçado do "confronto" de ontem foi o momento em que o Diogo Luís diz que não vai com recados de ninguém e depois diz para falar com o Farinha que ele é que sabe. 😏 pic.twitter.com/xyrig28CTi
— Alberto Mota (@lbrtmt1904_mota) September 5, 2024
Projeção...
Este tem um grave problema mental.
— VZKY (@vermelhovzky) September 5, 2024
Ele e todos os lagartos que se calaram com aquele penálti escabroso em Faro e agora se estão a queixar. https://t.co/EQCF7kz5Jf pic.twitter.com/qEnCpRodZH
Grandes negociadores!
Tivessem aceitado os 40 milhões que os árabes ofereceram e era mais tranquilo. Quiseram ser chicos espertos e agora "vão à Fifa". https://t.co/vJehN5DvUz
— VZKY (@vermelhovzky) September 5, 2024
Culpado!
Querem ver a culpa é do Domingos Soares Oliveira? pic.twitter.com/1HroyVPAbJ
— Alberto Mota (@lbrtmt1904_mota) September 5, 2024
Só Bruno Lage sabe em que Benfica se vai meter
"Uma série de decisões incompreensíveis da direção de Rui Costa levou a um cenário muito difícil para qualquer treinador, ainda mais um que muito sofreu na Luz e que agora aceita voltar
Bruno Lage merece mais, porém, ao mesmo tempo, sabe melhor do que ninguém onde se vai meter.
Um clube da grandeza histórica do Benfica não pode nunca navegar à vista.
Rui Costa não pode, primeiro, apostar num treinador, já queimado na relação com os adeptos e que deixou sozinho a arcar com toda a responsabilidade pelos fracassos anteriores, com a premissa de que, com outro tipo de jogadores, este conseguiria reproduzir um primeiro ano de sucesso e, depois, ir-lhe retirando sucessivamente opções que sustentariam esse objetivo: Neves, depois Neres e Morato e, por fim, João Mário.
A saída de um dos capitães, magoado com as bancadas, e que também desfalcou Schmidt na reta final, é mais um sinal gritante da fragilidade da liderança de Rui Costa, que aceitou que fossem os adeptos a empurrar um jogador importante para qualquer treinador, sobretudo num contexto de maior estabilidade do processo coletivo, para uma transferência. Como se permite no Benfica esta gestão de fora para dentro? Mesmo que tenha servido paralelamente para poupar um ordenado elevado, colocando-se mais uma vez o lado mercantilista bem à frente do desportivo.
Entretanto, Marcos Leonardo também saiu. Um bom negócio, nove meses depois, contudo novo indício de como o clube tem sido gerido. Basta irmos pela mudança de discurso. Aquele «é um jogador para agora e para o futuro» basta para a análise.
Quanta desta instabilidade não invadiu o relvado?
Quantas vezes Roger Schmidt não terá sido obrigado a explicar aos atletas o que estava a acontecer e garantido que nenhum deles seria o próximo? Provavelmente, sem o saber.
Não terá também contribuído para a instabilidade emocional do próprio treinador no momento das decisões? Ainda que haja mais do que a simples falta de um ou outro jogador que justifique tão fraca produção ofensiva da equipa.
Tapete puxado a Schmidt
Depois de ter tirado o tapete de debaixo dos pés de Roger Schmidt, Rui Costa não pode despedi-lo sobretudo a três dias do fim do mercado.
Ainda mais sem ter um substituto na sala ao lado já a assinar contrato e disposto a passar as madrugadas seguintes na companhia da estrutura do futebol à procura de soluções no mercado de transferências, com todos os condicionalismos já inevitáveis.
Aterrou então Akturkoglu para assinar contrato ainda no aeroporto e colmatar a saída de Neres, já não a tempo de ser aproveitada pelo demitido, mas na fé de que encaixará nas ideias do próximo.
É preciso então um treinador universal, ou que se aproxime do antecessor, que pegue no que há e crie dinâmicas e coloque a equipa, já com cinco pontos de atraso, a vencer todos os jogos e assim se evite mais uma Liga perdida na Luz.
Entretanto, o mercado trouxe duas contratações planeadas – Pavlidis e Beste – e cinco negócios de oportunidade, não colocando obviamente em causa a sua qualidade: Leandro Barreiro estava em final de contrato com o Mainz; Renato Sanches não contava para Luis Enrique no PSG, tal como Issa Kaboré para Guardiola no Manchester City; o Burnley de Amdouni tinha descido de divisão e o avançado estava descontente, e Akturkoglu estava a preço de saldo porque era preciso pagar, no Galatasaray, a chegada de Osimhen.
Trubin, por sua vez, ficou sem concorrente.
Sobreviver ao treinador
São outros tempos, mas o mítico Brian Clough dizia, com alguma lógica, que nenhum presidente deveria sobreviver ao treinador que contratou. Não querendo dizer com isto que Rui Costa deva cair, há demasiada responsabilidade da sua parte para que não seja assumida publicamente.
Nesta altura, as opções para um novo treinador não abundam. Quem se sujeita a não poder colocar o plantel um pouco à sua imagem? Só quem tem pouco a perder.
Tendo em conta a pública necessidade de fazer dinheiro – 100 milhões, mais coisa menos coisa, foi o saldo positivo no mercado, mesmo que conte apenas para um exercício que só fecha em junho de 2025 –, um vencimento baixo também é importante, face às aparentes necessidades de tesouraria.
A sombra sobre Lage
Bruno Lage é então o escolhido.
Não tenho dúvidas de que, apesar de já ter saído há alguns anos e os processos poderem estar diferentes, é alguém que conhece todos os cantos e a cultura da casa.
Também, obviamente, nele se vislumbra capacidade para cenários complicados, como aconteceu no ano do título e até na primeira época no Wolverhampton, que teve de reinventar depois de anos sob a ideia mais pragmática de Nuno Espírito Santo. No Botafogo, não correu bem, mas os sucessores também falharam, fosse ou não a jogar o feijão com arroz que os jogadores pretendiam.
Não acredito ainda no grito como solução, mas sim na ideia certa para os jogadores certos, com o discurso mais apropriado. Bruno Lage sempre trabalhou as suas equipas e, no futebol, tudo parece possível.
No entanto, há um sombra muito carregada sobre o técnico português. A do segundo ano na Luz.
Ainda hoje ninguém conseguiu explicar verdadeiramente o que se passou e Lage já esclareceu que o problema não foram os jogadores. Então, o que foi, mesmo com a pandemia pelo meio? Como se explica que uma equipa que não estava a jogar bem, todavia ganhava e levava uma boa vantagem se deixa entrar numa espiral em que só vence 2 jogos em 12? E ao primeiro pior resultado a imagem vai reaparecer.
É um Bruno Lage demasiado só aquele que cai no Funchal, a 29 de junho de 2020. O mesmo tinha acontecido com Rui Vitória, tal como, mais tarde, Jorge Jesus, aqui já com Rui Costa como presidente e não apenas vice. E agora com Schmidt.
Pela forma como os dirigentes o trataram da primeira vez, Lage merecia mais. E parece incrível que, depois de tudo o que aconteceu, a si, a antecessores e sucessores, e diante dos mesmos protagonistas, aceite o desafio. Mas, na realidade, poucos sabem melhor realmente naquilo em que se vão meter."
Uma nova era pós Roger Schmidt
"A saída de Roger Schmidt era inevitável, já o era no final da época passada, mantê-lo foi apenas adiar o inadiável e prolongar ainda mais a crise no Benfica. Apesar de uma pré-época que correu bem e com a chegada de Pavlidis que parecia encher os olhos e a esperança dos adeptos, o início do campeonato não foi bom e, desde o primeiro jogo, a insatisfação e revolta dos adeptos eram evidentes e, desta feita, não só em relação a Roger Schmidt, mas também com o apontar de dedos e responsabilidades a Rui Costa. A vontade manifestada por atletas em sair do clube é reveladora do mau-estar no plantel; os adeptos ficaram cada vez mais intolerantes e sedentos de mudança, pelo que Rui Costa poderá não ser perdoado por outro erro.
O momento exigia uma escolha cuidada, e as teorias da liderança dizem-nos que, em momentos de crise, poderemos precisar de líderes autocráticos ou carismáticos. Rui Costa precisa de um técnico que reúna em si os dois. Precisa urgentemente de reformular o jogo da equipa, de ganhar e, para isso, precisa de um líder que, sem medos e sem receios, tome decisões, que tenha boas ideias de jogo, mas que acima de tudo as aplique sem hesitar, pois não tem muito tempo a perder. Mas também precisa de um líder carismático. Este líder deverá ter competências para inspirar e envolver jogadores, mas também adeptos, através de uma personalidade magnética e comunicação poderosa.
Sérgio Conceição reunia em si estes dois atributos. É, sem dúvida, autocrático e a sua paixão e garra no desporto aproximam os adeptos e os atletas. Mas, muito provavelmente, a tolerância com qualquer falha do treinador também seria muito baixa, sobretudo pela sua ligação ao FC Porto, e rapidamente as responsabilidades seriam imputadas a Rui Costa. A sua não escolha é uma decisão que evita o risco.
Bruno Lage, claramente, não tem o carisma que seria desejado para o momento, não é um virar de página, mas sim um recuar na página. Basta recordar que saiu numa situação muito semelhante; além disso, desde a sua saída, ainda não se conseguiu impor totalmente em nenhum outro campeonato. Parece uma escolha que fica aquém da ousadia que o momento exigia. Com certeza não é a mudança que os adeptos esperavam, não é uma novidade sem história. Pelo contrário, é um treinador bem conhecido da massa adepta e que já não reunia consenso anteriormente, nem dentro nem fora de campo. Para Rui Costa, esta poderá ser a decisão chave, não só para a época do Benfica, mas poderá também ditar a sua continuidade ou não à frente dos destinos do clube."
Bruno Lage, o que dizer?...
"O que o Benfica necessitaria é de uma estrutura do futebol. Uma, não se diz boa ou ótima, porque não conhece existência. Um treinador que fosse também 'manager', que liderasse as tropas e que comunicasse bem para o exterior. E o que Bruno Lage não parece que seja
Bruno Lage é o novo treinador do Benfica. Um regresso. Mas de todos os nomes que foram desfilando como prováveis sucessores de Roger Schmidt, o do técnico de 48 anos em segunda passagem pelo comando da equipa principal de futebol do clube da Luz é o que menos entusiasma os benfiquistas.
Não se perceba que os adeptos encarnados não gostam de Lage, apenas não os empolga, talvez por motivar-lhes sentimento misto, agridoce, por ser conotado com o sucesso e com o fracasso. Contrabalança, portanto. Por um lado, para as águias é doce memória de uma Liga ganha após reviravolta épica de sete pontos, por outro, recordação amarga de fim de ciclo desastroso e até imagem desgastada.
De qualquer modo, afigurou-se como a melhor escolha possível pelo Benfica. Disponível, conhecedor do clube, seu simpatizante (que é sempre elemento não despiciente no perfil do treinador português num grande, embora haja exemplos cabais que o desmentem), valorizador dos recursos da formação e já campeão na casa. Parece-nos que é tudo (e não é pouco).
Contudo, no mundo ideal, o que o Benfica necessitaria é de uma estrutura do futebol. Uma, não se diz boa ou ótima, porque não conhece existência. Uma personalidade que, mesmo sem necessidade de rosto ou voz públicos, comandasse para dentro. Essa figura de Rui Costa presidente-manager já se percebeu que não resulta, por falta de perfil. Por isso, treinador que fosse também manager, que liderasse as tropas e que comunicasse bem para o exterior, é o que o Benfica mais precisa. E o que Bruno Lage não parece que seja."
Rui Costa fica nas mãos de Bruno Lage
"Presidente sabe que o Benfica tem de ganhar. Até porque há eleições no próximo ano e a oposição não pára de movimentar-se…
Bruno Lage foi o eleito por Rui Costa, como era previsível. O presidente do Benfica, contra a vontade da maioria dos adeptos e também de uma franja dos dirigentes encarnados, acreditou que a solução poderia ainda passar por Roger Schmidt e enganou-se. Os indicadores estavam lá todos, depois de uma época dececionante, na qual nem a conquista da Supertaça amenizou. O alemão nunca percebeu a dimensão do clube. O Benfica é muito grande e tem adeptos muito exigentes. Querem vitórias e títulos. Todos os anos. E não lhes basta vencer, a equipa tem também de convencer.
Roger Schmidt nunca entendeu isso. Foi sempre um treinador frio e distante. No campo e na comunicação. Inconcebível como em mais de dois anos nunca pronunciou uma palavra em português. Nem um bom dia ou um obrigado. E as explicações depois de muitas exibições bem cinzentas simplesmente incompreensíveis. Foram inúmeros os jogos que só o alemão viu. Pelo menos, de que só ele gostou. Assim começou por perder os adeptos e depois, acredito, também o grupo.
Não digo que Rui Costa tenha sido o último a percebê-lo, pois é ao presidente a quem cabe tomar as decisões. E despedir um treinador acarreta milhões. No caso de Schmidt muitos… milhões. Rui Costa quis manter o projeto desportivo e aguentou-o até onde pôde. Difícil é entender que depois de uma derrota em Famalicão e um empate em Moreira de Cónegos na época transata tenha decidido manter o treinador e agora, decorridas apenas quatro jornadas, tenha-o despedido depois de uma derrota em Famalicão e um empate em Moreira de Cónegos!
Com esta hesitação, o Benfica perdeu todo o defeso e deixou fechar o mercado. Tudo fica, obviamente, mais complicado, o que ajuda a explicar a opção por Bruno Lage. Rui Costa ficou sem tempo, pois sabe que tem de ganhar. Até porque há eleições no próximo ano e a oposição não pára de movimentar-se…
Nem todos os treinadores aceitam um projeto com a época em andamento, mesmo que o banco seja o do Benfica. Mais: sou daqueles que considero que o campeonato português não é tão desequilibrado quanto muitos querem fazer crer. Há cá muitos treinadores muito bem qualificados e que têm o dom de fazer muito com pouco. Por isso são cada vez mais requisitados. Quero com isto dizer que seria um risco tremendo para o Benfica apostar nesta conjuntura num estrangeiro.
Considero boa a aposta em Bruno Lage, mas não deixa de ser um risco. O treinador conhece o clube como poucos e a favor tem o facto de ter assumido o comando técnico dos encarnados com a época 2018/2019 em andamento, substituindo Rui Vitória e a sete pontos do FC Porto, e tê-la terminado como campeão. Contudo, na temporada seguinte foi ele a perder sete pontos de vantagem para os dragões e o título. Os insucessos no Wolverhampton e Botafogo também não o ajudaram a recompor-se.
Tem agora mais uma e bela oportunidade. E sabe que tem de ganhar. Sabe-o ele e sabe Rui Costa, que fica agora nas mãos de Bruno Lage.
Que a escolha não tenha sido uma fezada, como pareceu a continuidade de Schmidt. Os indicadores são bons, até pela contratação de Akturkoglu. Um extremo fechado à última hora. Só pode ter sido para encaixar na ideia de jogo de… Lage."
Rui Costa, 1-Adeptos, 1
"O presidente do Benfica pode refletir sobre o que disse Arnold H. Glasow: «Um dos testes à liderança é a capacidade de reconhecer um problema antes que se torne numa emergência.»
Rui Costa bem que poderia refletir sobre um dos conceitos de liderança de Janet Yellen, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos. «Na liderança é preciso que confiem em si. Para o conseguir tem de explicar muito bem o que está a fazer e o porquê». Uma visão que aponta ao sentido de eficácia da liderança, naquilo que eu chamaria um triângulo virtuoso: uma coisa é ter razão, outra é as pessoas perceberem e aceitarem que se tem razão; outra ainda é retirar benefícios dessa razão.
Rui Costa tinha razão quando apostou em Roger Schmidt, mesmo com muitos notáveis benfiquistas a criticarem a escolha. Teve por melhor reação dos adeptos «se o presidente escolheu é porque deve ter valor». A escolha foi justificada, o caminho apontado, os recursos humanos bem geridos e o sucesso desportivo imediato tornou-se no terceiro pilar da razão. Rui Costa, 1-Adeptos, 0.
Dois anos depois tudo mudou. Rui Costa demorou quatro meses a decidir o que os benfiquistas, alguns até dentro da própria direção, tinham por óbvio: o ciclo de Roger Schmidt tinha chegado ao fim. A história demonstra-o: são escassas as probabilidades de sucesso de um treinador que transita de época com o grau de fragilidade e animosidade com que Schmidt terminou a temporada. Faltou-lhe ter lido o empresário norte-americano Arnold H. Glasow: «Um dos testes à liderança é a capacidade de reconhecer um problema antes que se torne numa emergência.» Rui Costa, 1-Adeptos, 1.
O desempate vai assentar na escolha do sucessor. Bruno Lage? Está longe de ser um nome consensual, também ele contestado por ter desperdiçado sete pontos de avanço para o FC Porto numa segunda volta de campeonato inenarrável, sem direito a desempate depois da reviravolta épica da época anterior em que recuperou os mesmos sete pontos de atraso para o FC Porto. Rui Costa sabe que esta é uma decisão crucial a um ano das eleições. O meu respeito por ele e por todos quantos decidem sabendo do impacto no próprio futuro.
Creio que a percentagem de decisões certas não está sequer no top-10 das qualidades que as pessoas reconhecem como fundamentais num líder. Coerência, justiça, visão, falar verdade, capacidade de mobilização ou coragem estão à frente. Faça-se uma comparação entre Rúben Amorim e Roger Schmidt: ambos tiverem um impacto tremendo e foram campeões na primeira época (completa no caso de Amorim). Ambos ficaram em 2.º lugar na segunda época. Ambos tinham cinco pontos perdidos à quarta jornada na terceira época. Schmidt foi despedido, Amorim nem sequer foi questionado e acabou a época sob o signo do fracasso. Mas voltou a ser campeão. Será Rui Costa menos paciente que Varandas? Serão os adeptos do Sporting mais benevolentes? Não creio. A diferença esteve na perceção clara do que é ser-se líder. Uma coisa é estar errado, outra é estar perdido. Para quem provou conhecer o caminho, um erro é um desvio que tem correção; para quem está perdido, qualquer estrada leva a lado nenhum.
PS. Hoje celebro os 78 anos do nascimento de Freddie Mercury, o mais genial intérprete e compositor que conheci. Líder da banda que marcou a minha vida: Queen. Imagino Schmidt a ouvir The Show Must Go on; Rúben Amorim a entoar Dont Stop Me Now; Vítor Bruno a gritar I Want to Break Free. Para quem generosamente me lê e incentiva dedico Friends Will Be Friends."
The Sunshine Showdown – a batalha dos invencíveis!
"A brutalidade incontida de George Foreman arrancou o título ao desgraçado Frazier.
Primeiro um freeze-frame: 22 de janeiro de 1973, National Stadium, Kingston, Jamaica, um minuto e trinta e cinco segundos do segundo round – Frazier vai ao chão e fica tão espantado como o velho Rocky Racoon, lembram-se?
«Rocky burst in, and grinning a grin
He said, ‘Danny boy, this is a showdown’
But Daniel was hot, he drew first and shot
And Rocky collapsed in the corner…».
Colapsado, é esse o termo. Smokin’ Joe, o imbatível, vinte e nove vitórias e zero derrotas como boxeur profissional de pesos pesados, vinte e cinco delas por KO. À sua frente, Big George, George Foreman, outro invencível, trinta e sete a zero, trinta e quatro por KO. Escrevo por extenso: eram homens por extenso. Joe era o campeão do mundo; George o candidato. Todos davam o favoritismo ao homem de Beaufort, Carolina do Sul. 3 contra 1 nas apostas. Ganhara os últimos dez combates pelo título. O gigante que sabia desferir uppercuts assassinos. E, apesar disso, naquele momento encontrava-se no chão e, na sua frente, uma massa de carne e músculos com um metro e noventa e três de altura erguia-se assustadora como uma vaga.
Angelo Dundee, nascido Angelo Mirena, treinador de Muhammad Ali, de Sugar Ray Leonard, de Sean Mannion, de José Nápoles, de George Scott, de Jimmy Ellis, de Willie Pastrano, estava no canto de Foreman. O seu grito ouviu-se por toda a cidade de Kingston, das Palisadoes a Saint Andrew, a cidade que fizera questão de receber o que ficou para a história como The Sunshine Showdown: «Down goes Frazier! Down goes Frazier! Down goes Frazier!». Não, não era normal Frazier olhar alguém de baixo para cima. Mas até no início do combate tivera de o fazer. Afinal não ia para além do metro e oitenta. Ah! E fora massacrado durante todo o primeiro round pela brutalidade demolidora de Foreman, cinco anos mais jovem do que ele, ansioso por trepar até ao topo da hierarquia dos pesados. O tapete tornara-se familiar para Smokin’ Joe: aterrara cinco vezes à custa dos golpes do adversário e vivera um inferno indescritível. Talvez pedisse a Deus para pôr um ponto final a tamanho massacre. Ou talvez tivesse deixado de acreditar em Deus ao ver-se tão surpreendentemente desprotegido. Por mais que erguesse os braços em frente da cara, os murros de Foreman caíam sobre ele como marteladas. Não havia bigorna que os aguentasse. Howard William Cosell, o radialista da ABC, repetia aos microfones a frase de Dundee a meias com o seu sotaque inconfundível dos Estados do sul: «Down goes Frey-sha! Down goes Frey-sha! Down goes Frey-sha!». O mundo inteiro ouvia uma frase nunca gritada até então. Arthur Mercante Sr., o árbitro, já começara a contar. Yancey Durham, o treinador de Joe arrepelava os cabelos e urgia o seu homem a reerguer-se. Mas como? A sexta queda de Frazier não tinha volta a dar.
Pouco mais de quatro anos antes, os Beatles tinham cantado o fim de Rocky:
«Now, the doctor came in, stinking of gin
And proceeded to lie on the table
He said, ‘Rocky, you met your match’».
Seis-sete-oito… Dundee ergueu os braços enquanto o impassível Foreman se afastava do destroço que restava de Frazier. O pôr-do-sol ainda estava longe. Sunshine Showdown ficava bem como cenário de espetáculo e servira para vender bilhetes, se preciso era vender bilhetes para um espetáculo que todos queriam ver. Nove… dez. O segundo round não passara de uma formalidade. Uma formalidade selvagem sob o calor opressivo das Caraíbas. O golpe de George fora tão devastador que a cabeça de Frazier foi atirada para trás juntamente com os ombros, o joelho esquerdo dobrara-se e a queda fora, mais uma vez, inevitável e atroz. Uma névoa tomou conta dos olhos da fera ferida e uma espécie de lamento misturado com um rugido soltou-se-lhe dos lábios ensanguentados. O vencedor teve o seu derradeiro ato de nobreza e recusou-se a assistir à aniquilação do seu opositor. Observou-o pelo canto do olho enquanto virava as costas e voltava para o seu canto. Smokin’ Joe só desejava poder murmurar como Rocky Raccoon:
«Doc, it’s only a scratch
And I’ll be better, I’ll be better,
Doc, as soon as I am able…».
Mas não pôde."
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