Últimas indefectivações

sexta-feira, 21 de junho de 2019

A regra e a excepção

"É verdade que, há uns anos atrás, o Benfica não soube ou não pôde segurar algumas das suas jóias da formação. Bernardo e Cancelo, por exemplo, poderiam e deveriam ter permanecido mais algum tempo no clube, mas, fruto de circunstâncias que agora não interessa dissecar, acabaram vendidos por valores abaixo daquela que é hoje a sua cotação.
Desde então tudo mudou. Na época da 'Reconquista' foi frequente ver na equipa quatro, cinco ou mesmo seis elementos oriundos da fábrica do Seixal. Ferro, Rúben, Florentino e Félix acabaram titulares absolutos, Gedson também o foi durante parte significativa da temporada, Yuri r Jota tiveram aparições esporádicas, mas fizeram parte do grupo, nomes dos quais poderíamos acrescentar o guarda-redes Zlobin, e ainda André Almeida - que chegou ao Benfica para a equipa B, afinal de contas o último escalão formativo. Ora isto era absolutamente impensável há apenas cinco anos.
A ideia, já reiteradamente veiculada pelo nosso presidente, é manter quase todos estes elementos, e até acrescentar um outro. Mas não podemos exigir ao clube que segure aquele que é um caso absolutamente excepcional: João Félix.
Nem o Benfica, nem qualquer outro clube português, pode manter alguém a quem acenam com um salário na ordem dos seis milhões limpos por ano. E que pode valer um preço acima dos três dígitos. O jogador, a família e o empresário têm vontade, o destino chama, e o clube precisa. Sejamos realistas. João Félix vai sair do Benfica, vai deixar saudades, mas também muito dinheiro. E um dia talvez volte, para terminar a carreira, já com uma Bola de Ouro na bagagem."

Luís Fialho, in O Benfica

Mais títulos

"O último fim-de-semana foi glorioso para o Sport Lisboa e Benfica. Quatro equipas nossas brilharam ao mais alto nível, com conquistas de campeonatos nacionais.
Começo pelos feitos da formação. O primeiro destaque vai para as Papoilas Saltitantes do Futebol Feminino, que no sábado, batendo o SC Braga, conquistaram o Campeonato de Sub-19. João Videira comandou, de forma competente, as nossas 16 jogadoras. Além do título fica uma certeza - temos o futuro assegurado.
Domingo, foi a vez dos Juvenis A sagrarem-se bicampeões nacionais. Notável o trabalho realizado pelos treinadores Luís Nascimento e Luís Araújo. Mais uma vez, ficamos com outra certeza - o Seixal continua a gerar talento e muitos destes jovens chegarão à equipa A.
Ainda na Formação, um destaque muito especial para a nossa equipa de Sub-14 de basquetebol, que se sagrou campeã. Notável o trabalho de Pedro Umbelina, treinador que cumpriu a 11.ª época ao serviço da nossa formação masculina e feminina.
Finalmente, a reconquista do Futsal. Aconteceu de forma natural e meritória. Após ter dominado a fase regular. Joel Rocha preparou muito bem a equipa para os testes finais com o Sporting. Creio que não restarão dúvidas acerca da justiça da conquista do 8.º campeonato.
Um destaque muito especial para o nosso Atletismo e para o jovem Edward Zakayo, que venceu os 5.000 metros, em Marrocos, em mais uma etapa da prestigiada Liga Diamante.
Duas notas finais - a realização, amanhã, sábado, no pavilhão n.º 2 da XXXVI edição da Gimnáguia, e os parabéns à Oliveirense, que se sagrou bicampeã de basquetebol. Na próxima época vamos à reconquista."

Pedro Guerra, in O Benfica

Tempo de aproveitar

"Depois de um ano de trabalho intenso, chegou a hora de colher os frutos. É assim a cada ano desde tempos imemoriais, é assim no desporto com o final das épocas e a preparação das seguintes e é assim, também, na educação dos nossos jovens que vêm avaliados os seus esforços e os progressos de todo o ano lectivo. No projecto 'Para ti Se não faltares!' a avaliação pode garantir passaporte para as muitos desejadas colónias de férias e para o ainda mais desejado estádio da Selecção de Futsal. Para isso, é preciso ter um bom aproveitamento e evolução individual e um estatuto de liderança e respeito de todos os colegas que tornam estes jovens em verdadeiros modelos e líderes de opinião para os outros. Por isso, o que se ganha não são apenas férias e a diversão, mas é sobretudo o estatuto perante os outros e o respeito dos seus pares. Os jovens valorizam fortemente este aspecto e têm razão para isso. Agora, quando o que está em causa é somar a todos estes resultados a qualidade desportiva individual como jogador, a coisa vai ao rubro e os jovens entram numa elite muito apreciada e de grande prestígio por entre as centenas de todo o projecto. O momento mágico é a reunião de avaliação colectiva e premiação do projecto, perante colegas, pais e professores, quando a fotografia sai projectada no ecrã e o nome é chamado entre palmas com a frase que poucos ouvem 'estás convocado!'.
E assim se fecha um ano de trabalho e alegrias, com cada um a colher do que semeia e a projectar o futuro fazendo votos para o ano seguinte.
Entre os mais pequenos, 20.000 deles para ser mais exacto, a aprendizagem dos valores e as brincadeiras sérias do KidFun marcaram o primeiro contacto com a Fundação Benfica e aguçaram o apetite para o que aí vem. O sentimento geral é de promoção e expectativa porque Setembro já espreita e esse fim de Verão traz consigo a entrada na escola dos mais velhos. Para todos os jovens, destes de doutros projectos da Fundação, é tempo de olhar para trás e apreciar a obra feita. É tempo de gozar os resultados e por de lado o trabalho e as madrugadas sonolentas. É tempo de aproveitar e de antecipar o gosto das novas conquistas.
Exactamente como no Benfica!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Ficamos com Luís Filipe Vieira

"Somos grandes e somos gratos. Mas, relativamente ao impressivo negócio da semana, com toda a franqueza, eu não sei onde - do estrito ponto de vista do nosso Benfica - estará, de facto, a maior virtude: se, na cabeça e nos pés do jovem jogador (e da sua família); se, na carteira (e nos planos) do clube comprador; ou se, no virtuosismo de gestão desportiva do nosso Presidente. E - embora tendo nós muitas outras históricas razões para nos gabarmos... - ou muito em engano, ou creio bem que, mais uma vez, os méritos voltam a residir todos (mas todos, mesmo!) no portefólio das soluções que Luís Filipe Vieira soube criar para melhor defender e gerir o Benfica do futuro.
Claro que agora, aí temos já no passeio público, para deliciado regalo da nação benfiquista, a vergonhosa procissão dos humilhados que costuma sair, pungente, dos adros das televisões, das rádios e dos jornais para percorrer as ruas da amargura antes de se encontrar na praça das misérias ético-moralistas, com o coro dos despeitados e com a orquestra dos invejosos, para mais uma disfonia daquelas... à maneira, sempre que é a vez em que o Benfica ganhe!
O Benfica voltou a ganhar. Inquestionavelmente. Ganhou em vários tabuleiros. E é justamente por se verificar que estas circunstâncias em que o Benfica vai ganhar se estão a tornar mais reiteradas e frequentes, que elas se revelam também progressivamente, mais insuportáveis para esses humilhados, despeitados e invejosos.
No que diz respeito à espectacular transferência que se anuncia em grandes parangonas por todo o lado, pelos vistos, o clube espanhol terá decidido arriscar (de resto, tão corajosamente como o próprio jogador e os seus representantes...), o Benfica ganha inquestionavelmente, acima e abaixo e à direita e à esquerda, por cinco ordens de razões:
a) mantém com absoluto rigor os termos contratuais, quanto ao valor de uma cláusula de rescisão tida por inatingível;
b) assegurá o recebimento da quarta ou quinta mais elevada quantia de uma transferência, em toda a história do futebol;
c) confirma de modo drástico a credibilização do seu campus de formação de jogadores;
d) eleva severamente o patamar de valor mercado genérico atribuível aos seus activos;
e) pôde propor um novo protagonista português com dimensão universal, para o futebol do séc. XXI.
Agora, não faltarão - fora e dentro do nosso Clube - aqueles incrédulos de há poucos dias, a terem de engolir os pessimismos que vomitavam: mas não deixarão de ser também eles, os primeiros a pretender iludir a visão que Luís Filipe Vieira demonstrou, com um formidável golpe de asa em 5 de Novembro do ano passado, ao anunciar a renovação das condições contratuais do jogador, dobrando-lhe a cláusula de rescisão, de sessenta para os tais impensáveis centro e vinte milhões de euros.
O que impressiona é que Luís Filipe Vieira toma a decisão quando, nessa altura, o mais jovem atleta do plantel, à nona jornada da Liga, levava apenas centro e cinquenta e seis minutos corridos e dois golos marcados, em duas partidas como titular da equipa.
João Félix agora vai sair, não é? Pois, mas felizmente podemos afirmar que, afinal, o Benfica fica ainda mais consolidado: nós ficamos com Luís Filipe Vieira."

José Nuno Martins, in O Benfica

Félix

"Acho exactamente o contrário do que parece ser a opinião da maioria; creio que João Félix fez boa opção ao optar pelo Atl. Madrid

Dos mil milhões de euros que o Benfica encaixou com transferências de jogadores desde que Luís Filipe Vieira é presidente, quantos milhões ficaram a dever-se a Jorge Mendes? Muito mais de metade, aposto, e nem preciso de fazer muitas contas porque não corro grande risco de errar. A coisa, porém, atingiu agora a linha do «absolutamente impressionante!».
Conseguir levar o Atlético de Madrid a pagar 120 milhões de euros por João Félix é algo só ao alcance de um agente como é Jorge Mendes, que nos últimos 20 anos construiu uma das posições de maior relevo no universo do futebol mundial. Difícil não é transferir. Cristiano Ronaldo ou Neymar, Hazard ou Pogba; difícil não é levar o Barcelona ou o Real Madrid ou o Liverpool ou o Chelsea a gastarem 120 milhões numa estrela internacional; difícil é levar o Atlético de Madrid a pagar 120 milhões por um jovem como João Félix, muito talentoso, sim, mas de apenas 19 anos e que nem chegou a jogar meia dúzia de meses na equipa principal do Benfica.
Com Jorge Mendes o encaixe financeiro do Benfica, sobretudo nos últimos 10 anos, já era verdadeiramente excepcional. Com estes 120 milhões (que nenhum clube português alguma vez pensou facturar com um jogador) o trabalho de Mendes com o Benfica (já para não falar do que fez no passado com FC Porto ou Sporting( torna-se imperial.
Façam-lhe, na Luz, uma estátua!

Félix torna-se, também assim, um caso praticamente único no mundo do futebol - um jovem que fica a valer 120 milhões sem que o mundo do futebol ainda saiba quem ele é!
Sem querer entrar pelas sempre perigosas (e tantas vezes mal interpretadas) comparações, a verdade é que sucedeu, porém, mais ou menos com Cristiano Ronaldo, transferido do Sporting para o Man. United com apenas 18 anos e muito talento mas ainda quase sem nada que a Europa tivesse visto.
Em 2003 os dirigentes do Old Trafford arriscaram 17 milhões de euros (muitos milhões na altura) num jovem com 31 jogos na equipa principal do Sporting e apenas meia dúzia de presenças em selecções jovens. E ele, depois, fez o que fez!
O Atlético de Madrid está, é verdade, a arriscar quase 8 vezes mais, mas também muitos anos depois, num jovem com 33 jogos na equipa principal do Benfica e que apenas teve ainda oportunidade de sentir o que é vestir a camisola da Selecção.
É um negócio assombroso?
Claro que é. Sobretudo porque mantém a ideia de que o chamado mercado do futebol está absolutamente louco e incontrolável, capaz, no entanto, de vir a contribuir bastante para dar cabo de negócio do futebol quando este tipo de valores - não vai demorar muito tempo - começaram a ser impraticáveis e clubes hoje detidos por milionários, empresas, fundações, países ou coisa que o valha, derraparem perigosamente a caminho do colapso.
Quanto até um guarda-redes ainda praticamente desconhecido como Kepa Arrizabalada custou, aos 24 anos, 80 milhões de euros ao Chelsea, um dia destes nenhum garoto que dê meia dúzia de toques na bola custará menos de 50 milhões.
Um absurdo, evidentemente!

Mas como o mercado está como está, o que faz uma agente como Mendes? Exerce a sua enorme influência e usa os resultados de um trabalho credível - e, em muitos casos, notável - de promoção do jogador português para cometer a proeza de levar um clube como o Atlético (que ainda por cima nem faz parte dos oito de primeira linha que têm a pressão de ganhar a Liga dos Campeões) a pagar o que ninguém acreditava que fosse possível a pagar nesta altura pelo (muito talentoso) jovem João Félix.
E isso, caro leitor, goste-se ou não, aprecie-se ou não, admire-se ou não, deve reconhecer-se que só está ao alcance de um homem como Jorge Mendes, que já foi capaz - não se esqueçam - de colocar o central Ricardo Carvalho por 30 milhões ou o lateral Paulo Ferreira por 20 milhões, ambos no Chelsea (há 15 anos!!!), ou, 4 anos depois, outro lateral, Bosingwa, também por 20 milhões e também no Chelsea, ou, em 2007, o central Pepe por 30 milhões, no Real Madrid, ou, alguns anos depois, o lateral Danilo por 31,5 ainda no Real, ou o central Mangala por 45 milhões no City, ou, há mais de 10 anos, o médio Anderson no United por 31,5 milhões. Alguns exemplos.

Pode João Félix não ser ainda (e não é) aquela jovem estrela como já era Mbappé quando o PSG pagou o que pagou por ele, ou Neymar, quando o Barcelona pagou o que pagou por ele; mas Félix tem tudo para vir a ser um grandíssimo jogador. E os que mais percebem de futebol melhor compreendem o que ele mostra realmente ter.
Claro que entre o que se mostra e o que se prova e confirma vai sempre uma distância, João Félix tem apenas 19 anos e, na verdade, ainda não fez praticamente caminho que se veja, porque cinco meses muito bons numa Liga como a portuguesa não podem propriamente servir de cartão de visita a ninguém.
Mas Félix tem outro cartão de visita: o talento, a qualidade, o modo como faz coisas que a maioria, pelo menos aos 19 anos, não faz, ou nunca virá mesmo a fazer. Vale esse talento 120 milhões de euros?
Vale o que pagarem por ele neste louco mercado dos ricos em que se está a transformar pelo menos o futebol europeu. Como já aqui escrevi, o valor nunca é feito por quem faz o preço mas por quem paga. E, se há quem pague, então é porque vale.
Não deve, porém, o talento de Félix ser pesado em euros nem a qualidade do jogador deve agora ser questionada porque alguém decidiu pagar por ele o que vai ser pago. Félix deve ser visto e analisado como se veem e analisam todos os jogadores de futebol. E é nesse sentido que deve reconhecer-se haver, realmente, jogadores que não enganam.
Sem querer - sublinho mais uma vez - entrar em comparações, lembro, a propósito, que quando o miúdo Mbappé começou a dar ao Mónaco, pela mão do nosso Leonardo Jardim, os primeiros passos ao mais alto nível, percebeu-se logo e que ali estava. Percebeu Jardim e percebeu quem o viu.
Não é por não sabermos onde vai chegar um jogador (porque nunca ninguém sabe onde vai chegar qualquer que seja o jogador) que devemos diminuir-lhe o potencial. O futebol, no seu sentido negocial, é, e será sempre, um risco. Mas nada disso fez com que não se perceba o que, intrinsecamente, vale ou não vale um jogador. E Félix vale!

João Félix pode, evidentemente, chegar mais ou menos longe, pode vir a ter mais ou menos sucesso, pode ganhar mais ou menos vezes, pode até nem chegar a ser, no futuro, um dos melhores do mundo.
Mas percebe-se já o talento que tem. E tem muito. Pode, como na opinião de Jorge Jesus, vir a estar algures entre um Rui Costa e um Kaká; pode, como referiu o comentador desta casa, André Pipa, dar (mais ou menos) um ar de Johan Cruyff (calma, não se trata de comparar, trata-se de nos fazer recordar um certo estilo!...), pode ainda lembrar-nos aquele memorável e incomparável João Vieira Pinto, que pensava mais depressa do que os outros, que executava mais rápido e melhor, que também parecia nunca estar no sítio (como parece também com João Félix), e depois aparecia la, como um raio (como também parece com João Félix) para dar cabo de cabeça aos adversários.
Está meio mundo a condenar - e outros meio a desconfiar - da opinião de João Félix pelo Atlético de Madrid. Porque o clube não é um dos maiores, porque o treinador está acabado e porque só se preocupa com a defesa e corta a veia dos capazes mais criativos, porque os 120 milhões vão, a ele, João Félix, causar na cabeça mais mossa do que um soco do Mike Tyson, enfim, meio mundo acha que é má opção por todas as razões e mais uma e o outro meio, pelos vistos, desconfia mesmo que o rapaz, alegadamente aconselhado por Jorge Mendes, e alegadamente movido pela ganância dos 6 milhões ao ano, acabará por perceber que deu um tiro ao lado.
Não é por embirração, juro, mas tenho opinião exactamente contrária e creio mesmo (até onde me é possível crer, evidentemente, porque uma opinião é apenas isso, uma opinião) que João Félix fez boa opção. Porque precisa de jogar num 4x4x2, porque Simeone tem suficiente paixão (como tem, por exemplo, Jesus, se é que o leitor compreende) com o melhorar como jogador (Simeone cortou a veia criativa de Griezmann?...), porque no Atl. de Madrid vai começar já por ser titular (e isso é muito importante na aposta que se faz), ainda porque o Atlético de Madrid não vive a pressão de ter de ganhar títulos como vivem Real, Barça, City, United, Bayern e, finalmente, porque estar em Madrid é estar praticamente em casa.
Como sempre, só o tempo revelará a verdade!"

João Bonzinho, in A Bola

PS: Só pérolas... desde da estátua a Mendes na Luz, ao 'desconhecido' Kepa e até à 'não pressão' do Atlético na Champions!!!

O que o mercado está a prenunciar

"Com a janela de verão do mercado de transferências em velocidade de cruzeiro, não há, nem podia haver, grandes novidades em relação aos clubes portugueses. Mesmo o Benfica, desta feita numa posição de maior solidez financeira que lhe permite evitar a necessidade de vender a preços de ocasião, acabará por ver partir os jogadores mais promissores: Félix já tem lugar em Madrid e, ou me engano muito ou os €6 milhões da cláusula de Rúben Dias vão ser insuficientes para mantê-lo na Luz.
E FC Porto e Sporting vão actuar, em circunstâncias menos benévolas.
Os dragões, ainda sob intervenção da UEFA, e em dúvida quanto ao acesso à Champions, viram dois dos seus activos mais valiosos, Brahimi e Herrera, partir a custo zero; e encaixaram 70 milhões pelos internacionais brasileiros Militão e Felipe, estando ainda Soares e Marega na mira de vários clubes. Não será fácil a tarefa de Conceição que, em 2019/2020, tentará fazer mais, com menos do que desejaria.
Já o Sporting, que trabalhará subordinado ao primeiro orçamento da era Varandas, precisa de encontrar quem pague o preço certo pelo seu principal activo, Bruno Fernandes, numa lógica de realizar capital, para apagar outros fogos, ao mesmo tempo que procura no mercado jogadores com a melhore relação qualidade-preço. Percebe-se que Keizer não é treinador de se queixar, mas a nação leonina, no seu todo, deve preparar-se para uma temporada, no futebol e nas modalidades, formatada de acordo com as posses do clube e não segundo os parâmetros megalómanos de quem, há precisamente um ano, ia pagar cinco milhões por Ricardinho..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Na cova do lobo não há ateus

"O provérbio é húngaro, ancestral e citado pelo escritor António Lobo Antunes nas suas últimas entrevistas. «Na cova do lobo não há ateus», diz e significa que, perante uma qualquer aflição, toda a gente recorre à fé. João Félix foi colocado na toca do lobo quando o Atl. Madrid se mostrou disposto a colocar milhões de camiões de dinheiro na sua conta bancária e ainda nas do Benfica. O menino que só para Novembro chega aos 20 anos tinha outras opções e a mais confortável seria ficar na Luz mais uma época já com pré-acordo com um qualquer clube, ou em alternativa, assinar por um emblema com menos pressão, um multimilionário em que pouco se falasse do preço do seu passe - Man. City? - e sem a responsabilidade de substituir directamente a figura da equipa nos últimos anos, no caso Griezamann. Mas quando foi colocado na toca do lobo Félix não hesitou e aceitou o desafio. Por isso, demonstrou que não é ateu. Tem fé, acredita em algo. Mais não seja, tem fé inabalável nas suas qualidades.
Mas o primeiro passo para matar o lobo é enfrentá-lo. E isso já fez. Perante a ameaça, poderia ter fugido. Louve-se a coragem.
Os mais românticos da bola argumentam que João Félix vacilou tanto dinheiro e que poderia ter esperado mais um pouco. Podia ser verdade. podia, mas julgo que não é. Quem aos 13 anos sai de casa para ir viver para o centro de estágio dum grande clube, no caso o FC Porto, quando chega aos 19 tem a cabeça completamente formatada para ter sucesso desportivo e financeiro. O desportivo parece ter tudo para o alcançar; o financeiro já o alcançou. Perante a possibilidade de conseguir a sua independência financeira e dos seus no espaço de cinco anos, quem lhe voltaria as costas? Aqui não há provérbios, só há a vida. E a vida é assim."

Hugo Forte, in A Bola

PS: O Félix nunca viveu no Centro de Estádio dos Corruptos, porque ele simplesmente não existe! Deslocava-se de Viseu ao Porto, para treinar... mas só saiu de casa, quando foi para o Seixal.
Mas pronto, é assim que os jornaleiros desportivos portugueses, gostam de 'informar'!!!

Os méritos do adversário

"Em competição temos adversários, uns do mesmo nível, outros de nível superior ou inferior. Ao longo do tempo, estes patamares vão evoluindo, melhorando nuns casos, regredindo em outros. A nossa prestação está dependente do que conseguimos fazer, mas também do que fazem os adversários. Podemos fazer tudo bem, desde a planificação da época, no processo de treino, até ao momento da decisão. Contudo, pode um nosso adversário fazer melhor. Nós não fizemos mal, eles fizeram melhor. Os factores que definem estas situações também podem ser de difícil controlo, como por exemplo as lesões de elementos fundamentais na prestação da equipa.
O que já não tem nenhuma competente aleatória é reconhecer os méritos que os nossos adversários têm. Perceber que do outro lado existe um adversário com os mesmos objectivos e com igual ou superior qualidade. Perder uma competição para esse adversário não significa que obrigatoriamente tudo esteja mal na nossa equipa. Mas obriga a encontrar soluções para vencermos a próxima. O que não se faz por retirar mérito ao adversário, bem pelo contrário, passa por valorizá-lo para que a nossa próxima vitória seja de maior dimensão.
Com o final da NBA, com a vitória no sexto jogo para os Toronto Raptors, e consequente anel de vencedores, os Golden Stade Warriors, equipa adversária, e favorita para vencer as finais, publicou uma página inteira de publicidade paga, no jornal Toronto Star, uma das principais publicações da cidade dos Raptors,k a felicitá-los pela conquista e por terem levado a vitória para a cidade de Toronto.
Para além da atitude, uma visão fantástica na valorização da competição e da sua própria equipa. Um exemplo para todos nós, em que se percebe que a competição só ganha com competidores de nível superior. No dia seguinte a terem perdido a possibilidade de serem tri-campeões, iniciaram o processo para o futuro, valorizando o adversário."

José Couceiro, in A Bola

O reconhecimento da arte de bem jogar

"Paulo Fonseca. Luís Castro. Ivo Vieira. Três treinadores portugueses cujas ideias aplicadas ao jogo levaram-nos a dar um salto qualitativo nas suas carreiras, num reconhecimento claro da qualidade de jogo apresentada pelas suas equipas. Um reconhecimento que atesta ainda o quão importante é ganhar aliando o desejo de vencer à arte de bem jogar.
Três anos recheados de títulos, recordes internos batidos, jogadores valorizados, elogios de Sarri e Guardiola, por exemplo, tudo isto e muito mais foi alcançado por Paulo Fonseca e pela sua equipa técnica em Donetsk. Mas mais importante do que isso foi o cunho pessoal que conseguiram dar a uma equipa que durante mais de uma década esteve às ordens de Mircea Lucescu, mítico treinador romeno, cujo estilo de jogo em nada se assemelha àquilo que viriam a ser os anos de reinado de Paulo Fonseca.
Essa terá sido, na minha opinião, a maior vitória do antigo treinador bracarense. Chegar, ver, vencer e convencer com um jogo tão atractivo, tão dominante, tão eminentemente ofensivo não está ao alcance de todos e a verdade é que ninguém ficou indiferente a uma caminhada que até nem começou bem (derrota na Supertaça e eliminação no play-off da Liga dos Campeões). De tal modo que, ao fim de três épocas, a Roma decidiu apostar, e bem, num treinador que desde o Pinhalnovense vem desenvolvendo um trabalho notável, com equipas que valorizam o espectáculo e que procuram vencer através dessa mesma valorização.
Se os títulos são, por norma, o reflexo maior da qualidade de trabalho de um treinador e o factor mais importante para quem contrata, não espanta que Paulo Fonseca tenha ido para a capital romana...
Mas Luís Castro não venceu qualquer título em Guimarães. Nem em Chaves. Nem em Vila do Conde. Porque terá sido então o eleito para suceder a Paulo Fonseca? A resposta é simples. Pelo menos para mim. Para além do trabalho de excelência ao serviço do FC Porto B, Luís Castro mostrou no Rio Ave, no Desportivo de Chaves e no Vitória Sport Clube o porquê de ser um dos melhores treinadores da nossa praça.
Futebol apoiado, ofensivo, atractivo, sempre em busca da baliza do adversário, sempre em busca da valorização colectiva para a potenciação individual dos seus jogadores, eis o que foi possível constatar nas equipas de Luís Castro nas três últimas temporadas. Sem títulos, é um facto, mas com razões mais do que suficientes para que acredite no seu sucesso em terras ucranianas e no elevar do seu nome e do seu trabalho por essa Europa fora.
Não vai ser fácil, certamente, mas os treinadores de qualidade tornam fácil aquilo que parece difícil. Tal como fez Ivo Vieira ao serviço do Moreirense na última edição da Liga NOS. Todos concordarão com o facto de a equipa de Moreira de Cónegos ter sido a sensação do campeonato. A vitória por 3-1 em pleno Estádio da Luz, por exemplo, foi uma das maiores provas da qualidade do trabalho desenvolvido pelo treinador madeirense ao serviço de uma equipa que, nos últimos anos, esteve sempre mais próximo do fim da tabela do que dos lugares europeus.
A forma desinibida com que se apresentou nos campos de norte a sul do país levou-o a granjear inúmeros elogios e inúmeros seguidores, tendo Ivo Vieira sido destacado e distinguido em inúmeros artigos redigidos e nos mais diverssos órgãos de Comunicação Social ao longo de 2018/2019. Distinções e elogios mais do que merecidos, que não passaram despercebidos a quem gosta de bom futebol e a quem gosta de ver as suas equipas a jogar bem, como foi o caso do Vitória Sport Clube.
A aposta em Ivo Vieira para suceder a Luís Castro, para além de revelar o rumo que os vitorianos querem percorrer, deixa antever ainda que o futebol português pode estar a caminho de um ponto de viragem na forma como se olha para o jogo e se analisa o trabalho dos treinadores. A ser assim, haveremos de ver mais “promoções” bem sucedidas e novos reconhecimentos da arte de bem jogar."

Precisamos de ser a criança que sonha sem limites

"Quando comecei a fazer judo tinha tantos sonhos - quase todos guiados pela irreverência – e, confesso, alguma ignorância - esta no bom sentido. Digo ignorância porque quando fazemos as coisas com a vontade de um gigante e a inocência de uma criança tudo parece mais simples. Relativizamos todo o processo. Se queremos algo, lutamos, conseguimos. Na nossa cabeça é tudo fácil.
As crianças não perdem tempo a pensar porque é que não podem voar. Querem ser astronautas, ter um avião, presidentes de um país. Pedem as coisas mais ousadas. Não há limites. Nada é impossível no universo fantástico que é o mundo de sonhos de uma criança. Ainda não estão familiarizadas com o conceito difícil e impossível.
Depois tornamo-nos adultos, mais conscientes de todas as dificuldades em chegar ao topo da montanha seja ela qual for. Cada um terá a sua.
Por um lado, sabemos do que somos capazes, temos conhecimento do que é preciso para os atingir - ou devíamos -, por outro lado, muitas vezes, quanto mais conhecimento se tem da dificuldade em atingi-los mais dúvidas surgem, tudo parece demasiado difícil de alcançar e é essa falta de crença que vai adiando o sucesso.
Mas há ainda o outro lado, onde alcançamos o sucesso, atingimos os nossos objectivos, e quanto mais sucesso vamos tendo, mais barreiras vamos construindo. Se, por um lado, o sucesso nos traz mais confiança muitas vezes também nos traz medo de errar, medo de não manter os níveis de sucesso, dos resultados a que nos acostumamos a atingir, damos ouvidos a críticas, damos peso a coisas que não deviam estar no nosso centro de atenção. Isto acontece porque a meio do processo nos distraímos daquilo que realmente importa, que é o empenho e as conquistas diárias, do crescimento pessoal que vamos tendo, de desfrutar das pequenas coisas e ser feliz durante toda a caminhada, do prazer de avançar para 'vencer', porque tudo o resto é uma consequência e o mais importante é chegar ao fim e saber que tudo o que podíamos ter feito, fizemos. Ainda assim, tanto no desporto como na vida, devemos estar preparados para todos os cenários, isto não implica conhecer todos os desfechos, ou todas as coisas que podem acontecer durante o processo, porque na maioria das vezes isso é impossível!
Estarmos preparados significa perceber que aconteça o que acontecer vamos saber lidar com isso. Se vou ter sucesso, e tudo corre como planeado, vou continuar focado e empenhado como sempre, por outro lado, se não for bem sucedido, vou ter uma estratégia mental que me permite não desistir e evitar o sentimento de frustração. Se quando perdermos procurarmos sempre dentro de cada um aquilo que podemos melhorar, controlamos tudo o que está em nosso 'poder'. Se, por outro lado, procurarmos desculpas, nunca vamos evoluir. Claro que existem variáveis externas que podem influenciar o 'resultado final', mas se nos vamos focar nisso antes ou depois da nossa tarefa, não concentramos toda a nossa energia para que a possamos realizar, ou melhorar a partir daí. Estamos a dar à nossa mente uma desculpa para 'falhar', um plano B, vamos dar o Plano A. O de ser bem sucedidos. O de tentar, sem desculpas. Lutar por objectivos é sempre um processo de equilíbrio entre ser uma criança e um adulto. Precisamos das duas coisas.
Precisamos de ser a criança que sonha sem limites e que procura ser feliz sem medos e o adulto que conhece o processo para realizar os sonhos.
Sejamos assim durante toda a nossa vida.
Há um mundo por conquistar."

Santos... no Astra !!!

Cristo... dixit !!!

Benfiquismo (MCCXIII)

Afogados, pelo infortúnio...

Super-Marlene !!!

Bernardo BD