"Quando um banco decide riscar o futebol da lista de clientes de crédito, está a reconhecer dois factos. O primeiro é o de que os clubes pertencem, perdoem-me a expressão, ao mundo dos caloteiros. O segundo é o de que, além de mais, são perigosos: que banco manda executar um clube e corre o risco de reputação junto da sua massa associativa? Nenhum.
É difícil perceber como há bancos que emprestaram tanto dinheiro a clubes que ficariam falidos. Mas assim foi, o que demonstra também incompetência desses bancos. Há muitos casos perdidos, sendo o maior deles o Sporting. Por isso se fala há muito de uma reestruturação da dívida, que é uma forma educada de dizer “perdão”. E por isso Luís Filipe Vieira saiu a terreiro dizendo que se o Sporting tiver perdão de dívida, o Benfica também quer.
Vieira é esperto que nem um alho e, para mais, tem razão: se um clube (ou uma empresa) quebra e é perdoado, então a sua má gestão é compensada, em detrimento de quem geriu sem ajudas. Mas a reclamação de Vieira também trará água no bico: ao Benfica não caía mal uma folga da banca. O clube da Luz, além de ter o maior passivo bancário, tem também sido forçado a reduzi-lo, o que tem feito através de receitas de jogadores vendidos e através de emissão de obrigações (cujo encaixe na prática serve para pagar dívida aos bancos).
O Benfica anda de peito feito mas tem uma dívida atrelada aos pés que tem de gerir com cuidado. Nesse sentido, o investimento na Benfica TV agora reforçado com a inesperada compra de direitos da liga britânica parece ser um passo entre a coragem e a loucura. Porque ou o Benfica tem aliados por ora desconhecidos, ou a guerra aberta à Sport TV pode até ser vencida, mas custará balúrdios antes de gerar lucro. Disso seremos espectadores. Atentos."