Últimas indefectivações

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Também estou um pouco triste

"Se Jorge Jesus conseguir ser campeão com um meio-campo entregue aos intermitentes Pablo Aimar e Carlos Martins e recorrendo à miudagem da equipa B, nesse caso é o melhor treinador do mundo

O Mercado de Verão foi penoso para todos os benfiquistas que não são tesoureiros do clube e que são a maioria. E o mercado ainda não fechou, o que é, provavelmente, uma boa notícia para o tesoureiro do clube e pode vir a ser a continuação das más notícias para os adeptos.
O fabuloso Witsel bateu a cláusula dos 40 milhões. Ficámos sem meio-campo porque Javi Garcia também se foi embora por 20 milhões. Que pena, dizem os benfiquistas com toda a legitimidade. Que maravilha, diz o tesoureiro do clube com toda a legitimidade.
Witsel passou pelo Benfica como um meteoro e deixou-nos um rasto de luz e de poeira de estrelas que, dificilmente, servirá de consolação.
Javi foi um daqueles jogadores (raros) que muitos benfiquistas, tenho a certeza, sempre imaginaram que poderia ficar no clube por uma década, acabando a carreira na Luz com a braçadeira de capitão.
Javi, à despedida, disse que haveria de voltar um dia. Talvez, quem sabe? Mas já não vai ser a mesma coisa.
Saviola também se foi embora. Ao contrário de Javi Garcia e de Witsel, dois jogadores fulcrais, o pequeno argentino não vinha prestando qualquer tipo de contributo prático à equipa desde o tempo em que o Benfica foi campeão.
Há coisa de semanas, ficou-se a saber que o Benfica propôs ao Málaga um negócio que envolveria a troca de Saviola por Eliseu. Passados uns dias ficou-se a saber que Eliseu até poderia seguir caminho para o Benfica mas só depois de o Malága se desembaraçar do play-off de acesso à Liga dos Campeões em que se viu envolvido. O Málaga qualificou-se para a fase de grupos da Liga dos Campeões, Eliseu ficou no Málaga e Saviola para lá foi.
Saviola era, portanto, um expendable no Benfica. Os seus serviços não eram indispensáveis e o argentino poderia receber guia de marcha assim que proporcionasse um bom (ou médio) negócio à casa. É a vida, dirão os economicistas.
De Saviola os benfiquistas guardarão durante muitos anos o se inestimável contributo no último título conquistado, em 2009/2010, assinando com Cardozo uma parceria poderosa que rendeu dezenas de golos. Seguiu-se, sem pré-aviso, um ocaso literal de duas temporadas que não entra na cabeça de ninguém. De um momento para o outro viu-se desfeita a dupla mais concretizadora dos últimos tempos no Benfica. Má sina, é o que parece.
Já há coisa de uma década também foi desfeita num ápice, por razões políticas, outra parceria de sucesso no ataque do Benfica, Pierre Van Hooijdonk e João Tomás, lembram-se?
Eram goleadores qualificados com reportórios diferentes dos de Cardozo e Saviola, mas ainda assim temíveis para as redes dos adversários. Van Hooijdonk e Tomás foram levados na mesma enxurrada que despejou com José Mourinho para fora da Luz por causa das tais questões políticas cujas consequências se viriam a revelar desportivamente fatais para o Benfica.
O desaparecimento de Saviola nas duas últimas temporadas é um mistério para o grande público já que nem o jogador nem o treinador alguma vez sentiram necessidade de se explicar. Aparentemente, o jogador esteve sempre mais do que conformado com a situação. Não protestou, não criticou e apresentava-se ao treino todos os dias. Era o suplente ideal que não levantava ondas, estranho estatuto para um artista do seu quilate.
Não terá, certamente, desaprendido de jogar à bola. Ainda no último jogo do último campeonato, em Setúbal frente ao Vitória, apesar de ter passado a época quase toda n banco ou em casa, teve de ser ele a entrar em campo a escassos minutos do fim para oferecer a Cardozo o golo com que o paraguaio haveria de conquistar à tangente a sua segunda Bola de Prata ao serviço do Benfica. Do mal, o menos.
Mas em 2011/2012, a parceria Saviola-Cardozo rendeu apenas um honroso troféu individual para o paraguaio? Não.
Em 2011/2012, Saviola renderia também ao Benfica o único troféu colectivo da temporada, a Taça da Liga, lembram-se? Com um teimoso empate a vigorar a dez minutos do fim da decisão com o Gil Vicente, foi o pequeno argentino quem saltou do banco aos 81 minutos para marcar aos 83 minutos o golo da vitória. E, feito isto, lá voltou para o seu silencioso ocaso.
Felicidades em Málaga, é o que todos lhe desejamos.

SALVO as devidas distâncias, este Real Madrid de arranque para 2012/2013 tem duas coisas que fazem lembrar o Benfica. A primeira coisa é de índole política e de comunicação.
Em 2011/2012, depois de um início de campeonato com uma série de arbitragens altamente prejudiciais aos seus interesses, o Benfica ameaçou retaliar desistindo de participar na Taça da Liga.
Felizmente arrepiou caminho e a Taça da Liga, de tão desprezada, acabou por ser o único troféu oficial conquistado nesse ano, o que sempre deu muito jeito para aquela contabilidade muito especial de títulos oficiais em disputa histórica e estatística com o FC Porto. Mas não escaparam os benfiquistas de terem de ouvir os seus adversários não lhes dando tréguas com o facto, indesmentível, de o Benfica só ter conquistado um troféu que nem queria disputar.
Na semana passada, o Real Madrid levou vencida a Supertaça espanhola disputada numa final a duas mãos com o arquirrival Barcelona. Antes do primeiro jogo, desdramatizando o duelo, José Mourinho teve o cuidado de classificar o troféu em causa como «o menos importante» da temporada indo ao ponto de afirmar que «preferia perder» a Supertaça se isso fosse garantia de uma vitória na Liga.
Mourinho jogou com palavras cautelosas, é certo. Mas se lhe acontecer só ganhar este ano a Supercopa espanhola não se virá livre da eterna gozação dos aficionados do Barcelona, relembrando aos de Chamartín a conquista solitária do troféu que preferiam perder.
Fábio Coentrão é a segunda coisa do Real Madrid que faz lembrar o Benfica, por absurdo. Tomás Roncero, o director do jornal madrileno As, acusou Fábio Coentrão de ser «uma má influência» para Cristiano Ronaldo e, de seguida, entreteve-se a desfazer as presuntas qualidades futebolísticas do antigo e saudoso jogador do Benfica.
Percebe-se facilmente que o Fábio Coentrão está para os adeptos do Real Madrid como, no ano passado, estava Emerson para os adeptos do Benfica ou como, um dia destes, mais cedo ou mais tarde - e deseja-se que nunca -, pode vir a estar Melgarejo para os adeptos do Benfica, dando-se o caso de se vir a esgotar o tempo de paciência, afecto e generosidade piedosamente concedido ao jovem e talentoso aprendiz paraguaio.
Quanto à acusação de ser Coentrão uma má influência para Ronaldo, só os espanhóis é que podem acreditar numa patetice dessas. Se o Coentrão fosse uma má influência para o Cristiano Ronaldo, a dona Dolores já tinha tratado desse assunto há muito tempo. Oh, se tinha.

DESDE que Pinto da Costa disse que disse a Falcao que o colombiano «ia dar um passo atrás na carreira», não tem feito outra coisa o avançado do Atlético de Madrid.
No Mónaco, na final da Supertaça europeia com o Chlesea, Falcao até exagerou na vontade de emprestar razão ao presidente do FC Porto. E lá deu mais 3 sonoros passos atrás na carreira. Não foram 1, nem 2, foram 3.

HULK também saiu do FC Porto, excelente notícia para o tesoureiro do clube e má notícia para os adeptos do clube. Certamente que à revelia do presidente, para quem o negócio ou se fazia acima dos 50 milhões ou não se fazia, o tesoureiro do clube comunicou à CMVM que o FC Porto encaixou 40 milhões de euros pelos 85% que detinha sobre o passe do jogador e os restantes 15% que eram posse de empresários e de fundos de investimentos por 20 milhões de euros, a fazer fé nos relatos da imprensa.
Serão, certamente, os 15% mais inflacionados de sempre. Mas cada um sabe de si, não é?

SE Jorge Jesus conseguir ser campeão com um meio campo entregue aos intermitentes Pablo Aimar e Carlos Martins e recorrendo à miudagem da equipa B, arrisca-se a ser considerado o melhor treinador do mundo. Carrega Benfica."

Leonor Pinhão, in A Bola

Os Intocáveis

Quando um Sócio Corrupto - Herculano Lima -, com presença assídua no Camarote Corrupto, escreve isto - mesmo que esteja a preparar um castigo 'exemplar' ao Luisão, e isto seja só para distrair!!! -, é sinal que eles se sentem mesmo completamente intocáveis!!! Até dá para 'brincar' !!!

O DESESPERO DOS benfiquinhas

"Adoro o BENFICA, a que gostosamente e há muitos anos chamo o MEU BENFICA. Não posso por isso calar por mais tempo a revolta que vai no meu íntimo.
Em vez de se revoltarem naquilo que o Capital transformou o Futebol, onde impera o dinheiro e tudo se faz a bem dos chamados negócios- dantes, quando começarem os campeonatos já não podia haver mais transferências, depois o Capital exigiu e obteve claro, o mês de Janeiro, para fazer acertos nos "planteis"(mentira, é para que os "grandes" possam melhor lavar o dinheiro e consequentemente roubar os "pequenos")agora já há Países com mais uma semana, e não duvidem qualquer dia serão todos os dias do ano-os benfiquinhas, viram-se aleivosamente contra a DIRECÇÃO e o TREINADOR. Vamos por partes:
1- Contra a Direcção porque dizem que não deviam ter vendido nem o XAVI nem o WITSEL.
Concordo que pessoalmente preferia que não fossem vendidos são os dois melhores centro-campistas em todo o Mundo. Mas foram vendidos. Ponto final. Nem quero lembrar o que foi dito do dinheiro que o BENFICA pagou pelos dois. Do XAVI até disseram que era o refugo do Real Madrid. Do WITSEL que os belgas não sabiam jogar à bola. VERGONHA. Trabalhados pelo "incompetente" JORGE JESUS, deram à volta de 50 leram bem sim, à volta de CINQUENTA MILHÕES de EUROS, de lucro. Esta DIRECÇÃO quer se queira ou não, salvou o BENFICA.
Ainda que mal pergunte, os profetas da desgraça não eram os mesmos que diziam que o BENFICA não tinha portugueses? Que tínhamos tantos Jovens e não lhes davam oportunidades? Que a carrada de sul-americanos era para se ganharem comissões? Que o BENFICA era como a o.n.u. com Jogadores de todas as nacionalidades? Então? Agora há a possibilidade de esses Jovens terem a sua oportunidade e choram baba e ranho pelos estrangeiros que se vão?
2- Contra JORGE JESUS porquê? Porque está vai para 4 anos no CLUBE, ganhou um Campeonato, e fizeram-lhe perder dois. Mas até os antis e os benfiquinhas têm vergonha da forma despudorada como o BENFICA foi roubado. Mas insistem que o JJ foi o culpado. Nunca o GLORIOSO jogou como agora. Nem com o ERICKSON. A diferença é que com o ERICKSON, a máfia ainda não estava implantada, estava a começar.
O (des)Governo de Portugal agradece, porque enquanto se fala no XAVI e no WITSEL, não se fala naquele "pequenininho" pormenor de os filhos da puta da troika dizerem que foram os filhos da outra senhora dos governantes portugueses que tiveram a responsabilidade de implementarem as medidas que empobrecem os portugueses, e de os filhos da p..a dos governantes portugueses dizerem que foram os filhos da puta da troika os culpados dessas medidas.
Falam agora das declarações do WITSEL e do XAVI, que dizem que foram para melhor. Até o grande EUSÉBIO foi a mesma coisa. Não trocou o BENFICA pelo Inter, melhor, pelo comboio de liras do Inter, porque Salazar não deixou.
Todos os que passam pelo BENFICA, querem ir para outro clube ganhar mais. É humano, o que me importa é que enquanto tenham o MANTO SAGRADO vestido dêem tudo em campo. Lutem, suem a SAGRADA CAMISOLA, honrem o SAGRADO EMBLEMA respeitem os DIGNÍSSIMOS ADEPTOS, sejam Jogadores à BENFICA
Depois? Depois vão à vida, façam pela vida, não temos coletes para os manter, mas isso já é um problema deste mísero País que não tem dinheiro para manter os seus melhores, em todas as actividades. Só há dinheiro para manter os piores de todos: os políticos e os mafiosos. Porque não falam da sangria dos grandes cérebros que diariamente emigram? Só falam dos ex-Jogadores do BENFICA. Adeus às minhas encomendas."

A venda de Hulk ou a queda de um mito

"Com a venda de Hulk e a consumação de um negócio muito abaixo das expectativas, o FC Porto não conseguiu potenciar a fama (e o proveito) de grande clube vendedor. E, mais do que isso, suscita uma questão: afinal, com um tão grande volume de negócios, não deveria o FC Porto ter as contas equilibradas?

Seja como diz o FC Porto (vai receber 40M€ por 85% dos direitos económicos), seja como diz o Zenit (paga 40M€ pela totalidade da operação), há uma conclusão que se pode tirar neste negócio entre os campeões nacionais de Portugal e da Rússia: a elevadíssima cláusula de rescisão do contrato de Hulk, de 100M€, absolutamente desenquadrada da realidade que caracteriza actualmente o mercado futebolístico à escala global, uma forma de proteger, em tese, os interesses do FC Porto, não serviu para quase nada. Serviu apenas para criar a ilusão, durante algumas épocas, que o FC Porto iria conseguir fazer, na senda do que aconteceu nas últimas temporadas com um lote considerável de ’activos’, ‘o negócio dos negócios’. Isso, como é óbvio e se tornou cada vez mais previsível à medida que o tempo foi passando, não aconteceu.
Fala-se agora da natureza e da qualidade do respectivo negócio e, como sempre, há opiniões para tudo. Há quem veja o assunto valorizando o que Hulk custou, o que Hulk proporcionou em termos de rentabilidade desportiva e a mais valia conseguida nesta venda. Há quem veja o assunto apenas pelo lado do valor da cláusula de rescisão. É preciso olhar, contudo, para todas as variáveis e, com elas, perceber que o FC Porto gerou uma expectativa com este negócio que não foi cumprida, sobretudo se se considerar outros negócios, que colocaram o clube presidido por Pinto da Costa na crista da onda, em matéria de ‘encaixes’ com transferências.
Grande negócio foi, por exemplo, a venda ao Chelsea, há 8 anos, do lateral direito Paulo Ferreira, por 20M€. Ou de Ricardo Carvalho, ao mesmo Chelsea, em 2007, por 30M€. Ou ainda de Bosingwa por 20,5€, novamente ao clube londrino, também em 2007 ou os 30M€ de Pepe ao Real Madrid, nesse ano mágico de 2007, que atirou, definitivamente, o empresário Jorge Mendes para a dimensão máxima, no âmbito do ‘negócio-futebol’.
O FC Porto-campeão-da-Europa-em-2004 marcou uma nova era em termos da expansão da ‘marca Portugal’ no futebol europeu (com José Mourinho, Jorge Mendes e os jogadores que deram corpo ao sucesso do clube português na esfera internacional, anteriormente protagonista de outros êxitos, na crista da onda) e esse ano correspondeu, também, ao começo da afirmação de Cristiano Ronaldo como ‘jogador de elite’, o que acabaria por criar novos impactos na indústria do futebol. Temos, pois, um ‘eixo-Portugal’ na lógica do mercado futebolístico.
Há que contar, obviamente, com a crise económica global, com os excessos cometidos no passado e com a ameaça do ‘fair play financeiro’, que obrigaram as sociedades anónimas a mais cautelas no momento da efectivação das compras. Basta olhar quem fez mexer o mercado nos últimos tempos: o dinheiro árabe [PSG] ou o dinheiro russo da exploração de gás natural; há excepção mas ainda e sempre o dinheiro dos magnatas e não o dinheiro gerado pelas receitas do futebol propriamente ditas.
O dinheiro dos direitos televisivos, que é muito e o dinheiro resultante da venda de bilhetes e lugares anuais, mais publicidade e merchandising, não chega para tudo. Essa é uma questão que os responsáveis do futebol, mais tarde ou mais cedo, vão ter de equacionar, porque já há demasiadas variáveis a criar condições de ausência de equidade competitiva, porque não é justo nem saudável nem correcto colocar equipas de tostões a competir com equipas de milhões...
É público que o FC Porto conseguiu encaixar cerca de 450 milhões de euros, com as suas melhores 20 transferências (para além disso, só o FC Porto conseguiria encaixar cerca de 10 milhões de euros, em 2003 (!), pela venda de Postiga ao Tottenham!). Isso contribuiu, e muito justamente, para afectar positivamente à imagem do clube do Dragão uma aura de intocável capacidade de negociação. Agora que os contornos da transferência de Hulk estão a ser discutidos na praça pública (o que vai fazer a CMVM perante declarações não coincidentes produzidas pelas partes interessadas?!...) e sobretudo perante a inevitável decepção em torno dos números, muito distantes dos 100 milhões, talvez estejamos perante a queda de um mito: com efeito, o FC Porto, ao longo dos tempos, vendeu muito e bem.
A verdade é que, não obstante essas vendas e o produto das receitas de qualificações sucessivas para a Champions, o passivo anda na ordem dos 200 milhões de euros. Nestas condições, podemos falar em boa gestão? Afinal a ‘boa gestão’, que vem sendo dada como um dado adquirido na opinião publicada, não será apenas um ‘módulo de propaganda’ e dar como certo algo que não está plasmado nas contas? Não teria o FC Porto a obrigação, num quadro de encaixes tão significativos, e com esta capacidade de realizar transferências de indiscutível impacto financeiro, de apresentar contas equilibradas? Com tantas receitas, não estará o FC Porto a gastar mais do que pode? Sem oposição externa e interna, este é um assunto condenado a não dar discussão."

Vender os craques

"Não sou bruxo, mas pareço: na semana passada falei sobre as eventuais transferências de Hulk e Witsel. Pois bem, ambos foram transferidos no mesmo dia e para o mesmo clube! E mantenho inteiramente o que escrevi: Hulk vai fazer muito mais falta ao FC Porto do que Witsel ao Benfica.
Sucede que, além de Witsel, o Benfica vendeu Javi García. E os adeptos estão naturalmente preocupados.
É preciso entender, porém, que a viabilidade dos clubes portugueses passa por comprar jogadores jovens, trabalhá-los, mostrá-los nas grandes montras do futebol europeu – e vendê-los com grande margem de lucro.
É isto que o FC Porto faz há muito tempo e é isto que o Benfica começou a fazer com Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus. Ainda estão frescos o tempos em que o Benfica era um cemitério de jogadores: em vez de se valorizarem, depreciavam-se. Esse é o caminho da ruína.
O caminho do sucesso é o trilhado nos últimos anos. Di María, Ramires, David Luiz, Coentrão, Javi García e Witsel renderam ao Benfica muitos e muitos milhões.
Há quem não entenda o investimento que o Benfica faz todos os anos em jogadores que ainda não deram provas, achando que seria preferível conservar os bons valores do plantel. Só que isso não é possível: a partir de certa altura, os craques querem voar para outros campeonatos. Assim, a política certa é transferi-los quando estão no auge e podem render mais dinheiro, comprando ao mesmo tempo jogadores por descobrir que, bem trabalhados, poderão valer milhões dentro de dois ou três anos.
Claro que esta política exige continuidade e estabilidade. Continuidade directiva e estabilidade da equipa técnica."

O campeonato da TV

"Anda algo no ar que se respira. Percebe-se que se movimenta algo mais do que a discussão do “controlo” da exploração mediática do futebol profissional. Alguns dizem estar na hora de colocar a nu a rede do monopólio na aquisição dos direitos televisivos e, pelo caminho, contestar a “mão longa” dos financiamentos travestidos de letras de câmbio sacadas ao momento. A hora, portanto, de dissecar os contratos que desenharam um mercado impenetrável e tendencialmente perpétuo na transmissão televisiva dos nossos campeonatos profissionais.
É certo que os contratos que cedem os direitos de transmissão dos jogos de futebol são para se cumprir. Mas a regra do cumprimento não é imune aos vícios que ferem um contrato. Por agora, a maioria dos clubes (pressionados pelas insuficiências financeiras) começa a tomar consciência das possíveis ilegalidades dos contratos que assinaram com o monopolista, liderados pela convicção jurídica de um presidente da Liga que apregoa a alternativa da negociação e gestão centralizada dos direitos televisivos. Na verdade, os acordos sucessivamente celebrados entre a PPTV/Controlinveste/Sport TV e os clubes/SAD confrontam-se com mais do que uma frente de potentes dúvidas em face do princípio legal que proíbe os acordos que impedem, falseiam ou restringem a concorrência no mercado nacional: (1) as cláusulas de exclusividade obstam a entrada de potenciais adquirentes de direitos televisivos; (2) as cláusulas de duração por muitos anos parecem ser desproporcionadamente restritivas de um mercado concorrencial, especialmente se tivermos em conta que já se decidiu para campeonatos europeus que esse prazo não podia ser superior a 2 ou 3 anos; (3) as cláusulas que dão preferência à Controlinveste na aquisição dos direitos de transmissão dos jogos durante os 3 anos seguintes ao fim dos contratos tendem a reforçar um privilégio abusivo na exploração comercial desses direitos; (4) a cessão dos direitos dos jogos para todas as plataformas de exploração dos direitos “multimédia” faz aproximar perigosamente a invocação da nulidade de todo o contrato.
Se for declarada, pelas autoridades competentes, a nulidade e/ou a redução temporal dos contratos firmados pelo monopolista, estará encontrada a oportunidade para se entrar na era do leilão dos direitos televisivos. E, pensarão alguns, encontrar um outro modelo e novos protagonistas. Será? Teremos de esperar pelos desenvolvimentos desta espécie de “campeonato da TV”, porventura o mais desafiante da presente época desportiva!"

Compromissos

"A CMVM não se pronunciou esta semana relativamente a diversas situações relevantes do empresariado futebolístico nacional, abrindo agora o espírito para uma maior compreensão das diatribes características deste negócio. Nos primeiros anos das sociedades cotadas, a entidade reguladora do mundo de sombras e sussurros das finanças evidenciou muita dificuldade em lidar com o papaguear destravado dos dirigentes da bola, mas agora já não lhes passa crédito.
A intervenção mais surpreendente foi do presidente do Porto, ao assumir ter sido o clube português e não o licitador russo a recusar 50 milhões de euros por Hulk. É verdade que corresponderia apenas a 50% da cláusula de rescisão, mas custa a entender que a maioria dos acionistas concorde com esta gestão.
O retorno desta aposta temerária seria desportivo. Com Hulk (e Moutinho, por junto) o FC Porto persegue um desígnio compensatório, através do triunfo no campeonato e, eventualmente, da Liga dos Campeões.
No polo oposto, o Benfica não conseguiu resistir ao assédio a um dos poucos jogadores que realmente incomodavam a concorrência, o espanhol Javi García, justificando o desfalque pela necessidade de fazer face às despesas, incluindo os erros gritantes do seu sector de compras, ao jeito de quem fica feliz com os dedos quando perde os anéis.
Pinto da Costa nunca diria que vendeu os melhores jogadores por ter necessidade de “honrar os compromissos” do clube. Enquanto a fiscalização da UEFA ao fair play financeiro não aperta esta malha, os compromissos dos emblemas, confundindo-se as SAD com os clubes, a frieza dos números com a paixão dos sócios, continuam a ser com a vontade de ganhar, sem olhar a preços. Primeiro ganha-se, depois fazem-se as contas – ficam os dedos e guardam-se os anéis."


PS: Esta crónica já tem alguns dias, e já está desatualizada, mas os factos que ocorreram depois, reforçam ainda mais, a estranheza pelo silêncio da CMVM...!!!