Últimas indefectivações

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Schjelderup


Jovem Norueguês, que jogava na Dinamarca, com muito mercado nos principais emblemas do continente, que acabou por optar vir para o Benfica, não porque o Benfica lhe ofereceu mais dinheiro, mas porque percebeu que o Benfica nesta fase da sua carreira é o melhor sítio para evoluir e ganhar consistência competitiva...

O próprio jogador nas redes sociais, já tinha quase confirmado a sua vinda para Lisboa, mas só hoje tornou-se oficial.

Extremo rápido, com a bola colada ao pé, não é o típico jogador Norueguês! Parece que gosta de jogar com o 'pé trocado', fazendo diagonais para dentro... Encaixa bem no esquema que o Roger gosta. A presença do Aursnens dá garantias numa adaptação rápida...

Está sem jogar à um mês, terá que fazer uma 'pré-época' mas penso que lá para o final do mês estará disponível... Com os problemas físicos do Neres, e agora do Rafa, é fundamental que fique a 100%.

Vitória madrasta!!!

Benfica 66 - 59 Cadi La Seu
19-18, 19-11, 16-12, 12-18

Eliminação, depois da derrota por 9 pontos em Espanha, a vitória por 7 pontos foi insuficiente, numa partida, onde tivemos quase sempre com uma vantagem superior aos 9 pontos que precisávamos... mas, mais uma vez, no 4.º período, a equipa estava mais cansada, pois uma rotação curta, praticamente só com 7 jogadoras, acabou por retirar discernimento às nossas atletas nos momentos decisivos!

Mesmo assim, apesar de me parecer que somos melhores do que o adversário, temos que dar os parabéns à secção nesta estreia Europeia! Numa época, com a saída de várias jogadoras fundamentais, conseguimos construir uma equipa competitiva na Europa, que sem lesões, poderia ter mesmo lutado pela vitória final...

Modalidades #111 - Semanada...

Processos desaparecidos...!!!


"𝟭. 𝗗𝘂𝗮𝘀 𝗳𝗮𝗰𝗲𝘀 𝗱𝗮 𝗷𝘂𝘀𝘁𝗶𝗰̧𝗮.
É estranho que os processos que envolvem o Benfica, ou pessoas ou grupos associados ao clube da Luz, estejam permanentemente na mira do Ministério Público e, ao mesmo tempo, não haja desenvolvimentos (nem notícias públicas sobre os mesmos) nos inquéritos que envolvem o FC Porto ou a sua claque, os Super Dragões.

𝟮. 𝗠𝗶𝗹𝗵𝗼̃𝗲𝘀 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗰𝗼𝗻𝘁𝗮 𝗱𝗼 𝗮𝗺𝗶𝗴𝗼.
Em relação à Operação Prolongamento, em que ponto se encontra atualmente? Há algum avanço significativo?
Lembre-se que no centro desta investigação liderada pelo procurador Rosário Teixeira e Paulo Silva, chefe da Divisão da Autoridade Tributária, está Jorge Nuno Pinto da Costa, o principal beneficiário de uma conta no Banco Carregosa para onde terão sido desviados parte dos 40 milhões de euros pertencentes às receitas da SAD do FC Porto. A conta está registrada em nome do empresário José Pedro Pinho, que tem um histórico de agressão contra um repórter de imagem da TVI e tem agenciado a venda de vários jogadores do FC Porto, surgindo neste contexto como um testa-de-ferro do presidente do clube. De acordo com os investigadores, terão sido desviadas para a referida conta avultadas verbas que a SAD portista pagou em comissões inflacionadas aos empresários Pedro Pinho e Alexandre Pinto da Costa, filho do presidente da SAD do Porto, relativas a contratações de futebolistas. O dinheiro retirado dessa conta terá servido basicamente para suprir necessidades de Pinto da Costa, desde a oferta de carros a mulheres das suas relações até ao pagamento a uma bruxa de Matosinhos por vários tipos de feitiçarias e previsões, inclusive quanto a futuros resultados da equipa de futebol do FC Porto.

𝟯. 𝗠𝗮𝗻𝗶𝗽𝘂𝗹𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗲 𝗿𝗲𝘀𝘂𝗹𝘁𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗱𝗲𝘀𝗽𝗼𝗿𝘁𝗶𝘃𝗼𝘀.
No despacho de promoção do Ministério Público que deu origem às buscas à SAD do FC Porto e às residências de Pinto da Costa, Alexandre Pinto da Costa e Pedro Pinho, em novembro de 2021, o procurador Rosário Teixeira levantou suspeitas sobre possíveis casos de manipulação de resultados dos jogos disputados pelo clube. O magistrado do DCIPA afirmou que o dinheiro desviado nos negócios de compra e venda de jogadores terá não só entrado na "esfera pessoal" de Pinto da Costa, como poderá ter servido para "entregas a favor de pessoas com alegada capacidade de influenciar a sorte do jogo". Desde então, perguntamos novamente, quais foram os avanços na investigação? Já se sabe se as "pessoas com alegada capacidade para influenciar a sorte do jogo" eram árbitros, jogadores, treinadores adversários ou quaisquer outros agentes relacionados com o FC Porto? Ou, numa explicação porventura mais prosaica, tratar-se-ia de uma mulher com alegados poderes paranormais, conhecida como Bruxa de Matosinhos, que teria sido paga para influenciar o jogo a favor do FC Porto?

4. 𝗣𝗿𝗼𝗰𝗲𝘀𝘀𝗼𝘀 𝗰𝗼𝗻𝘁𝗿𝗮 𝗙𝗖 𝗣𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗻𝗼 “𝗰𝗼𝗻𝗴𝗲𝗹𝗮𝗱𝗼𝗿” 𝗱𝗼 𝗠𝗶𝗻𝗶𝘀𝘁𝗲́𝗿𝗶𝗼 𝗣𝘂́𝗯𝗹𝗶𝗰𝗼.
A Operação Prolongamento não é o único caso em que os processos aparenta estar ‘congelado’. Algumas investigações arrastam-se há anos, como é o caso do processo contra Luís Gonçalves, que estava a ser investigado por suspeitas de corrupção. Em causa estariam as ameaças feitas pelo diretor-geral dos dragões a Tiago Antunes, quarto árbitro do jogo Sp. Braga-FC Porto, da época 2016/17: «Nós sabíamos o que vinhas tu para aqui fazer, nós vamos conversar mais tarde… A tua carreira vai ser curta», terá dito Luís Gonçalves. A investigação sobre negócios milionários a envolver o FC Porto e Tombense, um clube da 3.ª divisão do futebol brasileiro, também parece estar esquecida na mesma gaveta onde se encontra a queixa apresentada por Artur Soares Dias depois de ter sido ameaçado em pleno centro treinos dos árbitros, na Maia, por alguns elementos pertencentes à claque Super Dragões. Mas o caso mais escandaloso é o ‘Estorilgate’. O jogo mais longo da história do futebol mundial, que teve início a 15 de janeiro e o fim a 21 do mês seguinte, depois de ter sido interrompido ao intervalo devido a um suposto risco de desabamento de uma parte da bancada do Estádio António Coimbra da Mota. O que despertou a atenção das autoridades foi a transferência de 730 mil euros dos ‘azuis e brancos’ para os ‘canários’ no “intervalo” do jogo. O Ministério Público instaurou um inquérito, mas a investigação, para não destoar, também não conheceu avanços.
O tratamento privilegiado que o FC Porto parece receber, a ponto de os inquéritos em relação a si estarem aparentemente estagnados, é surpreendente e chocante. Quando é que teremos um esclarecimento da Procuradoria-Geral da República relativamente à dualidade de critérios de atuação do Ministério Público em relação ao FC Porto e a outros clubes sob investigação?

5. 𝗗𝗼𝗶𝘀 𝗽𝗲𝘀𝗼𝘀, 𝗱𝘂𝗮𝘀 𝗺𝗲𝗱𝗶𝗱𝗮𝘀.
A Operação Prolongamento surgiu a partir do processo "Cartão Vermelho", no qual Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica, é o principal arguido. No entanto, contrariamente ao que aconteceu no processo "Cartão Vermelho", na Operação Prolongamento não houve qualquer detenção e ninguém foi, sequer, constituído arguido. Desta vez, Pinto da Costa nem teve de ir passear até Vigo. Como o próprio confessou numa conversa com Vieira: «Garanto-te que no Porto nunca eras detido». 
E todos sabemos que isso é verdade."

𝗙𝗖 𝗣𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗮̀ 𝗽𝗿𝗼𝘃𝗮 𝗱𝗼 𝗲𝘀𝗰𝗿𝘂𝘁𝗶́𝗻𝗶𝗼 𝗽𝘂́𝗯𝗹𝗶𝗰𝗼.


"Não há muito tempo, sensivelmente um ano, rebentava a bomba: o Ministério Público, através de um dos seus procuradores, PSP, DCIAP e Autoridade Tributária, adiantavam que o FC Porto e os seus dirigentes seriam suspeitos de crimes de abuso de confiança, fraude fiscal e branqueamento de capitais, nomeadamente fundos desviados da SAD do FC Porto para financiar um esquema de burla, manipulação de resultados desportivos e atividades ilícitas dos Super Dragões.
No processo que se encontra atualmente a decorrer, o Ministério Público acredita existirem indícios suficientes de desvios de fundos da FC Porto SAD em, pelo menos, 17 transferências efetuadas pelo clube desde 2012. O procurador encarregado da investigação, Rosário Teixeira, acredita que Pedro Pinho terá cobrado dezenas de milhões de euros de comissões em negócios fictícios que serviram para desviar fundos da SAD do FC Porto e fazer regressar esse dinheiro a Pinto da Costa, Alexandre Pinto da Costa e outros dirigentes do clube. Alegadamente, parte desses milhões desviados terão servido para financiar um plano de manipulação de resultados desportivos em jogos do FC Porto através da prática de corrupção ativa de intervenientes com a capacidade para influenciar os jogos da primeira liga.
Nos despachos dos mandados de busca já efetuados ao universo FC Porto, o Ministério Público descreve existirem indícios sobre «entregas a favor de pessoas com alegada capacidade para influenciar a sorte dos resultados desportivos» e são referidos «esquemas de fraude que envolvem a montagem de justificações contratuais». O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, é ainda suspeito de desviar 40 milhões de euros do clube.
Sobre a FC Porto SAD, são taxativos ao descreverem um alegado esquema de «vantagens indevidas ou não declaradas em sede fiscal, em benefício de pessoais físicas e outras sociedades». O organismo público vai mais longe e refere que «em consequência dessa atribuição indevida, os agentes devolvem, a favor dos dirigentes do FC Porto e da sua SAD, parte dos montantes recebidos, seja sob a forma de atribuições patrimoniais diretas para a esfera pessoal desses dirigentes, seja pelo pagamento de despesas que o próprio clube ou a sua SAD não poderiam documentar».
A investigação ao FC Porto prossegue, silenciosa e longe dos holofotes mediáticos, dado que, sendo bem percetível a todos os portugueses, o que importa é escamotear e reciclar processos do Sport Lisboa e Benfica com mais de 10 anos que não deram em nada, transferindo-os de Lisboa para o Porto por “ordens superiores” e servindo-se da praça pública como órgão de soberania com competência para administrar a justiça sobre o Benfica, fragilizando-o e abafando, assim, os processos de outros clubes que se encontram a ser investigados, como é o caso do FC Porto.
A questão que todos devemos colocar é qual a razão de sempre surgir devassa e reciclagem de assuntos polémicos relacionados com o Benfica quando este começa a dar sinais de se reerguer, ficando os processos e investigações a outros clubes completamente sonegados.
Coincidência ou intencionalidade?"

Choradeira...



"Começou a choradeira da mais velha aliança. Sempre que há um jogo grande fazem pressão sobre a arbitragem.
Relembro os dados dos últimos 2 campeonatos.
Quando as regras são iguais e o campo não está inclinado, já sabemos a receita... vale tudo!"

Três em vinte e duas | SL Benfica


"Entre marido e mulher não se mete a colher, diz o povo (com toda razão) mas o barulho das eventuais zaragatas atraem sempre a coscuvilhice da vizinhança. A Taça de Portugal, prova Rainha, continua a ter no Benfica o seu Rei, que pela força da galanteria mais competente lhe arrancou 26 beijinhos – títulos – mas a frequência dos mesmos tem vindo a diminuir (e com razão que o marido também deixou de ser o mesmo) e há outros pretendentes à espreita para meter a tal colher: marcamos como ponto fulcral da relação a bela tarde 1992-93, data que escolhemos por ser data de título encarnado (5-2 ao Boavista, na tarde de Futre) e por ser também a última final pré-aquilo a que se chama Vietname encarnado, que por norma se enquadra a partir de 1994.
Antes dessa final, Águias contavam 22 títulos e sete presenças na final como vencidos – 29 idas ao Jamor (simbolicamente escrito, que nem sempre foi lá) em 55 edições (em percentagem para se entender melhor, 52% dos galanteios deram até ao último encontro). O FC Porto? Sete títulos e dez vezes finalista. O Sporting? 11 títulos, sete vezes esticou os lábios para o troféu.
Tudo somado, era o Benfica quem mais vezes lhe tinha ido cantar à janela e a tinha feito corar: mais que os outros dois juntos. Era altura de assumir tudo, meter os papéis e juntar a malta para formar família. Casaram-se por fim nesse pôr de sol em 93, não prevendo porém que seria de aliança no dedo que tudo iria por água abaixo. Até hoje…
A história começa cedo, distante, mas é boa de se perceber portanto vamos apertar os cintos – e com ela talvez ganhemos uma nova perspectiva (esperança?) sobre o marasmo actual da relação. A primeira sedução é 1938-39 (antes disso fora Campeonato de Portugal, o Benfica tem três, portanto não foi à primeira vista, tiro e queda), a final é jogada com a Académica mas no derradeiro momento, a Rainha vira a cara: nada feito, que ficou 4-3 para os de Coimbra.
Mas não faz mal, que ao fim de 12 edições, até ao final dos anos 40, a Águia já leva quatro beijos (títulos) e uma outra falhada tentativa. Anos 50 são mais seis (títulos) ,a mostrar que a relação estava de boa saúde: a auto-confiança do Rei era tanta que resulta em desleixo no dealbar dos 60’s, quando se vê a contas com uma paixoneta passageira – foram só duas vezes, ainda por cima era estrangeira e nunca mais a vejo – portanto beijinhos com a patroa foram só três (vamos em 13 títulos em 32 edições, apontem).
Deu trabalho a reconciliação, que na década seguinte só dois e bate-chapas – ela a puxar da dignidade (com toda a razão) e fazê-lo sofrer. Mas sofreu tanto e deu tanto ao pedal na reconquista que acabou por a convencer das boas intenções: nos anos 80 foram seis! beijinhos, três deles seguidos (o recorde são quatro títulos de rajada, nos anos 50) e uma final: em dez ‘Jamores’, sete vezes o Benfica. Houve aquela final nas Antas em 83 só resolvida pelo monumental pontapé de Carlos Manuel, houve tripleta de 1984 a 87, vencendo numa delas o FC Porto, noutra o Sporting (a outra foi sobre o Belenenses, que teria a sua desforra em 88-89).
Oh doce ternura, fartura de amor, o mel foi tanto que deixou diabética a mais ardente das relações. Casados os intervenientes, cansaram-se logo de seguida que o peso do matrimónio pôs azedume no trato, o stress tirou-os dos olhos um do outro e meteu-os de costas voltadas: desde 1993 (30 anos), quatro beijinhos (títu…, 96, 2004, 2014 e 2017) e cinco jantares que não deram em nada – nove encontros para 29 oportunidades (percentagens novamente, 31%, bem abaixo, lembram-se?).
Nos entretantos houve 10 anos sem beijinho, um recorde negativo que deixa transparecer uma total ruptura do casal (o anterior recorde eram nove, entre 1971 e 1980).
Mas se houve louca recuperação logo a seguir e um rejuvenescimento do prazer conjugal relembrando velhos tempos, está na hora, na década de vinte do século vinte e um de ressuscitar velhas paixões e meter mãos à obra para construir um novo amor, mais maduro, mas não menos leal – se já perdeu duas oportunidades de dar beijinho (tít….) em desfavor de FC Porto e SC Braga, ao Benfica cabe mostrar no jogo com o Vitória SC, tal como fez com o Varzim SC, que o Rei se quer mesmo voltar a entender com a Rainha: que desde o novo milénio só seduziu totalmente por três vezes, fazendo ambos corar de vergonha quando olham para trás e vêm a diferença de registo para os anos de maior fulgor.
Sendo muito maiores os laços que os unem que a possível falta de profissionalismo e competência estrutural que separa o Rei da Rainha, há sempre hipótese de um recomeço. Agora é que é. E é essa a motivação primordial que pode obrigar Rei a pôr a mão na consciência e tomar juízo, levando a sério uma Rainha que nem sempre foi tida como nobreza.
Agora, a tentar de novo… que sejam outros loucos anos 80. Em 2023 o 27ª, 2024 o 28ª e por aí fora. Beijinho ou título."

Fura Redes: Rui...

Águia: Diário...

Vinte e Um - Como eu vi: Varzim...

Futebolês - I


"“Ingratidão” p’ra chuchu

No último ano aprendi que o chuchu, pimpinela para os madeirenses, é uma espécie de Cristiano Ronaldo dos quintais, reproduzindo-se enleado numa rede suportada por postes, em unidades, pares, trincas e até cachos de frutos ricos em fibras, vitaminas e sais minerais, num espaço mais apertado do que as grandes áreas de Old Trafford.
São 1200 quilos ao ano, 100 quilos ao mês, 24 quilos por semana e por aí adiante - é fazer as contas. E, outra vez, lembrei-me do contrato de Cristiano na Arábia Saudita, o falso deserto onde as cucurbitáceas deram lugar a videiras de barris de crude nas hortas da Aramco, a empresa mais lucrativa do mundo.
O facto de eu pensar que a caiota dá o seu fruto sem querer outro agradecimento do que a admiração e elogio pela sua fertilidade sem limite, resistindo ao envelhecimento e às adversidades, chega-me como obrigação de gratidão. Ao jantar, nunca rezo “obrigado chuchuzeiro por todas as saborosas e nutritivas sopas que me proporcionaste no passado”, nem me sinto ingrato por algum queixume ou censura que me tenha escapado quando a colheita da semana não atinge a bitola habitual ou o calibre não se figura tão apurado e memorável como é apanágio daquele pé quente de machucho.
Ingratidão para quem reproduz o que está obrigado, por natureza ou contrato, é bajulação. Eu não devo nada ao prolífico pé de “Sechium Edule” do nosso quintal, tal como os portugueses em geral não têm qualquer dívida perene ao nosso melhor chutador do século.
Quando me pagavam sandes, sumol e três pancadinhas nas costas pelas minhas performances sobre pelados regionais, sentia-me pago pelo genuíno agradecimento de quem me retribuía o esforço e o talento na medida justa. Ora, mais de mil milhões de euros de salários e benefícios, mais triliões de 👍 e ❤️ por dia, dão para comes e bebes e massagens ao ego que cheguem para agradecer a Cristiano Ronaldo até ao terceiro milénio, pelo menos.
É certo que marcou golos “p’ra chuchu”- como dizem os brasileiros - ao longo de uma carreira inolvidável, mas também foi recompensado pelo seu trabalho e dedicação com uma vida de bençãos, tesouros e mordomias que bastariam a qualquer comum mortal para, ele sim, se sentir humildemente agradecido. Como um fenómeno reactivo, “Ingratidão” foi uma das palavras de 2022, perante a corrente de censura tímida às múltiplas diatribes do jogador, dentro e fora dos relvados, pelos que o colocam acima dos mortais comuns contra os “hipócritas” que se limitam a aplaudi-lo quando faz bem e a censurá-lo quando faz asneira. Nos círculos do ronaldismo fanático, apontar erros a Cristiano tornou-se tão herético como Dona Georgina passarelar modelos sem hijab nas discotecas de Riade.
No futebol, a gratidão é coisa do momento, colhe-se, agradece-se e guarda-se em lugar seco e quente. Aplaude-se, celebra-se, ajunta-se às memórias felizes - e chega como quitação.
Amanhã, haverá novas emoções, novas descobertas e, de certo, um novo xuxu na nossa rede de afectos futebolísticos.

A seguir: J de Jornalixo"

Efab⚽lação (6)


"Félix, o flexível

A transferência de João Félix do Atlético de Madrid para o Chelsea é como a passagem de uma penitenciária de alta segurança para uma cadeia de colarinhos brancos em regime aberto. Das sevícias do torcionário Cholo Simeone, o inflexível, para a inteligência emocional de Graham Potter, o flexível.
Ainda não será a liberdade plena, mas pelo menos um regime aberto, condicionado apenas ao curto prazo de adaptação num contrato de empréstimo temporário, que vai dar espaço e enquadramento às reais capacidades do jogador português. Assim como a opção tomada ao sair do Benfica era previsivelmente errada, contra a opinião de muitos observadores nacionais e internacionais, também esta solução temporária, na sequência do grito de socorro que lançou no Catar, pode ainda não ser o destino final adequado, empurrando para o verão uma decisão definitiva sobre o rumo a tomar. Mas reabre uma janela para a carreira de sucesso que se lhe vaticinava há quatro anos.
Uma faceta interessante deste negócio é a afinidade pessoal e profissional entre o novo treinador do Chelsea e o novo seleccionador de Portugal, Roberto Martinez, cuja “entourage” terá influenciado o início da carreira de Potter quer na Suécia, quer no Swansea: ambos se declaram defensores da “flexibilidade táctica” de espírito ofensivo, em função dos adversários.
Ora as flexibilidades técnica e táctica de João Félix, aliadas a talento e criatividade sem limites, são características que o distinguem como um dos mais extravagantes jogadores numa era do futebol “aprisionado” por treinadores resultadistas. Do 5.º lugar em Espanha para o 10.º em Inglaterra, não se pode liminarmente considerar que a carreira do jovem português tenha melhorado, mas o contexto favorece-o, desde logo pela continuidade na Liga dos Campeões: em Stamford Bridge há condições para recuperar o protagonismo perdido, projectando-o para a seleção, como expoente de uma geração ainda mais prometedora do que a anterior. O Chelsea está muito mais perto do patamar cimeiro do futebol europeu do que o Atlético.
O desafio de Potter de adaptar e fazê-lo evoluir é semelhante ao dos produtores de Hollywood que ao longo de décadas tentaram atualizar as características singulares do primeiro herói dos desenhos animados, da rigidez do cinema mudo e a preto e branco, para as sete vidas coloridas do Gato Felix com sua mochila de truques, em concorrência com o Rato Mickey e os outros ícones da Disney: conquistar público sem perder a magia."

Mais primeiro


"A derrota do Benfica em Braga, na semana passada, levou muita gente a pensar e alguns a afirmar que agora sim - "o campeonato estava ao rubro" e a queda das águias era irreversível.

Uma semana depois, com o empate do Porto no Jamor e a derrota do Sporting nos Barreiros, o Benfica poderia citar, apropriadamente, Mark Twain quando este disse: "Parece-me que as notícias sobre a minha morte são manifestamente exageradas". Basta substituir morte, por crise.
Os que apostaram na crise encarnada não terão valorizado suficientemente o facto de "o futebol ser o momento", frase célebre de Roger Schmidt, também ele um criador, mas de "equipas de autor" que jogam bom futebol ofensivo.
Foi, de resto, o que fez o Benfica na receção ao Portimonense. Quem quiser fixar-se na escassez do resultado e no facto de ter sido uma vitória pela margem mínima, ignorará que o Benfica dominou completamente o jogo, criou inúmeras oportunidades e desperdiçou até uma grande penalidade. Uma vitória justa e um sério pontapé na crise, a caminho do dérbi.
Ao Porto faltou o mesmo que tinha faltado ao Benfica no Minho,...intensidade, e foi ultrapassado pelo competente Sporting de Braga, de Artur Jorge.
Já o Sporting e o seu treinador, Ruben Amorim, cometeram o erro fulcral de, depois de dois ou três jogos bem-sucedidos na Taça da Liga, anunciar que iam ganhar e relançar o campeonato, na Luz. Esqueceram-se que "isto é jogo a jogo", outra máxima do futebol, e que precisavam de ganhar os jogos até lá. Esse devia ser o seu foco. Não foi e por isso chegará à Luz, a 12 pontos do líder, o Benfica, que ganhou oito pontos numa só jornada e é, neste momento, mais primeiro.

Positivo: O Benfica mais primeiro; o Braga em segundo.

Negativo: Porto e Sporting a perderem pontos num momento crucial."

Bernardo Silva, o 10 de verdade


"Bernardo Silva é quase tão lúcido a falar como com a bola nos pés. E o quase resulta apenas de ser incomparável com a bola, na capacidade de decifrar enigmas, esconder fragilidades e improvisar soluções. Aquele que é provavelmente o melhor futebolista português da atualidade falou do jogo, do jogo ele mesmo, numa entrevista ao Record, com uma qualidade no discurso – e coragem, já agora – rara em jogadores que atingem a sua dimensão. Muitos só falaram bem com os pés, abordando sempre os temas referentes ao jogo de modo básico ou como matéria restrita ao mundo insondável do balneário. Acrescentando-nos pouco. Bernardo não fugiu a nenhum tema quente – como a situação de Ronaldo ou a relação com o Benfica e a presidência de Rui Costa – e sobretudo deu mais uma lição de entendimento do jogo. E já nem era preciso.
Gostei particularmente de distinção feita entre as características próprias e as de Bruno Fernandes. Quando tantos percecionam – ainda recentemente, no Mundial - quase um problema de compatibilidade entre ambos, Bernardo traçou a diferença fundamental em duas penadas e com uma humildade que desconcerta: ele joga melhor mais atrás e Bruno mais à frente, ele vê-se como organizador e a Bruno como definidor (de último passe ou finalização). E mesmo reconhecendo que é maior o protagonismo de que joga adiante no campo, pelo número acrescido de assistências e golos, como sucede com Bruno Fernandes mas também como De Bruyne no City, não o fez reclamando esses lugares, mas reconhecendo que pode ser mais útil noutras funções, menos amigas das estatísticas.
Se houve crítica individual injusta após o Mundial foi a que colocou – e vários o fizeram – Bernardo Silva como uma desilusão ou um dos portugueses aquém do rendimento esperado. Sem embargo da exuberância maior de Bruno Fernandes e João Félix, ninguém foi tão regular, mais uma vez ninguém fez o que era certo durante mais tempo que Bernardo Silva. Numa equipa por vezes desarrumada, assumiu-se sempre como o funcionário diligente, sempre que o jogo se partia, foi a cola indispensável entre os diversos momentos. Portugal não encantou, só brilhou pontualmente, mas foi dominante em todos os jogos e em muito o deve ao cérebro da camisola 10.
A propósito do número da camisola, Bernardo foi também, efetivamente, o único 10 em campo. Por muito que se veja a função em vias de extinção, se alguma coisa a distinguirá sempre é a capacidade de organizar e definir ritmos, de servir mais que finalizar, de pausar em vez de acelerar como prioridade. Bernardo é uma coisa, Bruno outra, ambas naturalmente admiráveis. E Otávio, já agora, outra ainda, espécie de canivete suíço luxo, tão forte capaz após a recuperação como depois da perda de bola (vulgo transições), mas não um daqueles a quem se entrega a bola para “pensar o jogo”. E João Félix então é mesmo de outro espaço, é um avançado, móvel mas sempre um avançado e nunca um médio como os demais, tão versátil que pode ser 9 ou 9,5 e até extremo como disfarce, mas nunca 10. Se Portugal algum problema teve, não foi o de ter muitos jogadores em campo com características idênticas, foi antes ter vários jogadores diferentes a tentar fazer coisas parecidas. Não foram os jogadores que condicionaram a equipa, antes a intencional organização desorganizada que lhes terá baralhado as funções além do recomendável. Colocar os melhores em campo nunca deveria ser um problema."

Bem-vindo ao berbicacho contextual, Roberto Martínez


"Na trapalhada monumental de mover um Mundial para o inverno que tanto derrame de críticas nos extraiu com a mira posta no Catar e na FIFA, não pensámos, à distância, o que seria a atazanante tarefa de ir caçar um novo selecionador quando o futebol, salivando pela normalidade nas agendas, retomasse o seu decurso ainda com metade da temporada por completar e objetivos por alcançar. Ter de arranjar um treinador que não um livre e desempregado para, em dezembro, se comprometer com a seleção pelo menos até ao verão do próximo ano, quando se espera uns pontapés na bola no Europeu, seria um imbróglio.
Indo embora o mais titulado, longevo e enraizado técnico que a seleção já teve logo após o Campeonato do Mundo, quase sem aviso, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) ocupou as mãos com uma batata esquentada pelas circunstâncias e parca em possibilidades, por mais que o presidente Fernando Gomes tenha lido, no seu discurso preparado, que havia um “perfil definido” para o sucessor. Porque o contexto, já escrevia a minha colega da carteira Lídia Paralta Gomes faz uma semana, é mesmo tudo no futebol e na vida.
Os treinadores portugueses que hoje mais andam com labuta próxima da luta por títulos, em equipas onde a pressão é vizinha e tem de ser amiga, e que podemos encarar como estando na vanguarda dos métodos, estão a meio de projetos nos respetivos clubes e teriam de ser ‘roubados’ com pagamento de cláusulas de rescisão - apesar de vir a receber um prize money da FIFA pela chegada aos quartos de final do Mundial, no seu mais recente Relatório e Contas de 2021/22 a FPF reportou €3,6 milhões de lucro, menos do que os €4,6 milhões da época anterior.
José Mourinho, como Paulo Fonseca, Abel Ferreira, Luís Castro ou os ‘nacionais’ Sérgio Conceição e até Rúben Amorim implicariam despesa adicional caso houvesse vontade em abandonar os clubes a meio da temporada para irem lidar com um certo berbicacho contextual, engrandecido publicamente pelo homem a quem dariam o passou-bem para fechar o acordo. E já nem lá estaria no cargo de presidente quando o contrato do treinador com a federação terminar: o mandato de Fernando Gomes acaba no final de 2024 e, talvez por isso, pela primeira vez o ouvimos a balizar publicamente um objetivo: “pelo menos, aceder às meias-finais em qualquer prova, é esse o ADN que ambicionamos”. A levar o vínculo até ao fim, Roberto Martínez terá de lidar com uma chefia que não o contratou.
Apesar de limar, logo à primeira palavra, uma fasquia à qual o novo selecionador ficará agarrado, o líder da federação teve o cuidado de realçar a palavra que Humberto Coelho, João Pinto e José Couceiro tiveram na escolha de Roberto Martínez, puxando os diretores técnicos à responsabilidade de uma opção a que “nunca foi relevante o local de nascimento”. Mas o peso da história não é apagável e o simpático espanhol, notoriamente preocupado em criar empatia ao desculpar-se por falar castelhano e se comprometer a aprender o português, cumprimentando um a um os jornalistas presentes na sua apresentação, será apenas o terceiro treinador estrangeiro na seleção, depois de Otto Glória no Mundial de 1966 e dos cinco anos (2005-08) com Luiz Felipe Scolari, ambos brasileiros.
As 25 vitórias em 28 jogos oficiais em seis anos com uma Bélgica carregada de talento, em certos períodos com os então melhores futebolistas do mundo nas respetivas posições, diz tanto como a liderança do ranking da FIFA que ocupou durante uns quatro anos. Numericamente é vistoso, mas de palpável em campo pouco mostra. Relevante é a experiência de Roberto Martínez em conviver com jogadores do mais talentoso que há e ter de matutar formas de fazer render tanta gente tão capaz em tão pouco tempo de treino, com a vantagem de em Portugal não encontrar a fragmentação cultural e linguística que havia entre os belgas.
A fraturante questão que lhe sobrará na seleção nacional é o que terá habitado na cabeça dos vários treinadores que a federação sondou: os 38 anos de Cristiano Ronaldo que em quase todos dos últimos 19 foi a figura central de Portugal e cuja suplência, no Mundial, elevou o derradeiro grande ato da Fernando Santos a tragédia dramática nacional. Agora na periferia do futebol, o capitão que talvez só se vai estrear na Arábia Saudita, pelo Al-Nassr, daqui por duas semanas, terá dois meses de rodagem por lá quando chegarem os simpáticos jogos frente ao Liechtenstein (23 de março) e Luxemburgo (26), ambos de qualificação para o Euro 2024.
Esse é o tempo que o vantajoso estrangeirismo de Roberto Martínez, sem ligações emocionais e alheio às tricas conspiratórias do futebol português quanto à influência nas convocatórias de clubes, agentes e demais, terá para “conhecer os jogadores e contactar com todos” no “ponto de partida” que fixou nos 26 futebolistas que estiveram no Catar. A paz possível com Cristiano (ou Pepe e Rui Patrício, outros pesos-pesados da seleção) quanto ao papel que o desempenhará nesta fase da carreira, com esta idade, com o que é capaz, ou não, de oferecer à equipa em campo, vai determinar a suavidade da viagem do novo selecionador - apesar de o espaço para jogos particulares no calendário internacional ser cada vez menor, a presença de Ronaldo pode importar nas receitas que a FPF faça com partidas feitas no estrangeiro, por exemplo.
Sobre o futebol visto e praticado haverá tempo para debatermos. Caído na fase de grupos do último Mundial, a Bélgica de Roberto Martínez só saiu do torneio de há quatro anos frente à vitoriosa França, nas meias-finais, e apenas perdeu com a conquistadora Itália no recente Campeonato da Europa. O espanhol diplomatizou-se ao repetir a ideia de querer fazer de Portugal “uma equipa moderna” com “flexibilidade tática”, nada mais desenvolvendo para lá do expectável. Primeiro, há que conviver amigavelmente com as peças de um imbróglio. Coincidentemente, uma das fotos tiradas e enviadas pela FPF por motivos da sua apresentação tem-no a segurar na palma da mão duas peças de xadrez, com ar sorridente de quem delibera sobre a próxima jogada."