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terça-feira, 24 de setembro de 2019

A História Gloriosa - #5 Taça Latina e inauguração do estádio da Luz | 1944-1954

Gosta muito de estar cá, corre e é importante no processo defensivo


"Foi desta forma que Bruno Lage “defendeu” Seferovic. Pelo que trabalha, e pela disponibilidade que apresenta, sempre ligado dando a mesma importância ao cumprimento de toda e qualquer tarefa, o suiço merece ser acarinhado. Qualidade é outra coisa.
Todavia, o Compromisso é inegociável. E nesse aspecto Seferovic dá lições."

Havia sempre a esperança da Luz!

"1966, Dezembro: o Benfica estava em Leipzig. Por cá,havia quem escrevesse Lípsia. Desfalcado de Simões e de Torres, não fez grande exibição no Zentralstadiom frente ao Lokomotiv. E perdeu por 1-3 para a Taça das Cidades com Feira. A segunda mão ficou para o ano seguinte...

Recebeu o Benfica o Leipzig, e eu venho, aqui, falar-vos de Leipzig. Cidade linda, Leipzig.
No meu tempo de escola, ainda na Outra Senhora, havia a mania ou o modismo de aportuguesar todos os nomes estrangeiros.
A gente aprendia que Leipzig era Lípsia.
Que espanto seria vermos, nos jornais de agora, dizer que o Benfica defrontou o Lípsia, não?
No meu tempo de escola, Leipzig, ficava num mundo à parte: para lá da Cortina de Ferro. Na Alemanha Oriental. Ou, como também lhe chamavam, República Democrática da Alemanha.
E a primeira vez que o Benfica foi a Leipzig, ainda era República Democrática da Alemanha.
Estávamos em 1966. Dezembro de 1966.
O adversário era o Lokomotiv.
Para a Taça das Cidades com Feira, que passou a Taça UEFA e a Liga Europa.
Convenhamos que, em 1966, os jogadores do Benfica deviam sentir uma certa frustração por jogar a Taça das Feiras.
Em 1966, o Benfica era a melhor equipa da Europa.
Não sou eu que o digo. São os resultados.
Entre 1961 e 1969, os encarnados disputaram cinco finais da Taça dos Campeões europeus e venceram duas. Quem fez melhor durante esse período?
Pois... como vêem.
Mas se o Benfica se via relegado para a Taça das Feiras, a culpa era somente sua.
Era preciso jogar, portanto.
Na primeira eliminatória também viajara para Leste: para Plovdiv, na Bulgária.



Águias num campo de neve
Em Leipzig, 1966, os jogadores do Benfica foram recebidos como estrelas que eram. Todos queriam autógrafos de Eusébio e de Jaime Graça, e de José Augusto e de Coluna.
Meses antes tinham encantado o planeta no Mundial de Inglaterra.
Mas as baixas eram muitas.
E a organização dos lisboetas não durou mais de 20 minutos sobre o relvado pesado de Leipzig.
No trabalho de manter o zero-a-zero, desde o início da partida, naturalmente fiados na sua superioridade que deveria, mais cedo ou mais tarde, vir à superfície, os jogadores da águia ao peito caíram numa toada da facilitismo.
Fernando Riera era o treinador.
O senhor Fernando Riera. Conheci-o bem. De uma educação e de uma elegância a toda a prova.
Dizia ele, no fim: 'Reagimos muito mal às adversidades. Num jogo de muito confronto físico, alguns jogadores deixaram-se levar pelo seu temperamento latino. Não podíamos ter caído nesse erro. Sabíamos que estávamos desfalcados no ataque, com as ausências de Simões e de Torres, mas isso não invalida que estivéssemos obrigados a fazer melhor. Que dizer? A vitória do Lokomotiv é justa. Foram mais grupo. Estiveram mais ligados. Criaram mais oportunidades'.
Ah! O Lokomotiv ganhou por 3-1.
Nélson e Diamantino Costa não funcionaram no ataque.
Jacinto fez um autogolo aos 25 minutos.
José Augusto respondeu, aos 40.
No segundo tempo, Henning Frenzel teve uma das tardes da sua vida: golos aos 47 e 51 minutos.
Muito tempo antes do final do encontro, mas o problema é que o Benfica deixou-se enlear na teia das adversidades.
Claro que havia a Luz. Havia sempre a Luz.
Na Luz, o Benfica seria o grande Benfica.
A neve caía com força sobre o Zentralstadium de Leipzig.
Alguma desilusão, mas nenhum desespero.
Faltava muito, muito tempo para o jogo da segunda mão.
Ficaria para o ano seguinte.



Deixemos passar o Inverno. O Natal estava à porta.
Riera teria tempo para pensar no Lokomotiv mais tarde...
Agora era tempo de recuperar a equipa e de voltar ao esplendor de sempre...
O Benfica recuperaria o título perdido para o Sporting na época anterior. E, imagine-se, lutando até quase ao fim com a... Académica!"

Afonso de Melo, in O Benfica

A promessa que não se cumpriu

"A convite de um empresário, o Benfica viajou até à América do Norte, numa estadia que se tornou atribulada

O cinema e as séries transmitem-nos a imagem icónica do 'sonho americano', com o glamour e o luxo do outro lado do Atlântico. O Benfica, em Maio de 1992, atravessou o oceano e constatou o reverso da medalha...
Manuel Calhau, empresário português radicado em solo americano convidou novamente os 'encarnados' para uma digressão à América do Norte, tal como havia feito três anos antes. A comitiva benfiquista chegou ao Canadá no dia 21 de Maio, onde iria defrontar o Torneio Blizzard e o Inter de Milão. As duas partidas eram espaçadas por uma semana e nesse intervalo os 'encarnados' viajariam para os Estados Unidos para jogar contra os Blackhawks.
Tudo parecia correr como na ficção, até chegarem ao hotel. Dirigentes e jogadores tiveram de aguardar uma hora até os seus quartos ficarem disponíveis, devido a uma falha da organização. No dia seguinte, a situação não melhorou para a comitiva benfiquista. No regresso do almoço, foram novamente impedidos de entrar nos seus quartos, porque ainda não tinham sido entregues as garantias financeiras necessárias à sua permanência no hotel.
Os dirigentes do Clube tentaram contactar Manuel Calhau, mas em vão, o empresário tinha 'desaparecido' após o almoço. Por essa altura, os dirigentes benfiquistas perceberam também que não tinham sido entregues as garantias financeiras para a realização dos dois jogos agendados no Canadá. Faltavam dois dias para o primeiro encontro e os 'encarnados' não tinham nem quartos, nem campo onde treinar. O regresso antecipado a Lisboa assumia-se como a melhor opção.
Depois de várias horas de conversações no hall de entrada do hotel, o Toronto Blizzard predispôs-se a pagar os custos para a realização do jogo e Tiago Teixeira, um português de Vancouver, e o seu sócio ofereceram-se para pagar o alojamento da comitiva até ao dia do jogo com a equipa canadiana.
O Benfica venceu por 2-0, e três horas depois do encontro, viajava para os Estados Unidos para defrontar o Blackhawks, ainda sem saber se regressaria a Toronto para defrontar o Inter de Milão.
Manuel Calhau entrou em contacto com os dirigentes benfiquistas, que lhe exigiram garantias por escrito, para regressar ao Canadá e defrontar os italianos. O prazo para a entrega das garantias não foi cumprido, pelo que o Benfica regressou a Lisboa, com duas vitórias por 2-0, em solo americano. A mirabolante aventura americana, tal como nos filmes, classificou-se na categoria 'drama'.
Pode saber mais sobre as digressões do Benfica na área 26 - Benfica Universal do Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Manana, in O Benfica

Entrevista na TVI

"Hoje à noite, o Presidente Luís Filipe Vieira concederá uma importante entrevista à TVI, dividida em duas partes. A primeira, das 20h30 às 21h00, com transmissão no Jornal das 8 da TVI, e a segunda, das 21h00 às 21h30, transmitida pela TVI24.
Na sequência da semana em que se tornaram públicas as contas do Clube na época 2018/2019 e se assinalou o 13.º aniversário do Benfica Futebol Campus, Luís Filipe Vieira fará um ponto de situação da vida do Sport Lisboa e Benfica, cujos resultados desportivos e financeiros têm andado de mãos dadas no trilho do sucesso.
A reconquista do título na temporada passada; a política desportiva, em que se insere a aposta em Bruno Lage e o papel fundamental da formação; os extraordinários resultados financeiros, em que a SAD apresentou lucro pela sexta temporada consecutiva, o endividamento bancário foi quase totalmente extinto, o passivo continuou a descer, as receitas bateram recordes, tanto na SAD como no clube (foi ultrapassada a barreira simbólica dos 300 milhões de euros), e se verificou a recuperação total dos capitais próprios, superando o capital social, em que a SAD do Benfica é caso único neste aspecto entre os maiores clubes portugueses; além da passagem da Benfica Estádio e da BTV para o Clube (voltaram a ser detidas a 100% pelo Sport Lisboa e Benfica), serão certamente alguns dos temas a abordar.
Será também o momento para perspectivar o futuro, revelar objectivos e a nova fase de implementação do plano estratégico definido há anos, cujos frutos são sobejamente conhecidos e caracterizados pelo sucesso nas vertentes associativa, desportiva, financeira e patrimonial.
Entretanto, amanhã terá início a nossa participação na Taça da Liga (ante V. Guimarães, na Luz, às 19h00), em que a nossa equipa procurará entrar com o pé direito numa prova cujo palmarés é maioritariamente ocupado pelo Benfica. Em doze edições, conquistámos sete títulos. Os restantes vencedores foram Sporting (2), V. Setúbal, Braga e Moreirense.
Tradicionalmente, a Taça da Liga, devido à calendarização muito preenchida de um clube como o Benfica, é uma competição que possibilita a utilização de jogadores com menos minutos ou em fase de regresso à competição após lesão e que permite, aos treinadores, testar novas dinâmicas e combinações. No entanto, estamos certos de que, sob a filosofia “jogo a jogo” e a comprovada ideia de que todos contam, será uma óptima oportunidade para se assistir a um belo espectáculo contra uma equipa, o V. Guimarães, que se distingue pelo seu futebol ofensivo e de qualidade.
Apelamos aos Benfiquistas que marquem presença no Estádio da Luz amanhã para apoiarem a nossa equipa. Relembramos aos detentores de Red Pass que, por alguma razão, não possam estar presentes, a possibilidade de partilha do seu lugar e darem, deste modo, a oportunidade a outro benfiquista de ver ao vivo e apoiar a nossa equipa."

O Bernardo não foi racista, toca a dispersar

"Bernardo Silva brincou no Twitter com Benjamin Mendy, seu colega de equipa no Manchester City, ao compará-lo numa foto em criança com um boneco que é a imagem de uma marca de chocolates.
O amigo, que brinca com o tamanho de Bernardo e até já fez uma montagem do craque português no corpo de um duende, respondeu, entre risos, «1-0 para ti. Vais ver…».
Ou seja, não houve qualquer constrangimento entre os dois e ambos têm uma relação de confiança mútua para que nenhum se ofenda com estas trocas de galhardetes.
Ainda assim, soaram as campainhas da brigada do politicamente correto das redes sociais, que não tardou em pegar nos seus archotes e forquilhas para censurar os intervenientes e condenar um potencial insulto que não o era.
Daí até que começassem a surgir notícias de que a Federação Inglesa ia investigar o caso por alegado racismo foi menos do que um fósforo.
Já antes disso, desapontado, Bernardo apagou a publicação e escreveu outra a lamentar que «por estes dias, já não se pode brincar com um amigo».
Tal como nos acidentes de automóvel os primeiros a aparecerem são os orçamentistas e bate-chapas de ocasião, a cada polémica nascida ou não nas redes sociais surgem de baixo das pedras os escanções da ofensa com o seu palato mais ou menos apurado.
Indignados, definem os limites do humor. Com o problema de cada um de nós ter o seu próprio limite e de a paleta de ofensas ser tão diversa quanto os humores de cada interlocutor.
O que está na génese desta polémica é o pecado de Bernardo em brincar com a negritude do seu amigo Mendy, o que no limite poderá valer um castigo ao internacional português. No entanto, fosse o francês campeão do mundo a brincar com a palidez do Bernardo e, mesmo para os indignados militantes, seria rebuscado relacionar isso com racismo.
Ora, é esse double standard perante comportamentos semelhantes que acaba por se tornar numa forma subtil de diferenciar pela cor da pele dois homens que têm a mesma profissão e semelhante estatuto social.
Querer aplicar um estigma histórico-social a uma relação de amizade, mesmo quando exposta no espaço público, é, por si só, uma forma de perpetuação do racismo.
Haverá quem argumente que este tipo de humor poderá produzir uma hipotética normalização de comportamentos racistas.
Ofensas, difamação, discriminação, por palavras e sobretudo por acções, tudo isso está enquadrado em termos legais. Os visados queixam-se, os acusados defendem-se. E bem. Zero tolerância quando o limite da lei é ultrapassado. Funciona assim a vida em sociedade.
Nem deveria ser necessário explicar o abismo entre um episódio destes e, por exemplo, insultos vindos da bancada, como se tem visto nos estádios de futebol. Meter tudo no mesmo saco é reviver em loop a história do «Pedro e do Lobo».
É, portanto, um enorme salto de fé para ver numa brincadeira entre Bernardo e Mendy um hipotético foco de normalização do racismo. O que existe, isso sim e acima de tudo, é uma efectiva normalização das relações pessoais. Em público ou não, tenham muitos ou poucos seguidores, há amigos que brincam assim, espantem-se.
Não admirará, porém, que Bernardo deixe nos próximos tempos de se exprimir nas redes sociais – ainda há tempos entrou em despique com o director de informação do FC Porto – com a espontaneidade habitual.
Não admirará, por este tipo de episódios, que a gestão da sua comunicação passe a ser feita exclusivamente por funcionários, que se limitam a publicar mensagens anódinas, tipificadas ou de cariz comercial.
Por estes dias, driblar os snowflakes e demais inquisidores dos tempos modernos não é tarefa fácil. Mesmo para um virtuoso que ainda no último sábado meteu o Watford no bolso e fez o primeiro hat-trick da carreira."

Bernardo Silva proibido de brincar. O mundo está louco

"Estas associações antirracistas são elas mesmo as maiores racistas ao cimo da terra. Mas desde quando é que não se pode fazer uma brincadeira com um amigo só porque a cor da pele é castanha? 

Bernardo Silva é um jogador de futebol que brilha a grande nível no principal campeonato do mundo, o inglês, e no ano passado foi mesmo considerado o melhor a pisar os relvados de Sua Majestade. É um miúdo que não tem tiques de craque parolo, apesar dos milhões que ganha, quando vem a Portugal desloca-se para os estágios da selecção num Smart, não tem um corte de cabelo suburbano e não é uma loja ambulante de marcas de luxo. Nas suas entrevistas revela alguma maturidade para a idade que tem e utiliza sempre um discurso positivo. Percebe-se que é um jovem feliz, de bem consigo próprio e com os outros.
Na semana passada, decidiu colocar nas redes sociais a foto de um companheiro de equipa e amigo ao lado de um boneco conguito, uma marca de chocolate espanhola, com a legenda “quem é quem?”. Foi o suficiente para lhe cair o mundo em cima acusando-o de racismo e de ser intolerável uma brincadeira dessas. Estas associações antirracistas são elas mesmo as maiores racistas ao cimo da terra. Mas desde quando é que não se pode fazer uma brincadeira com um amigo só porque a cor da pele é castanha? Se Bernardo Silva tivesse feito o mesmo com um amigo branco alguém diria alguma coisa? Agora as brincadeiras, género “separados à nascença”, só podem ser realizadas com brancos? A associação Kick it Out exige que a federação inglesa castigue o jogador exemplarmente, como se o craque português tivesse cometido algum crime. Porque não se metem na sua vida e deixam as pessoas viver a sua com as brincadeiras que muito bem entendem fazer? Desde quando é que precisamos de polícias para controlarem as ‘sacanagens’ que fazemos uns aos outros, sem qualquer ponta de maldade?
Ao tomar conhecimento desta polémica lembrei-me das vezes que brinco com um grande amigo meu dizendo que vamos tirar uma foto a preto e branco. Mas há algum racismo nisto? A estupidez está decididamente a tomar conta do mundo. Bernardo Silva apagou a brincadeira das redes sociais e escreveu: “Nem posso fazer uma piada com um amigo nos dias de hoje… Estas pessoas…”. É verdade, meu caro. Estas pessoas querem-nos obrigar a ver o mundo como elas o veem. Cheio de estigmas e racismos encapotados."

Bernardo Silva e a ditadura do politicamente correto

"É perigosa, muito perigosa esta submissão da sociedade a uma máscara de justiça e luta pela igualdade quando tal acontece através do silenciamento do que não nos agrada ou que não é o que nós pensamos

Um post de Bernardo Silva este fim-de-semana causou grande celeuma por essa internet fora. Sim, leu bem, um post. Não um golo, ou os três que o português marcou no sábado, mas uma publicação numa rede social. Muitas pessoas sentiram-se ofendidas com o post do jogador português por alegadamente ter uma conotação racista. Na sua página no Twitter, Bernardo Silva colocou uma fotografia do colega de equipa Benjamin Mendy e uma fotografia de um boneco de uma marca de doces, sugerindo que as suas caras eram muito parecidas. Mendy levou a publicação como brincadeira e assim o demonstrou no comentário que fez à fotografia, mas a indignação demonstrada pelos utilizadores na caixa de comentários levou o português a apagar a fotografia, tendo depois comentado no Twitter “Nem posso fazer uma piada com um amigo nos dias de hoje… Estas pessoas…”.
É do conhecimento geral que os dois jogadores são muito amigos e é frequente ambos brincarem um com o outro nas redes sociais. Porque é mesmo isso que eles fazem, brincam, gozam um com o outro, “picam-se”. Porque são amigos. Registemos este facto porque não deve ser menosprezado para se entender esta situação. No post de Bernardo Silva não há maldade nem uma tentativa de inferiorização quer do seu companheiro de equipa, quer da sua etnia. Sou contra todo o tipo de discriminação e inferiorização de qualquer raça, etnia ou religião. Mas, perdoem-me os ofendidos, não é (foi) este o caso. Tratou-se de uma brincadeira inofensiva entre dois amigos.
Infelizmente este é só mais um caso da ditadura do politicamente correto. Porque as pessoas, cada vez mais, se ofendem. Não sei se têm demasiado tempo livre ou se simplesmente querem dar uso ao “microfone” de opiniões que são as redes sociais. Mas esta censura é, acima de tudo, um atentado à liberdade de expressão. O Ricardo Araújo Pereira, pessoa pela qual tenho uma admiração tremenda, diz algo que subscrevo inteiramente. O humorista diz que as pessoas têm o direito de se sentir ofendidas. O problema, diz ele, é que as pessoas acham que têm o direito a não ser ofendidas. E por isso, quando se deparam com algo com que não concordam ou que não gostam, fazem uso do seu “direito” de se sentir ofendidas para crucificar a pessoa em questão e, não poucas vezes, exigir que esta retire o que disse ou apague o seu post, tudo em nome do politicamente correto.
É perigosa, muito perigosa esta submissão da sociedade a uma máscara de justiça e luta pela igualdade quando isso acontece através do silenciamento daquilo que não nos agrada ou que não é o que nós pensamos. Pior ainda quando isto acontece devido a interpretações erradas e, estas sim, verdadeiramente racistas, de uma simples brincadeira entre amigos.
Um exemplo prático. O meu avô paterno era judeu. Por esse motivo, nunca gostei de piadas ou sátiras que fizessem pouco dos judeus, apesar de até saber várias. Isto dá-me o direito de exigir que ninguém faça este tipo de piadas? Não. Porquê? Porque as pessoas têm o direito de satirizar este assunto, tal como qualquer outro, e eu tenho o direito de não gostar. Agora, a minha liberdade não me dá o direito de calar quem pensa ou sente de maneira diferente da minha.
A liberdade de expressão foi algo muito difícil de conquistar, todos sabemos. Não o estraguemos pela simples mesquinhez de não saber lidar com a diferença, ou pior, pela soberba de achar que temos o direito de impor aquilo que se deve ou não dizer. Uma sociedade verdadeiramente democrática e livre jamais se pode submeter a esta ditadura do politicamente correto.
Dito isto, também acho que pessoas com a exposição mediática como a que Bernardo Silva tem, devem medir bem aquilo que dizem publicamente, seja através de que meios for. Uma vez que tudo o que fazem é alvo de escrutínio por parte de quem os segue, a polémica, a insurgência e as pessoas ofendidas estão mesmo ali ao virar da esquina. E, com isto, quase se esqueceram que Bernardo fez um hattrick neste fim-de-semana. Trivialidades…"

E agora, Frederico?

"Sucessão de más decisões já anunciavam este momento

Frederico Varandas foi eleito presidente numas eleições fortemente fragmentadas e num momento financeiramente complicado. Nunca foi um nome de consenso, é certo, mas a verdade é que fez muito pouco desde então para alterar esta situação.
Sobretudo no plano desportivo, o presidente tomou decisões difíceis de perceber.
Despediu José Peseiro, por exemplo, sem ter uma solução para o banco. A contratação de Marcel Keizer, é bom lembrá-lo, demorou mais de um mês a ser feita: até lá o Sporting jogou em várias frentes com um interino.
Inaceitável.
Depois disso apostou num treinador sem nenhum conhecimento do futebol português, sem provas dadas e sem estofo para lidar com a pressão. Keizer chegou com uma filosofia, que alterou ao segundo desaire, e nunca mais teve uma ideia clara para a equipa.
Em Janeiro abdicou de Nani, Montero e Bruno César para se reforçar com nomes que ainda não provaram merecer um lugar no plantel: Luiz Phellype, Doumbia, Borja.
É certo que a época terminou com a conquista de duas taças, ganhas nos penáltis, os quais aliás vieram a provar serem o melhor amigo deste Sporting.
Frederico Varandas soube capitalizar esse facto, fartou-se de falar da melhor época dos últimos anos, passando por cima do fracasso rotundo que foi o não apuramento para a Liga dos Campeões: como o próprio Frederico Varandas tinha referido na campanha eleitoral, o Sporting não podia voltar a falhar um encaixe financeiro urgente e vital.
O pior, porém, ainda estava para vir.
Sem mostrar ter aprendido nada com os erros, o Sporting protagonizou um verão assustador.
Acima de tudo, claro, a venda de Bas Dost por sete milhões de euros. A SAD leonina abdicou de um jogador que em três épocas fez 93 golos ao preço de um júnior. No fundo valorizou cada golo do holandês a pouco mais de 70 mil euros.
Totalmente incompreensível.
Mesmo que Bas Dost não entrasse nas contas de Marcel Keizer, convinha lembrar que há mais vida depois do treinador. O ponta de lança garante 30 golos por época e ainda há dois anos estava a lutar com Messi pela Bota de Ouro. Não se empurra para fora do clube um goleador assim.
Até porque, depois de correr com Bas Dost, o Sporting foi buscar Bolasie, Jesé Rodriguez e Fernando: jogadores de grandes clubes europeus e, portanto, com um salário alto.
Ainda que o Sporting não o pague por inteiro, o que se admite facilmente, terá de pagar alguma coisa. Por cada um deles. É só somar os três.
Não há, portanto, um critério em toda esta política desportiva do Sporting.
A SAD leonina parece navegar ao sabor do vento, com decisões tomadas em cima do joelho, sem uma ideia do que quer para o futebol do clube.
Intolerável, por exemplo, como nos últimos dias do mercado desmantelou a equipa com a venda de dois habituais titulares, para reconstruir o plantel com três contratações, com a época a decorrer, com jogos a poucos dias de distância, num tratado de insensatez.
Aliás, num erro já cometido no passado e que não serviu de lição, Frederico Varandas enfrentou uma nova saída do treinador sem uma solução que fosse para o problema.
Como acontecera há um ano, foi um interino que segurou a equipa durante um mês: sim, um mês. 
Novamente inadmissível.
Por tudo isso, não pode verdadeiramente surpreender que a época esteja a ser desastrosa.
Depois de tantos erros e equívocos, de tanta imprudência, leviandade e precipitação, depois de tanto amadorismo, portanto, era difícil não imaginar que a resposta da equipa ia ser esta.
Quatro derrotas em oito jogos oficiais, apenas duas vitórias e uma humilhação dolorosa frente ao maior rival em dois meses deixam este Sporting muito perto daquele de Godinho Lopes.
E a culpa, de quem é? Acima de todos de Frederico Varandas.
Ninguém pode duvidar do sportinguismo, ninguém pode contestar a defesa do código genético do Sporting, ninguém pode, enfim, desconfiar das boas intenções do presidente.
Mas tudo isso é pouco. Os jogadores estão desmoralizados, os sócios estão revoltados, os simpatizantes estão desinteressados, a direcção está reprovada. O Sporting novamente está num beco que se aperta a cada metro percorrido.
E agora, Frederico?"

Benfiquismo (MCCCII)

Grande ambiente...
Benfica - Pana...

A Chama Imensa... Equilibradores!!!

Segunda Bola - 6.ª jornada...

Benfica FM #83 - Moreirense...

Lixívia 6


Tabela Anti-Lixívia
Benfica..... 15 (0) = 15
Corruptos. 15 (+3) = 12
Sporting.. 8 (+4) = 4

Os Corruptos, continuam 'imparáveis'!!! A falta de vergonha há muito que reina... Conclusão: nada de novo!!!

O Godinho desde que foi atropelado pelo Danilo e teve a 'imprudência' de expulsar o jogador dos Corruptos, nunca mais foi um 'perigo' para os Corruptos, tal o clima de intimidação que 'caiu' em cima do Alentejano Lagarto, anti-benfiquista primário!!!
Rui Oliveira, é um produto 'caseiro' dos Corruptos, criado e formado na escola do crime da Associação de Futebol do Porto, subindo a 'custo', copiando nos exames, e dando uma ajudinha ao Canelas e aos seus muchachos sempre que necessário!!! No seu cadastro, tinha até esta jornada, a 'magnifica' decisão, de reverter uma boa decisão do seu fiscal-de-linha, que tinha anulado (bem) um golo aos Corruptos, mas que o 'corajoso' Oliveira, aconselhado por outro 'corajoso' Vasco Santos, foi ao monitor do VAR (ignorando o protocolo, que impede os árbitros de irem ao monitor em situações de fora-de-jogo!), validando assim, um golo ilegal ao Clube do seu 'coração'!!! Com total impunidade, diga-se..
Muitos defendem que só quando 'matarem' um jogador, é que marcam um penalty a favor do Benfica, ou contra os Corruptos, pois bem, a 'sangria' do Fábio Cardoso, faz-me temer que muito provavelmente, nem com um jogador 'morto' a sangrar profusamente, alguém terá a coragem de assinalar seja o que for, contra os Corruptos, naqueles momentos 'delicados' onde não é conveniente, 'pressionar' os jogadores e o treinador dos Corruptos!!!

Não sou eu que o digo, penalty e expulsão contra os Corruptos, ao minuto 55, portanto com cerca de 40 minutos (depende dos descontos!!!), 2-1, para os Corruptos...

Em Moreira de Cónegos e no Alvalixo não houve Casos, mas dois 'reparos':
- o Soares Dias 'fodeu-se', deu 3 minutos quando pensava que o Benfica ia perder pontos, e depois queria dar 10... e já não podia voltar atrás!!! A rábula dos 'descontos' esta época tem sido escandalosa! Critérios completamente diferentes, conforme as equipas...
- o Macron, acabou por tomar decisões correctas, mas a coisa 'demorou'!!! Tanto no penalty sobre o Jovane, como no 'golão' do Coates, a decisão do VAR era 'fácil', mas o Nobre levou tempo, tempo, muito tempo, até acertar... devia estar à procura de um ângulo que lhe pudesse ilibar, mas 'falhou'!!! Foi 'obrigado' a decidir bem...!!!

Anexos (I):
Benfica
1.ª-Paços de Ferreira(c), V(5-0), M. Oliveira (L. Ferreira), Prejudicados, (6-0), Sem influência
2.ª-B SAD(f), V(0-2), Veríssimo (Xistra), Prejudicados, (0-4), Sem influência
3.ª-Corruptos(c), D(0-2), Sousa (Almeida), Prejudicados, Impossível contabilizar
4.ª-Braga(f), V(0-4), Almeida (Rui Costa), Prejudicados, Beneficiados, (1-4), Sem influência
5.ª-Gil Vicente(c), V(2-0), Pinheiro (L. Ferreira), Nada a assinalar
6.ª-Moreirense(f), V(1-2), Soares Dias (Mota), Nada a assinalar

Sporting
1.ª-Marítimo(f), E(1-1), Martins (Hugo), Beneficiados, (1-0), (+1 ponto)
2.ª-Braga(c), V(2-1), Godinho (Nobre), Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
3.ª-Portimonense(f), V(1-3), Xistra (V. Santos), Beneficiados, (2-3), Impossível contabilizar
4.ª-Rio Ave(c), D(2-3), Pinheiro (Narciso), Beneficiados, Prejudicados, (3-5), Sem influência
5.ª-Boavista(f), E(1-1), Sousa (V. Ferreira), Beneficiados, (2-1), (+1 ponto)
6.ª-Famalicão(c), D(1-2), Hugo (Nobre), Nada assinalar

Corruptos
1.ª-Gil Vicente(f), D(2-1), Almeida (Xistra), Nada a assinalar
2.ª-Setúbal(c), V(4-0), Mota (V. Santos), Nada a assinalar
3.ª-Benfica(f), V(0-2), Sousa (Almeida), Beneficiados, Impossível contabilizar
4.ª-Guimarães(c), V(3-0), Xistra (Nobre), Beneficiados, Prejudicados, (4-2), Impossível contabilizar
5.ª-Portimonense(f), V(2-3), Rui Costa (V. Santos), Beneficiados, (2-1), (+3 pontos)
6.ª-Santa Clara(c), V(2-0), Godinho (Rui Oliveira), Beneficiados, (2-1), Impossível contabilizar

Anexos (II):
Árbitros:
Benfica
M. Oliveira - 1
Veríssimo - 1
Sousa - 1
Almeida - 1
Pinheiro - 1
Soares Dias - 1

Sporting
Martins - 1
Godinho - 1
Xistra - 1
Pinheiro - 1
Sousa - 1
Hugo - 1

Corruptos
Almeida - 1
Mota - 1
Sousa - 1
Xistra - 1
Rui Costa - 1
Godinho - 1

VAR's:
Benfica
L. Ferreira - 2
Xistra - 1
Almeida - 1
Rui Costa - 1
Mota - 1

Sporting
Nobre - 2
Hugo - 1
V. Santos - 1
Narciso - 1
V. Ferreira - 1

Corruptos
V. Santos - 2
Xistra - 1
V. Santos - 1
Almeida - 1
Nobre - 1
Rui Oliveira - 1

Jogos Fora de Casa (árbitros + VAR's)
Benfica
Veríssimo - 1 + 0 = 1
Almeida - 1 + 0 = 1
Soares Dias - 1 + 0 = 1
Xistra - 0 + 1 = 1
Rui Costa - 0 + 1 = 1
Mota - 0 + 1 = 1

Sporting
Martins - 1 + 0 = 1
Xistra - 1 + 0 = 1
Sousa - 1 + 0 = 1
Hugo - 0 + 1 = 1
V. Santos - 0 + 1 = 1
V. Ferreira - 0 + 1 = 1

Corruptos
Almeida - 1 + 1 = 2
Sousa - 1 + 0 = 1
Rui Costa - 1 + 0 = 1
Xistra - 0 + 1 = 1
V. Santos - 0 + 1 = 1

Totais (árbitros + VAR's):
Benfica
Almeida - 1 + 1 = 2
L. Ferreira - 0 + 2 = 2
M. Oliveira - 1 + 0 = 1
Veríssimo - 1 + 0 = 1
Sousa - 1 + 0 = 1
Pinheiro - 1 + 0 = 1
Soares Dias - 1 + 0 = 1
Xistra - 0 + 1 = 1
Rui Costa - 0 + 1 = 1
Mota - 0 + 1 = 1

Sporting
Hugo - 1 + 1 = 2
Nobre - 0 + 2 = 2
Martins - 1 + 0 = 1
Godinho - 1 + 0 = 1
Xistra - 1 + 0 = 1
Pinheiro - 1 + 0 = 1
Sousa - 1 + 0 = 1
V. Santos - 0 + 1 = 1
Narciso - 0 + 1 = 1
V. Ferreira - 0 + 1 = 1

Corruptos
Xistra - 1 + 1 = 2
Almeida - 1 + 1 = 2
V. Santos - 0 + 2 = 2
Mota - 1 + 0 = 1
Sousa - 1 + 0 = 1
Rui Costa - 1 + 0 = 1
Godinho - 1 + 0 = 1
Nobre - 0 + 1 = 1
Rui Oliveira - 0 + 1 = 1

Jornadas Anteriores:
Jornada 1
Jornada 2
Jornada 3
Jornada 4
Jornada 5

Épocas anteriores:
2018-2019

Tudo está bem quando acaba bem?

"Bruno Lage deve manter o espírito aberto, não se deixando aprisionar por dogmas, preconceitos, ou por um ego inflado, para chegar à melhor solução

Do génio de William Shakespeare brotou, por alturas em que os Felipes reinavam em Portugal, uma peça de teatro que recebeu como título Tudo está bem quando acaba bem. Na obra, era colocados problemas éticos complexos que pediam mais do que soluções simplistas.
O Benfica venceu em Moreira de Cónegos e arrecadou os três pontos. Mas será que os encarnados podem refugiar-se no título da peça de Shakespeare? Se o fizerem, não estarão a compreender que a história do jogo pede bem mais do que uma análise básica, que meramente comece e acabe no resultado final.
É verdade que ganhar nunca fez mal a ninguém, e vencer em cima do relógio dá gozo redobrado. Mas, o sucesso feliz do Benfica no Minho, para além de ressuscitar os estafados chavões de que não há campeões sem sorte e brilhou a estrelinha de campeão, deve levar Bruno Lage a uma reflexão mais profunda, em busca de respostas para o jogo pobre apresentado pelos campeões nacionais. Uma verdade parece incontestável: o Benfica, ao contrário da época passada, defende de forma muito deficiente, sem que o problema esteja nem no guarda-redes, nem no quarteto defensivo. O elo mais fraco é o duplo-pivot formado por Fejsa e Taarabt, a anos luz da eficácia de Samaris e Gabriel num passado recente, e distante, até, dos resultados observados quando Florentino esta em campo, sendo que o regresso de Gedson também poderá propor novas pistas.
Mais à frente, para além de uma quebra (pontual, por certo) de Pizzi, que pouco acelera o jogo pela direita, Raul de Tomas continua a ser um corpo estranho na movimentação colectiva dos encarnados, com consequências quer na falta de presença na área contrária (RDT nem sequer falha golos, porque não tem oportunidades) quer no primeiro combate às saídas de bola contrárias. Bruno Lage deve ler bem a situação e, sobretudo, deve manter um espírito aberto, não se deixando aprisionar por dogmas, preconceitos, ou por um ego inflado, única forma de chegar à melhor solução. Porque, na verdade, nem sempre tudo está bem quando acaba bem.

PS1- Por onde anda Samaris? Regressou ao alçapão onde tinha sido colocado por Rui Vitória?

PS2 - Quarta-feita há Taça da Liga, momento certo para dar minutos a quem deles precisa...

Ás
Bernardo Silva
Tal como o pequeno António Simões, que marcou um golo de cabeça, ao Brasil, no Mundial de 1966, também o minorca Bernardo Silva facturou de cabeça na goleada do Manchester City ao Watford. Numa tarde em que assinou o primeiro hat-trick de carreira, o playmaker português vai-se afirmando como estrela global.

Ás
Ricardo Sá Pinto
Fez o grande resultado de uma equipa portuguesa na ronda inaugural da fase de grupos das competições europeias. Ganhar em Wolverhampton não é para qualquer um e os arsenalistas contribuíram para nos aproximarmos da Rússia no ranking da UEFA, numa corrida que, a prazo, se ganha, por de ser um bálsamo para o futebol português.

Ás
Sebastian Vettel
Depois de 22 grandes prémios sem ser o primeiro a ver a bandeira de xadrez, o tetracampeão alemão voltou aos triunfos em Singapura, contra todas as probabilidades. Vettel (finalmente) não teve quebras de concentração e regressou aos bons velhos tempos, numa jornada de dobradinha para a Ferrari.

A língua portuguesa pode ser traiçoeira...
«O Bruno Fernandes é um grande jogador, como o Messi ou o Ronaldo, mas as equipas têm sempre substitutos...»
Leonel Pontes, treinador do Sporting
O treinador do Sporting é um homem inteligente e ponderado, a quem foi entregue uma missão muito difícil. À primeira vista, comparar Bruno Fernandes com Ronaldo e Messi é uma imprudência. Mas Leonel Pontes falou em perspectiva, respeitando a escala. Barcelona e Juventus construíram as equipas à volta de Messi e CR7. Os leões, com Bruno, também. Só isso...

Começou a grande gala do râguebi mundial
O jornal nipónico Mainichi Shibum deu grande destaque na primeira página à vitória da Nova Zelândia sobre a África do Sul (23-13) na primeira jornada da fase de grupos do Mundial do Japão. No jogo inaugural, os donos da casa tinham derrotado (30-10) a Rússia. Os dados estão lançados para grandes espectáculos!
(...)"

José Manuel Delgado, in A Bola

Os gajos que marcam golos

"A mistura entre Aurélio Márcio e Nené, Nuno Gomes e Cadete, Pauleta e Hélder Postiga, Raul de Tomas e Pizzi e ainda o futebol feminino

Por vezes, por entre pilhas e pilhas de jornais já amarelecidos, misturados com recortes de tudo e mais alguma coisa, só se via o cucuruto molhado por uma espécie de brilhantina e só se ouvia o som metálico de tesoura (zac-zac-zac) a acrescentar recortes já existentes. Às tantas, quando algum jogador, menos bafejado pelo amor dos adeptos, marcava pelo amor dos adeptos, marcava um golo inesperado, ouvia-se na redacção de A Bola a voz, semi-metálica, do Ti Aurélio Márcio: «Não sei o que é que vocês têm contra os gajos que marcam golos!»

E logo falava de um dos jogadores mais mal-amados da história do Benfica: Nené. O antigo goleador dos encarnados assobiado porque não sujava os calções. E porque não corria atrás de uma bola que sentisse que ia sair pela linha lateral. E porque não dava dois toques para chegar ao golo quando podia marcar só com um. E porque parecia displicente em campo. Porém, argumentava o Ti Aurélio, marcava golos. Um atrás dos outros. De cabeça, com os pés, com o tronco, com o rabo se preciso fosse. Anos mais tarde, a história repetiu-se com Nuno Gomes. E com Cadete no Sporting. E com Pauleta e Hélder Postiga na Selecção Nacional. De facto, que terão as pessoas contra os gajos que marcam golos?

É claro que podemos fazer o exercício ao contrário: que têm os treinadores a favor dos avançados que não marcam golos? E lembramo-nos de Raul de Tomas (com ou sem acentos no nome). Não marca porque fazem autogolos, não marca porque não constrói oportunidades de golo, não marca porque não lhe oferecem bolas de golo. De tudo um pouco. Está ansioso e não esconde a ansiedade. Talvez esteja na hora de descansar. Ou, como vem aí a Taça da Liga, pode ter nova oportunidade. O inverso é Pizzi (tirando o jogo com o Moreirense). Joga e faz jogar, marca e faz marcar. E leva seis golos na liga em seis jogos. Não caiu no goto dos benfiquistas, o que é estranho. É um superjogador) Não. É brilhante? Não. Mas não me importava de o ter nas equipas em que eu fosse treinador.

Estranho mesmo é quando se olha para alguns resultados do Campeonato Nacional do futebol feminino português: 17-0?! 24-0?! Fico sempre na dúvida se não estarei a ver o resultado ao intervalo de um jogo de basquetebol. Porém, se o Ti Aurélio fosse vivo, colocaria a cara por cima das pilhas de jornais já amarelecidos e, por entre o som metálico da tesoura (zac-zac-zac), diria «Que é que tu tens contra as gajas que marcam golos?»."

Rogério Azevedo, in A Bola

Porque não chega não decidir

"O sucesso relativo pode tornar-se inimigo da gestão desportiva. Os dirigentes ficam reféns ou resguardam-se simplesmente nos «bons trabalhos» e é mais fácil tomar a decisão popular: optar pela não-decisão de ficar com o que até não foi tão mau quanto isso em vez de se apontar baterias para o médio prazo. É dado demasiadas vezes o benefício da dúvida.
Keizer foi isso. As duas taças, somadas a um outro bom momento na Liga, não confirmados por classificação acima do terceiro lugar, chegaram para renovar a aposta. Aconteceu com Solskjaer em Manchester no pós-Mourinho e em Barcelona com Valverde, embora com contornos diferentes, já que no Camp Nou reside um dos grupos mais talentosos da história. Compensaram-se duas humilhações na Liga dos Campeões - o grande objectivo - com títulos nacionais, e Valverde continua. Nunca se foi tão longe, contudo, como no Real Madrid. Claro que os merengues são mais valor à orelhuda do que à liga, mas teve de ser Zidane a perceber que não conseguiria manter-se na rota do sucesso, mesmo que apenas além-fronteiras, e a abdicar do cargo, confirmando mais tarde, com um regesso precoce e menos inteligente, o realismo desse momento de lucidez. Há obviamente o outro lado: um Bayern que não se conformou com o treble de um Heynckes aborrecido com a reforma e posicionou-se para dominar o mundo através de Guardiola, o que não aconteceu. Só que ninguém garante também que o conseguiria novamente com o antecessor. As melhores decisões são muitas vezes difíceis e acarretam risco. É por isso que é importante que os decision makers percebam realmente de futebol. Não chega não-decidir. É preciso encontrar treinadores que realmente tenham impacto positivo e duradouro, e não apenas emocional, nas equipas. Tal com melhores jogadores."

Luís Mateus, in A Bola

O nível de ansiedade e angústia de RDT já se encontra em níveis dostoievskianos. Mais um grama e transforma-se no Aliocha Karamázov

"A noite passada tive uma ideia para um conto. É uma história simples. Um homem vai a um velório, dá os pêsames aos familiares e, quando se prepara para homenagear o defunto, descobre com horror que o morto é ele. A história é inspirada no caso verídico de Raul de Tomás, o avançado sem golo. Perdoem-me a insistência.
Eu queria falar da fantástica campanha do Famalicão ou do imbróglio burocrático da não inscrição de Pedro Mendes, jovem avançado do Sporting, mas a seca de RDT (ou DDT, já não sei como o hei de chamar) adquire a cada jogo dimensões épicas. Pode ser um efeito colateral das alterações climáticas, mas em 41 anos de vida nunca vi nada assim. A não ser o ano passado, com Ferreyra, e mesmo este conseguiu marcar um golinho.
Já conhecíamos o avançado-pinheiro e agora dispomos de um exemplar único do avançado-eucalipto, que seca tudo à sua volta, a começar pela fonte de onde deviam brotar os seus golos. Em seu redor, tudo é aridez. Só os centrais contrários vicejam, multiplicam-se, reproduzem-se infinitamente quando na proximidade de RDT. Olho para o ecrã do televisor e onde está RDT estão sempre cinquenta defesas ou apenas um, mas tão grande que parece um exército, uma montanha, como aquele central do Leipzig, um Kilimanjaro com pernas que passou o jogo a ser assediado pelo avançado espanhol do Benfica.
Noutra altura a paciência dos adeptos do Benfica já se teria esgotado. Estaríamos em vésperas de uma guerra civil e fratricida, com defensores de RDT de um lado a ameaçarem rasgar os cartões de sócio se o espanhol fosse para o banco, e os seus detratores a partir cadeiras em assembleias gerais se lhe fosse concedida mais uma oportunidade. Mas as vitórias dos últimos anos tiveram um curioso efeito na psique benfiquista. A maioria dos meus amigos benfiquistas fala do caso RDT com uma paz de espírito de fazer inveja a um monge cartuxo. Oiço-os e é como se estivesse a ouvir uma preleção pedagógica do Dr. Eduardo Sá: “exigência não significa hostilidade” ou qualquer coisa do género. 
Após um jogo pavoroso, os adeptos aplaudem-no cientificamente, baseados nos mais recentes avanços da psicologia clínica. Mesmo aqueles que o consideram um caso perdido já optaram pela via contemplativa: continuarão plácidos a observá-lo em campo até que ele desapareça, de preferência por empréstimo com opção de compra, para um Espanhol, Granada ou Alcorcón.
Eu percebo aqueles que não querem aumentar os níveis de ansiedade do jogador com assobios e insultos. Só que é visível que o nível de ansiedade e angústia já se encontra em patamares russos, dostoievskianos. Mais um grama de ansiedade, e RDT transforma-se num Aliocha Karamázov, num Raskolnikoff. Um defesa do Gil Vicente marca um auto-golo e RDT quase arranca os cabelos e as vestes, como se lhe tivessem comunicado a morte de um ente querido. O sofrimento é tal que inspira a compaixão dos adeptos e dos adversários. Não tarda muito e os jogadores da outra equipa estão a animá-lo com discursos motivacionais.
Um mais liberal poderá até dar-lhe uma moedinha, pagar-lhe uma sopa. No jogo contra o Moreirense até mudou de penteado que, por artes mágicas, se transferiu para a cabeça de Caio Lucas. No próximo jogo é bem capaz de entrar em campo com umas olheiras suicidas e a empurrar um carrinho de compras roubado no Colombo, arrastando um rafeiro pela trela.
Acontece que pena é um sentimento que não se ajusta a um jogador que custou 20 milhões de euros. Os optimistas dizem que é uma questão de tempo e recuperam a teoria do ketchup. Ah, basta entrar o primeiro e, a partir daí, escorrerão golos em cascata das botas agora aziagas de RDT, dizem com um ceticismo mal disfarçado. Os pessimistas tentam extrair do caso lições de vida e de gestão desportiva: nunca contratar um jogador que se apresenta com as iniciais do nome.
É que RDT tem uma ressonância futurista, de máquina, como se fosse o resultado de um projecto secreto de engenharia: “Apresentamos o novo modelo, o RDT, um avançado ultrassónico, com cabeça de titânio protegida com múltiplas camadas de Shockwaves, ligações internas de fibra ótica e mira descalibrada.” E depois sai-nos um espantalho, uma carroça, ainda por cima com tendências depressivas. Como aqueles robôs dos filmes que ganham consciência e começam a questionar-se sobre a sua identidade, RDT vai para casa, olha-se ao espelho e pergunta-se: “serei mesmo um avançado a sério ou fui criado para correr atrás dos defesas numa primeira linha de pressão?”
A resposta está nas mãos de Bruno Lage. Ou continua a insistir em RDT à espera de um milagre tecnológico ou concede-lhe umas mini-férias para ele descansar a cabeça, ficar em casa de persianas fechadas a ouvir um CD dos sons das baleias, fazer hipnose regressiva que o faça voltar ao confortável ambiente intra-uterino, reconciliar-se com a vida e, depois, se não for pedir muito, que regresse em forma para marcar um golo de ressalto contra o Tondela."

Regresso ao Passado!!!


Mete o Hino...