Últimas indefectivações
sexta-feira, 30 de agosto de 2024
Nota de pesar
"Condolências do Sport Lisboa e Benfica pelo falecimento de Adolfo Calisto.
O Sport Lisboa e Benfica lamenta a morte do seu antigo jogador, Adolfo Calisto, defesa polivalente que se distinguiu durante as décadas de sessenta e setenta, altura em que representou o Clube.
Foi contratado em 1966 e realizou 311 jogos pelo Benfica, até 1975, momento em que se transferiu para o Portimonense.
Foi contemporâneo de jogadores como Eusébio, Coluna, Toni ou Humberto Coelho e representou a seleção nacional por 15 vezes.
Ao serviço do Benfica, conquistou 13 títulos, de que se destacam 6 campeonatos nacionais, três Taças de Portugal e 4 Taças de Honra. Em 2011 assumiu o cargo de treinador-adjunto dos Juvenis B, função que desempenhou até 2020, contribuindo para a conquista de 5 Campeonatos
À família de Adolfo Calisto, o Sport Lisboa e Benfica endereça as suas mais sentidas condolências. O seu nome e a sua memória ficarão perpetuados na história do Sport Lisboa e Benfica."
Amdouni
É oficial, Zeki Amdouni vai vestir o Manto Sagrado, depois de se ter falado dele na época anterior, um ano depois, finalmente, chegou!!!
É um empréstimo, 'caro', com um clausula 'supostamente' obrigatória (creio que não é público), mas eu gostei desta contratação!
O talento é indiscutível, tem um excelente toque de bola, normalmente decide bem, pode jogar a '9', mas prefere jogar como segundo avançado... Creio que a ideia, é fazer dupla com o Pavlidis!
A minha dúvida, será mesmo a adaptação ao 'esquema' do Roger, principalmente a questão da provável 'rotação' entre os avançados, com o Marcos e também com o Prestianni ou outro dos nossos médios ofensivos, que podem jogar a '10'!
Fazendo aquele famoso exercício, de comparação com ex-jogadores, não tenho dúvidas de o comparar com o Jonas, com mais velocidade!
Sobre a questão da contratação tardia, a discussão é estúpida! Todos os anos, praticamente todas as equipas, 'aproveitam' os últimos dias da janela de transferências, para compor os plantéis, e normalmente com muitos empréstimos de equipas com excesso de jogadores, ou como aconteceu neste caso, uma equipa da Premier League que desceu de Divisão, e tem que alterar a estrutura de salários...
Champions 2024/25
Bayern - Benfica
Benfica - Barcelona
Juventus - Benfica
Benfica - Atlético Madrid
Estrela Vermelha - Benfica
Benfica - Feyenoord
Monaco - Benfica
Benfica - Bolonha
Como de costume, Sorteio complicado! Nem com o novo formato as 'bolinhas' ajudam!!! Também é verdade que a forma da equipa, transmite pouca confiança, mas...
Adversários oriundos da Alemanha, Espanha e Itália, historicamente complicadíssimos... o Bayern então nem é necessário recordar os anteriores confrontos... só o Estrela Vermelha (fora mais complicado), e depois o Feyenoord e Monaco tem uma origem mais 'acessível', mas mesmo assim, estas duas são duas equipas perigosas... Fazer os 9 pontos supostamente necessários, não vai ser fácil...
Pessoalmente, os jogos em casa vão ser fundamentais, mesmo contra os Espanhóis Barça e Atlético temos que ganhar, pelo menos um!!!
A ordem dos jogar irá ser divulgada no Sábado, e também será importante, até porque acredito que as decisões serão adiadas para as últimas duas jornadas!
Diferenças?!
O mesmo artigo de merda do Hugo do Carmo com dois títulos diferentes. Um título no papel e outro na net.
— VZKY (@vermelhovzky) August 29, 2024
Se lá dentro d'@abolapt não se entendem, como querem entender o resto do mundo? pic.twitter.com/dLWyqs029I
Farto...
"Leio nas redes sociais que estamos a fazer o pior defeso da história do futebol mundial…e no entanto o que aconteceu até ao momento…
Perdemos 1 mal amado (Rafa)em final de contrato;
Um jovem por milhões de euros sendo das maiores transferências do defeso (Neves);
Neres e….
Apontaram lacunas na esquerda…
Temos Beste e Carreras;
Apontavam lacunas na direita…
Temos Bah e Kaboré…
Faltavam alternativas no meio campo…
Temos Florentino, Barreiro, Renato Sanches, Kokcu e Aursnes (sim até é ali que ele se notabilizou)…além do outro mal amado João Mário…
Tínhamos falta de matador…
Trouxemos o Pavlidis e o Amdouni…e ainda por cá temos Marcos Leonardo e Cabral…até prova em contrato…
Na defesa apesar dos jornais e experts do X tentarem colocar os nossos jogadores todos os dias em todo o lado ainda continuam por lá António Silva, Tomás Araújo, Otamendi e Morato…
Aí Jesus que saíram o desequilibradores das alas…
Mas o gajo com mais assistências ficou por cá Di Maria a que se somam Rollheiser, Scheldrerup, Prestianni, Gouveia…e ainda acredito que veremos João Rego a emergir…
Reduzimos massa salarial, média de idades…
O que é que foi mal feito aqui afinal????
Compreendo que não se contrataram atletas por 50% do passe, nem se andou 3 meses numa novela por um ponta de lança grego…mas…há que olhar para as coisas como eles são e parar de dar ouvidos aos soundbytes que visam apenas desunir.
O que temos é uma falta de percepção da qualidade do plantel porque infelizmente o treinador não está a conseguir encontrar uma fórmula mágica para o potenciar…mas mesmo assim e novamente de acordo com os experts das redes sociais e tudólogos da televisão, aparentemente a equipa vence jogos graças à qualidade individual dos seus jogadores…mas pelos vistos essa qualidade individual só serve para justificar uma parte…na parte das contratações isso não acontece…
Farto destas guerras políticas em que transformaram o clube!!"
Os pesos e as medidas!!!
"Passamos uma época inteira a falar da necessidade de o SL Benfica contratar um lateral direito. Foi tema para horas de programas.
▶️ O que diz a SIC Notícias sobre o assunto:
"Benfica tinha Aursnes e Tomás Araújo para a posição lateral direito, era necessário contratarem Kabore?"
Passamos uma época inteira a dizer que temos que reter os melhores valores e não andar a vender os principais jogadores. Foi tema para horas de programas.
▶️ O que diz a CMTV sobre o assunto:
"Benfica se recusar vender Marcos Leonardo o jogador vai ficar afetado psicologicamente porque são muitos milhões."
Coerência precisa-se!! Os últimos dias deu bem para entender que existe uma campanha orquestrada para tentar criar um caos entre os adeptos. Só não vê quem não quer...
Ou não quer ver!!"
Kaboré no lugar do coxo
"Fredrik Aursnes é mais do que competente, e por aí pareceu ter sido lateral-direito demasiado tempo no Benfica. Tiago Gouveia esforçou-se e passou por lá nesta pré-época. Bah não é coxo nenhum e é o dono do lugar.
O lugar do coxo. Era assim, há uns anos, que chamávamos ao lateral-direito lá de onde eu venho. Era o segundo pior lugar para se jogar: abaixo de coxo, só à baliza.
A ideia por detrás da sentença era a de que qualquer um podia jogar ali, na lateral-direita. Na esquerda já era preciso ter alguma especialidade. Ser esquerdino, por exemplo, ou conseguir com o pé direito jogar no lado canhoto. Mas fazer a posição de defesa-direito era quase tão fácil que qualquer um que soubesse receber e chutar a bola na frente estava qualificado. Não era preciso grande habilidade, era preciso ser apenas competente. Ou meramente esforçado.
Fredrik Aursnes é mais do que competente, e por aí pareceu ter sido lateral-direito demasiado tempo no Benfica. Tiago Gouveia esforçou-se e passou por lá nesta pré-época. Bah não é coxo nenhum e é o dono do lugar. O futebol evoluiu de tal maneira que os laterais são parte tão importante no jogo que Pep Guardiola, um tipo que pode escolher quem quer, gastou milhões com eles.
Pode parecer solução de recurso, pode parecer um negócio fora da estratégia ideal ou até de tapar alguém da formação, mas o balanço de mercado só se faz no fim da época. Ainda assim, a chegada de Issa Kaboré parece ter já sentença pelo tribunal público/mediático.
O jogador emprestado pelo Manchester City por uma época está agora condenado. Quer dizer, não é bem ele, mas o leitor percebe o que digo. Se não tiver rendimento em campo, o scouting do Benfica falhou. Se tiver, o negócio foi mau por não ter cláusula de compra. Mesmo que haja objetivos desportivos para se alcançar e isso, por vezes, tenha de levar a soluções temporárias e às soluções possíveis [John Anthony Brooks foi um destes casos], perante clubes com maior poder económico e com os quais se tem de competir.
Se El Ouahdi fizer uma temporada estrondosa no Genk, passará a ser considerada de gritante a incapacidade negocial do Benfica, mesmo que os belgas tenham o poder de dizer não: o marroquino tem contrato e o clube fez quase €50 milhões em três vendas.
Ou seja, perante tanto risco, para o bem ou para o mal, talvez fosse melhor, sendo assim, o Benfica nem contratar ninguém. E continuar com um João Victor ou um Alcides qualquer, porque, como se dizia lá de onde eu venho, no lugar do coxo qualquer um joga.
O Benfica tem de ganhar títulos e é por isso que não vejo mal num empréstimo «à antiga». Outras soluções, modelo para o negócio, poderiam ser melhores? Sim, mas por vezes tem de se usar o que nos dão para se vencer. O mal menor, portanto. O meu treinador nas camadas jovens, por exemplo, metia-me sempre a lateral-direito…"
Benfica parece que já mudou de treinador…
"Ainda não percebi a política desportiva dos encarnados. Mas Schmidt continua a ter plantel de luxo à disposição. Sou eu que estou a delirar ou suplentes do último jogo, com outro treinador ou noutra conjuntura, como preferirem, davam para lutar pelo título?!
O fecho do mercado aproxima-se e os clubes cá do burgo procuram os últimos reforços, o que já é natural, pois todos sabemos que é uma realidade bem portuguesa deixar as coisas para o fim. Mas não é preciso abusar! Tenho-me esforçado para tentar perceber a política desportiva do Benfica e, confesso, ainda não consegui.
O eixo aeroporto-Seixal continua congestionado. Nas últimas horas chegou o suíço Amdouni, o burquinês Issa Kaboré está a caminho e falta ainda um guarda-redes. O avançado foi o eleito para, ao que parece, fazer o lugar de Rafa, que há mais de seis meses já tinha anunciado o adeus à Luz, enquanto o lateral-direito chega com um ano de atraso! Sim, desde que Gilberto regressou ao Brasil as águias procuravam um substituto para Bah…
Quanto ao guarda-redes, continuo na dúvida se os encarnados pretendem um concorrente ou um suplente para Trubin. Sim, ao contrário de outras posições, na baliza só há um titular. Se assim não for é porque o treinador não está satisfeito com nenhum e precisa de dois…
Isto enquanto Marcos Leonardo não vê garantida a continuidade, Samuel Soares não sabe se sai ou fica e João Mário está com um pé fora do clube. Surreal como num dia Schmidt elogia a qualidade e influência do médio e no seguinte justifica a ausência do jogador com um pedido deste para analisar propostas! Afinal, conta ou não com o internacional português? As características de João Mário são por todos conhecidas. O médio não engana ninguém e o clube sabia bem o que estava a comprar quando o foi buscar depois de ter sido campeão pelo Sporting. O futebol dele é aquele, goste-se ou não. Não lhe peçam é para mudar aos 31 anos.
Agora, só faltava mesmo António Silva, se souber que não vai ser titular, voar para qualquer outro destino enquanto a equipa ruma a Moreira de Cónegos!
Demasiadas dúvidas para um candidato ao título e ainda mais difícil de compreender num clube com as contas estabilizadas e que acaba de encaixar mais de 90 milhões de euros em vendas.
Sinceramente, parece que o Benfica já mudou de treinador. Se Rui Costa tivesse despedido Roger Schmidt até que percebia tantas alterações, mas assim é difícil encontrar uma ponta de lógica no planeamento da temporada.
O alemão, contudo, continua a ter um plantel de luxo à disposição. Vi o jogo com o Estrela da Amadora e o que mais me surpreendeu foi o banco dos encarnados. Não as reações de Schmidt perante o Tribunal da Luz, que isso é outra conversa, mas sim a qualidade que tinha à disposição entre os que estavam sentados.
O treinador fez as escolhas que entendeu, naturalmente com toda a legitimidade, embora eu não concorde com várias, e de fora deixou só estes senhores: Samuel Soares, Tiago Gouveia, António Silva, Morato, Di María, Renato Sanches, Rollheiser, Marcos Leonardo e Arthur Cabral! Junte-se-lhes o lesionado Beste e o excomungado João Mário e dá para fazer um onze, posição por posição.
Sou eu que estou a delirar ou esta equipa, com outro treinador ou noutra conjuntura, como preferirem, dava para lutar pelo título?!"
Sinais apenas, mas sinais!
"Os mais críticos dirão que do jogo resultou os três pontos e pouco mais para o Benfica, os mais otimistas, como Schmidt, falarão em “boa exibição,” mas creio que, mais uma vez, no meio estará a virtude. O Benfica fez uma primeira meia hora interessante e um jogo seguro, com dois jogadores que há meses pareciam “perdidos” a serem fundamentais: Kokçu e Carreras. Com influência no jogo ofensivo, jogando à esquerda e à direita, defendendo e pressionando, o turco mostrou querer mesmo “falar dentro de campo” e fez as “pazes” com o “Terceiro Anel”. Também Álvaro Carreras, que não me tinha impressionado na época passada, parece diferente, a defender bem, sempre com os olhos no ataque e a mostrar que o problema do lateral esquerdo parece resolvido e que Beste vai ter que “correr” para recuperar um lugar que parecia seu. Também António Silva, quem diria (?), terá de mostrar serviço, pois Tomás Araújo continua a mostrar segurança a defender e qualidade a atacar, Renato ganhou ritmo (tal como Di María) e o Benfica manteve mais uma vez o zero na sua baliza, num jogo em que o adversário não criou uma oportunidade de golo. Alguns sinais positivos, portanto. Apenas positivos? Não! Para além das inoportunas lesões de Aursnes e Tiago Gouveia, a equipa continua a demonstrar uma ansiedade que lhe tolhe o último passe, uma hesitação a rematar que exaspera qualquer adepto e dificuldades em criar jogo atacante visível. Não é do duplo pivot defensivo, como nos diz Schmidt? Talvez, mas lá que é preciso criar mais é, e é isso mesmo que precisamos na sexta-feira com o Moreirense numa jornada de “clássico…”.
PS - Desapareceu um dos meus ídolos, herói, modelo de sempre! RIP Mister Eriksson e muito obrigado por tudo!"
Gostava de morrer como Eriksson
"Os últimos meses de vida de Sven-Goran Eriksson foram de uma dignidade notável. Quando chegar a minha hora, gostaria também de responder: «estou pronto». Com um flute de champanhe na mão.
Se José Saramago ainda estivesse entre nós haveria de ter escrito: «Eriksson vive». Isto porque, na visão no Nobel da Literatura, «morrer não é o contrário de viver.» E explica: «Morrer é o contrário de nascer, o contrário de viver é esquecer». Por isso, há mortos que continuam a viver e há vivos que estão esquecidos. E se o também genial escritor moçambicano Mia Couto partilhar desta visão de Saramago, talvez escrevesse, na sua forma genial de fundir palavras para criar novas palavras, que «Eriksson desnasceu…»
Os últimos oito meses de vida de Eriksson, desde o dia em que anunciou ao mundo que iria morrer com cancro no pâncreas até ao último suspiro, foram de uma dignidade absolutamente notável e incomum. Um homem que ao encarar a morte decidiu olhar a vida nos olhos com absoluta serenidade. Que encarou o destino sem abrir mão de dizer a última palavra. De todos se foi despedindo, em homenagens sentidas e emocionantes, a todos foi dando exemplos de que a dignidade emana das nossas decisões e não das circunstâncias.
Quando às vezes falamos entre nós sobre a morte, todos pedimos que seja rápida, indolor, de preferência sem darmos por isso, num sono que livre do sofrimento. Talvez muito marcado pelo dia em que, sem qualquer aviso, perdi o meu pai, quando ele tinha apenas 48 anos, preferia para mim ser avisado com antecedência. Se o meu pai tivesse sido avisado, teria tempo para lhe dizer o que não cheguei a dizer. E ao desejar isso para mim, nem percebo que o verdadeiro problema não está na existência ou não de um aviso da morte, mas no assumir que se preciso de tempo para me preparar para a morte é porque não tenho estado a viver em plenitude e continuo a adiar dizer e viver o que é urgente ser dito e ser vivido. A vida plena é ser surpreendido pela morte e poder dizer «estou pronto».
Há pessoas cuja vida se pode resumir numa lápide: data de nascimento e data de morte. São, voltando a Saramago, as esquecidas desde o dia em que nasceram. Eriksson teve uma vida tão preenchida que pôde exclamar, horas antes do último suspiro: «Vivi». E não existe maior consolo do que esse, garantia de que apenas desnascemos. Mas continuamos a viver.
Eriksson disse que gostava de ser lembrado como «um homem bom». Por isso, quando procuramos elencar as nossas prioridades, quando tentamos até encontrar-nos, um bom ponto de partida é responder à mesma pergunta: como gostaríamos de ser lembrados após a nossa morte? Refletirmos sobre a resposta que daríamos ajuda-nos a saber quem somos, onde estamos, para onde devemos ir e quais as nossas verdadeiras prioridades.
Para explicar o que penso de Eriksson recuo ao final da época de 2007/08. O sueco comandou a equipa do Man. City numa digressão pela Ásia. O ambiente estava pesado e, depois de um final de época atribulado, todos perceberam que Eriksson iria ser despedido após o regresso a Inglaterra. Nessa digressão, Eriksson apareceu no hall do hotel irrepreensivelmente vestido de robe e chinelos. Transportava uma bandeja com uma garrafa de champanhe e um flute. Quando o jogador alemão Dietmar Hamann lhe perguntou o que tinha para celebrar alguém que iria ser despedido, Eriksson respondeu com um sorriso e um piscar de olhos: «A vida, kaizer… A vida…»
P.S. - Este artigo foi escrito em casa, com um flute de champanhe a meu lado. Um brinde."
André Villas-Boas, minas e armadilhas
"O presidente do FC Porto tem optado por ser politicamente correto, quando confrontado com a areia que lhe tentam atirar para a engrenagem...
Imagine-se que há um ano, ou há dois, ou há três, ou há quatro, ou há cinco, ou há 10, ou há 15, ou há 20, ou há 25, ou há 30, ou há 35, ou há 40, ou há 41, ou há 42, alguém que tivesse feito parte da estrutura do FC Porto, ocupando lugar de responsabilidade, viesse a público, a pouco tempo de um clássico, tentar fragilizar a posição do atual treinador, tecer, ao mesmo tempo, loas ao anterior responsável técnico, e ainda criticar, implícita ou explicitamente, decisões da administração em exercício, sem deixar de zurzir comportamentos de elementos que transitaram da estrutura anterior para a vigente. O que seria dito, pela nomenclatura e pelos ‘apparatchiks’, de quem tivesse esse comportamento? Anti-portista? Traidor? Ressabiado? E que tratamento receberia, de imediato? No mínimo, seria proscrito, e deixaria de ser aconselhável frequentar as Antas ou o Dragão. Pois bem, aquilo que tem acontecido no universo portista nos últimos dias, após quatro vitórias, três para a Liga e uma outra, épica, na Supertaça, frente ao campeão nacional, e quando os dragões preparam a visita a Alvalade, entra no rol das improbabilidades que o deixaram de ser.
Perante este quadro, ninguém terá dúvidas de que a administração de André Villas-Boas está a adotar um política de «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», ou seja, tem sido absolutamente intransigente quanto ao rumo que decidiu seguir, mesmo que isso implique fazer tábua rasa do passado recente, ao mesmo tempo que vai adotando um discurso de veludo, pleno de uma unidade de matriz politicamente correta, que serve, sobretudo, para desativar as minas e armadilhas que lhe vão sendo postas no caminho, não respondendo, pela desvalorização, às provocações que existem, e não partem, sublinhe-se, de outros emblemas
Ninguém terá dúvidas de que o jogo de Alvalade, contra um Sporting que tem crescido muito, e se sente como um leão ferido no orgulho pela ‘remontada’ de Aveiro, é de extrema dificuldade para o FC Porto, obrigado a uma tremenda ginástica para se manter competitivo apesar da pesada herança recebida da gestão anterior. Trata-se, até, apesar de estarmos apenas na quarta jornada, de um dos momentos, do ponto de vista psicológico, que podem a vir revelar-se importantes para o decorrer da época, daí que seja no mínimo curioso que este ‘timing’ crítico tenha sido escolhido para tentar deitar alguma areia numa engrenagem que, graças a uma organização exemplar, tem funcionado bem. É caso para se dizer que, com amigos destes, quem precisa de inimigos?"
A contratação mais cara de sempre do futebol português
"Samu Omorodion é um achado, mas não é tão barato quanto possa parecer
«Chega ao FC Porto um dos grandes jovens talentos do futebol mundial , estamos muito confiantes no que ele vai trazer a nível desportivo«
André Villas-Boas, presidente do FC Porto, sobre a contratação de Samu Omorodion
O FC Porto surpreendeu com a contratação de Samu Omorodion, mais ainda porque conseguiu manter o negócio em segredo até ao anúncio da aquisição, na sexta-feira, 23 de agosto. Mas também por se tratar de um jogador que esteve com um pé no Chelsea este verão, depois do Atlético de Madrid aceitar proposta na ordem dos 40 milhões de euros, segundo noticiou a generalidade da imprensa internacional. O FC Porto conseguiu o campeão olímpico pela Espanha por 15.
Como? Em primeiro lugar, é preciso ter noção de que esses 40 milhões eram inflacionados. O negócio com o Chelsea envolvia a ida, pelo mesmo valor, de Gallagher para Madrid (como veio a acontecer depois, mas por troca com João Félix, embora neste caso com o português mais caro). E interessava aos clubes, por motivos contabilísticos, inflacionar o valor das vendas, mesmo que com isso inflacionassem também o valor das compras.
Depois, o FC Porto ficou com apenas 50 por cento dos direitos económicos do avançado por esses 15 milhões. Para comprar mais 30 por cento tem de gastar mais 10 milhões. Não tem opção sobre os restantes 20, mas isso atira o valor do jogador no negócio para os 32,3 milhões de euros, o que corresponderia à contratação mais cara de sempre do futebol português.
O recordista é Kokçu, por quem o Benfica pagou 25 milhões de euros pela totalidade dos direitos (embora o Feyenoord tenha reservado percentagem de mais-valia em futura transferência e mais 5 milhões em eventuais bónus). Por Enzo Fernández, as águias acabaram por pagar, no total, 44,25 milhões de euros ao River Plate, mas isso foi resultado da transferência milionária do argentino para o Chelsea (121 milhões), consequência da valorização em seis meses na Luz. Porque quando chegou a Portugal, foi por 18 milhões por 75 por cento do passe, o que poria a avaliação do médio em 24 milhões.
Omorodion vale então, à chegada ao Dragão, mais de 32 milhões de euros. É uma excelente compra do FC Porto, mas percebe-se porque os outros grandes portugueses se viraram para outros avançados. É que Omorodion terá de pedalar muito para que venha a ser uma excelente venda. Para o FC Porto lucrar 10 milhões, terá de ser vendido por 50..."
Discrepâncias entre futebol masculino e feminino
"Quem nestas linhas me lê regularmente, quem me conhece e acompanha nas redes sociais, ou quem já teve a oportunidade de cruzar-se comigo, sabe que sou acérrima defensora de uma igualdade de direitos, deveres e privilégios entre futebol masculino e feminino. Sabe que tenho acentuado a necessidade de profissionalizar a Liga feminina de futebol em Portugal, de forma que as jogadoras sintam que vale a pena apostar e jogar futebol em Portugal.
Infelizmente, não tem sido nada disso o que tem acontecido. Para grande pena minha. Alguns episódios das últimas semanas demonstram exatamente isso.
A começar pela divulgação das verbas relativas aos prémios atribuídos aos clubes participantes na Taça de Portugal. Anunciou a FPF, com alguma pompa, que «aumentou o valor a atribuir aos clubes que participam na Taça de Portugal Feminina”» sublinhando que esse aumento atinge os 30 por cento em relação à temporada passada. A título de exemplo, pela presença na final o vencedor receberá 80 mil euros, o vencido 40 mil (na época passada 50 mil para o vencedor, 30 mil para o vencido). Tudo certo, não fosse o pormenor da discrepância: O próximo vencedor da Taça de Portugal masculina irá arrecadar 325 mil euros pela presença na final, o vencido 175 mil euros. A diferença é substancial entre os dois géneros.
Outro exemplo que obriga a reflexão: A Joana Martins, jogadora do Sporting e da Seleção Nacional, fraturou a clavícula num amigável com o Sevilha, no dia 8 de agosto. Foi sinalizada a necessidade de uma intervenção cirúrgica… que apenas se realizou no dia 20 de agosto, 12 dias depois. Porque, alegadamente, o cirurgião especialista escolhido para a intervenção não estava disponível mais cedo. Impensável tal episódio acontecer no futebol profissional masculino.
E ainda a rábula dos horários dos jogos das meias-finais e final da Supertaça Feminina – neste caso envolvendo a equipa do Sporting – sobrepostos com os horários da equipa masculina dos leões. Não foram revelados números oficiais, mas as bancadas do Restelo estavam muito despidas, tendo sido, seguramente, a final que nos últimos anos recebeu menos público. O que contrasta com as audiências da TV, em canal aberto e em prime time a Supertaça foi o segundo programa mais visto da última sexta-feira. O que demonstra que há interesse e há potencial. Mas é preciso melhor promoção e não é com exemplos destes que lá vamos.
Nem tudo é negativo: Parabéns ao FC Porto e à sua equipa feminina que no domingo vão fazer um jogo de apresentação aos adeptos… em pleno Estádio do Dragão."
A geometria euclidiana do filho favorito de Deus
"Ernesto Lazzatti nasceu mestre: era um tratado e, ao mesmo tempo, uma doença contagiosa.
Ingeniero White, Buenos Aires. Aceitemos sem custo que só na América Latina uma terra pode ter um nome como este. Fica a dez quilómetros de Bahía Blanca, é um porto que foi ganhando a sua importância, sede de um clube de futebol chamado El Club Atlético Puerto Comercial, que usa camisolas aos quadradinhos verdes e amarelos, coisa para fazer qualquer um gastar as glândulas lacrimais ao vê-las andar para um lado e para o outro de um retângulo de relva como o do estádio que recebe os grandes rivais citadinos do Pacífico, do Liniers, do Olimpo, do Leandro Nicéforo Alem, do Argentino ou do Porteños Sud. Ah! Que clubes espantosos! Não há um que não fervilhe de histórias inconcebíveis. Mas só o Atlético gerou Ernesto Lazzatti, El Pibe de Oro, o extraordinário Lazzati.
Ernesto enchia o campo com o seu jogo feito de inteligência da cabeça aos pés. E era um fedelho. Aos 16 anos muito melhor que a maior parte dos homens que jogavam com ele ou contra ele. Por isso não tardou a seguir para oBoca Juniors. Estreou-se com a camisola azul e amarela, inspirada na bandeira de um navio sueco que acabara de aportar em Riachuelo no dia em que o clube foi fundado, a 8 de abril de 1934, contra o Club Atlético Chacarita Juniors de Villa Maipú. Olhos esbugalharam-se de espanto pela naturalidade com que Lazzati tomava conta do seu posto. Príncipe-menino do meio-campo, apaixonou-se por Caminito e pelo Barrio de La Boca, ficou 14 anos no clube e formou, com Carlos Adolfo Sosa, o Lucho, e com Natalio Agustín Pescia, El Leoncito, um trio fascinante. Os hinchas enchiam a Bombonera para procurar entender a geometria euclidiana dos seus movimentos sempre certos, elegantes com postulados, inventores de jogadas que terminavam em golos inevitáveis. Sim, Ernesto era um tratado e ao mesmo tempo uma doença contagiosa. A seu lado não havia quem pudesse jogar mal. Transmitia a serenidade da arte com repentes de génio. Elipses e hipérboles sobre a relva. E, a toda a altura das bancadas praticamente verticais, os diálogos dos adeptos multiplicavam-se à mistura com exclamações. Ninguém discutia El Pibe de Oro nem o seu método. Procuravam, sobretudo compreendê-lo. E, no entanto, parecia tão fácil, tão simples como o rolar da bola em efeitos de bilhar. Mas quantas vezes é a simplicidade complicada de discernir? Quantas vezes as equações simples baralham os senhores da matemática? Quantas vezes questionamos para com os atilhos dos nossos sapatos por que hão de ser ínvios os caminhos desse ser imponderável que criou o céu e a terra por sua auto-recriação sem pedir a opinião a ninguém? Diziam os mais velhos: «Ernesto eres el hijo querido de Dios!». Fosse, portanto, feita a sua vontade. Até ao dia em que…
1947: Ernesto Lazzatti era um jogador livre. Terminara o seu último contrato com o Boca Juniors e os diretores do clube decidiram que já cumprira a carreira para a qual fora fadado. Choveram convites. Tinha apenas 32 anos e estava consciente de que ainda poderia ter muito para dar. Mas o coração tem razões que a razão desconhece, como disse uma vez o mestre Blaise Pascal, num aforismo que o universo aprendeu a saber de cor. Falou de coração aberto para os jornais: «Me voy a hacer vida de turista, porque contra Boca no puedo enfrentarme». Havia pungência no seu lamento. Chamaram-no para jogar noBrasil e noPeru. Não foi. A sua vida de turista, como ele dizia, era passada entre as ruas de Las Barracas, da Avenida Vélez Sársfield a Zabaleta, das vielas paralelas àFerrovia General Manuel Belgrano, espreitando as águas sujas do Río Matanza, em Vuelta de Rocha, sussurrando a letra do tango de Gardel: «Mi Buenos Aires querido/Cuándo yo te vuelva a ver/No habrá más penas ni olvido/El farolito de la calle en que nací/Fue el centinela de mis promesas de amor/Bajo su quieta lucecita yo la vi/A mi pebeta luminosa como un Sol». O sol de Ernesto parecia ter-se apagado quando o seu amigo Severino Varela, o uruguaio a quem chamavam La Boina Fantasma, o convenceu a jogar noDanubio Fútbol Club, da Curva de Maroñas em Montevidéu. Voltou a ser enorme. Logo no primeiro dia, quando impulsionados pelo regresso de Lazzatti aos relvados, os seus companheiros o seguiram numa avassaladora vitória sobre o Peñarol.
Ernesto não esquecia o Boca Juniors. E a porta da Bombonera abriu-se-lhe de novo para que fosse treinador de uma equipa campeã que contava com Pancho Lombardo, Eliseo Mouriño, Pescia, Navarro, Baiocco, Borello, Rosello e Marcarián. Todos eram pura vontade e pouca arte. Coração que se entende mas não se explica. E na baliza havia Julio Elías Musimessi, El Arquero Cantor, também autor de tangos: «Dale Boca, viva Boca, el cuadrito de mi amor». Lazzatti, esse, sorria."
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