" 'Águia voa para o título', 'Perto do Céu', 'Festa Rija', 'Campeões à vista'. Estes são alguns dos cabeçalhos que pudemos ler em diários desportivos nos últimos tempos. Paralelamente, nas televisões, comentadores mais ou menos isentos atribuem o Campeonato ao Benfica como se a respectiva conquista se tratasse de uma mera formalidade. A tal ponto que a partida entre Sporting e FC Porto foi abordada por muitos como uma simples luta pela segunda posição. Isto passa-se há já várias semanas. Porém, se o Benfica não tivesse ganho os jogos que entretanto foi disputando, nesta altura já nem sequer estaria no primeiro lugar da tabela classificativa. Provavelmente, era essa a intenção de tão vistoso foguetório.
Não nos deixemos iludir. Juntamente com uma campanha de pressão, condicionamento e coacção de árbitros, existe uma outra que visa o adormecimento da nossa equipa. Sem ponta de inocência, os nossos adversários tentam, de uma penada, alimentar o deslumbramento da família benfiquista, e criar condições para, ao mais pequeno deslize, derramarem sobre nós o ónus desse mesmo deslumbramento - à semelhança do que fizeram na época passada, a propósito dos festejos de um simples vitória no Funchal.
Faltam seis jornadas para terminarem o Campeonato Nacional, e, caso cheguemos às Finais de todas as provas em que estamos inseridos, faltarão ainda quinze jogos para concluir a temporada futebolística. Muitos jogos. Muitas dificuldades. Muitos perigos. Demasiados perigos!
Em Maio do ano passado faltavam apenas três partidas para erguer três troféus. Sabemos o que aconteceu. Ninguém nos convencerá agora que, com quinze longas e duras batalhas pela frente, poderemos baixar as guardas e dar o sucesso por adquirido.
Não! Ainda não ganhámos nada! E se pensarmos o contrário, corremos sérios riscos de repetir dramas passados, satisfazendo a ânsia dos rivais. A 'guerra' trava-se jogo a jogo, e só no fim se fazem as contas. Até que a matemática dite leis, a mínima dose de triunfalismo poderá ser fatal."
Luís Fialho, in O Benfica