Últimas indefectivações

quarta-feira, 1 de março de 2023

Condicionamentos de fingir!!!

"Ó Bitó, e um bocadinho de vergonha na tromba, não se arranja? Já toda a gente sabe que és um Andrade fanático travestido de jornalista isento, mas poupa-nos dos delírios dos teus consócios. Obrigado!

20:23
Vítor Pinto: «Taremi está tão condicionado nos seus 'mergulhos' que pode ser pisado e não se atira para o chão»
No mesmo jogo:

"

«Acabem com o VAR»


"Pinto da Costa: «Acabem com o VAR, porque haver VAR para uns e não haver VAR para outros, faz um sentido contrário de jogo".
E não é que tem razão? Bastam apenas 40 segundos com alguns lances em jogos do FC Porto com VAR para se perceber muito bem o que este "senhor" quis dizer.
👇👇👇"

Mulheres. Jogadoras. Futebolistas


"Ainda late no pensamento a água que inundou os olhos de Sandra Silva, ou Figo, quando falávamos ao telefone sobre o apuramento da seleção portuguesa para o Campeonato do Mundo de futebol. Parecia que alguém lhe tapava a garganta para a impedir de falar. Era uma sufocada emoção audível, ou por ouvir. Havia tanta força naqueles suspiros, nas palavras que eram sopros. “Peço desculpa”, chegou a dizer como se houvesse pecado na felicidade. Foram demasiados dias ao longo de três décadas a conjugar tudo, o amor ao jogo e as inevitabilidades, para manter o futebol na sua vida. Treinos fora de horas, empregos em xeque, condições deploráveis, pelados, insultos e desdém.
“Quem me dera ter menos 25 ou 30 anos”, disse também, lamentando mudamente não ter podido esticar a carreira eternamente ao ponto de poder tocar na bola num Mundial. Os desabafos sobre o passado estiveram em linha com os de Edite Fernandes, Anabela Silva, Paula Cristina e Carla Couto, uma recordista em internacionalizações recentemente ultrapassada por Ana Borges, Carole Costa e Dolores Silva, o que ajuda a consagrar os pilares desta geração que já jogou dois Europeus (2017 e 2022, este por substituição da Rússia) e que no verão terá, na Nova Zelândia e na Austrália, um Campeonato do Mundo para mostrar ao que vem e desfrutar. A geração anterior “partiu pedra”, explicou uma das jogadoras referidas. Herdaram uma situação hoje e para sempre incompreensível: a seleção feminina de futebol esteve inoperacional entre 1983 e 1993. Assim, sem mais nem menos, como se fosse um capricho. O que se perde numa década não é sequer quantificável. É uma tragédia.
Alfredina Silva foi uma das pioneiras da seleção que se estreou em França, em 1981. Era tão impensável que as futebolistas de então, mui amadoras pois claro, só acreditaram quando as cartas com as convocatórias aterraram nas devidas caixas de correio. “Era o sonho de muitas meninas e de muitas mulheres”, reconheceu. Esta senhora que era canhota, com uma finta circular que deixava tontas as rivais, não perdeu tempo e olhou para a frente: “Precisamos de ter mais atletas e que os clubes continuem a apostar no futebol feminino para podermos ser uma potência mundial. Precisamos de não recuar e de não ficar deslumbrados com este resultado”. Atualmente, há pouco mais de 13 mil praticantes.
Apesar da bebedeira de alegria que vai regando os nossos dias, falta muita coisa. Só quatro clubes de 12 da 1.ª Divisão são compostos exclusivamente por futebolistas profissionais, mas mesmo o acompanhamento destas jogadoras não é feito com os padrões dos departamentos do futebol masculino. Se dentro dos clubes há diferenças, o fosso para outros emblemas chega a ser assombroso. Há dignidade nessa contenda, mas é inviável. Quando o nível subir como um todo, as jogadoras serão melhores (e a seleção terá mais por onde escolher), as equipas terão outros desafios e exigências em campo, haverá mais adeptos, melhores treinadores, staffs mais preparados e outras ferramentas para ajudar na formação e consolidação da atleta. Até quando ficará o FC Porto alheio a esta revolução? Os gigantes e históricos devem estar do lado certo da luta. Por outro lado, veem-se também jogos em sintéticos péssimos, algo que será impossível a partir de 2024/25, temporada em que a relva que cheira a relva terá de ser rainha.
Há não muito tempo o Sindicato de Jogadores enviou à Federação Portuguesa de Futebol uma proposta de acordo coletivo de trabalho, um tema que caiu rapidamente em esquecimento e que as futebolistas quase, quase mundialistas não aproveitaram para meter em cima da mesa quando tiveram mais atenção do que nunca. Só quando as jogadoras estiverem protegidas nos seus direitos, seja relativamente à segurança laboral e profissionalização, aos salários ou à maternidade, é que se poderá falar numa séria e verdadeira aposta no futebol feminino.
Ou seja, há muitos punhos por levantar e variadas revoluções por gritar e completar. Outra delas está também na linguagem. “Meninas?”, questionou Tatiana Pinto, respaldada por Jéssica Silva, quando um jornal escreveu sobre o regresso das jogadoras da Nova Zelândia. Na estreia da seleção portuguesa, em 1981, o “Diário de Lisboa” escreveu no título da história: “Meninas ao chuto empatam em França”. As palavras importam, permitem posicionamentos e derrubar ou criar narrativas. Não faltam artigos em jornais internacionais a teorizar sobre essa abordagem, que é referida como condescendente, paternalista e sexista. Um deles mostra até como, no contexto laboral, mulheres tratadas por “miúdas” ou “meninas” sentem-se menos confiantes, desconfiando das suas capacidades de liderança e de como os outros as olham para cargos mais importantes.
Perguntei a algumas mulheres que estão ligadas ao futebol, uma delas futebolista da seleção, por que razão incomoda aquele termo. As respostas: “É um machismo gigantesco porque é tratamento paternalista, como se fôssemos inferiores de algum modo. Meninas são menores de idade, não são mulheres feitas e profissionais de futebol”; “Dizerem meninas é menosprezar tudo o que elas fizeram, é uma palavra frágil e com significado negativo”; “Trata-se de igualdade, não nos referimos apenas ao lado financeiro e de condições. A linguagem é fulcral. Não ouvimos ‘os meninos foram ao Catar’. Menina sempre foi um termo de inferioridade. Ser jogadora de seleção nacional A é ser uma mulher adulta”; “Há mulheres de 30 anos ou mais a jogar na nossa seleção, é uma falta de respeito. O que incomoda mais é a falta de reconhecimento”; “Não são meninas, mas sim mulheres. O nome meninas para a nossa sociedade, infelizmente, é um termo depreciativo porque é associado a outras atividades”; “É um termo altamente condescendente que menoriza as mulheres. As jogadoras são todas mulheres. Como se [o futebol] fosse uma coisinha para as meninas se divertirem, enquanto os homens jogam futebol a sério”."

1 de Março


Gala...

Vitória na Hungria...

Veszprem 26 - 35 Benfica
(14-17)

Vitória na última jornada, numa partida para cumprir calendário. Com o 4.º lugar, vamos defrontar o 1.º do Grupo B, o Flensburg, o actual 5.º lugar da Liga Alemã.

Mais uma derrota...

Benfica 1 - 3 Vizela


Inacreditável incapacidade de vencer um jogo...!!!

1️⃣9️⃣:0️⃣4️⃣ "𝙎𝙤𝙪 𝙙𝙤 𝘽𝙚𝙣𝙛𝙞𝙘𝙖, 𝙞𝙨𝙨𝙤 𝙢𝙚 𝙚𝙣𝙫𝙖𝙞𝙙𝙚𝙘𝙚..." ♥️

Fura Redes: Soprar as 'velas'!!!

Terceiro Anel: Aniversário...

No dia 43465 como no primeiro: De muitos, um


"Primeiro do que tudo, parabéns, Sport Lisboa e Benfica.
Vou tratar-te por tu — mesmo tendo o maior respeito por ti, claro — porque tu és um dos nossos, porque tu és nós. É tão aconchegante ver-te assim tão crescido e acredita que tem sido um prazer enorme estar contigo nos últimos 40 anos. Mesmo quando não ganhávamos em campo, tu deste-me tanto. E se em algum momento sentires que precisas mais de mim e dos restantes benfiquistas, tens o meu número e é só dares um toque, OK?
Benfica, fazes anos e sinto que a festa será sempre pequena para tudo o que já nos deste e por tudo o que nos influencias. Um exemplo? O Benfica Independente. Mesmo sem querer, juntaste benfiquistas incríveis e graças a ti — e ao trabalho que fazemos no BI — sinto que aprendemos muito e tornamo-nos melhores pessoas.
No meu caso, graças a ti, passei a pensar e escrever sobre o Benfica. Sendo que prefiro sempre falar de ser benfiquista, de viver o benfiquismo — sem arrogância moral —, de contar histórias inspiradoras ou relembrar que somos resultado de todos. Raramente falo do passado ou de casos do presente porque há quem faça melhor, prefiro escrever sobre o futuro que desejo. O futuro que todos merecem.
Benfica, mereces um estádio sempre cheio. A ferver. Mereces sempre mais adeptos. E, nós, temos de fazer por isso. Por outro lado, não mereces casos e casinhos, processos e vitórias pífias. Mereces pavilhões cheios, vitórias gordas e orgulho nas tuas camisolas berrantes.
Isto devia ser óbvio, mas repito-o: fazer o Benfica depende de todos. Mesmo de todos. Temos de encher as Assembleias-Gerais, os pavilhões, os estádios, os cafés, os Marquês de Pombal de todos os países. E tudo isto depende de todos nós. Tanto sozinho como em família. Tal como há 43465 dias, temos de acreditar e lutar por este projeto comum. Temos de fazer diferente e valorizar a diferença. Temos de ser inovadores enquanto respeitamos a nossa história. Temos de viver o passado e ter os dois pés no futuro. Temos de continuar a sonhar um mundo utópico todos os dias porque tu és o mundo de muitos de nós. Benfica, és nosso e hás-de ser porque fazemos parte deste sonho tornado real.
Benfica, hoje fazes anos e, logo à noite, vamos celebrar como mereces. Obrigado por tudo, Benfica."

Escandinávia e SL Benfica | Com calma, renova-se o sucesso


"Schjelderup e Tengsted vão por estes dias conhecendo o ritmo português ao serviço da equipa B do SL Benfica, ganhando o que perderam desde a paragem das competições do Norte da Europa, finalizadas no Outono passado.
Aos prodígios afigura-se futuro de muitas e sucessivas proezas, conseguindo o Benfica adiantar-se a outros caçadores de maior nomeada na selecção do talento a surgir num futebol nórdico que volta a estar na moda, seja pelas boas prestações duma selecção dinamarquesa que grita estilo nas grandes competições ou duma vaga norueguesa que provoca o salivar dos mais atentos analistas, com Haaland e Odegaard a causar gigantesca onda de impacto mediático na qual surfam os restantes integrantes dessa geração de Ouro.
Fez bem o Benfica em aproveitar o filão oxigenado para aumentar o leque de Roger Schmidt. Pela qualidade dos rapazes e por toda uma tradição do clube, iniciada nos anos 80 e perdida em meados da década seguinte, com as peripécias interpretadas por Martin Pringle ou Karadas – o norueguês ponta-de-lança que, apesar de importantíssimo no título de Trapattoni, nunca se destacou pelas qualidades futebolísticas, transferindo-se logo depois para Inglaterra, para um Portsmouth em ascensão, onde se tornou… defesa-central.
A ligação que se iniciou com Sven Goran-Eriksson foi já documentada ao limite, num aproveitar claro dessas insistentes recordações que transbordam da memória colectiva e das quais é fácil sentir saudades, por todas as façanhas do Benfica por esses anos: campeonatos nacionais, finais europeias e cinco loiros craques que deram ao carrossel técnico encarnado uma tão necessária dimensão física, elevando o Benfica a real competidor pelos títulos continentais.
Na génese dessa bonita história esteve Börje Lantz, o primeiro empresário sueco com foco no futebol e que chegara a Portugal no início dos anos 80, aventura que resulta dum sem número de divertidas bifurcações do destino: conta-se que em 1958, no Mundial jogado na Suécia, convencera a comitiva brasileira – a vencedora do torneio, quando Pelé se revelou ao planeta – a levá-lo para o Brasil.
Pelos vistos sabia-se vender tão bem que foi rapidamente aceite naqueles meandros, aproveitando para fazer nome na América do Sul como intermediário, acumulando dinheiros valentes – gerados, por exemplo, pela responsabilidade na organização de tours do Flamengo pela Europa… – e criando ligação especial com as maiores figuras daquele futebol. Alargou rede de contactos e foi construindo legado, como quando se antecipou anos á concorrência e percebeu o potencial da publicidade estática nas transmissões televisivas.
Ora, Börje aproveitou até onde pode e foi já depois de regressar à Suécia que se viu confrontado com imposições fiscais incómodas. Fugiu para Portugal, fixou-se em Cascais e, paralelamente a Manuel Barbosa (o responsável pelas transferências de Ricardo Gomes, Mozer ou Valdo), torna-se num dos intermediários da confiança de Fernando Martins (e João Santos, a seguir). Assim, foi fácil convencê-lo da ideia de substituir o competente, mas desgastado Lajos Baróti por um jovem sueco, que havia tornado os semiprofissionais do IFK Gotemburgo no vencedor da Taça UEFA, depois de banalizar (4-0 a duas mãos) o Hamburgo de Ernst Happel – praticamente o mesmo Hamburgo que derrotaria a Juventus na final da Taça dos Campeões da época seguinte.
Fernando Martins sofreu ao comunicar a decisão aos restantes dirigentes encarnados. 18 deles, contestando veemente, demitem-se – mas Eriksson lá chegou, tímido e com a esposa, Anki, que causou furor por aterrar em Lisboa com uma camisola ás riscas verdes em fundo branco, naquilo a que Eriksson chamou, na sua biografia, de «disparate» cómico – «Fernando Martins sugeriu que, talvez da próxima vez que a senhora Eriksson fosse vista em público, pudesse usar outro género de toalete»…
Eriksson venceu os primeiros quinze jogos. Sem papas numa língua que era afiada mas comedida. Não precisava de mais. Sem falar muito, ganhou o respeito dum plantel cheio de estrelas – Bento, Humberto Coelho, Carlos Manuel, Alves, Diamantino, Chalana, Néné – malta experimentada e no topo da Europa a quem faltava apenas a disciplina das melhores equipas. Sven teve que os trabalhar taticamente e ajustá-los ao 4-4-2 que era regra em terras suecas, herança inglesa que Roy Hodgson e Bob Houghton haviam introduzido na Allvenskan com grande sucesso. 4-4-2, a marcação á zona, a verticalidade e o futebol prático de pressão alta e exploração da profundidade (o mesmo registo que sobreviveu até bem recentemente, vide 2018-19 e Bruno Lage) e o Benfica, estimulado por aquele choque cultural, pulverizou recordes, foi campeão na Primavera e chegou à primeira final europeia em 15 anos.
Em Janeiro desse ano, Sven percebeu que ainda faltava alguma coisa. Falou com Börje, Börje tratou do assunto com Fernando Martins: e ao meio-campo encarnado chegou Glenn Stromberg, ex-pupilo no IFK Gotemburgo e que provocou reacções dispersas no campo mediático nacional. A Pedroto causou comichão, ficando famosa a expressão de “alto, louro e tosco”, mas Glenn rapidamente mostrou ao Portugal desportivo que ao lado técnico dava jeito a força e a rapidez de processos. Stromberg era um 8 moderno, que cavalgava atrás e à frente sem grande paciência para adornos fúteis. Meses depois, em Agosto de 83, chegava Michael Manniche, dinamarquês de 24 anos, decorador de montras durante o dia e goleador à noite, ao serviço do para nós desconhecidos Hvidovre, por quem ganhou campeonato e taça.
Tinha 192 centímetros de altura e é fácil perceber o impacto que teve num futebol habituado a Nénés, Manueis Fernandes ou Jordões – o tal estilo de avançado letal, mas mais solto, mais deambulante e bola no pé. Manniche seria o apoio essencial aos criativos daquele Benfica e até 1987 faria 76 golos em 135 jogos – o que o tornou o melhor marcador estrangeiro do clube até ser substituido por Mats Magnusson, outro que chegou sob a asa de Borje Lantz, que já nesse Verão havia trazido outro treinador para a Luz: Ebbe Skovdahl, dinamarquês responsável pela excelente campanha do Brondby na Taça dos Campeões 86-87, na qual chegaram até aos Quartos de final para serem eliminados pelo FC Porto de Artur Jorge, futuro campeão.
Ebbe não durou muito tempo. Não tinha a finesse tática de Eriksson nem o seu carisma para lidar com um plantel de malta rija. Foi despedido em Novembro. Mas Magnusson adaptou-se bem, adaptou-se supersonicamente ao nosso futebol e à vida solarenga. Nesse ano é uma das figuras da equipa que chega à final europeia perdida para o PSV de Guus Hiddink, é campeão em 88-89 e Bota de Prata em 89-90 (33 golos em 32 jogos), em ano onde é um dos craques que tenta vencer o Milão em nova final da Taça dos Campeões – e atrás de Magnusson já perfumava o jogo encarnado Jonas Thern, outro médio de classe mundial com ligação a Lantz. Chegara à Luz com 22 anos a troco de 160 mil contos, transferidos para a conta do Malmö de… Roy Hodgson.
Depois dessa final, Thern (junto a Magnusson) viaja para Itália para participar no Mundial pela sua selecção: deu tanto nas vistas que é considerado, em Dezembro, o melhor jogador sueco do ano e, quando sai do Benfica em 1992, é para lá que vai. Primeiro Nápoles, depois Roma, até 1997, seguindo as pisadas de Stromberg, que também fez carreira naquela que á época era a melhor Liga do mundo. Nesse Mundial, pela ala esquerda nórdica encarrila Stefan Schwarz, outro a despontar no Malmö. Eriksson não descansou enquanto não o teve no Benfica. Schwarz seria uma das grandes figuras desse Benfica, sempre como titular à esquerda ou no meio, onde fazia valer o seu espírito combativo.
Eriksson, Thern, Magnusson e Schwarz seriam campeões em 1991, e atingiriam as meias-finais da nova Champions em 1992, cimentando em Lisboa a convicção de que da Escandinávia jorravam fontes de competência. Ideia que seria contestada pelas apostas seguintes.
Martin Pringle, carteiro de profissão, é contratado em 1996 ao Helsingborgs. Desde logo se percebe, no meio daquele Benfica a entrar vertiginosamente no lodo competitivo, que por muitas boas qualidades humanas que pudesse ter, Martin não era do mesmo quilate dos representantes anteriores.
Injustamente, ficou marcado como o princípio do fim da bonita história benfiquista naquele mercado – depois dele chegou Anders Andersson, sempre figura secundária num Benfica em recuperação; Azar Karadas aterrou em 2004, culminando assim as bons desempenhos pelo Rosenborg frente aos encarnados na época anterior – na Luz, teve momentos de brilhantismo que ajudaram no título, mas em condições normais nunca passaria dum útil suplente; e Daniel Wass, que nunca conseguiu hipóteses reais de exibição e saiu quase incógnito para França, onde iniciou a boa carreira que acabou por construir (Evian, Celta, Valência e Atlético). Quem cortou com essa má sequência entre Benfica e Norte da Europa, foi Victor Lindelöf, o central que por estes dias milita pelo Manchester United, onde já passou a figura de presença com a reformulação de Ten Haag.
Contratado ao irrelevante Vasteras ainda adolescente, foi já no Seixal que finalizou processo formativo. Estávamos em 2012 e até 2015 cumpriu 96 jogos pelo Benfica B, preparando-se para uma oportunidade na equipa principal que surgiria com uma onda de lesões na época 2015-16. Lindelöf é responsabilizado por Rui Vitória e à boa maneira escandinava, com uma frieza estranha para o mais comum dos latinos, agarra a oportunidade à primeira e é titular até 2017, ajudando a ganhar dois campeonatos e uma Taça, sucesso que chama à atenção de José Mourinho e recupera a mitologia do filão nórdico no Terceiro Anel.
Alexander Bah e Fredrik Aursnes impuseram-se com naturalidade no Benfica e deram sequência a essa ligação, que recuperou níveis de confiança e é agora semelhante à sentida no final dos anos 80. Têm a palavra agora Casper Tengsted e Andreas Schjelderup, que se forem bem aconselhados já sentiram nos ombros o peso do legado que transportam a cada dia passado de águia ao peito."

BTV: Leonor...

5 minutos: Diário...

Golaço #141 - Le titre est-il joué en Liga BWIN après la 22e journée ?

O pequeno-almoço está na mesa


"Ter uma casa ou, no mínimo, um tecto, é fundamental - no futebol como na vida. Neste caso, um campo. Não existem campos perfeitos, nem jogadores que possam reclamar um campo como seu, tirando um ou outro praticante mais abastado capaz de plantar um relvado no quintal, mas há aqueles que se vão tornando nossos, tantas são as vezes que os pisamos.
Tal como os jogadores de snooker ou de matrecos (que saudades!) não gostam de jogar em mesas às quais não conheçam as inclinações e as manhas, também ao jogador de fim-de-semana convém dominar o piso onde põe os pés e esfola os joelhos e o dinheiro, a bem da qualidade de jogo e da própria estabilidade do grupo. Saber se a bola rola, se o taco prende no Verão ou escorrega no Inverno, se o sintético tem ou não areia, se há ou não balneários e bar, se o bar serve minis, se as minis são frescas… enfim, cada jogador e cada grupo sabe das suas prioridades e necessidades.
Há grupos que jogam no mesmo campo durante uma vida, grupos que vão saltitando de campo em campo e aqueles que se dissolvem precisamente quando têm de mudar de localização. Eu, que me passeei por dezenas deles ao longo das últimas duas décadas e meia, há muito que não tenho um terreno fixo. Gosto especialmente deste onde jogo há cerca de um ano, mas não o suficiente para reclamá-lo como meu ou apelidá-lo de casa.
Na infância e adolescência (há meia dúzia de dias, portanto), quando os pavilhões eram uma raridade e os ringues um bem público e não um negócio, aí sim, tinha um campo, nas instalações da fábrica onde o meu pai trabalhava. Uma empresa têxtil com mais de mil empregados que, à semelhança de tantos outros edifícios do Vale do Ave, virou ruína, gigantes de cimento caídos às margens de um rio «mágico», tantas as vezes que mudava de cor. Incapazes de oferecer aos trabalhadores ordenados de sonho, construíram um ringue e uma piscina onde os filhos podiam fintar o tédio e o destino, pelo menos durante as tardes de Agosto. Entrava quem tivesse cartão. Quando me esquecia de levá-lo ou a minha fotografia se tornava irreconhecível, tantas as vezes que o deixava cair na água, enchia-me de coragem e dizia: «Sou filho do Alexandrino, o torneiro mecânico».
A dada altura a piscina fechou, mas alguém do nosso grupo do café foi falar com o senhor Virgílio, o feitor, e passámos a usar o campo todos os sábados. Juntávamo-nos no Avenida a seguir ao almoço e seguíamos em romaria, jovens e menos jovens, dezenas de homens a correr atrás da bola enquanto, em casa, as mulheres se escondiam atrás do aspirador. Chegámos a fazer três ou quatro equipas. Depois de algum tempo, acho que foram anos, não sei, deixámos de poder jogar lá. A piscina foi-se degradando, os mais velhos foram-se cansado. O café fechou. Mas abriu outro. E tudo voltou. Pelas 14h, 14h30, começávamos a contar as cabeças, alguém perguntava «onde vamos jogar?» e lá íamos nós, um, dois, três, quatro carros, em excursão, de aldeia em aldeia, à procura de um rinque.
Muita gente perguntava-se como é que a freguesia não tinha um rinque — só chegaria em 2009, já eu estava longe há mais de uma década —, a verdade que é a ausência de um terreno fixo tinha um encanto extra. Permitia-nos, ainda que de forma não consciente, cimentar a nossa amizade e explorar as fronteiras e idiossincrasias locais. Caso os campos estivessem ocupados, pedíamos ou desafiávamos a que jogassem connosco ou contra nós, duelos de «roda bota fora» que se prolongavam, invariavelmente, até ao pôr do sol.
Hoje que sou um homem e tudo menos saudosista — ao contrário do que estes textos possam dar a entender —, de vez em quando tenho vontade de agarrar nos meus colegas e irmos, também nós, de bairro em bairro, de rinque em rinque, à procura de um campo livre e ficar a jogar a noite toda. Não como se fosse sábado à tarde, ou como se tivéssemos 16 anos, mas assumindo precisamente as horas que são e idade que temos. Chegar a casa às sete da manhã como antes chegava às sete ou oito da tarde e dizer, sem receios ou justificações «sentem-se, meninas, o pequeno-almoço está na mesa», tal como a minha mãe dizia «anda filho, que o jantar está pronto»."

Chutando bolas contra a parede


"Átila pode ser um nome de apavorar rinocerontes mas quer dizer apenas Paizinho. Attila, Il Divino de Nápoles, também foi um Paizinho.

Tenho um amigo chamado Átila. Não é huno, é romeno, de Cluj Napoca, grande como um armário vitoriano mas sem gavetas, quero dizer, acho eu, se calhar até tem gavetas e nunca prestei atenção a elas, pelo menos tem uma gaveta enorme no lugar do coração. Se visitarmos a História, só a maledicência poderá dizer que os hunos foram particularmente odiosos, não havia muitos que os distinguisse de godos, visigodos e ostrogodos, eram todos tão bárbaros uns como os outros, e foram os impérios decadentes do ocidente que resolveram apelidá-los desse modo. Átila até é um nome terno, quer dizer Paizinho, e a despeito do medo que provocou às legiões romanas não era propriamente tido como um comedor de corações inimigos embora tenha ficado famosa a frase que dizia que nos lugares em que as patas do seu cavalo Othar pisavam a relva não voltava a crescer. O meu amigo Átila, o romeno, não tem um cavalo e apenas uma cadela pequenina e irrequieta que se enfia por debaixo os pés da gente e aposto singelo contra dobrado, como nos livros do Texas Jack, que a relva abunda por todos os lugares que ela pisa.
Nápoles, essa cidade que mira os fumos do Vesúvio numa baía resplandecente que lhe valeu a tirada «Vedere Napoli e doppo morire», como se depois de a vermos rodeada de todo aquele azul não houvesse outra maravilha maior sobre este planeta redondo e apenas ligeiramente achatado nos polos, também teve o seu Átila, nesse caso Attila Sallustro D’Amato, mas foi preciso que ele tivesse atravessado o Atlântico, vindo de Assunção, no Paraguai, carregado de chatices que deixavam os pais de cabelos em pé, ora porque tinha sinais de raquitismo, ora porque sofria de uma falta de desenvolvimento muscular, ora porque era um tímido compulsivo e não gostava de se dar com os miúdos da sua idade. Sim, Attila Salustro não era, decididamente, uma criança fácil. Os progenitores, Gaetano Sallustro e Anna D’Amato, ofereceram-no ao mundo no dia 15 de novembro de 1908. Quando abriu a boca para soltar o primeiro berro ninguém ficou com dúvidas de que tinha um belíssimos pulmões. Mas aos quatro anos, uma febre reumática atirou-o para uma cama durante meses e o médico receitou-lhe uma espécie de seguro de vida: que passasse o mais tempo que pudesse a chutar bolas contra uma parede. Pode ter deixado os vizinhos meio chalupas mas desenvolveu uma técnica apurada. Viria a dar-lhe um jeitão.
Os irmãos D’Amato eram oito e tinham uma fortíssima ligação entre eles. Quando os pais decidiram emigrar para Itália essa cumplicidade reforçou-se. Viviam nos arredores de Nápoles, na Villa Comunale. Aos doze anos já Attila estava debaixo do olhar atento de um consultor técnico de diversas equipas de futebol chamado Mario de Palma. Aos 17 anos assinou o seu primeiro contrato profissional com um clube que acabara de nascer da fusão dos dois maiores clubes napolitanos, o Internapoles. A convalescença programada pelo seu médico dera-lhe uma facilidade de remate e um estilo muito próprio de chutar de primeira sem necessidade de dominar a bola antes. O povo encantou-se com esse à vontade do jovem Attila e não tardou a adotá-lo como menino querido da cidade.
Com a separação dos clubes, Sallustro D’Amato passou a vestir a camisola da Associazione Calcio Napoli e fez dela tão sua que a usou durante onze anos a fio. Ganhou a alcunha de Il Babbio, O Ídolo, optou pela nacionalidade italiana, foi convocado para atuar pela Squadra Azzurra, estreando-se contra Portugal com uma valente goleada de 6-1, e deu-se ao luxo de fazer frente ao mais belo de todos os jogadores italianos de sempre, Giuseppe Meazza, pondo muitos a discutir qual deles era mais eficaz na sua posição. Ganhou mais alcunhas: Il Veltro e Il Divino. Não era filho de gente rica mas era orgulhoso como poucos tendo-se sempre recusado a receber dinheiro do seu clube para jogar. Era bem apessoado, agradava às moças, limitou-se a pedir que lhe oferecessem um automóvel no qual pudesse passear as namoradas que abundavam no seu dia a dia. O seu irmão mais novo, Orestre Salustro, chegou a fazer-lhe companhia em campo com a camisola azul celeste mas ficava a anos luz da categoria do irmão. A II Grane Guerra atrapalhou o futebol de toda a Europa e Attila viria a ficar largos meses sem jogar. Desiludiu-se. Em 1937 deixou o Nápoles perante a angústia dos adeptos e foi experimentar a Salernitana, Estava gasto. Em dois anos não participou em mais de 17 jogos. Tinha saudades da cidade que o adotara ainda criança e voltou, já não para jogar mas para se tornar numa figura inconfundível que acompanhava com paixão os treinos e os jogos do Nápoles. Ainda o convidaram para treinador em 1961 mas logo se percebeu que não tinha jeito para o cargo. Voltou para as bancadas. Os adeptos rodeavam Il Divino com um carinho absoluto. Sim, talvez com o tempo tivesse passado a ser uma espécie de Paizinho. Como Átila, o huno."

Hesitantes começos são bons presságios


"A vinda de Alberto Ló para o Benfica, embora difícil e atribulada, enriqueceu o ténis de mesa encarnado

Em 1958, no auge do ténis de mesa português, de Macau veio Alberto Ló (1924-1975), professor primário diplomado em língua chinesa, cujo nome em sinograma se lia Ló Kam Sun.
A sua arte com a bola de celuloide ajudou a rechear o palmares do Benfica, já por si uma potência, conquistando 35 títulos oficiais, entre regionais e nacionais, individuais e coletivos, não contando com os torneios que venceu na quase totalidade. Mas como chegou Ló ao Benfica?
Em 1956, o mesa-tenista macaense integrou a seleção portuguesa no Campeonato do Mundo de ténis de mesa, em Tóquio. Foi no país do sol nascente que João Antas, presidente da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa, tentou convencer Ló a rumar á metrópole. Este recusou, alegando que a distância a que ia estar da mulher e dos filhos não lhe poderia trazer vantagens. No entanto, as vitórias que logrou no Mundial deram-lhe outra perspectiva.
Meses depois, o mesmo Antas, que era sócio e mesa-tenista do Benfica, voltou a contactá-lo, mas agora propondo-lhe competir de águia ao peito. Alberto Ló assentiu então, prevendo que teria mais tempo para se dedicar ao seu potencial de atleta. No começo de 1958, embarcava para a metrópole.
A chegada previa-se para a noite de 5 de Janeiro, sábado. No aeroporto da Portela representava-se em peso o ténis de mesa encarnado, entre dirigentes, antigos seccionistas e glórias como Oliveira Ramos, Campas e o próprio João Antas.
A recepção foi, no entanto, adiada, pois o avião que trazia o macaense não pôde aterrar em Lisboa devido ao cerrado nevoeiro que pairava na pista. O mesmo motivo o obrigou a desviar-se de Madrid e a aterrar em Barcelona. Apenas na noite de domingo o mesa-tenista de 33 anos pôde apresenta-se à secção, exibindo-se com 'o seu estilo clássico', defendendo e atacando 'com segurança de qualquer dos lados'.
Estreou-se em 31 de Janeiro na Taça de Portugal, frente ao Sporting D(2-3), com duas vitórias. Fez o último jogo seis anos depois, e 4 de Novembro de 1963, para a Taça Diário Popular, mostrando-se 'numa forma técnica e física como poucas vezes lhe temos visto. Uma espécie de Coluna do ténis de mesa'.
No dia 10 seguinte, o mago da raquete que fazia sestas de duas horas nas tardes dos dias de jogo despediu-se da massa associativa do Clube, durante o intervalo do jogo de futebol com a Académica.
Conheça outros campeões do ténis de mesa benfiquista na área 3 - Orgulho Eclético, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

Dentro e fora de campo


"1. António Silva. O que ele fez à beirinha do fim do último Benfica - Boavista vai perdurar na memória de todos. Mais do que um atrevimento, foi um descaramento sem precedentes. Uma coisa linda.

2. O Benfica vencia tangencialmente o emblema mais antigo da cidade do Porto, e, no culminar de um jogo eletrizante, um jogador do Boavista aproximou-se veloz e perigosamente da área de Odysseas Vlachodimos. Aproximou-se, sim, mas não entrou porque o jovem defesa-central do Benfica não deixou. Muito bem, António Silva, na arte de não deixar aproximar-se quem pode causar dano ao Benfica. Em campo e fora de campo, que sejamos todos assim.

3. O desarme aplicado por António Silva ao jogador do Boavista fez levantar as bancadas da Luz em aplausos. Mais do que merecidos, porque o lance apresentava-se com grande carga de fatalidade e o tempo de jogo restante dificultaria, por certo, a reação da equipa. Mas António Silva não consentiu uma coisa dessas. Com o ímpeto próprio da sua abençoada através de uma ação técnica perfeita e cristalina. Depois ergueu-se num ápice, conduziu a bola até à lateral e ganhou uma falta a favor do Benfica.

4. António Silva festejou 'como se fosse um golo', escreveram os jornais no dia seguinte. Nas bancadas festejou-se também vibrantemente a solução que António Silva encontrou para preservar aquela ameaça à baliza de Odysseas Vlachodimos, e o jogo prosseguiu até ao fim sem sobressaltos de maior.

5. Foi um bom momento de futebol na noite de segunda-feira na Luz a somar a outros excelentes momentos como, por exemplo, o belíssimo golo de Gonçalo Ramos com uma execução não menos perfeita que o define como um goleador de topo. Era a oportunidade que o Benfica tinha para dar a volta ao resultado colocando-se em posição de vantagem, e Gonçalo Ramos não a desperdiçou. Que festa houve no campo e na bancada.

6. António Silva e Gonçalo Ramos, dois jogadores formados no Benfica e que hoje são donos dos seus lugares na equipa principal. Na segunda-feira deram-nos altos exemplos de como defender os interesses do Benfica em campo. Com veemência, sem contemplações, com arte, sem medo e com uma vontade inquebrantável de vencer. Defender o Benfica fora de campo exige exactamente os mesmos atributos.

7. O campeonato vai entrar naquela fase em que tudo conta - os golos sofridos, os golos marcados e as campanhas hostis -, e o Benfica vai ter de saber proteger os seus objetivos em campo e fora de campo. Para a frente é o caminho."

Leonor Pinhão, in O Benfica

Bons sinais


"Feliz da equipa que, num “jogo complicado”, ganhou 3-1 ao oitavo classificado, desperdiçou várias oportunidades de golo, incluindo uma grande penalidade, e quase não as concedeu ao adversário, teve 70% de posse de bola e fez 18 remates (10 enquadrados mais um ao poste). É verdade que o Benfica foi bloqueado pelo Boavista na primeira parte – ainda assim o mais ajustado ao intervalo seria a vantagem benfiquista – mas, corrijam-me se estiver enganado, os jogos ainda têm 90 minutos acrescidos de tempo adicional.
Infeliz do futebol que tem um dos seus principais clubes a fazer da propaganda uma das suas principais armas. E fazem-no despudoradamente há décadas. A vitória frente ao Rio Ave na última jornada é só o mais recente exemplo: favorecidos inacreditavelmente pela arbitragem, logo trataram de a criticar. Se fosse piada, já ninguém se riria de tão gasta que está. Mas é para ser levado a sério, até porque aqueles do apito e do var, tão permeáveis que são à pressão e ao condicionamento, já para não referir que os erros, em benefício de uns e em prejuízo de outros, são recompensados (o incompetente no VAR do Braga-Benfica foi, passados dez dias, VAR do Chaves-Sporting).
Miserável o país que tem um Ministério Público que, a crer na CNN Portugal, acusa um clube de subornar outro baseando-se numa compra de um jogador que, no último jogo entre ambos, cometeu uma grande penalidade. Ao aprofundar a teoria, faltam-me os qualificativos: o jogador foi dos melhores em campo, o penálti deveu-se a bola na mão (o braço estava em posição natural, há uns anos nem seria falta). O motivo era a qualificação para as rondas de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. Além da vitória nesse jogo ainda era necessário que o concorrente directo fizesse um resultado pior, o que veio a acontecer com um frango do guarda-redes que, “inexplicavelmente”, parece não estar sob suspeita do Ministério Público.
O primeiro ponto explica o timing dos dois últimos. Bem vistas as coisas, são bons sinais.
Assim como o são o que a equipa foi capaz de correr, com velocidade, em toda a segunda parte passados cinco dias de uma deslocação nos oitavos de final da Liga dos Campeões e a extrema utilidade dos jogadores lançados a partir do banco por Roger Schmidt. Façamos o nosso caminho, estamos no rumo certo."

João Tomaz, in O Benfica

Alf, uma coisa de outro mundo


"A minha avó Emília tinha um caniche que viveu de 20 anos. Chamava-se Alf, por isso podem ter uma ideia de há quanto tempo isto foi, quando a série de televisão do extraterrestre era um sucesso. O Alf não durou mais tempo porque o veterinário aconselhou a eutanásia. Estava tão doente, que era já um caso de saúde pública. Foi o melhor para ele, mas também para nós.
O Alf nunca foi um cão fácil. Pequenito, cor de mel, dentes afiados, por qualquer coisa ladrava. Se alguém se sentava à mesa, ele reclamava. Se os meus avós queriam dormir juntos, ele atacava. Se tentássemos fazer festas quando ele estava ao colo de alguém, havia dentada. Tinha pinta de cãozinho a pilhas, mas alma de cão de fila, sempre pronto para correr atrás de quem entrasse lá em casa.
No início tinha piada, porque dizia-se que fazia parte da sua personalidade, era como um cão de guarda. Depressa se percebeu que aquilo não tinha graça nenhuma, mas a culpa não era dele e sim de quem o tinha ensinado a ser assim. Por omissão de educação ou por imposição de comportamentos agressivos.
O Alf faz-me lembrar alguns agentes desportivos ligados ao futebol português, sem desprimor para o caniche. Escondidos atrás de uma máscara de defesa do seu amo, insultam, ofendem, agridem, vociferam contra este mundo e o outro. Já nem sabem a razão da contestação, tudo serve para fazerem barulho, sempre com os mesmos argumentos bafientos, sempre com o sangue a raiar nos olhos, de palavrão fácil e cada vez mais alheados da realidade.
Houvesse expulsões administrativos na futebol português para quem ultrapassa todos os limites, e canitos pequeninos como o Alf não poderiam mais continuar a espalhar as suas doenças e ódio. É um caso de saúde pública."

Ricardo Santos, in O Benfica