Últimas indefectivações

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Chama Imensa... Estão com medo da 'onda'!!!

O Benfica, Mark Twain e os exageros...

"O Benfica parece apostado em permanecer na luta pelo título. Do ponto de vista colectivo a equipa de Rui Vitória melhorou bastante...

A Liga portuguesa apresenta muitas insuficiências, os clubes têm demonstrado um desprezo absoluto pela indústria do futebol, e há ainda uma imensidão para percorrer até que possa falar-se em modernidade e progresso. Enquanto subsistir este sistema que leva a que o clube mais compensado por direitos televisivos, em Portugal, receba 13 vezes mais que aquele que recebe menos (na Premier League o campeão aufere apenas 1,7 vezes mais que o último classificado!!!) a única garantia é a de uma competição desequilibrada, como é possível constatar através de uma mera observação da tabela classificativa. Dito isto, há que referir, também, que alguns clubes da nossa I Liga têm mostrado uma qualidade futebolística superior à soma dos seus factores, nomeadamente o Desportivo de Chaves e o Rio Ave, numa competição que tem a felicidade de contar com treinadores de enorme qualidade.
E há ainda que referir que a luta pelo primeiro lugar em Portugal tem tudo para nos oferecer grande emoção até à 34.ª jornada. Ao contrário do que acontece em campeonatos globalmente muito mais equilibrados, como La liga (Barcelona), Premier League (Manchester City, apesar de ter perdido ontem em Liverpool), Bundesliga (Bayern Munique) e Ligue 1 (PSG), a nossa I Liga pelo menos promete equilíbrio a três até ao fim, o que é um bem precioso.
Da jornada em curso (e ainda falta o jogo do FC Porto no Estoril, onde os dragões conhecem dificuldades por vezes inexplicáveis, desde os tempos de José Maria Pedroto) resulta, para já, um sinal positivo do Benfica, como que a dizer, qual Mark Twain, que as notícias da sua morte competitiva eram manifestamente exageradas.
Há muito para andar, FC Porto e Sporting têm de se dispersar por várias competições e o Benfica está focado apenas num objectivo. O que é que isto vale? Tudo, nada, o futebol tem-nos ensinado que cada caso é um caso...

Morreu, aos 85 anos, Maria Margarida Ribeiro dos Reis, filha do tenente-coronel António Ribeiro dos Reis, um dos fundadores de A Bola, e figura incontornável da história desta casa, onde teve, durante muitos anos, posição de grande relevo. Mulher de armas, avançada no tempo, sempre pronta a contrariar convenções, que tenha agora o descanso que muitas vezes lhe faltou em vida.

Ás
Filip Krovinovic
Não era em vão que os companheiros de equipa em Vila do Conde lhe chamavam Craquinovic. O médio croata, 22 anos, possui talento para dar e vender e percebe-se que, apesar de ser já muito influente de manobra do Benfica, tem ainda enorme margem de progressão, que há de tornar a Liga portuguesa pequena para ele.

Ás
Rui Vitória
Saiu por cima, sem deixar de ser quem é, de uma semana marcada por grande turbulência mediática. A vitória em Braga (e a exibição consistente) manteve o Benfica na luta pelo título e deixou a ideia de que o pior, para os lados da Luz, já terá passado. Porém, é bom não esquecer que continua a patinar em gelo demasiado fino.

(...)

A tentação pelo risco, revisitada na casa do leão
«Neste fim de semana, o nosso hóquei em patins e o nosso futsal não nos deram as alegrias que merecemos»
Bruno de Carvalho, presidente do Sporting
Os recados internos de Bruno de Carvalho, depois de insucessos desportivos, deixam sempre mossa. Ontem, foi a vez das críticas presidenciais visaram o futsal e o hóquei em patins, como já aconteceu no futebol, quer nos tempos de Marco Silva, quer já com Jorge Jesus. Bruno de Carvalho tem o direito e o dever de manter a exigência alta. Difícil é encontrar a medida certa.

Valência a seus pés
Gonçalo Guedes continua em estado de graça no futebol espanhol e ainda na última jornada foi considerado o MVP do Desportivo da Corunha, 1 - Valência, 2, onde marcou um golo e fez uma assistência. Há um ano os franceses questionavam a loucura do PSG ao dar 30 milhões por um português apenas promissor. Hoje, Gonçalo Guedes vale muito mais e pode ajudar o emblema parisiense a equilibrar as contas do fair play financeiro. E se calhar, perante o que está a fazer em La Liga, Valência até ser apenas uma passagem para outra margem...

A crise instalou-se na 'Casa Blanca'
São os mesmos jogadores, é o mesmo técnico, a Direcção não mudou e a afición permanece fiel. Porém, de máquina ganhadora de Zidane, única equipa a vencer a Champions em anos consecutivos, não há nem rasto. Até Cristiano Ronaldo anda de candeia às avessas com o fundo das balizas adversárias..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Circo sem decência

"A guerra verbal atingiu níveis insuportáveis no futebol português. Trocam-se acusações por dá-cá-aquela-palha, num combate sem regras e sem um pingo de dignidade, e num tempo em que ninguém está a salvo, seja por email ou sms, twitter ou facebook. O espectáculo está triste e sem a mínima decência, e ainda para mais agravado, nesta última semana, com a entrada em campo, da pior maneira possível, dos treinadores dos principais clubes. Deflagrações verbais com estilhaços que atingiram até Abel Ferreira, técnico do Sp. Braga, naquele que não vai ser, certamente, o último exemplo de danos colaterais de uma guerra na qual não é protagonista.
Sérgio Conceição, que esteve no centro dos últimos focos de agitação, é vertical e sincero quando assegura que só diz o que pensa. O treinador do FC Porto voltou a soltar a língua, mas ter o coração perto da boca implica riscos, por vezes desnecessários, como pedir, por exemplo, para "deixar os árbitros em paz" demasiado cedo no campeonato; esse bom princípio acabou por ser atraiçoado quando os erros lhe bateram à porta e colocaram em xeque o seu trabalho. A rábula do "boneco do filho" é um ataque duro a Rui Vitória, ficando provado que é demasiado fácil atingir o treinador do Benfica, apesar de o seu currículo exigir mais respeito sobretudo depois do bicampeonato alcançado quando os vatícinios o condenavam ao fracasso após a fuga de Jorge Jesus para Alvalade. O facto de Rui Vitória não somar pontos através de polémicas, retira-lhe igualmente potencial mobilizador, dado que nem sempre os seus próprios adeptos o compreendem e acarinham, mas aquela sua paciente imagem também não ajuda à missa. Mais do que "bom treinador", Rui Vitória orgulha-se de ser "reconhecido como boa pessoa", e nunca fica próximo sequer de pisar o risco, ou melhor, nunca vai além do razoável, mesmo quando Jorge Jesus concorda com Sérgio Conceição e prolonga a "aliança", que um dia destes chegará ao fim.
Enquanto o foco está colocado no inimigo comum, o tal que conquistou os últimos quatro campeonatos e se torna um propício alvo a abater, tudo parece mais-do-que-perfeito. O grande desafio para Sérgio Conceição e para Jorge Jesus, parceiros concordantes quando o tema é Rui Vitória, reside em manter o relacionamento de amizade e confiança perante a iminência de uma discussão directa que promete ser escaldante e ainda para mais em três competições – campeonato, Taça de Portugal e Taça CTT. A ansiedade pela conquista de títulos é outro ponto comum a FC Porto e Sporting,, pelo que nenhuma frente de batalha poderá ser descurada. Aguardemos, pois, por novos desenvolvimentos, sabendo-se como se sabe que tanto a Sérgio Conceição como a Jorge Jesus não é preciso muito para chegarem à tal linha da hostilidade, que fruto do seu carácter está à distância de um pequeno sopro."

As Regras dos Jogos... G15 & VAR's !!!

Alvorada... do Júlio

O futebol que não se vê

"O excesso de mediatismo de alguns tem ajudado a abafar, de forma injusta, exemplos positivos que convivem no mesmo universo

Um treinador que defende árbitros, que admite ter desperdiçado a carreira de futebolista por culpa própria e que fala de racismo tão abertamente como do declarado benfiquismo do presidente do clube onde trabalha não é normal. Pelo menos neste futebol de guerrilha permanente, em que parece imperativo dormir com um olho aberto e acreditar que o ataque é a melhor defesa, um futebol de uma intolerância ao nível da que enfrentamos diariamente no trânsito das cidades e que excede em muito a rivalidade e a clubite aguda.
Na entrevista publicada nesta edição, Pepa é a personagem de que se fala no início do texto e assemelha-se à antítese do futebol descrito logo a seguir. O desassombro revelado pelo treinador do Tondela talvez explique parte do "milagre" de uma equipa que depois de na época passada ter evitado a descida no último suspiro (é certo que fruto de uma ponta final inacreditável, com cinco vitórias em seis jogos), agora navega em águas tranquilas. Mais calma ainda tem sido a viagem do Chaves, orientado por outra figura estranha a esse futebol português mais mediático - o "mestre zen" Luís Castro -, protagonista de feitos como a reviravolta de anteontem, frente ao Vitória de Guimarães num jogo com sete golos, ou o ponto final que colocou nos 15 meses de imbatibilidade caseira do Marítimo no campeonato. O próprio técnico maritimista, Daniel Ramos, cabe perfeitamente - como outros - nesta lista de exemplos e discursos positivos que habitam num mundo que dá mais voz aos negativos.
Talvez, enquanto metáfora da vida, o futebol não tenha de ser justo e seja apenas assim como a própria vida. Ou talvez possa comparar-se a um icebergue, cuja percentagem visível esconde os outros 75 por cento que a sustenta."

Lideranças não devem ser para quem quer mas para quem sabe...

"ANTF, FPF, LPFP e outras instituições que tutelam o futebol nacional e representam os seus diversos agentes têm a obrigação de procurar ser competentes e capazes de antecipar, de prevenir e de evitar situações polémicas que não aportam prestígio para o futebol e podem potenciar fanatismos.
A pressão emocional que, por exemplo, um treinador tem de controlar, no final de um jogo, quando participa nas conferências/entrevistas, é sempre enorme.
Mais uma vez o negócio se impõe ao jogo.
Em “roda livre”, nos limites do equilíbrio e contenção, deveriam merecer mais atenção daqueles que gerem o futebol e que têm a obrigação de defender, a todos os níveis, todos os participantes, criando clima de confiança e de estabilidade.
Quem nunca jogou, quem nunca sentiu a intensidade emocional ao mais alto nível, muito dificilmente a saberá distinguir de comentários finais entre um grupo restrito de amigos. As responsabilidades são totalmente divergentes.
Recordo que, no anterior modelo de formação de treinadores, havia um módulo específico de estratégia comunicacional em que se procuravam reforçar competências para esses momentos, aproveitando-se, algumas vezes, notícias e vídeos de alguns dos presentes no final dos seus jogos, para uma análise mais detalhada e preventiva. Eram outros tempos…
Com a extrema mediatização que nos inunda, qualquer lapso ou pequeno exagero momentâneo passa a repercussão gigantesca, imparável, tornando o acessório como essencial e até servindo interesses estranhos.
Preparar também os treinadores (e não só) para esses momentos únicos, onde uma afirmação atinge dimensão extrapolada, é útil, possível e um excelente contributo para defender o futebol de que gostamos.
Não é tirar a raça, o querer, o dizer o que “vai na alma” com frontalidade, mas é o ter consciência de como podem subverter tudo o que se sente e partilha naturalmente, com interesses alheios e até perversos.
Sabemos que há quem tenha muita ambição a nível nacional e mundial, sabemos que há quem só tenha olhos para um universo reduzido do futebol (para quem o resto, que é maior parte, é paisagem), sabemos que há quem sonhe liderar uma instituição de top global… Mas temos muitas dúvidas se não há também gente que já perdeu tempo e oportunidades decisivas por causa do vício de protagonismo sem regras.
O futebol será sempre um desafio sedutor, um jogo mágico, com paixão, emoções fortes e acima de tudo e de todos, um destino de talentos que nunca acabam e sempre se renovam, apesar de tudo."

Como se trabalha a parte mais importante do atleta? - I

"«Ao intervalo disse aos jogadores que a diferença entre estar no SC Braga ou no Benfica, Sporting, FC Porto ou Real Madrid são questões mentais – é preciso ser constante seja contra quem for. A diferença para se ser um jogador top é o factor mental. O maior adversário residia dentro de nós.» 
Inicialmente o título do artigo começou por ser ‘Qual a parte mais importante do atleta?’ Após uns segundos percebi que essa pergunta já nem tem razão de existir. Rui Oliveira, agora com outras tarefas no futebol, dizia-me numa entrevista para um livro que a parte mais importante de um atleta situa-se do pescoço para cima. Vários têm sido os treinadores e atletas de alto rendimento a mencionarem que aquilo que diferencia um atleta que se mantém no topo quer no nível quer no rendimento desportivo é a capacidade mental e emocional para suportar e superar as dificuldades e desafios que constantemente se colocam. Bem como a inteligência (e sabemos que no desporto coletivo e individual existem algumas das oito inteligências que são mais importantes do que outras) para perceber os constrangimentos e oportunidades durante a competição e relacionar todas as variáveis da competição.
A declaração que se encontra na parte inicial do artigo é de um treinador que admiro. Das poucas vezes que tivemos oportunidade de conviver e falar, sempre se diferenciou por uma visão muito holística do que é a competição e do que é essa peça do puzzle que é bastante importante em qualquer modalidade, a parte humana do atleta. O Abel, agora no Sp. Braga, tem conseguido falar muitas vezes do ser humano sem fugir ao tema do futebol e falar de futebol sem deixar fugir a importância que o atleta tem para que todos gostemos de vibrar com os jogos.
Penso que o Abel Ferreira nos tenta transmitir com aquela afirmação que é a mente do atleta e da equipa que os mantém mais vezes no topo. E que a mente necessita de se manter focada naquilo que são os objectivos colectivos o mais tempo possível durante os momentos que são importantes para que o sucesso apareça e se mantenha. E esses momentos são mais do que os treinos ou os jogos. Querer algo não é a mesma coisa que estar focado e concentrar os esforços para o conquistar. Manter a eficiência e a excelência durante muito tempo é algo que a grande maioria dos seres humanos não consegue. Para lá de algo que Abel também transmitiu agora: as equipas não jogam sozinhas e por isso, não basta querer, estar focado e ter excelência nas suas acções.
E como é que se treina a parte mental e emocional? Já o transmiti aqui e há algo que após tanta investigação me parece que vai sendo mais óbvio: existe na nossa identidade uma parte que está intimamente relacionada com o êxito nas nossas tarefas e advém do modo como gostamos de estar perante as acções, desafios e oportunidades que podem até roçar a insegurança e a zona de desconforto. E isso está relacionado com o grau da nossa autonomia que queremos assumir e sentimos que dominamos, bem como o grau de parentesco que temos com as acções e com o resultado das nossas acções. Sentirmos que temos 100% ou muito peso naquilo que são os resultados das nossas acções é bastante impactante. Mas não atrai todos, atenção. Sentirmos um grau de importância elevado e de parentesco com as consequências das nossas acções é também muito impactante. Mas mais uma vez, não satisfaz todos, atenção.
Para treinarmos isto, os peritos na área perceberam duas coisas: i) começar-se mais cedo dá uma clara vantagem porque podemos intervir em situações e em idades onde a identidade está mais flexível a aceitar novos pontos de vista e ferramentas; ii) as mesmas dinâmicas do trabalho da autonomia, gestão emocional, foco ou resiliência não funcionam de igual modo para todos. Mesmo que fosse possível indagar estatisticamente o grau de competência técnica, táctica e física de um atleta, as mesmas ferramentas para trabalhar a vertente psicológica teriam certamente resultados distintos. 
Antes de terminar esta primeira parte do artigo, deixar mencionado que existem duas correntes que defendem padrões que nos permitem ter atletas fortes mentalmente. Conviver com os melhores e mais exigentes proporciona mais oportunidades para sermos também mais focados em sermos melhores e durante mais tempo. Atletas que durante o seu percurso de construção da sua identidade pessoal, social e desportiva tiveram que conviver com dificuldades sociais, económicas e desportivas diferenciadas (o tal desporto de rua) estão melhor preparados para aquilo que o Abel referia."

Benfiquismo (DCCXVIII)

O caminho...