Últimas indefectivações

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A dignidade

"O comportamento dos benfiquistas perante o presidente do FC Porto no funeral de Fernando Martins e ainda o novo museu do clube.

A morte do antigo presidente do Benfica Fernando Martins não podia deixar de enlutar o futebol português. Amigo pessoal de longa data do empresário e líder benfiquista na década de 80, o presidente do FC Porto fez o que todos esperavam e deslocou-se a Lisboa para prestar uma última homenagem ao homem que fechou o Terceiro Anel do antigo Estádio da Luz.
A presença em Lisboa do líder dos azuis e brancos - acompanhado do director-geral portista, Antero Henriques - quase se tornou a notícia principal do dia do último adeus a Fernando Martins.
O presidente do FC Porto chegou cedo à Basílica da Estrela, sem guarda-costas, e permaneceu sentado na igreja durante toda a missa de corpo presente, conduzida pelo padre Vítor Melícias, um conhecido sportinguista também ele amigo pessoal de Fernando Martins.
A presença do líder portista não foi uma surpresa. Era pública a extraordinária relação de amizade entre os presidente dos dragões e o antigo dirigente encarnado e surpreendentemente teria sido se o primeiro faltasse ao funeral do segundo.
Claro que tendo Fernando Martins sido presidente do Benfica - e sido sempre, ainda, uma personalidade próxima do actual líder das águias, Luís Filipe Vieira - é evidente que esperaria o presidente do FC Porto em Lisboa um ambiente e um cenário maioritariamente benfiquista e, portanto, adverso, tendo em conta as péssimas relações entre as duas famílias.
À dignidade da decisão do presidente portista de estar presente no adeus ao amigo - e outra coisa não seria de esperar -, responderam os responsáveis do emblema encarnado e restantes adeptos benfiquistas presentes na triste cerimónia com um comportamento de uma dignidade ainda maior, pela clara serenidade (e naturalidade) com que souberam reagir à presença do mais alto responsável azul e branco.
Fizeram os benfiquistas o que deviam? Evidentemente.
Um ou outro comenta´rio impróprio de um ou outro anónimo presente não apenas não teve qualquer significado como de todo poderia vincular a imagem institucional do Benfica e a forma como a larga maioria de benfiquistas (anónimos ou não) soube conviver com a presença de mais um amigo de Fernando Martins, por acaso também presidente do maior rival desportivo dos encarnados.
O que muitos - legitimamente - se interrogam é se o contrário também seria verdade. Duvido.

ALCINO ANTÓNIO é (e será, para a história) um dos grandes responsáveis pela mais notável obra do Benfica neste século depois da construção do novo estádio.
Pôr de pé o Museu do Benfica foi trabalho de uma equipa, naturalmente, mas nos rostos das equipas serão sempre os líderes, e ao rosto de Alcino António junta-se naturalmente o de António Ferreira (como aliás escrevi neste jornal logo no dia da inauguração) e, porque os últimos são os primeiros, o do presidente encarnado, porque, é fácil compreender, sem o sonho de Filipe Vieira dificilmente a obra nasceria.
Não me levem a mal os leitores a confissão, mas sou amigo pessoal de Alcino António há quase 30 anos. Ele é um dos mais antigos dirigentes do actual elenco encarnado e também, como é fácil concluir, um dos mais discretos, desde que na década de 80 assumiu as primeiras responsabilidades, na gestão do também já desaparecido João Santos.
Quando a minha relação (agora, repito, de quase 30 anos) com Alcino António se transformou numa relação de profunda amizade nunca mais escrevi uma linha que fosse sobre o antigo e o actual dirigente encarnado, nunca Alcino António me forneceu (no passado ou agora) uma única informação que fosse da vida interna do clube, e as nossas conversas sobre futebol (para lá de uma normal relação entre amigos) são isso mesmo, conversas de duas pessoas que gostam de futebol e de desporto e que partilham, concordam e discordam nos seus pontos de vista.
Uma amizade sem complexos e sem falsos compromissos.
Agora, com a história do museu, vi-me perante a decisão:
- Continuar sem escrever uma linha sobre Alcino António sob o velho pretexto de sermos, simplestemente, amigos;
- Ou elogiar o trabalho da equipa do dirigente responsável pelo museu (e portanto elogiá-lo a ele próprio), por imperativo profissional de consciência jornalística e por ter visitado o museu e considerado, francamente, estarmos perante uma obra notável.
Optei, como sempre, pela minha consciência jornalística e pelo dever profissional da crítica honesta, como lhe chamaria o velho mestre Vítor Santos, porque (não se confunda)  criticar não tem de ser dizer mal...
Fica o desabafo. E os leitores que não me levem a mal...

'PENALTY'
HUGO PACHECO, árbitro da 1.ª categoria, ainda deve estar a esta hora às voltas com a insólita decisão que tomou: viu, claro que viu, o portista Kelvin ao pontapé (por quatro vezes) ao ex-benfiquista Nolito, agora no Celta, e foi mostrar o cartão amarelo a quem, quem? A Nolito! Insólita decisão? Bem...

LIVRE DIRECTO
A vida de Jorge Jesus advinha-se difícil. Não sabe ainda quem sai, não sabe quem pode chegar, não sabe se conta (por exemplo) com Salvio, Matic, Garay ou Gaitán, não sabe quem substituirá Cardozo, enfim, não sabe ainda demasiadas coisas para um candidato ao título. Não é fácil.

(...)"

João Bonzinho, in A Bola

O King merece...!!!

Obrigado, Fernando Martins

"Quando eu tinha 12 anos Fernando Martins era presidente do Benfica. Quando eu tinha 18 anos Fernando Martins era presidente do Benfica. Fácil é perceber que foi sob a presidência de Fernando Martins que vivi, com consciência, as minhas primeiras alegrias como adepto. Os títulos, as taças, a minha primeira final europeia contra o Anderlecht. Foi até sob a presidência de Fernando Martins que António Leitão ganhou a medalha olímpica, nos 5000 metros, em Los Angeles. Primeiro atleta do Benfica a consegui-lo.
Isto bastava para Fernando Martins ter marcado uma geração de benfiquistas. Mas o meu testemunho é maior e mais profundo. Durante quase sete anos, vivi durante a semana num dos seus hotéis e durante esse tempo conversei muito sobre o nosso Benfica e privei com um benfiquista fantástico. Fernando Martins tinha uma paixão pelo Benfica. Esse tributo e agradecimento é-lhe devido. Faz parte da nossa história, e ficará na nossa memória. Deixo-lhe aqui o meu reconhecimento e a minha grande saudade.
Esta pré-época trouxe o primeiro troféu de terras espanholas para o nosso museu, a enorme Senhora de Elche tem de ser a primeira de muitas conquistas. Não há margem para não encher os adeptos de alegrias, esses mesmos que em número superior a 100 mil já subscreveram o canal do seu clube, esses mesmos que esperam vitórias e títulos, esses mesmos que na sua generosidade merecem a alegria das vitórias. Muito bem Fran Escribá na sua relação com o seu ex-clube, categoria e classe de quem se move por sentimentos e reflecte-os nas suas atitudes.
Amanhã na festa de Eusébio saibamos fazer uma festa e homenagem bonita, pela primeira vez contra um clube não europeu. Em certo sentido é justo para Eusébio que tinha e tem prestígio mundial e não apenas europeu."

Sílvio Cervan, in A Bola

Universal

Making of... (versão longa!!!)

Joana a dominar nas cataratas do Niágara!!!

Boa entrada no Campeonato do Mundo de sub-23 para a Joana Vasconcelos, que conseguiu a qualificação directa para as finais do K1 500m e no K2 500m (com a companhia da Francisca Laia). No K1 venceu mesmo a regata, enquanto no K2 qualificou-se após terminar em 2.º lugar...
O Campeonato do Mundo está-se a disputar em Welland, Ontário, Canadá, perto das cataratas do Niágara!!! As Finais decorrem no Domingo.

O Presidente Fernando Martins

"Fernando Martins é o primeiro presidente do Benfica de que, efectivamente, me recordo. Foi o homem que presidiu o Benfica durante grande parte da minha adolescência. Durante aquela época em que começamos a ganhar consciência e sentido crítico.
A imagem que guardo de Fernando Martins é a de um presidente determinado, um homem que liderava de acordo com as suas convicções e de poucas cedências ao caminho mais fácil, mais popular e mais óbvio. Recordo que durante o seu mandato saiu o Chalana para o Bordéus e os benfiquistas gritaram “aqui d’el Rei” que isto não pode ser. Recordo que, além do Chalana, o Filipovic e o João Alves também saíram e que se dizia à boca cheia que o nosso Benfica precisava de jogadores e não de sacos de cimento para fechar o mítico Terceiro Anel. É impossível esquecer o quão ofendido foi Fernando Martins depois do famosos 7-1 de Alvalade. Já depois de ter terminado o consulado, Fernando Martins continuou a ser criticado por dar a mão a gente que tudo fazia para, à margem da lei, derrotar o Benfica. Da mesma forma que é impossível não recordar que Fernando Martins fazia questão de lembrar aos benfiquistas, que o criticavam no calor da paixão e da emoção imediata, que era importante não ser míope e perceber que os jogadores passam e a obra fica. Da mesma forma que recordo a lição que nos dava quando dizia que preferia abdicar de um jogador “vedeta” do que assumir compromissos individuais que, para serem cumpridos, comprometeriam o bem comum. Da mesma forma que, até ao fim, se mostrou intransigente na escolha das suas companhias, independentemente de serem mais ou menos agradáveis à opinião pública benfiquista.
Ou seja, o que Fernando Martins nos deixou como herança foi o testemunho de que quem lidera o deve fazer de acordo com as suas convicções e nunca ao sabor dos ventos e das paixões de momento. Se assim não fosse, não teria deixado obra feita, não teria deixado a vincada marca que deixou no nosso Benfica e à qual ninguém pode ser indiferente."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica 

Um homem para a história

"Quis o destino que apenas dois dias após a inauguração do nosso Museu, desaparecesse do mundo dos vivos um dos nomes que bastante contribuiu para a riqueza nele depositada. Fernando Martins assumiu a presidência do Sport Lisboa e Benfica em 1981, e esteve ligado a um dos períodos mais importantes da história do clube.
Não só pelos títulos conquistados (dois Campeonatos, três Taças e uma Supertaça, para além da presença na final da Taça UEFA), mas sobretudo pelas bases estruturais deixadas, que pouco depois permitiriam o ansiado regresso à alta-roda do futebol internacional – arredia desde meados da década de sessenta.
As finais europeias de Estugarda e Viena, pese embora se situem já fora do âmbito temporal dos seus mandatos, e sem retirar mérito à equipa directiva que lhe sucedeu, tiveram também o “dedo” de Fernando Martins.
Foi a sua gestão criteriosa, e sempre pautada pela defesa intransigente dos interesses da instituição, que deixou o Benfica em condições de vencer em Portugal, e de se bater com os melhores fora de portas. Foi Fernando Martins que, por exemplo, trouxe Eriksson para o Benfica, numa aposta que teve tanto de ousada como de bem sucedida. Foi Fernando Martins que transformou o antigo Estádio da Luz no maior da Europa. Foi Fernando Martins que, depois de um período relativamente incaracterístico, marcado pelo fim da Era-Eusébio, devolveu a Mística aos benfiquistas, fazendo crescer o número de sócios, levando-os para o Estádio, e apaixonando-os pela equipa. Foi com Fernando Martins na presidência que, em 1986, me tornei sócio do Clube.
Embora as palavras sejam muitas vezes menores do que os Homens, quem viveu esses anos sabe bem do que falo. Infelizmente, nem todos os sucessores estiveram à altura do seu legado. Porém, dada a vitalidade que o Clube tem demonstrado nesta última década – diga-se até que com algum paralelismo face ao seu tempo -, Fernando Martins terá certamente partido tranquilo quanto ao futuro do clube que tanto amou, e ao qual tanto deu."

Luís Fialho, in O Benfica