Últimas indefectivações

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Que a justiça seja célere

"Começa esta noite a Liga 2016/17. Depois das emoções do Campeonato da Europa e após pré-época de muitas indefinições, chega, finalmente, a hora da luta interna, da longa batalha pelo título, pela Europa e pela manutenção.
E, este ano, com uma novidade que, a cumprir-se a recente promessa da FPF, seguramente agradará a todos: a justiça desportiva será mais célere. E não pode ser de outra maneira. É inadmissível que o castigo relativo a um lance protagonizado por Slimani em 21 de Novembro de 2015 - Sporting, Benfica, 2-1, para a Taça de Portugal - só amanhã seja cumprido. 267 dias depois!
Mas algo está, aparentemente, a mudar. A modernização progressiva que a FPF tem promovido na sua estrutura nos últimos anos é notável e colocou-a entre as melhores do mundo, a diversos níveis. Falta, porém, a aproximação às melhores práticas no que respeita à justiça desportiva. E, segundo o novo presidente do Conselho de Disciplina (CD) da FPF, José Manuel Meirim, esse passo já está a ser dado e a diferença será notória muito em breve. «O objectivo (...) é a aplicação da disciplina rapidamente, de forma mais eficaz e transparente e mais bem comunicada», disse Meirim, a 3 de Agosto, sublinhando o facto de a época começar com zero processos no CD da FPF.
A propósito do tema, assinei uma notícia na edição de 4 de Agosto último de A BOLA, na qual, por lapso, referia que o CD da FPF iniciaria a época com zero processos pelo facto de ter reenviado 20 deles para a Comissão de Instrutores (CI) da Liga. A verdade é que não reenviou, tendo, isso sim, e dentro das suas competências, instaurando 20 processos, cuja instrução, da competência da Liga, decorre agora no CI daquele organismo.
Pelo lapso, aqui fica um pedido de desculpas aos visados e aos nossos leitores."

João Pimpim, in A Bola

Vitórias e derrotas em Jogos Olímpicos

"A imagem de um homenzinho de cem quilos a chorar compulsivamente depois de ter perdido um combate impressiona qualquer um. Muitos não entenderão o que pode levar um aparentemente frio e forte lutador a chorar como uma criança. Ceder num combate, a poucos segundos do fim, não parece ser razão suficiente. No entanto, Jorge Fonseca não conseguia parar as lágrimas. A sua frustração era total e tudo, em redor, parecia desolador.
Muitos de nós não têm realmente a a percepção do que representa um momento nos Jogos Olímpicos. O trabalho, o sonho, o desejo de uma glória efémera, o significado supremo de uma pequena rodela de metal a que se convencionou chamar uma medalha.
Para os americanos, a medalha olímpica não significa, como para os portugueses, a consagração da Pátria. É apenas e tão só um reconhecimento de um resultado desportivo. Para os portugueses é muito mais do que isso. É a notabilidade pública. Se, nos Estados Unidos, fossem comendadores todos os que ganham medalhas olímpicas, as comendas tornar-se-iam absolutamente vulgares. Não em Portugal. Um medalha não é, apenas, um feito desportivo. É uma condição próxima à de herói nacional.
Demasiado? Obviamente que sim, mas devemos reconhecer que um pequeno país como o nosso e com falta de auto-estima tem todo o direito a ser algo diferente dos grandes países. Aqui, ter um valor reconhecido internacionalmente é uma proeza. Mas há, também, o reverso da medalha. É que a derrota também não é sentida, apenas, como um desaire desportivo. É quase uma humilhação nacional. E isso também é um evidente exagero. Mas é assim."

Vítor Serpa, in A Bola

Justiça ao sonho olímpico

"Começaram os Jogos Olímpicos do Rio 2016 e, como previsto, as notícias sobre as canalizações que não funcionavam, os transportes caóticos ou as águas poluídas passaram à história. Felizmente esses problemas não têm afectado, até agora, a verdade desportiva.
Todas as atenções estão focadas nos desempenhos fantásticos nas inspiradoras histórias de vida dos atletas, nos recordes do mundo, em actuações com uma estética que a todos fascinam. Histórias de superação dos campeões e de todos aqueles que fazem dos Jogos Olímpicos um evento único.
São os atletas jovens com origem nos mais variados estratos sociais que revelam o seu talento, os veteranos que numa prova de perseverança confirmam a sua qualidade, os competidores imporváveis que conseguem chegar aos Jogos e fazer, a sua melhor perfomance desportiva. Ninguém pode ficar indiferente a histórias de vida como a de Michael Phelps, Rafaela Silva e de muitos outros.
Felizmente, também a Missão portuguesa tem contribuído para esse espírito único. Vivendo o sonho olímpico, até este momento, a maioria dos atletas lusos têm conseguido igualar ou superar aquela que é a sua melhor prestação desportiva de sempre. Como é exemplo a medalha que teimava fugir à Telma Monteiro, ou os desempenhos de Marcos Freitas, Nelson Oliveira, João Sousa, Gastão Elias, José Carvalho e Filipa Martins que conseguiram o melhor resultado português de sempre nas respectivas modalidades.
O Movimento Olímpico vive um momento conturbado, no entanto, este espírito único dos Jogos tem de prevalecer! Continuem os Jogos Olímpicos a inspirar-nos. E que os nossos atletas consigam superar-se, realizando o seu sonho olímpico e revitalizando o nosso espírito vergado ao flagelo dos incêndios. Todos são já vencedores, mas podem ir mais além e com o seu desempenho no Rio 2016 inspirar toda uma nação."

Mário Santos, in A Bola

Benfiquismo (CXCI)

O Benfica na 'moda' !!!

O jogo mais importante é o que se segue... Sábado, todos a Tondela

"Com esta Supertaça, o Benfica já conquistou tantos títulos como os do Sporting na época passada e mais dos que os de FC Porto nos últimos três anos

Supertaça
1. Nada como arrancar a ganhar! Eu sei bem que isto é como acaba e não como começa. Como, aliás, aconteceu, no ano passado. Mas se pudermos aliar o «começar bem» ao «acabar bem», tanto melhor.
Em Aveiro, no domingo passado, a nossa sexta Supertaça! Dos últimos 12 títulos e troféus oficiais disputados em Portugal, o Benfica conquistou nove! Com esta Supertaça, o Benfica já conquistou tantos títulos como os de Sporting na época passada. E mais do que os de FC Porto, nos últimos três anos.
Uma vitória da humildade, da solidariedade e da determinação, continuando da mesma forma como acabámos a época anterior.
Sem esquecer a ambição! Uma postura competitiva e determinada. Com Rui Vitória a ser, novamente, fundamental, fazendo história, tanto no Benfica como para a sua carreira. E demonstrando grande capacidade na gestão de pessoas! Porque, apesar de ter perdido alguns jogadores fundamentais, conseguiu substituí-los rapidamente, com jogadores que Luís Filipe Vieira lhe pôs à disposição.
Aos 46 anos, Rui Vitória já ganhou todos os títulos nacionais: Campeonato, Taça de Portugal (infelizmente, para nós, enquanto Benfica), Taça da Liga e, agora, Supertaça. A Supertaça era o título português que lhe faltava. Agora, só lhe falta uma competição internacional...

Benfica - SC Braga
2. Um grande jogo de futebol, com três grandes golos e momentos de grande qualidade por parte do Benfica.
O Braga, além de ter tido algumas oportunidades, passou a ter, em determinados momentos da partida, espaço para jogar, criando algumas transições rápidas ofensivas. Tem uma grande equipa e promete andar na ribalta, assumindo-se, definitivamente, como um clube grande, também, ele, candidato ao título.
No entanto, o Benfica foi mais consistente, por vezes esmagador, essencialmente, mais eficaz, evidenciando momentos de bom futebol, com nota artística!
O Braga não conseguiu controlar a equipa do Benfica, não tendo sido, inclusivamente, capaz de parar a grande qualidade existente em várias jogadas rápidas.
Fomos, por isso, uma equipa inteligente, que impôs o seu jogo, controlando-o da melhor forma. E a verdade é que temos muitos jogadores que são, efectivamente, uma mais-valia, que se juntarão aos restantes, tão bons quanto os que chegam, e que acrescentarão um adicional de valor, no imediato, e posteriormente - com o tempo e com os exemplos que terão - um adicional de alma e de mística.
Do jogo de domingo, permito-me fazer quatro compreensíveis destaques.
Desde logo, Grimaldo, lateral esquerdo de grande qualidade e sempre com uma disponibilidade para levar tudo à frente.

Depois, Pizzi, que, sendo um excelente jogador, ainda que mais discreto no relvado, é inteligentíssimo a jogar e sabe tudo de futebol. Isto, além de ter marcado um golo fantástico!
Não poderei, também, deixar de destacar Franco Cervi, um namoro antigo do Benfica, que teve uma estreia de sonho, precisando, apenas, de dez minutos para marcar um golo! Aliás, o movimento que faz na jogada desse seu primeiro golo, no Benfica, e do Benfica, esta época, é extraordinário!
Outro destaque, como não pode deixar de ser, vai para André Horta, que é uma das grandes surpresas. É certo que ninguém vai esquecer Renato Sanches, mas André Horta vai ser uma agradável revelação na equipa, um grande jogador.

Ora, do jogo da Supertaça, apesar de ser mais uma vitória, e consequentemente mais um troféu, para Cervi e André Horta correspondeu ao primeiro título de muitos das suas carreiras.
E para todos jogadores que compõem o plantel, será o primeiro título de muitos esta época?

Sábado, todos a Tondela
3. A Supertaça, o primeiro titulo desta época, já faz parte do passado. Longe vão os tempos das euforias desmedidas. Aqui, ninguém se deslumbra, nem se desrespeita adversários.
O próximo jogo, seja ele contra quem for, e independentemente do tipo de competições, é sempre o mais difícil.
E o caminho faz-se jogo a jogo, como se viu, aliás, na época passada. Por isso, o jogo mais importante é o que se segue, o Tondela-Benfica, o jogo da 1.ª jornada. E nós sabemos o quão difíceis são os arranques de época. Em Tondela não será, certamente, excepção.
Por isso, concentração máxima e uma grande disponibilidade física e mental. Para ultrapassar tudo, incluindo a dificuldade física que o próprio relvado apresenta. Só um grande Benfica ganhará em Tondela, assim como os restantes jogos.
Para que, juntos, rumemos ao Tetra!!! Porque, no Benfica, e como diria Luís Filipe Vieira, «não se prometem títulos; no Benfica, todos trabalhamos para ganhar títulos».

A Fundação Benfica e as bolsas para jovens desfavorecidos do Inatel
4. dias, numa intervenção infeliz de alguém a quem, por certo, pediram para dizer o que disse, sem conhecimento de causa, num canal de televisão, foi lançada uma acusação à Fundação do Benfica, que tem tanto de grave como de falsa: que esta estaria a «oferecer bolas a jovens árbitros».
Essa afirmação, nua e crua, revelou, ainda, alguma malvadez, insinuando-se que o Benfica, através da sua Fundação, teria alguma ligação ao Conselho de Arbitragem ou a qualquer outro organismo ligado aos árbitros de futebol profissional.
Ora, em 2011, a Fundação Benfica, no âmbito da promoção do Desporto e Integração Social, em parceria com a INATEL - no âmbito do seu projecto de apoio ao futebol amador - promoveu acções que tinham como objectivo a integração de jovens com graves problemas sociais e familiares, que teriam aptidão para o futebol.
Essa acções, de cariz estritamente social, decorreram no Porto e em Lisboa, onde os 30 jovens participantes, com idades compreendidas entre os 17 e os 35 anos receberam palestras de formação para serem árbitros em jogos sociais de âmbito mais alargado ou em jogos entre equipas do Inatel (puramente amador, relembro).
Além disso, o próprio factor idade consegue desmascarar a falsidade do alegado, uma vez que ninguém inicia a carreira de árbitro depois dos 30 anos.
No entanto, sobretudo por motivos sociais e pessoais, nenhum desses 30 «jovens árbitros» conseguiu dar seguimento a essas formações, nunca tendo chegado a arbitrar qualquer jogo amador ou de natureza social.
É importante realçar que a INATEL, não tem qualquer relação com o mundo do futebol profissional ou, sequer, capacidade para ministrar algum curso de formação na área do desporto.
O que se lamenta é que, para alguns, para tentarem ganhar, valha mesmo tudo, transformando o futebol, onde quiseram fazer vingar a lei da selva, numa selva sem lei!
Um pedido público de desculpas não ficaria mal a quem foi enganado e tentou (até admito que involuntariamente) enganar!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

Benfica, o mais bem preparado

"Exactamente o oposto de há um ano... Sporting: gigantesca dor de cabeça! FC Porto a meio caminho entre os rivais...

Frenesi de extraordinários espectáculos nos Jogos Olímpicos (vários atletas portugueses já merecem Parabéns, mas Telma Monteiro é especialíssima, fabuloso exemplo de ambição e garra sublimando talento, anos a fio figura mundial do judo).
Em simultâneo, vai arrancar a grande maratona do futebol lusitano. Já amanhã, com Rio Ave - FC Porto. Ambos remodelados, sobretudo porque tendo mudado treinador. Rio Ave - Nuno Capucho estreia-se como técnico na II Liga frente ao clube onde foi jogador - necessita de arrebitar após irremediável falhanço na Liga Europa. FC Porto - Nuno Espírito Santo regressa a Vila do Conde onde iniciou carreira de técnico levando o Rio Ave a duas finais - ainda mais pressionado está para não arrancar dando passo em falso...
Atenções centradíssimas no trio de eternos candidatos à glória (demora 9 meses a conquistar e só um pode atingi-la), que disse a pré-temporada sobre ponto da situação no potencial de cada gigante?

Benfica: marca intendo contraste com o estado em que se encontrava há um ano. Pelos resultados (Supertaça Cândido de Oliveira agora conquistada, em vez de perdida), mas, sobretudo, pela forma como, desta feita, se preparou. Afastou-se do erro desportivo que foi aquela longa/desgastante digressão americana; e, ainda mais importante, não deixou para última hora, quase em desespero, compras tão evidentemente urgentes (Mitroglou e Jiménez não fizeram pré-época, chegando muito depois da rápida saída de Lima); agora, Rui Vitória pôde trabalhar desde o início com 7 aquisições - e, perto da Supertaça, recebeu 8.ª...
Sim, no outro polo do que aconteceu há um ano, é do Benfica a estrutura que melhor preparou a nova temporada. Quando era bicampeã, pareceu colocar secundário foco na conquista do tri... Agora, tricampeão, o Benfica dá amplos sinais de tudo por tudo por objectivo nunca alcançado no seu brilhantíssimo historial: 4 títulos consecutivos (isso, nenhuma dúvida, é hegemonia; o FC Porto conseguiu 5!).
Encaixes financeiros já próximos de €100 milhões, tal fasquia até poderá ser superada com saída de bons jogadores que actuam em funções onde passou a haver excesso de quantidade... Exemplo: Jardel, ou Lisandro, ou Lindelof, um deles poderá ser transferido. Médios defensivos são 3: Fejsa, Samaris, Celis (ou 4, se Danilo não se impuser no previsto adiantamento para n.º 8). E extremos são 6 ou 7...: Pizzi, Salvio, Cervi, Carrillo, Zivkovic (contratação mais desejada, mas lesionou-se, ainda não pôde mostrar o que vale), eventualmente também Benitez e Gonçalo Guedes, em relação aos quais existe dúvida se podem render melhor no centro ofensivo ou num flanco.
Carências? Creio que de alternativa a Jonas: avançado de zona central que saina recuar fazendo bem ligação entre meio campo e ataque. E falta Jiménez justificar os €22 milhões!

Sporting: gigantesca dor de cabeça no problemão de precisar de reforços a sério (SOS por outro ponta de lança, um pelo menos) e não querer ficar sem alguém do quinteto de ouro (Patrício, William, Adrien, João Mário, Slimani). O que, creio, roçará missão impossível. Bom suplente de Patrício foi conseguido: Beto. Alternativa a William tem-se apresentado fraca: Petrovic. Opção a João Mário: Melo (interessantes indícios, mas é cedo...). Ponta de lança com a dimensão de Slimani é que nicles... E, com idêntica relação baixo custo/ala qualidade, será procurar agulha em palheiro.

FC Porto: a meio caminho entre um certo à vontade benfiquista e os berbicachos sportinguistas. Obrigatório muitíssimo melhorar a defesa, o que não é difícil... (contratou o central Filipe e o lateral Alex Telles, concorrente de Layún). A potencial grande contratação já lá estava: menino André Silva (talento conformadíssimo em excelente pré-temporada). Bueno é, quanto a mim, outro potencial reforço que não foi preciso ir agora buscar... Veremos se será possível Brahimi ficar... com a convicção que anda a faltar-lhe. Aboubakar na porta de saída? Acaba de chegar outro ponta-de-lança: Depoitre, gigante belga. Pinto da Costa afirmou nem o conhecer... Total responsabilidade atirada para o novo treinador. No FC Porto dos bons anos (muitos), isto seria impossível..."

Santos Neves, in A Bola