Últimas indefectivações

sábado, 21 de setembro de 2019

Dia Internacional da Paz

Benfiquismo (MCCXCIX)

Homenagem...

Uma Semana do Melhor... do Costa!

Jogo Limpo... Alcino, Guerra & Coelho

Toma mais este

"Estarei sempre a apoiar e aplaudir Seferovic, em qualquer campo e em qualquer circunstância. Há outras soluções, mas não são à Benfica

Todos temos direito à (nossa) opinião de treinadores de bancada. A democracia opinativa no futebol é total e a asneira também, temos inteiro direito a ela. Na passada terça-feira, depois da derrota do Benfica por 1-2 com o líder da Bundesliga, bateram-se recordes de disparates por minuto de antena em todos os canais. Quase ninguém comentou o jogo, mas dedicaram-se a falar do resultado com uma agoniante falta de qualidade e rigor. A forma como jogou o Leipzig não mereceu análise, aos seus jogadores nem referência e o seu técnico foi ignorado. Acontece que o Leipzig é a actual melhor equipa do futebol alemão, lidera o campeonato de forma isolada, tem jogadores de enorme qualidade e é treinador por um dos melhores técnicos do mundo, Julian Nagelsmann (seria bom ver o que fez no Hoffenheim). Diria até que, com tantas críticas justas e construtivas que se podiam escutar, só se ouviram banalidades e lugares comuns.
Vamos por partes: aquele não seria o meu onze, no meu exercício de treinador de bancada. Mas percebi e respeitei todas as explicações dadas por Bruno Lage na justificação das opções. Tentar ganhar o Euromilhões depois de saber os números é uma actividade que não me estimula. Num Benfica com André Almeida condicionado, Gabriel, Florentino, Zivkovic, Ebuehi, Conti, Chiquinho, Vinícius e Gedson lesionados queriam correr mais algum risco numa época com mais quatro frentes?
Fiquei desapontado com o resultado, mas, com franqueza, reconheço a imensa qualidade da equipa alemã e penso ser possível/provável a nossa qualificação para a próxima fase da Liga dos Campeões. Jogámos melhor contra o Leipzig que contra o Gil Vicente, mas os adversários não têm o mesmo valor. Timo Werner não é o Kraev do Gil Vicente, mesmo que alguns comentadores não distingam.
Sábado, há Liga dos Campeões no Comendador Almeida Freitas, porque a agenda do Benfica é o Benfica que a escolhe, porque os nossos objectivos são os mesmos, ganhar sempre, ganhar tudo e repetidamente se for possível.
Quarta-feira, na Luz, contra um adversário que joga o melhor futebol em Portugal, para a Taça da Liga, o objectivo é sempre continuar a vencer.
Por mim Seferovic pode continuar a marcar em todos os jogos e virar-se para mim e gritar «toma mais este», estarei sempre na bancada a aplaudi-lo, em qualquer campo, em qualquer circunstância. Há outras soluções, mas não são à Benfica."

Sílvio Cervan, in A Bola

Derrota com passagem à próxima eliminatória...!!!

Groningen 76 - 66 Benfica
(15-7, 26-23, 12-20, 23-16)

Não havia necessidade, com os 30 pontos de Terça-feira, podíamos ter controlado o jogo de outra forma! Entrámos a 'dormir' na defesa, e a falhar Triplos uns atrás dos outros!!!
Acabámos por 'melhorar' ligeiramente, e o jogo ficou equilibrado, mas nunca conseguimos passar para a frente...
É já na próxima Quinta-feira, que vamos defrontar o Mornar Bar de Montenegro. A previsão é fácil: se jogarmos com a atitude e qualidade do primeiro jogo, vamos fazer história, e qualificarmos para a Champions League da FIBA!!!

O Coleman ainda não jogou, mas já esteve na ficha do jogo, o que é um bom sinal para os próximos jogos.

Vitória em Guimarães...

Candoso 2 - 5 Benfica

Exibição interessante, mais uma vez com um desperdício muito acima do desejável, contra um adversário que tem sido uma boa surpresa, neste início de época!
O jogo esteve sempre 'controlado' apesar de várias entradas duríssimas do adversário!

Próxima jornada, recebemos a Lagartada na Luz!

Vergonha em Portimão

"Disse o escritor Kanusgárd no seu Outono, que 'a vergonha é como um cadeado, mantém fechado o que deve estar fechado'. Se houvesse decência, um cadeado seria pouco para Rui Costa e Vasco Santos, o árbitro e o videoárbitro do Portimonense-FC Porto, ou um deles, pela vergonha que sentiriam por aquele penálti assinalado a favor do FCP em Portimão. Quantos cadeados, correntes e coletes de força necessitariam caso reconhecessem o erro? No mínimo, tantos quantos Houdini usou no seu famoso número de ilusionismo (um pedido de escusa da arbitragem durante umas semanas seria o único 'cadeado' que mereceria respeito da minha parte).
De facto, só os mais experimentados ilusionistas nos fariam acreditar que Jadson tem um braço que, como todos os outros, começa no pulso, mas que, incrivelmente, termina no tórax. Só Rui Costa e Vasco Santos, ou um deles, os propagandistas portistas, os fanáticos, um ou outro idiota útil e as mais resilientes e desavergonhadas caixas de ressonância na comunicação social fingem ter visto o que não existiu. E, sendo que a Liga alardeia o 'grande investimento' no videoárbitro, não é crível que Vasco Santos não tivesse, à sua disposição, imagens dos menos ângulos que a Sport TV, os quais demonstram inequivocamente a inexistência de falta.
Com este lance, e o diligente e escrupuloso tempo adicional do tempo adicional da partida, além da não menos inacreditável expulsão injusta de um jogador vimaranense no primeiro minuto do FC Porto - V. Guimarães, espero não estarmos a assistir a uma reposição da primeira volta da temporada passada, sobre a qual esta e todas as colunas deste jornal não chegariam para descrever os erros de arbitragem favoráveis ao FC Porto."

João Tomaz, in O Benfica

Made in Japan

"De todos os países do mundo, o Japão é aquele onde o civismo, a educação e o respeito pelo próximo são mais levados em conta. É uma sociedade curiosa aquela, uma mistura de inocência infantil com um orgulho profissional que assusta. Uma dedicação que trouxe um país destruído na década de 1940 a tornar-se uma supereconomia menos de quarenta anos depois.
Há regras básicas para quem visita o país ou convive com os seus cidadãos. Respeitá-las é apenas um sinal de educação e de humanismo. Por exemplo, quando se conhece alguém e se trocam cartões de visita, os mesmos devem ser passados ao interlocutor com ambas as mãos. É uma prática comum em quase toda a Ásia.
A vénia é outro dos exemplos de comportamentos nipónicos que convém realçar. E esta está bem ligada à história do SL Benfica. Foi em 1970, após a digressão do clube a Macau, Coreia do Sul e Japão, que os jogadores iniciaram esta tradição de cumprimentar respeitosamente os adeptos presentes no estádio, prática que ainda hoje se mantém.
São muitos os exemplos de diferenças culturais entre dois países com tanto em comum. Afinal, os portugueses chegaram ao Japão em 1543 e lá deixaram influências na língua, alimentação, vestuário, indústria, pintura, armamento e por aí além. Um dos grandes comportamentos que nos separam é o tom de voz usado numa discussão. Gritar com um japonês (e com grande parte dos povos asiáticos) é um claro sinal de má-educação, de desrespeito, de humilhação do outro. E se for em público, perante os seus colegas de profissão ou família, ainda maior é o ultraje. Nakajima até pode ser um jogador de baixa estatura, mas não foi ele quem saiu pequenino do relvado de Portimão."

Ricardo Santos, in O Benfica

Temos de avançar com o Ketchup

"O leitor não sabe disto, mas vou revelar uma confidência: neste momento em que escrevo, a malta do jornal está toda à minha espera para poder fechar a edição deste semana. Fiz questão de escrever a crónica só depois da estreia na Liga dos Campeões, mas assim que o jogo acabou eu não conseguia sequer levantar-me do sofá, quanto mais sentar-me à mesa e ligar o computador. Não há como esconder: o resultado foi uma desilusão. De comando na mão, já puxei o jogo cinquenta e oito vezes atrás até ao lance do Cervi, e não há meio de aquele bola entrar. Amanhã tenho um casamento, o que significa que me vou enfartar de moelas, brigadeiro e, se tudo correr bem, golos do Benfica.
Quando foi anunciado o dia do duelo com o Moreirense desta sexta jornada, ainda tentei sensibilizar a noiva para adiar o casamento para domingo ou, se não houvesse vaga, para 2023, mas nem eu nem o noivo conseguimos convencê-la. Ainda guardo uma secreta esperança de que desistam do casamento a tempo de eu poder marcar presença em Moreira de Cónegos, e até estou convencido de que o noivo partilha do mesmo desejo. Em último caso, prevejo que uma forte de cabeça me obrigue a ausentar da quinta durante um par de horas - oxalá o RDT funcione como um ben-u-ron para que eu ainda volte com vontade de atacar a mesa das sobremesas.
Pelo sim, pelo não, já enviei uma encomenda para o Estádio da Luz com 30 pacotes de ketchup. Conto com os meus amigos do jornal para iludirem a equipa se segurança, entrarem no refeitório às escondidas e despejarem os pacotes todos no pequeno-almoço do RDT. Ainda não marcou nenhum golo, mas, depois de conseguir o primeiro, tenho fé de que vai fazer um póquer em todos os jogos."

Pedro Soares, in O Benfica

Preocupante

"Mau grado o já esquecido percalço da 3.ª jornada, o Benfica está bem no Campeonato.
Mantém-se nos lugares da frente, mais jornada, menos jornada ultrapassará o actual líder, Famalicão, e, se tudo correr dentro da normalidade, tarde ou cedo também se verá livre da companhia do FC Porto, isolando-se rumo ao sexto título em sete anos. Se tudo corre dentro da normalidade, digo. É que nas duas últimas jornadas houve factores externos a condicionarem resultados e a empurrarem o nosso principal adversário para vitórias que poderia muito bem não ter obtido.
Contra o Vitória de Guimarães, uma expulsão anedótica deixou os vimaranenses reduzidos a dez logo nos primeiros segundos de jogo. Carlos Xistra exibiu, o vermelho, e António Nobre, a dormir a sesta na Cidade do Futebol, confirmou a expulsão em lance que - sendo a própria falta duvidosa - no máximo poderia valer um cartão amarelo.
No último domingo foi Rui Costa a ver um penálti-fantasma, que o VAR Vasco Santos (olha quem!) sancionou, e que abriu o marcador para os dragões. Depois, já a noite ia longa, jogou-se até que desfizessem o empate que, entretanto, tinham permitido. Parece estar a repetir-se a história da época passada, quando o FC Porto foi levado ao colo durante dois terços do Campeonato, lutando artificialmente por um título do qual futebolísticamente ficou muito longe. Mas já sabemos o que a casa gasta: quando jogam bem (como aconteceu na 3.ª jornada), ganham, mas quando jogam mal, há sempre uma mão amiga a impedir que percam pontos. Por muito que pretendam inverter a realidade, com VAR ou sem VAR, é assim há mais de 30 anos."

Luís Fialho, in O Benfica

E-verdade

"A decisão do Tribunal da Relação de Lisboa a confirmar que a SAD não irá a julgamento no processo E-Toupeira veio provar aquilo que desde a primeira hora os responsáveis máximos do nosso clube sempre disseram - no Sport Lisboa e Benfica não há corrupção. A verdade acabou por imperar para desespero dos farsantes que montaram esta trama. Os próximos tempos serão interessantes para se perceber até onde chegaram algumas dessas figurinhas que continuam a intoxicar o desporto. Para memória daqueles que persistem nesta farsa, deixo aqui as palavras do presidente Luís Filipe Vieira quando a SAD foi notificada da absurda acusação do Ministério Público.
'Como era expectável, a acusação em nada vem alterar a certeza de total licitude dos comportamentos e actuação da Benfica SAD, neste ou outro processo. Não existe qualquer facto que permita imputar à SAD os crimes descritos nem conduta que relacione a SAD com qualquer dos crimes aí descritos. Crê-se que terá sido por isso que nenhum membro da SAD recebeu uma acusação. A SAD não pode deixar de repudiar o tempo, modo e forma como se viu envolvida nesta acusação, sem qualquer fundamento sério que a justifique. A SAD continuará a defender a reputação do Benfica, que prestará colaboração com as forças judiciais'.
Estas palavras do líder encarnado foram proferidas em 5 de Setembro de 2018. Passado um ano, os argumentos do SL Benfica confirmaram-se em definitivo. Após a decisão da juíza Ana Peres, em Dezembro de 2018, agora foi o douto Tribunal da Relação de Lisboa a confirmar a decisão instrutória, pela pena de dois prestigiados desembargadores."

Pedro Guerra, in O Benfica

Hoje temos visitas

"Neste dia de Champions temos visitas. Jovens de toda a Europa enchem o peito e a alma com os sons e com as cores da Luz. Entrar na imensidão de um dos maiores estádios do mundo e no ambiente esfusiante que povoa essa imensidão pulsante de vermelho-vivo é uma imagem a reter na memória e a guardar em vídeo para depois mostrar, explicando a quem vê que a vastidão não cabia na máquina e que a imagem pouco mostra da festa de futebol a que assistiram.
O momento é bem merecido por estes jovens envolvidos em projectos sociais de clubes de futebol europeu, incluindo da Fundação Benfica, que descobrem as culturas e preocupações juvenis face aos problemas cada vez mais comuns e globais que os preocupam. Não tarda, herdarão o mundo, provavelmente ainda em estado crítico, e terão de fazer dele melhor do que a minha geração. Ambiente, Migrações e justiça social vão estar no topo da agenda. Cuidar dos mais velhos também. Garantir que a tecnologia, cada vez mais avançada, será posta ao serviço da humanidade, e não o contrário, e que a inteligência artificial nunca passará disso mesmo: artificial e incapaz de decidir em sobreposição à vontade o interesses do seu criador. Parece gigantesco o desafio. De facto, é, mas o capital de sonho e energia dos jovens é tal, que se fala disto com sorrisos e se acredita que cada pessoa faz a diferença, assim se saiba relacionar com os outros para tirar de cada um melhor partido. Os jovens têm isso bem claro e querem construir pontes por cima da diferença, derrubar muros que ainda existem é impedir que outros se ergam.
Hoje, fazem uma pausa breve sobre essa reflexão conjunta que amanhã continua e enchem o coração com uma dose de energia colectiva que só um estádio como este consegue transmitir, dando expressão física a um forte sentimento de união e partilha que só o futebol, só o Benfica, conseguem produzir. Essa energia positiva vai invadir-lhes o peito e inspirá-los em grande. Bom trabalho para estes líderes do futuro!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Dar resposta

"Bruno Lage. Ele pode ter medido as palavras, como tem sido seu hábito nas situações em que tem de se pronunciar publicamente sobre o seu trabalho e as suas opções tácticas para o conjunto que dirige; mas, certamente, não haverá Benfiquista que não se tivesse revisto nas palavras e nos conceitos que expressou na véspera do jogo de terça-feita, com o RB Leipzig.
Ciente das dificuldades que se iriam deparar ao Benfica, mercê a que o seu staff procedera relativamente aos modelos usados pelos nossos antagonistas, Lage, apesar da contrariedade de não estar autorizado a viver mais de perto as emoções do jogo dado o castigo UEFA que tinha de cumprir, não hesitou em afirmar que se sentia confiante porque sabia que a Equipa estava mentalmente preparada para 'dar resposta à medida do passado do Benfica'.
Esta atitude, se não garanta nada, representava muito. E representa, antes do mais, a recusa da conformação e do fatalismo: significativa a interiorização da essência desportiva do Glorioso que mais galvaniza os adeptos no sentido da superação e da vitória. E o Estádio voltou a estar com a Equipa, mais uma vez. Da mesma forma que os nossos quiseram resistir até ao último minuto. Só que, perante um futebol essencialmente físico e fundamentado no desempenho corporal, o nosso futebol perfumado (e utópico?) acaba por perder inevitavelmente, se o confronto directo é geralmente interpretado pelos juízes com tolerância e permissividade.
Deve, em todo o caso, assinalar-se que neste primeiro encontro do Grupo não defrontámos apenas uma equipa convencional: o Benfica jogou com um dos ramos (literalmente, talvez, o mais 'energético'...) de uma poderosa multinacional que se implantou internacionalmente com toda uma nova formulação empresarial totalmente inédita, para fortalecer (ainda mais e num combate cada vez mais desigual) o mais dominador futebol do terceiro milénio.
Claro que, em tal contexto, só as palavras e os conceitos nem sempre chegam para, em campo, conseguirmos ultrapassar os nossos próprios limites. E num qualquer jogo de Champions, seja qual for, é sempre de completa superação individual que primeiro se trata, no confronto directo 'box-to-box', de modo a que na sequência do acerto de cada jogador se possa atingir o plano da consistente eficácia colectiva, necessariamente baseada na solidariedade e no esforço conjuntivo de que se sempre se fizeram as vitórias no tradicional 'football association'.
Por isso, no registo do futebol do futebol que sabemos jogar, me parece que a lição que Bruno Lage oportunamente recuperou da História do Benfica aos seus jogadores de hoje, foi, de facto, muito adequada. De outra forma, e sem hoje termos presente a superação de que fomos capazes nos tempos de Eusébio e de Coluna, mais dificilmente saberíamos ganhar os jogos que nos faltam."

José Nuno Martins, in O Benfica

Portugueses na Europa

"Na época 2017/18 o sindicato dos jogadores elaborou um levantamento dos futebolistas portugueses a jogar na Europa. Chegou à conclusão que em 25 países actuavam 281 jogadores elegíveis para representar Portugal. Cerca de 11 plantéis com 25 elementos. Em sentido contrário estava o número de jogadores nacionais a actuar na Liga portuguesa. Estes movimentos, próprios da globalização, mas não só, também de alterações a partir do processo Bosman, implicam que todos estejamos sintonizados para que o talento dos jovens futebolistas portugueses possa ser potenciado. Na verdade, o interesse é de todos, clubes, associações distritais, patronais ou sindicais, Liga ou Federação. Contratar jogadores a clubes portugueses tem sido, nos últimos anos, uma regra constante por parte dos clubes europeus. Regra que todos queremos que se mantenha, de forma a poder financiar a actividade da célula base do processo, os clubes. Mas, também as selecções nacionais têm uma grande relevância nestes movimentos. O seu sucesso é o do futebol nacional. Neste sentido, das medidas tomadas com esse objectivo, destaco duas. O regresso das equipas B e o aparecimento do campeonato sub-23. As alterações ao modelo competitivo das diversas provas, bem como a limitação do número de jogadores por escalão/ competição, são instrumentos que merecem atenção para aumentar o equilíbrio e competitividade. Este é um grande desafio, que nenhum dos intervenientes pode pensar em vencer de forma isolada. Alguns exemplos passados demonstram bem que estes processos de reforma se fazem numa negociação alargada a todos os agentes. Não se fazem por imposição, pelo contrário, integram-se todos numa solução de grande amplitude. Haja bom senso para chegarmos a bom porto."

José Couceiro, in A Bola

Haja sentido de responsabilidade

"Exposição formal à Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, ao IPDJ e ao COP relativamente a atitudes do presidente da Federação Portuguesa de Judo.

Na sequência de várias intervenções públicas e privadas e de decisões injustificáveis de Jorge Fernandes, presidente da Federação Portuguesa de Judo (FPJ), que classificamos de inadequadas, irresponsáveis e não condizentes de todo com aquilo que deveria ser o desempenho da respectiva função num organismo de utilidade pública e na defesa de uma das modalidades que mais tem engrandecido o país, o Sport Lisboa e Benfica informa que vai enviar uma exposição formal à Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, ao IPDJ e ao Comité Olímpico de Portugal (COP) sobre esta grave conduta.
Para se estar no desporto não basta repetir incessantemente, com tempos verbais na primeira pessoa do singular, que se detém e exerce o poder. Pelo contrário, o sentido de responsabilidade, a capacidade de escuta, o respeito pelo papel dos clubes e uma estratégia que dê condições fundamentais aos atletas deve ser a prioridade. Em contraponto com um ambiente de permanente conflito junto dos judocas de maior potencial.
Com a contagem decrescente a acelerar para Tóquio 2020, decidiu este dirigente, numa atitude lamentável, esquecer a ação de gerir e passar à de gerar... uma série de conflitos. Serão muitos os factos dados a conhecer às entidades competentes, mas algumas questões tornamos públicas:
- estando a participação prevista e a verba orçamentada na Bolsa do COP, por que razão não foi realizada nem viabilizada – a expensas próprias – a inscrição da judoca Rochele Nunes no Grand Prix de Tashkent? Perdeu-se a possibilidade de a atleta somar, este fim de semana, no Uzbequistão, 700 pontos para o ranking olímpico. Qual foi o critério para não se cumprir uma prova que está no plano de actividades do COP?
- por que foi dispensado o treinador Go Tsunoda no decorrer do último Mundial, em vésperas da participação de Telma Monteiro, em prejuízo da atleta detentora da única medalha olímpica nos Jogos do Rio'2016? - por que se arroga tantas vezes de ser "o presidente eleito"? Por ter sido escolhido em eleições, pode impor-se tanto ao bom senso como a outros responsáveis federativos, técnicos ou regulamentos da FPJ?
- por que está a ser imperativa a imagem de um patrocinador da FPJ num espaço do judogui que é para estar à disposição dos atletas?
- por que é proibida a ostentação do emblema dos clubes no espaço que é da responsabilidade e interesse "comercial" dos atletas?
- é possível justificar intervenções junto de treinadores e atletas, com voz alta e grave, em que se exclama este teor: "a federação está acima de todos, incluindo o COP e os clubes"? É assim que se gere a elite do judo nacional?
Ao Estado e ao Comité Olímpico competirá também analisar se este é o estilo de dirigente que, em pleno século XXI, deve decidir quais as expectativas e calendários de alguns dos melhores praticantes de judo actualmente em Portugal.
O Benfica levará este assunto até às últimas consequências, estando a ser avaliada a possibilidade de recorrer aos tribunais para que sejam repostos os prejuízos materiais e de imagem do Clube e seus atletas, assim como a legitimidade desta federação em ostentar o estatuto de utilidade pública. 
Reiteramos que como entidade que se distingue pelo seu elevado investimento na formação de jovens e na alta competição em diversas modalidades, o Sport Lisboa e Benfica continuará de forma intransigente a defender as boas práticas e o diálogo saudável no relacionamento entre federações, clubes e atletas, para que nunca por nunca se esgotem oportunidades nem se desperdice potencial.
O desporto português, felizmente pejado de bons exemplos de resiliência com resultados positivos, assim o aconselha."

Fever Pitch #30 - Moreirense...

Idiota útil !!!!

"Rui Pinto está acusado, presume-se inocente e tem direito a manter-se em silêncio. Até pode mentir se o achar conveniente. Mas Ana Gomes não beneficia de nenhuma destas prerrogativas. Neste processo não é arguida mas actua como porta voz do arguido. Actua no plano ético como promotora de uma moral inquisitorial. É com essa acrescida responsabilidade que a podemos interrogar: porque é que o principal alvo dos ataques informáticos de Rui Pinto era o Benfica? Porque é que tinha um especial interesse no processo e-toupeira? Porque é que divulgou especialmente emails do Benfica no blogue que criou para o efeito? Porque é que deixou de revelar informação do SCP e FCP a partir de 2015? Porque é que dedicou especial atenção ao Procurador Rui Verdelho que investigava o seu caso, antecipando as ocorrências processuais? Porque é que acedia a servidores e contas de correio electrónico de autoridades judiciárias a partir de uma conta da Universidade do Porto? E fisicamente a partir de Budapeste? Como pagava este modus operandi? Como é que estes dados chegaram a Francisco J. Marques? Porque é que obteve dados sensíveis de árbitros do futebol português, incluindo contactos, classificações e nomeações? Qual o seu interesse específico sobre os jogadores do SLB Rafa e Jonas? Porque obteve e armazenou informação sobre processos judiciais importantes envolvendo pessoas ligadas ao Benfica? No fundo, Dra Ana Gomes, quem era o principal beneficiário da actividade de Rui Pinto? Pois é... O seu escrutínio público é demasiado parcial para ser credível. Mas a orientação do seu discurso vai muito além da parcialidade, ela resulta numa ocultação explícita do que esta investigação revela objectivamente. Existe, sem dúvida, uma criminalidade associada ao futebol português que se aproveita da coação, do controlo de processos de decisão, da impunibilidade dos agentes, da manipulação de informação e opiniões, de uma retórica agressiva centrada na difusão do ódio sobre clubes, pessoas e regiões. A Dra Ana Gomes é demasiado inteligente para não alcançar que faz parte deste plano. Por isso, não tem direito ao silêncio sobre estas questões!"

Hábitos...!!!



"Estádio do Dragão, Porto, 19 de setembro de 2019. Foi isto que se ouviu vindo da bancada da claque legal, Super Dragões: "Hey dumbass! Hey Monkey! Hey Monkey!". Não é preciso dizer mais nada. 
Depois da multa de 2012 por parte da UEFA, o FC Porto volta a estar envolvido em novo caso de racismo. 7 anos depois, continuam a ser o exemplo... a não seguir.
#Respect UEFA"

Vícios...!!!


Bruno Lage | Exemplos a seguir

"“Ser treinador de futebol é a profissão mais mediática daquelas que foram medalhadas aqui hoje. Mas que significado tem isso na nossa vida? Por sermos mais medáticos gostam de tirar 'selfies' connosco mas depois é que pára na rua para tirar 'selfies' com o professor primário ou com um médico? É uma reflexão.”

Foi de medalha ao peito e na cidade que o viu nascer que Bruno Lage deferiu estas palavras, engalanadas uma a uma com a mais saudável das humildades e a simplicidade de um homem que se fez grande a sentir-se pequeno – está a mudar o paradigma da comunicação num desporto português habituado ás personalidades “fortes”, que de forte nada têm e caiem sempre no exagero da frontalidade e da agressividade, num salivar raivoso que percorre as sedentas manchetes – e que reclama para si o peso da história como outras “figuraças” antes dele tiveram.
Não estamos a falar das competências enquanto profissional da bola: é assumido que tem muito a aprender, que ainda agora começou na aventura dos bancos a sério e que é óbvia uma vistosa atrapalhação nos jogos mais difíceis (ainda que o diagnóstico se prenda com um vírus entranhado no Benfica recente) e claro que ainda tem um longo caminho a percorrer.
Aos 43 anos é (mais) a chegar à selva dos “místeres” de topo, um menino tímido que se tenta intrometer nos parlapiés dos garotões e que ainda agora fez o primeiro jogo continental em modo campeão. Mas o que se escreve aqui é o salvaguardar duma opinião e o elogio ás suas competências enquanto pessoa: independentemente do excelente, bom, mau ou catastrófico futuro enquanto líder de equipas, o Bruno já tem peso no futebol português pela sua conduta extra-campo.
É o primeiro, uns valentes anos depois, a responsabilizar-se com a recuperação de um estilo antigo, caracterizado pelas larachas mais ou menos acertadas mas sempre íntegras e cavalheiras, resquícios de tempos quando os Senhores eram obrigados a sê-lo e quando a roupa suja era lavada nos tanques correctos.
Podemos assumir que seja próprio dele: a sua educação pode ser esta mesmo, o que é a mais provável origem. A sua passagem por Inglaterra pode ter ajudado a sofisticar o discurso e o mindset, sempre virado para o fair-play e o melhor que nele existe? Penso que não existem dúvidas. É um mundo de diferença cultural. Bruno não se enquadra nos parâmetros do futebol latino e funciona como mediador entre duas realidades completamente distintas.
Foragido dos lugares comuns, refugia-se no bom senso das opiniões próprias e vincadas com conta peso e medida – não confundir com politicamente correcto – enquanto que enxuga a mensagem com uma honestidade brutal o que faz crescer nos pauliteiros da praça a dúvida de se que é falso ou sonso.
Existe aquele momento icónico no Dragão do ano passado em que após uma qualquer sarrafada e consequente confusão, Luís Gonçalves apodera-se do instinto animal e parte para cima de Bruno, pedindo explicações – como se ele as conseguisse dar – testando o maçarico. Num gesto apaziguador, Bruno ri-se, desvaloriza a parvoíce e puff, adversário desarmado.
Que existam seguidores desta forma de estar. A necessidade de sangue dos Diários não se pode submeter ao Desporto e a quem bem trata dele, seja que cor tenha."

“Regista” Taarabt – Pedro Bouças com a ajuda de Jesualdo Ferreira explicam como “alimenta” o último terço

CR7 Big Mac

"Cristiano Ronaldo revela que só não passou fome nos seus primeiros anos em Lisboa, uma criança deslocada das origens madeirenses e da família, porque encontrou umas fadas-madrinhas que lhe ofereciam hambúrgueres de uma loja McDonalds que ele e os seus colegas rondavam à espreita de sobras.
Custa acreditar numa situação destas, realmente chocante. A formação do Sporting, que criou dois Bolas de Ouro da FIFA, não alimentava bem os seus pupilos e ainda deixava que se empanturrassem à margem de todas as boas práticas alimentares?
Imagino a conversa com o nutricionista antes do treino:
- Então Cristiano, comeste bem ontem?
- Sim, limpei três Big Macs que sobraram na loja da Edna.
Não gosto desta imagem da “formação” do Sporting, que já foi considerada a melhor do Mundo, e muito menos que uma marca nociva possa associar-se, ainda que indirectamente, a uma figura tão admirável.
Já temos a homenagem às empregadas que lhe consolavam o estômago, só falta agora vir essa fábrica de digestões difíceis vir também reivindicar o mérito do fast-food no desenvolvimento saudável de uma criança mal nutrida até ao nível de super-atleta.
O melhor jogador do Mundo encetou nas últimas semanas uma operação de charme mediático, dando a conhecer o seu “lado humano”, mas há determinadas “memórias” que deviam morrer com os sujeitos ou, pelo menos, serem reservadas até quando já não fizerem estragos."

A Vida de Brian, o homem que tornava o normal no extraordinário, acabou há 15 anos

"O treinador que levou o Nottingham Forest da segunda divisão até ao título de campeão europeu perdeu a luta para o cancro a 20 de Setembro de 2004. Brian Clough, iconoclasta, brutalmente honesto, especialista em mind games e em tirar clubes do lodo dos escalões secundários e os levar ao sucesso, marcou uma forma de estar no futebol que, por estes dias, já não parece possível. Este é o perfil de um dos treinadores que influenciou José Mourinho

Ali pelos anos 70, Brian Clough era dono de um privilégio reservado apenas aos figurões, àquelas personagens míticas que todos os países albergam: era a voz mais imitada de Inglaterra, nas casas, nos pubs, nos jantares com família ou amigos. Acontece a tipos icónicos, como ele, rapaz nascido em Middlesbrough tornado treinador de futebol de sucesso, sotaque do norte de Inglaterra entranhado, voz ligeiramente anasalada a sair de uns lábios finos que pareciam não combinar com aquele ar de classe trabalhadora que nunca perdeu, nem quando passou a viver numa bela mansão e a conduzir um potente carro.
E não era só pelas idiossincrasias físicas que Clough fazia parte do imaginário público. Também era por o treinador ser uma das mais iconoclásticas figuras que o futebol já nos deu, não só por ter conseguido essa bizarria que era, nos anos 70 e 80, meter grupos de rapazes ingleses a jogar de pé para pé - porque como o próprio disse, se Deus Nosso Senhor quisesse que o futebol se jogasse no céu, talvez lá tivesse construído uns estádios -, mas também por causa daquela língua viperina, da forma como manejava as aparições na televisão, onde era cáustico, sarcástico e falava a linguagem de toda a gente, num tempo em que ser treinador na primeira divisão e fazer comentários televisivos ao mesmo tempo não era necessariamente um problema.
Dos anos 70 para cá, muito mudou, o futebol mudou e muito dificilmente se apanham treinadores a combinarem treinos e jogos com uma vida paralela de estrela da televisão. E por causa disso nunca mais teremos um Brian Clough, que partiu faz esta sexta-feira 15 anos, vítima de cancro do estômago, depois 20 anos de abuso de álcool, um vício que não escondeu, que o apanhou naquela frincha que sempre existe entre a auto-confiança desmedida e a vulnerabilidade, e que o levou deste mundo aos 69 anos, um ano e meio depois de fazer um transplante de fígado.
Depois de Clough, não deixaram de aparecer treinadores capazes de tornar a soma das partes em algo muito melhor que uma equipa de duas ou três estrelas, mas é possível que nunca ninguém o tenha feito como Clough, o homem que transformava o normal - o fraquinho até -, no extraordinário. Que levantou equipas do lodo das divisões secundárias, que tornou clubes de pequenas e cinzentas cidades inglesas em campeões de Inglaterra e depois campeões da Europa. Um tipo de treinador cuja vida dá livros e filmes e coletâneas de citações, quais Confúcio do futebol.

O Maldito Joelho e o Maldito Leeds
Antes de se tornar num dos treinadores mais citados e citáveis do planeta e no milagreiro de Derby e de Nottingham, Brian Clough foi um avançado temível. Nascido e criado em Middlesbrough, foi na equipa da terra que começou a jogar e a marcar em barda. E também a mostrar os primeiros sinais de forte personalidade: aos 204 golos marcados em 222 jogos juntou uma série de atritos com colegas de equipa, a quem frequentemente acusava de falta de empenho, e um rol de pedidos de transferência, o que viria a acontecer em 1961, quando saiu para o rival Sunderland, na altura também no segundo escalão do futebol inglês.
Em Sunderland não parou de marcar. Até ao Boxing Day de 1962. No meio da chuva torrencial e do frio que chegava até aos ossos, Clough chocou com o guarda-redes do Bury, rebentando os ligamentos do joelho o que, nos anos 60, era praticamente uma sentença. Clough ainda voltou a jogar passado quase dois anos, os primeiros jogos e únicos jogos que fez na primeira divisão, mas as dores eram insuportáveis e aos 29 anos era o fim do goleador Brian Clough.
Foi logo à primeira experiência como treinador, com apenas 30 anos, que Clough mostrou aquilo que seria uma marca distintiva do seu percurso: tornar vencedoras equipas antes habituadas a sofrer. O Hartlepool United era uma modesta formação da quarta divisão, tão à rasca que o treinador tirou a carta de pesados para ser ele próprio a conduzir o autocarro da equipa.
Um oitavo posto à segunda época, um feito para uma equipa que em anos anteriores lutava para fugir ao últimos lugares, valeu-lhe um lugar no Derby County, da 2.ª divisão. Com ele foi o adjunto Peter Taylor, que seria o seu braço direito nos maiores sucessos.
No Derby County, a primeira temporada foi para limpar a casa: para lá de uma revolução no plantel, Clough ainda exigiu o despedimento do secretário do clube, do responsável pelo relvado e do responsável pelo scout. O alegado despedimento de duas empregadas por se terem rido após uma derrota do Derby é um dos mitos que sobreviveram ao mito Clough.
A limpeza teve os seus frutos e à segunda temporada o Derby sagrou-se campeão da segunda divisão, entrando de rompante na primeira divisão com um surpreendente 4.º lugar. Dois anos depois, na época 1971/72, chegava o título, o seu primeiro título de Inglaterra. E logo depois os problemas.
O planeamento da pré-temporada seguinte trouxe os primeiros desencontros com o presidente do Derby, Sam Longson: a direção queria viajar para a Holanda e Alemanha e Clough disse que só o faria se pudesse levar a família. Quando o clube recusou, Clough mandou o adjunto no seu lugar.
É também por esta altura que Brian Clough aumenta o volume dos seus comentários críticos em relação a colegas e ao poder instituído no futebol inglês, tanto em jornais como na televisão, onde é uma figura omnipresente. O seu principal alvo era o Leeds United, treinado por Don Revie, que, dizia Clough, personificava tudo aquilo que ele não acreditava nem permitia nas suas equipas: o jogo sujo, a indisciplina, as pressões aos árbitros, a falta de fair-play.
A corda entre Clough e o Derby partiria em outubro de 1973, entre protestos dos adeptos do clube e dos próprios jogadores do plantel. Poucos dias depois estava a treinar o Brighton, da terceira divisão, um interlúdio antes dos, provavelmente, 44 dias mais loucos do futebol inglês.
Depois de levar o Leeds ao título, Don Revie aceitou o convite para se tornar seleccionador inglês. E o sucessor foi o homem que tanto havia criticado a forma de jogar do Leeds. Os mesmos jogadores que havia acusado de falta de fair-play, de serem violentos e sujos, eram os mesmos que Clough iria agora treinar. Igual a si próprio, Clough não chegou a Elland Road com um discurso pacificador. Pelo contrário: no primeiro treino aconselhou os jogadores a deitarem fora todas as medalhas e taças que tinham ganho com Revie, já que não eram limpas nem justas - Clough conseguia ser tão brutalmente honesto quanto irascível.
Com boa parte da equipa contra si, a passagem de Clough pelo Leeds - para onde não levou o fiel adjunto Peter Taylor, que previu desde logo o descalabro e ficou em Brighton - ficou marcada por intrigas, discussões e, consequentemente, maus resultados desportivos: em doze pontos possíveis, o Leeds conseguiu apenas quatro, num dos piores arranques de campeonato da história do clube. Esses 44 dias de verão quente de 1974 dariam origem ao livro (e depois ao filme) “The Damned United”, onde factos reais se misturam com ficção, merecendo, por isso mesmo, críticas vorazes tanto de antigos jogadores do Leeds como da própria família de Clough. Em sua defesa, o autor, David Peace, frisou que o livro era “um retrato de Brian Clough e não uma fotografia”.



A Glória em Nottingham
Com a conturbada saída do Leeds, Brian Clough voltou às catacumbas do futebol inglês. Em janeiro de 1975 foi contratado pelo Nottingham Forest e foi na terra de Robin Hood que emulou (ou melhor, melhorou) aquilo que havia conseguido a poucos quilómetros de distância, em Derby. Depois de duas temporadas regulares na segunda divisão, voltou a juntar forças com Peter Taylor e logo na temporada seguinte o Nottingham Forest chegou à 1.ª divisão.
E se com o Derby, a magia da dupla Clough/Taylor demorou duas temporadas a fazer efeito, no Nottingham foi logo à primeira: na temporada de regresso à 1.ª divisão chegou ao título, vencendo o campeonato com claros 7 pontos de vantagem para o segundo. Um segundo título inglês, depois do conquistado com o Derby, não era apenas uma resposta depois do falhanço no Leeds, era também a vitória de um novo Clough, mais afastado de polémicas, mais comedido, mas nunca calado, ele que sempre se assumiu como socialista e apoiante do partido Labour.
Mas aquele que seria o primeiro e até agora único título inglês do Nottingham não seria, nem de perto nem de longe, o título mais surpreendente daquele Forest: em 1979 e 1980, os ingleses tornaram-se bicampeões europeus, com uma equipa sem estrelas, em que a junção de forças valia muito mais do que as individualidades e que privilegiava o futebol de Clough: apoiado, rápido, simples, sem invenções ou malabarismos. Os títulos europeus do Nottingham, em finais contra o Malmo e o Hamburgo, são, ainda hoje, um dos feitos mais incalculado e espantosos da história da agora Liga dos Campeões. Duas vitórias de uma equipa sem história de títulos tanto dentro como fora de portas, algo que parece, por estes dias, impossível.
Brian Clough seria treinador do Nottingham até à descida de divisão do clube, em 1993. O brilhantismo daquele período entre 1978 e 1980 não voltaria. A saída de Peter Taylor, em 1982, desfez a dupla maravilha e a relação dos dois, que não se voltaram a falar até à morte repentina de Taylor, em 1990. Algo que, de acordo com a família, deixou profunda marca em Clough, que nunca terá ultrapassado o facto de não ter feito as pazes com o antigo adjunto.
A incapacidade de replicar aqueles anos dourados tornaram Brian Clough cada vez mais refém da pressão e, causa/efeito, do álcool. “Beber tornou-se mais importante para mim do que a angústia que estava a criar naqueles que mais gostava”, disse numa entrevista. Nunca ter sido escolhido para seleccionador de Inglaterra, algo que esteve perto de acontecer em duas ocasiões, foi outra das desilusões que o treinador nunca escondeu.
Os últimos anos foram passados fora do futebol, embora Clough continuasse a escrever para várias publicações enquanto definhava fisicamente. Em 2004, há precisamente 15 anos, a doença levaria a melhor, mas o legado, esse, fica até hoje e em treinadores como José Mourinho, que já citou Clough como influência. Aliás, talvez nenhum outro treinador de perfil alto se tenha aproximado tanto da persona pública de Brian Clough como José Mourinho. Porque também o português foi cá dentro um mestre em tornar jogadores até então normais em futebolistas extraordinários. E também o português marcou um estilo e uma forma de estar fora de campo.
Mas ao pé de Clough, Mourinho até parece um rapaz bem comportado."