Últimas indefectivações
sexta-feira, 6 de janeiro de 2023
Derrota na Catalunha...
Cadi La Seu 62 - 53 Benfica
11-16, 23-7, 8-19, 20-11
Jogo de altos e baixos, que acabou com uma diferença de 9 pontos, recuperáveis em Lisboa, mas sem tantos erros... e seria muito importante, ter a Joana Alves recuperada!
Roger...
"Roger master class… tudo explicado em 2min. Até parece fácil. Todos os pontos nos i’s. Escrevi na terça que tinha sido o melhor do ano no Benfica. Grande aula de comunicação."
Dixit...
""𝑭𝒐𝒊 𝒖𝒎 𝒂𝒔𝒔𝒖𝒏𝒕𝒐 𝒎𝒖𝒊𝒕𝒐 𝒇𝒂𝒍𝒂𝒅𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒂 𝒔𝒆𝒎𝒂𝒏𝒂. 𝑶 𝑬𝒏𝒛𝒐 é 𝒖𝒎 𝒃𝒐𝒎 𝒓𝒂𝒑𝒂𝒛 𝒆 𝒖𝒎 𝒋𝒐𝒈𝒂𝒅𝒐𝒓 𝒆𝒙𝒕𝒓𝒂𝒐𝒓𝒅𝒊𝒏á𝒓𝒊𝒐, 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒆𝒎𝒐𝒔 𝒒𝒖𝒆 𝒇𝒊𝒒𝒖𝒆, 𝒂 𝒔𝒊𝒕𝒖𝒂çã𝒐 𝒏ã𝒐 é 𝒇á𝒄𝒊𝒍, 𝒋𝒐𝒈𝒐𝒖 𝒏𝒐 𝑴𝒖𝒏𝒅i𝒂𝒍, 𝒈𝒂𝒏𝒉𝒐𝒖 𝒐 𝑴𝒖𝒏𝒅𝒊𝒂𝒍, 𝒕𝒆𝒗𝒆 𝒑𝒓𝒐𝒑𝒐𝒔𝒕𝒂𝒔, 𝒆𝒔𝒕á 𝒎𝒖𝒊𝒕𝒐 𝒅𝒊𝒏𝒉𝒆𝒊𝒓𝒐 𝒆𝒎 𝒋𝒐𝒈𝒐. É 𝒖𝒎 𝒋𝒐𝒗𝒆𝒎 𝒋𝒐𝒈𝒂𝒅𝒐𝒓, 𝒊𝒔𝒕𝒐 𝒄𝒐𝒏𝒇𝒖𝒏𝒅𝒆, 𝒕𝒐𝒅𝒐𝒔 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒓𝒆𝒆𝒏𝒅𝒆𝒎𝒐𝒔 𝒊𝒔𝒕𝒐. 𝑴𝒂𝒔 é 𝒖𝒎𝒂 𝒆𝒙𝒄𝒆𝒍𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒑𝒆𝒔𝒔𝒐𝒂. 𝑵ã𝒐 𝒕𝒆𝒗𝒆 𝒂𝒖𝒕𝒐𝒓𝒊𝒛𝒂çã𝒐 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒊𝒓 à 𝑨𝒓𝒈𝒆𝒏𝒕𝒊𝒏𝒂, 𝒏ã𝒐 é 𝒂𝒄𝒆𝒊𝒕á𝒗𝒆𝒍, 𝒗𝒂𝒊 𝒕𝒆𝒓 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒆𝒒𝒖ê𝒏𝒄𝒊𝒂𝒔, 𝒏ã𝒐 𝒗𝒐𝒖 𝒅𝒊𝒛𝒆𝒓 𝒒𝒖𝒂𝒊𝒔. 𝑵ã𝒐 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒆𝒎𝒐𝒔 𝒗𝒆𝒏𝒅ê-𝒍𝒐, 𝒏𝒆𝒎 𝒆𝒖 𝒏𝒆𝒎 𝒐 𝒑𝒓𝒆𝒔𝒊𝒅𝒆𝒏𝒕𝒆. 𝑻𝒐𝒅𝒂 𝒂 𝒈𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒔𝒂𝒃𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒕𝒆𝒎 𝒖𝒎𝒂 𝒄𝒍á𝒖𝒔𝒖𝒍𝒂 𝒅𝒆 𝒓𝒆𝒔𝒄𝒊𝒔ã𝒐, 𝒔𝒆 𝒆𝒍𝒆 𝒒𝒖𝒊𝒔𝒆𝒓 𝒔𝒂𝒊𝒓 𝒆 𝒂𝒍𝒈𝒖é𝒎 𝒃𝒂𝒕𝒆𝒓 𝒂 𝒄𝒍á𝒖𝒔𝒖𝒍𝒂, 𝒔𝒆 𝒄𝒂𝒍𝒉𝒂𝒓 𝒑𝒆𝒓𝒅𝒆𝒎𝒐𝒔 𝒐 𝒋𝒐𝒈𝒂𝒅𝒐𝒓. 𝑯á 𝒖𝒎 𝒄𝒍𝒖𝒃𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒐 𝒒𝒖𝒆𝒓, 𝒕𝒆𝒏𝒕𝒂𝒓𝒂𝒎 𝒂𝒍𝒊𝒄𝒊á-𝒍𝒐, 𝒎𝒂𝒔 𝒔𝒂𝒃𝒆𝒎 𝒒𝒖𝒆 𝒔ó 𝒑𝒐𝒅𝒆𝒎 𝒕ê-𝒍𝒐 𝒔𝒆 𝒑𝒂𝒈𝒂𝒓𝒆𝒎 𝒂 𝒄𝒍á𝒖𝒔𝒖𝒍𝒂. É 𝒖𝒎 𝒅𝒆𝒔𝒓𝒆𝒔𝒑𝒆𝒊𝒕𝒐 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒕𝒐𝒅𝒐𝒔 𝒏ó𝒔, 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒐 𝑩𝒆𝒏𝒇𝒊𝒄𝒂, 𝒆𝒔𝒕ã𝒐 𝒂 𝒅𝒆𝒊𝒙𝒂𝒓 𝒐 𝒋𝒐𝒈𝒂𝒅𝒐𝒓 𝒎𝒂𝒍𝒖𝒄𝒐, 𝒇𝒊𝒏𝒈𝒆𝒎 𝒒𝒖𝒆 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒆𝒎 𝒑𝒂𝒈𝒂𝒓 𝒂 𝒄𝒍á𝒖𝒔𝒖𝒍𝒂 𝒆 𝒅𝒆𝒑𝒐𝒊𝒔 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒆𝒎 𝒏𝒆𝒈𝒐𝒄𝒊𝒂𝒓. 𝑺𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒐 𝑬𝒏𝒛𝒐 é 𝒕𝒖𝒅𝒐 𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒐𝒖 𝒅𝒊𝒛𝒆𝒓 𝒆 𝒏ã𝒐 𝒗𝒐𝒖 𝒓𝒆𝒔𝒑𝒐𝒏𝒅𝒆𝒓 𝒂 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒑𝒆𝒓𝒈𝒖𝒏𝒕𝒂𝒔 𝒔𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒊𝒔𝒕𝒐" - Roger Schmidt na conferência de imprensa pré jogo."
Cadomblé do Vata
""O Chelsea fingiu que queria pagar a cláusula de rescisão e depois quis negociar" - Herr Schmidt
O Chelsea meteu o joelho no chão, o Enzo pensou que era para o pedir em casamento, mas afinal estava só a atar os atacadores."
Efab⚽lação (3)
"Fizeram a cabeça ao Enzo
Quando vi Enzo Fernandez de cabelo platinado nos festejos do título mundial, assaltou-me a sensação de que vinha aí muita tinta para escorrer nas lavagens mediáticas.
Convicto da relação direta entre o cabeleireiro e os palcos desportivos, entre o “look” e o comportamento das “pop stars” da bola, o instinto da experiência dizia-me que a “síndrome Rodman” tinha feito mais um refém.
A sério.
Vivi o tempo dos “beatles” à George Best, dos ”hippies” à Cruyff, das bigodaças à Chalana, das carapinhas à Valderrama, dos “codinos” à Baggio, da elegância à Beckham, do “não sei que fenómeno me passou pela cabeça” à Ronaldo de 2002, dos moicanos à Neymar, das cristas à Vidal, enfim, sem esquecer das clássicas cabeças rapadas à Michael Jordan. As tendências da moda desfilam nos relvados como assinatura gráfica dos grandes estilistas.
Já o grande atleta Sansão dizia: “quem mexe com o meu cabelo mexe com a minha força”.
A cadeira do “coiffeur” é o divã do psicólogo desportivo dos nossos dias. Sou amigo de um profissional do ramo que acudia a emergências de pente e tesoura aos estágios da seleção e ainda hoje atende aos caprichos de clientes de frisados, tranças e degradês: só vos digo que a Netflix teria naquele salão de confidências matéria para várias temporadas.
Sobre a surpreendente mudança de humor de Enzo Fernandez, baptizado com o nome de um sempre impecável penteadinho, Enzo Francescoli, “el Príncipe”, gostava de saber a opinião de outro ídolo maior do River Plate, o único argentino bicampeão mundial, que levava esta questão capilar muito a sério, Daniel Passarella.
Colega de Mário Kempes, “el Pelotudo”, e capitão de Diego Maradona, o discípulo fiel dos barbudos de Cuba, Passarella trouxe o tema para a ordem do dia quando ao comando da seleção celeste decidiu deixar Caniggia e Redondo de fora do Mundial de França por se recusarem a aparar pontas e melenas, ao contrário do que aceitou, in-extremis, “el muñeco” Gallardo, também ameaçado de ser cortado da seleção de 1998 pela fátua capilar - e, curiosamente, o último mentor de Enzo Fernandez no grande clube de Buenos Aires.
Nos meus anos de andanças pela NBA, li e ouvi debates, considerações, análises e sentenças sobre a tal “síndrome Rodman”, que terá sido o primeiro desportista a ousar aparecer em campo com o cabelo a berrar de roxo, amarelo ou violeta, às riscas ou às bolas, consoante lhe dava na cabeça.
Diziam que Dennis era maluco, aceitavam-lhe a excentricidade porque não havia defensor melhor na história do jogo, tiravam o máximo partido desportivo do seu temperamento de porco-espinho quando lhe passavam a mão pelo pêlo, mais tarde retratado na biografia “Bad as I wanna be”, e prepararam-se para o pior no dia em que apareceu de vestido e penteado de noiva para anunciar que se casara consigo próprio. É escusado dizer onde e como está hoje um dos melhores basquetebolistas de todos os tempos e amigo de Kim Jong-un, o ditador que impõe o corte à tigela a todos os norte-coreanos.
Talvez o desfoco da imagem de Enzo Fernandez aos olhos dos benfiquistas seja mera coincidência e aquilo não passe de uma promessa ao seu padroeiro San Martin, o “santo da espada”, Libertador dos argentinos: pinto o cabelo se ganhar, corto o bigode se perder, faço madeixas se for campeão.
Quem tem vagar faz caracóis.
Mas algo me diz que ao Enzo Fernandez fizeram-lhe a cabeça, para grande decepção da massa associativa, que só queriam vê-lo de cabelo pintado no desfile do Marquês, lá para o fim da primavera, quando os cortes dão mais força às raízes."
Chico-espertices!!!
"O Chelsea verbalizou uma proposta de 127 milhões. Agora, está a tentar ser chico-esperto e aproveitar-se das más decisões do Enzo. Benfica mantém o que sempre disse: não queremos perder o jogador, mas se baterem a cláusula e o jogador quiser ir nada a fazer."
Obsessões...
"Estão a perceber porque é que a comunicação social está tão obcecada com o "caso" Enzo? Precisam de fazer com que outras notícias passem despercebidas!
#OMelhorEstáPorVir"
Cronologia do Benfica em 2022
"Janeiro: vive-se a ressaca do despedimento de Jorge Jesus e a dupla derrocada com o Porto, para a Taça e para o Campeonato (já com o novo técnico-mas-só-até-final-da-época-que-depois-vai-se-buscar-um-novo-treinador-e-aí-sim-começa-um-novo-ciclo Nélson Veríssimo). O ambiente na Luz é péssimo, com bancadas vazias a fazer lembrar tempos sombrios e as perspetivas para o resto da época são praticamente nulas. O sonho do título já lá vai, da Taça de Portugal também, resta a Taça da Liga e tentar ir o mais longe possível na Champions. O mês é feito aos trambolhões com empates na Liga e a 'cereja no topo do bolo' é o apuramento para a final da Taça da Liga, só para ser perdida para o Sporting. Deprimente. Rui Costa continua sem apresentar a auditoria prometida no ano anterior nem a proposta de alteração dos estatutos.
Fevereiro: o segundo mês do ano começa da mesma maneira que acabou o primeiro, num descalabro. Derrota com o Gil Vicente na Luz e assobiadela monstruosa para a equipa. Depois seguem-se vitórias sem grande brilho para o campeonato, um empate sem brilho no Bessa e um empate com algum brilho na Luz contra o Ajax, no regresso da Liga dos Campeões.
Março: mais um triste desfile pelo campeonato, mas o mês é pontificado por uma belíssima vitória sobre o Ajax em Amesterdão. Não foi uma exibição brilhante, mas segura o suficiente para arrastar o 0-0 e o cada vez mais MVP da temporada Darwin Nuñez marcar o golo da euforia de cabeça, logo numa semana em que muito se falou do seu cabelo. De forma surpreendente e numa época triste, o Benfica está entre as oito melhores equipas da Europa.
Abril: um mês com altos e baixos. Derrota em Braga, empate com o Famalicão, mas vitória em Alvalade. O karma do Benfica na casa do leão é tão forte que até Gil Dias marca lá golos. Pelo meio, confronto com o poderoso Liverpool e o Benfica faz o que pode. E o que pode até é mais do que se esperava. Derrota na Luz por 1-3, mas empate valoroso em Anfield a três bolas. Darwin é cada vez mais o cabeça de cartaz, marcando em Inglaterra e em Alvalade (bom, mas aí até o Gil Dias marcou). A equipa de juniores do Benfica sagra-se campeã europeia. Fim da 'maldição'?
Maio: a equipa de andebol do Benfica vence a Liga Europeia, o vólei é tricampeão nacional e a equipa feminina de futebol sagra-se bicampeã. Falta alguma coisa? Não me recordo. Ou vá, recordo, mas é tão doloroso. Parece que houve um jogo na Luz contra o FC Porto e aconteceram coisas, mas nem sei bem o quê porque saí do estádio após um remate do Zaidu. Nem sei se a bola entrou, que tinha o carro mal estacionado...
Junho: a equipa de basket do Benfica sagra-se campeã nacional, cinco anos depois. E logo contra o Porto. Na casa do Porto. Ser campeão em casa do maior rival deve ser...bom, adiante. Roger Schmidt é o novo treinador, começam a chegar novos reforços e não há muito mais a contar. É altura de banhos e praia.
Julho: o Benfica faz uma pré-época 100 por cento vitoriosa, semelhante ao 'Rolo Compressor' de 09/10. Schmidt a fazer lembrar o início de Jorge Jesus, mas com menos pastilha, bazófia e cabelo. E Jesus levava ligeira vantagem no domínio da língua portuguesa.
Agosto: arranque de temporada retumbante, com o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões, vitórias nas primeiras jornadas da Liga e os juniores do Benfica a vencerem a Taça Intercontinental. Fim da 'maldição'? Mas tudo fica pálido após o falecimento de Fernando Chalana, um dos mais Gloriosos do Glorioso. Até sempre, Chalanix!
Setembro: tudo continua perfeito e maravilhoso. Benfica vence Vizela na Luz a jogar com um a menos e com um golo aos 98 minutos, apesar do clube nortenho ter estacionado um autocarro de três andares em frente à sua baliza e aparentemente todos os seus jogadores terem sido atropelados pelo autocarro várias vezes durante o jogo. Também épica é a vitória sobre a Juventus em Turim. Já em 2014 tínhamos sido lá felizes. Quer dizer, contra a Juventus, porque contra o Sevilha... enfim. Voltemos ao presente, que já me estou a recordar da cara daquele árbitro alemão.
Outubro: lãp que é lãp até já estranha tanta coisa boa. Que se passa aqui? Vencemos no Dragão, empatámos duas vezes com o milionário PSG, derrotámos a Juventus por um épico 4-3. Que feitiçaria é esta? David Neres finta tudo e todos, Enzo Fernández passa a tudo e a todos, Gonçalo Ramos marca a tudo e a todos e Rogério Chaimite é o novo herói das bancadas Benfiquistas.
Novembro: Benfica apura-se em primeiro lugar no grupo da Liga dos Campeões, após marcar meia dúzia ao Maccabi em Israel. Loucura total. No campeonato já se vai em oito pontos de avanço e certamente o Mundial não vai estragar nada disto, pois não?
Dezembro: o Benfica perde o primeiro jogo da temporada, mas não faz mal porque não é jogo oficial, depois empata contra o Moreirense e é eliminado, mas não faz muito mal porque é a Taça da Liga e depois leva 0-3 do Braga e bom, isso já é mau porque é para o campeonato. Para mim a culpa é do Enzo Fernández que chega a Portugal de cabelo pintado e todo o fanático da bola sabe que isso é mau sinal. Se o universo está equilibrado com o cabelo preto, porque foste mexer nisso Enzo?? Olha o que fizeste: o Benfica já perde jogos e o Chelsea quer dar 120 milhões por ti. Ah e Rui Costa continua sem apresentar a auditoria prometida no ano anterior nem a proposta de alteração dos estatutos."
Pelé, um sentimento
"Pelé vai ser para sempre como o ar que respiramos. Como o amor intrínseco em cada um de nós. Não é ou foi preciso ver para crer. É uma dádiva da natureza. É, acima de tudo, um sentimento.
Um rei é omnipresente. Não morre, apenas descansa. Está na eternidade. Nasceu em 1940, viveu 82 anos, mas jamais vai ser esquecido. Nem se quisesse. É peça fulcral no mundo que conhecemos hoje.
É o grande brasileiro de todos os tempos. Um verdadeiro embaixador. Colocou de vez o país do futebol no mapa. É o maior negro da história do esporte. Uma bandeira. Parou uma guerra e acelerou corações. Fez sorrir e fez chorar.
Foi unânime como jogador, controverso como ser humano. Escondeu fantasmas no armário. Antes de partir, exorcizou alguns demônimos. Demorou, mas reconheceu a filha com uma empregada doméstica e lamentou ter sido usado pela Ditadura Militar.
Venceu mais de 30 títulos. Marcou mais de 1000 gols. Sim, mais de 1000 gols. Porque balançar a rede é como um beijo. Não importa se é oficial ou não, o que vale é o poder por trás de um "simples" encontro de lábios.
O responsável máximo por mistificar camisa 10 nunca pertenceu somente ao Santos. Ao New York Cosmos. Ao futebol. Ao Brasil. É meu. É seu. É nosso. É de quem quiser.
Edson Arantes do Nascimento nos deixou, mas Pelé, o Rei, está entre nós. Ontem, hoje e amanhã."
Pelé: o samba sobre os relvados mas ambíguo na política
"Pelé triunfou antes de o futebol se tornar uma colossal indústria para ser exibida nos ecrãs. Naquele final dos anos 50 e na década de 60, o tempo em que Pelé mais sambou com a bola nos relvados, o futebol era visto nas bancadas dos estádios e escutado através dos vibrantes relatos na rádio. Pelé ainda entrou pela televisão, mas chegou no tempo do ecrã a preto e branco. Foi assim que Portugal o viu no lendário Mundial de 66, a que o cinema deu a cor que viria a irromper com esplendor no Mundial de 70 do “tri” do Brasil de Pelé, com Rivelino, Gerson, Clodoaldo, Jairzinho e Tostão.
Pelé: o samba sobre os relvados mas ambíguo na política
É uma pena que não tenhamos imagens captadas com definição apurada da maior parte das jogadas que Pelé executou nos relvados. A tecnologia vai encarregar-se de as recriar – mas será uma réplica do original. Nas imagens reais que temos há uma marca constante: é o sorriso que aparece na expressão de Pelé quando a bola fica em conjugação com os pés dele, para depois começar o festival de dribles com arte de bailarino numa escola de samba.
Vemos muitas vezes a celebração da genialidade no futebol naquele lance do jogo Argentina-Inglaterra no Mundial de 86 no México, em que Maradona avançou a partir do meio do terreno de jogo e foi fintando um e outro dos jogadores ingleses até dar golo. O lance é prodigioso e ficou para a posteridade porque nesse 86 o futebol já se tinha instalado na televisão. Mas há relatos escritos e falados de jogadas de Pelé com semelhante inspiração, só que num tempo em que a tv ainda ia para os estádios com uma só câmara fixa colocada num alto da bancada.
Pelé é o percursor. Foi com ele que a camisola com o número 10 ganhou estatuto cimeiro especial. Ficou a ser a camisola do “rei” no futebol. Ele é o pioneiro, depois vieram os príncipes, Eusébio, Maradona, George Best, Johann Cruijff e os craques da poderosíssima indústria de agora.
Pelé também foi pioneiro dos mega contratos publicitários com futebolistas. Como primeiro rosto e figura universal do futebol, Pelé também deu a cara por várias marcas de topo, seja com a Pepsi, marcas de telemóveis, jogos de vídeo, bancos e até pelo Viagra.
Depois do tempo como futebolista, Pelé também teve lugar na política: foi ministro dos Desportos no governo de um presidente muito relevante no avanço democrático do Brasil, Fernando Henrique Cardoso(FHC). Nessa função ministerial foi o autor da chamada “lei Pelé” que consagrou direitos para os jogadores de futebol. Pelé foi, nesse ano 1995, o primeiro negro ou mestiço a dirigir um ministério num governo do Brasil.
Chegou a haver especulações de que Pelé poderia vir a ser candidato presidencial. A hipótese não avançou. Pelé teve relação ambígua com a política.
Ainda como futebolista, ele incarnou a ascenção social de um negro num país onde o racismo era forte. Agregou o país em torno de uma equipa multiétnica.
Mas, no tempo da severa ditadura brasileira, Pelé deixou-se instrumentalizar. Após o triunfo no Mundial de 70 aceitou posar com o presidente general ditador Ernesto Médici e a imagem foi propagada em cartazes de propaganda do regime por todo o Brasil. Pelé consentiu.
Há que deixar claro que Pelé, para além desse cartaz, nunca se pronunciou em apoio à ditadura brasileira. Mas calou-se. Nunca teve qualquer declaração sobre os muitos prisioneiros políticos, sobre as constantes torturas ou sobre a complexa e tão determinante questão racial. Nesse tempo houve quem sentisse mágoa por essa ambiguidade de Pelé. Houve quem o acusasse de se prestar a ser um negro ao serviço do poder dos brancos.
A realidade mostra que Pelé quis estar sempre bem com quem tinha o poder, seja Médici, Lula ou FHC.
É uma postura que contrasta com a de outra estrela do futebol brasileiro, Sócrates (1954-2011), que nos anos 70 e 80 se impôs no futebol e na ação social e política. Chamavam-lhe “o doutor” e multiplicou denúncias do regime de ditadura militar.
A política tem-se servido muito do futebol, e vice-versa, no Brasil. Muitos futebolistas intervieram no recente duelo presidencial, a maior parte dos jogadores de topo como apoiantes ativos de Bolsonaro – caso de Neymar, Lucas Moura ou Dani Alves. Juninho foi dos poucos a aparecer ao lado de Lula.
Pelé tinha abraçado Lula por várias vezes quando este era presidente. Agora, há meses, Pelé tinha oferecido a Bolsonaro uma camisola do “escrete” e o presidente derrotado apareceu várias vezes em campanha com uma camisola igual.
Pelé, fora dos estádios foi um dos primeiros milionários do futebol e quis sempre agradar aos de cima. Sobre o relvado, impôs-se para sempre, com a arte de bem jogar, como alegria do povo. É, indiscutivelmente, “o Rei”, pioneiro no tempo da inocência no futebol. Tudo começou a partir dele."
Por uma máquina de lavar
"Pelé aceitou jogar a primeira parte. Já não pisava um relvado há mais de um ano e não conseguiu sequer encontrar um par de chuteiras à sua medida.
Pelé terá sido, certamente, o primeiro jogador de futebol cujo nome se confundiu com o termo publicidade. Muitas das vezes em que me cruzei com ele foi quando fazia promoção dos patrocinadores de campeonatos do mundo, ou de marcas de refrigerantes, ou de cartões de crédito e outro material do qual se tornou embaixador, sobretudo após a sua experiência no futebol dos Estados Unidos. Uma vez contou-me que, em 1978 ou 1979, já tinha pendurado as chuteiras, se viu em Lagos, na capital da Nigéria, num evento promovido por uma gama de eletrodomésticos que coincidiu com uma digressão ao país do Fluminense. O ministro dos Desporto apressou-se a pedir-lhe que desse o pontapé de saída de um encontro entre o Flu e o Racca Rovers. Ele aceitou e a confusão instalou-se: uma estação de rádio anunciou que Pelé iria jogar durante 45 minutos com a camisola do Flu e, de um momento para o outro, numa excitação incrível, os mais de 30 mil bilhetes para o desafio estavam vendidos. Um sarilho. As autoridades nigerianas aproveitaram a aldrabice como puderam e não negaram a notícia. Pelo contrário. O ministro dos Desportos, até aí tão solícito, avisou Edson que se não jogasse não podia garantir a sua segurança no estádio que, naturalmente, ficaria cheio de gente com muito má vontade contra ele. Contrariado, mas também pressionado pela malta dos eletrodomésticos que viu, de um momento para o outro, uma simples apresentação pública transformada num acontecimento de estadão, Pelé aceitou jogar a primeira parte. Já não pisava um relvado há mais de um ano e não conseguiu sequer encontrar um par de chuteiras à sua medida. “Andei lá, de um lado para outro, no campo, com os pés doendo, sobretudo quando tinha de tocar na bola e o público pedia um golo. Não marquei nenhum. E, pela primeira vez até não me importei. Não contribuí mais ainda para a palhaçada”. No dia seguinte tinha um voo marcado para Dakar, tal e qual como a delegação do Fluminense. Pelé fez uma das suas fintas: trocou o voo e foi para Londres. Não ia correr mais riscos só por causa de uma máquina de lavar louça."
Ronaldo ou Messi, a decisão final
"Cara ou coroa, Messi ou Ronaldo. Eu tenho um preferido. Escolho alguém que é uma inspiração para a humanidade, desde os miúdos nas ruas das nossas cidades até aos confins da Ásia ou África.
Há quinze anos que uma questão apaixona o mundo inteiro: quem é melhor, Cristiano Ronaldo ou Lionel Messi? Durante os próximos minutos vou provar que a questão não ficou encerrada com o último Mundial. Além da análise não poder ser estática, são dois seres humanos diferentes e teremos de analisar os seus pontos fracos e fortes. Mais do que a visão habitual dos números das duas carreiras em termos de golos, títulos e prémios, é fundamental sermos mais detalhados, específicos, tendo em atenção a complexidade do atleta de alta competição: a evolução da carreira, a mentalidade e as capacidades físicas, bem como a sua correta afetação às situações de jogo de futebol, como a técnica, a tática, a velocidade, o drible, a movimentação defensiva, a explosão atacante, a eficácia e a mentalidade. Embora este não seja um contributo científico com aspetos numéricos, é uma introdução que pode servir para que, no futuro, algum investigador se foque nas variáveis que aqui apresento e as correlacione devidamente. Para fazermos uma comparação entre os dois jogadores, é necessário dividirmos quatro estádios comuns das respetivas carreiras: início, desenvolvimento, auge e fim da carreira.
No início da carreira de Cristiano Ronaldo, ninguém poderia adivinhar aquilo em que se tornaria. É certo que todos vaticinavam que seria um grande jogador, mas não tinha o físico ou o drible de um Maradona ou Pelé. Seria apenas mais uma promessa entre tantas outras que todas as épocas saem nas primeiras páginas dos jornais. Sendo certo que a margem de progressão seria grande, não era consensual até que ponto. Alex Ferguson acreditou nele e foi para o Manchester United, um local onde poderia progredir muito. Enquanto isso, Messi chamou logo à atenção dos grandes clubes europeus quando era criança e estreou-se pelo Barcelona com dezasseis anos. Todos já vibravam com a sua técnica, habilidade natural, jogadas artísticas e espírito de equipa. Ficou com a camisola e o lugar de outro grande jogador, que estava em final de carreira, Ronaldinho Gaúcho, tendo a tarefa hercúlea de o substituir na equipa. E não demorou a ser bem sucedido.
O desenvolvimento do Cristiano no Manchester não foi de um dia para o outro. E aqui surge a sua imagem de marca: jogador com vontade de ferro, sempre a treinar e a colocar tudo de si para melhorar, progredir e evoluir, tanto na velocidade como nos aspetos técnicos do jogo. Podia não ter o talento natural de outros, mas tinha a atitude certa, junto com uma humildade inspiradora. Pouco a pouco, de dentes cerrados, foi escalando uma montanha e só ele sabia que o propósito era chegar ao cume dos deuses do futebol. Aqui ninguém ainda acreditava, nem os colegas do Manchester United, onde jogava para a equipa, fazia muitas assistências e poucos golos. Enquanto isso, Messi já dava muito nas vistas, apesar de ser mais novo do que Ronaldo. Além das fintas geniais, típicas de alguém com a estatura baixa e com o centro de gravidade mais próximo do esférico, começava a fazer golos. Aos poucos, começavam a ser os colegas de equipa a trabalhar para ele e não o contrário.
O auge dos dois jogadores foi quase simultâneo. Cristiano Ronaldo ganhou o primeiro prémio de melhor do mundo ainda no Manchester United, sendo já um jogador consolidado. Mas reparemos no rapaz frágil e sonhador que saiu do Sporting e observemos o homem que ganhou este primeiro prémio: parecem dois seres humanos completamente diferentes. Pode ter arranjado os dentes e o cabelo, mas o fundamental era a grandeza física, agora capaz de verdadeiras explosões, uma velocidade incrível, um drible sensacional e os primeiros golos inesquecíveis. Espicaçados pela comunicação social e a transferência de Cristiano para o Real Madrid, começava aqui uma rivalidade nunca antes vista. Era uma tempestade perfeita, que se completava por Messi estar no grande adversário do Real em Espanha, o Barcelona, que, até por razões políticas, sempre rivalizou com o clube da capital. O resto é História: Messi ganhava nos quatro anos seguintes e o português recuperava a desvantagem com outros quatro prémios, sendo que no meio Messi ganhou um e empatou a contenda. E foi assim até 2018, ano em que Modric ganhou o prémio. Completaram-se dez anos de uma competição a dois e em que não houve um vencedor, mas sim milhões deles: adeptos de futebol espalhados pelo mundo e maravilhados com o que se fazia dentro de campo. Foi um tempo irrepetível e que tivemos a sorte de testemunhar.
O final de carreira tem sido outro aspeto a diferenciar os dois atletas. É algo triste e fatal, mas natural para qualquer ser humano: o corpo envelhece, começa a perder força e não funciona como antes. Seria óbvio que Cristiano Ronaldo começasse a decair mais cedo que Messi, por duas razões essenciais: em primeiro lugar, por ser mais velho e esta é a resposta mais óbvia; no entanto, há uma segunda questão, que está relacionada com o respetivo estilo de jogo, já que o português baseou a sua vantagem na explosão física e é evidente que com a idade já não teve a mesma capacidade de resposta às situações das partidas. Já Messi, apesar de perder alguma velocidade, continuou a ter na intuição a sua grande arma, sendo ainda hoje capaz de fazer a diferença em todos os jogos. A ida de Ronaldo para a Juventus terá sido o canto do cisne, pois teve que se adaptar a uma equipa completamente diferente, num campeonato italiano muito variado do espanhol. Messi continuou na mesma equipa, o que lhe deu uma vantagem adicional. E mesmo quando mudou para o PSG teve (e tem) como co-pilotos jogadores como Mbappé e Neymar. Por tudo isto, foram “normais” os recentes êxitos de Messi e os pretensos falhanços de Ronaldo, mas tudo fica claro se perspectivarmos de acordo com os pontos fortes e fracos, perante os respetivos estádios de carreira. Ou seja, um Messi menos forte ainda é suficiente para contribuir decisivamente para uma vitória no Mundial, ao contrário de um Cristiano, já sem a maioria das armas que o fez chegar onde chegou.
A conclusão é que só podemos comparar o comparável: dois atletas fenomenais no auge das suas carreiras. Nos dois primeiros estádios aqui considerados, início e desenvolvimento da carreira, nenhum dos dois ainda tinha os instrumentos que fizeram deles os melhores. E no final de carreira, ser mais jovem beneficiou duplamente Lionel Messi, além das vicissitudes das trocas de clube e da paragem pelo covid. Enquanto o campo não esteve inclinado para nenhum dos lados, a questão fica em aberto e quem responde é a paixão por este jogo maravilhoso e subjetivo. Ronaldo ou Messi, cara ou coroa, Messi ou Ronaldo. Eu tenho um preferido, todos temos. Escolho alguém que é uma inspiração para a humanidade, desde os miúdos nas ruas das nossas cidades até aos confins da Ásia ou África, aquele que começou com pouco mais do que nada, sem a vantagem da intuição ou talento natural, transformando-se e esculpindo-se a si mesmo como uma obra de arte. Comparo Cristiano Ronaldo a um pintor e escultor, Miguel Ângelo, com a diferença de que o artista renascentista não conseguiu dar vida ao seu David. Outros podem ter outras razões para escolher Messi, mas perante o empate na razão, a paixão é o que importa."
Cristiano Ronaldo, Ali Babá e os 40 ladrões
"As obsessões de infância não nos escapam facilmente. A memória é um carcereiro cruel, guarda as chaves desses dias com a diligência e o zelo de um relojoeiro.
Só isso pode explicar as imagens claras que guardo dos anos 80. Nomeadamente dos livros mais marcantes para mim dessa altura.
As intermináveis horas a devorar os álbuns de Astérix e Obélix, com romanos lingrinhas sovados página atrás de página; as gargalhadas provocadas por Rantaplan, o cão mais estúpido do Old West, nas aventuras mais rápidas do que a própria sombra de Lucky Luke; a velocidade imaginária de Michel Vaillant, em bólides de F1 nas ruas de Paris ou em rallys de dureza heróica, enfim, a lista é longa e maravilhosa.
Adormeci muitas noites também a folhear o conto de Ali Babá e os 40 Ladrões. Para quem não o conhece, o resumo é simples: um pobre lenhador árabe descobre, por mero acaso, uma caverna que serve de esconderijo a uma quadrilha de assaltantes. Segue-os e percebe que, por artes mágicas, a gruta se abre quando alguém grita ‘Abre-te, Sésamo!’.
Lá dentro, nas profundezas rochosas, jaz um interminável tesouro. Ali torna-se rico, mas o irmão, que o seguira, esquece as palavras-chave para entrar e sair da caverna, acabando por ser apanhado pelos gatunos.
Lembrei-me da beleza gráfica da história ao saber da ida de Cristiano Ronaldo para a Arábia. Não no encalço de ladrões, mas de um tesouro incontável, pelo menos na humilde perspetiva de um ser humano comum.
Cristiano passará de rico a estupidamente rico, e continuará a poder receber um Rolls Royce e um iate sempre que lhe apetecer.
É uma escolha legítima, compreensível aos olhos de quase todos, mas é uma escolha que acarreta consequências. Cristiano saberá disso melhor do que ninguém.
Tal como o pobre irmão de Ali Babá, Ronaldo será aprisionado. Estará rodeado por um futebol fraco, distante da elite e olhado de forma preconceituosa pela cultura eurocêntrica e ocidental. Vai afastar-se ainda mais do topo, por opção própria, e o que mais me interessa é perceber o que quererá ele, a partir de agora, da Seleção Nacional.
Cristiano, com 37 anos e a jogar no United, seria sempre uma unidade relevante – se percebesse e lhe explicassem olhos nos olhos o seu papel; Cristiano, de 37 anos e a competir na liga saudita, será, provavelmente, um empecilho.
O único motivo para Cristiano escolher o Al Nassr é a fortuna faraónica que o aguarda. Nada mais. Como diria Jerry Seinfeld, 'not that there's anything wrong with that'.
Insisto: é absolutamente legítimo da parte dele escolher este destino, como também é legítimo ao próximo selecionador nacional olhar com pouco entusiasmo para o mesmo.
Não vejo outra explicação, a não ser o vil metal.
Desportivamente, a liga saudita estará ao nível da II Liga portuguesa. Terá alguns projetos mais apelativos, sim, mas o nível médio é pobre, muito abaixo do que vale ainda hoje o futebolista Cristiano Ronaldo.
Socialmente, a família de CR7 viverá isolada numa gaiola dourada, mas dentro de um país cujas leis fundamentais permanecem agarradas a uma mentalidade própria da Idade Média e contrária aos mais básicos direitos humanos.
Cristiano falará publicamente na terça-feira e tecerá loas entusiasmadas ao projeto do Al Nassr e ao próprio futebol árabe, candidato a receber o Mundial de 2030 – e adversário da organização conjunta Portugal-Espanha. Os spin doctors tratarão de garantir isso.
O melhor português de sempre poderá ser feliz, fazer 50 golos por anos e vender milhões de camisolas no mundo árabe. Não poderá é continuar a reclamar um estatuto que já foi dele.
Está no seu direito."
Golfe não é um jogo
"Com o regresso do golfe ao movimento olímpico, em 2016, o golfe passou a ser visto como uma verdadeira modalidade desportiva e não apenas como um jogo.
É verdade, também, que o efeito de Tiger Woods, sobretudo desde 1997, foi determinante na forma como o golfe era percepcionado por todos aqueles que consomem "desporto" através dos vários meios de comunicação. O jogador de golfe passou a ser visto como um atleta cuja fisionomia é adequada às exigências do alto rendimento e isso não foi fruto do acaso.
Os atletas de golfe passaram a incluir nos seus processos de treino mais áreas alem da técnica. Essa, ainda que muito importante, é apenas uma parte de um todo que contribui para os resultados de excelência. As exigências físicas e psicológicas são extraordinárias para atletas que competem mais de 30 semanas por ano, incluindo muitos milhares de quilómetros de viagens, aeroportos, jet lag, etc…
Uma preparação adequada é cada vez mais importante no desenvolvimento do processo desportivo com vista ao alto rendimento. Uma abordagem holística ao treino desportivo é hoje norma, quer para atletas, como para as federações que desenvolvem programas de excelência para os seus amadores de elite e jovens profissionais.
Os campos de treino de algumas federações são verdadeiros centros de investigação, onde a mais recente tecnologia e os técnicos mais capacitados estão ao dispor dos melhores jogadores de cada país. Esta abordagem reflecte-se, inevitavelmente, nas classificações e resultados destes países, tanto no panorama amador, como profissional.
Estes centros de treino podem ser excepção no meio do golfe, mas são regra geral na maioria das modalidades desportivas. Aquilo que orienta o treino não é a intuição, mas uma base científica suportada por dados concretos.
Este tipo de treino – com equipas multidisciplinares e acesso a tecnologia de ponta – apenas é, geralmente, implementado quando um atleta profissional reconhece a necessidade de melhorar todas as áreas do seu jogo – condição física, técnica e mental – e assim assegurar o seu sucesso numa modalidade em que os resultados e a sua sobrevivência enquanto atleta dependem exclusivamente de si.
Embora tarde, chegou o momento de começar a encarar o processo de treino no golfe nacional como um sistema que contribui para o alto rendimento dos atletas, com especial enfoque no panorama internacional.
Esta abordagem está agora a ser implementada no Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Golfe, sito no Jamor, dotado de equipamento tecnológico de ponta de apoio ao treino e que inclui técnicos das várias áreas do treino, tal como a BIOMECÂNICA, CONDIÇÃO FISICA, PSICOLOGIA DESPORTIVA, MENTAL COACHING, NUTRIÇÃO, PLANEAMENTO E PERIODIZAÇÃO DO TREINO e TÉCNICA.
A falha de um ou mais componentes da abordagem multidisciplinar diminui o desempenho do atleta e, consequentemente, condiciona o sucesso do jogador. Assim, mais que memorizar um elevado número de regras e acções, é fundamental que os atletas desenvolvam a capacidade de observar as informações que o ambiente lhe fornece, de modo que lhe indiquem o melhor caminho para uma performance de excelência.
Este sistema de treino deve começar a ser implementado o mais cedo possível por forma a incutir nos atletas o espírito necessário para que estes possam estar dotados de ferramentas idênticas, ou até melhores, à dos atletas com quem competirão no panorama internacional, aquele que deve ser o palco de excelência para os melhores golfistas.
A preparação destes atletas visa a performance de excelência em campeonatos da europa, campeonatos do mundo e em competições internacionais de prestígio. É só através desta via que poderemos almejar ter atletas profissionais a conquistar títulos com regularidade nos principais circuitos profissionais e jogos olímpicos.
O golfe já não é um jogo. É uma modalidade desportiva complexa que exige uma mudança de paradigma – da formação ao alto rendimento –. Não podemos continuar a hipotecar o sucesso de mais gerações de jogadores com grande talento."
O desporto na Bíblia
"No seu livro “Ce que dit la Bible sur le sport” (Nouvelle Cité, 2020), François-Xavier Amherdt (teólogo, professor universitário e árbitro de futebol), partilha a sua paixão pelas atividades desportivas e aborda o assunto do ponto de vista da Bíblia. O autor evoca os laços entre a Santa Escritura e o desporto. François-Xavier tece, de forma muito hábil, as palavras de Jesus Cristo, os escritos de São Paulo e a fé cristã, lembrando como as Igrejas estiveram muitas vezes ao lado dos atletas. Em declarações, o autor diz: “como o fenómeno desportivo não pode levar à salvação do homem, eu tento colocá-lo em contraposição com a fé cristã”. Recorre, no seu texto, à leitura do Livro de Isaías, onde é referido “Ele será juiz no meio das nações e árbitro de povos sem número” ou, por exemplo, à parábola de Mateus (21:31), “muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros”.
No fundo, o que pretende demonstrar é que as interpretações desportivas podem valer tanto como as pastorais. O desporto é o reflexo da sociedade, por isso, não é melhor nem pior. É necessário praticar a competição sem dopagem, sem nacionalismos exacerbados, no respeito por si próprio e pelos adversários, em profunda honestidade, e prazer e gosto do jogo. “As grandes questões éticas, morais e humanas que pontuam a mensagem das Escrituras estão também no centro das competições desportivas”, sublinha o autor. François-Xavier Amherdt testemunha também que muitos jogadores de futebol têm dado, nos últimos anos, o seu testemunho de fé, referindo como a qualidade da sua relação com Deus e com os outros lhes deu a força e a concentração de que precisavam e podiam dar sentido à sua profissão como desportistas, para além de sucessos ou fracassos.
Um livro que merece ser lido."
E depois do adeus ao Mundial … renasce nova esperança pelo Natal
"Saúdo a forma verdadeira e pedagogicamente assertiva como ao longo deste tempo da competição referente ao Mundial-2022, alguns analistas comentadores nos brindaram, e que encerrou com saudade um dos mais fervorosos campeonatos do mundo de Futebol de todos os tempos.
Anoto com uma exemplar participação as seleções do Canadá, Arábia Saudita (única a vencer a campeão do mundo), Japão, Coreia do Sul e Marrocos, merecendo aplauso a Tunísia que derrotou a França, os Camarões que venceram o Brasil e a habitual Croácia num lugar de destaque no pódio do tempo. Como nota de surpreendente participação pela negativa e a merecer reflexão: a Alemanha, Inglaterra, Espanha e Brasil. No que consta aos nossos irmãos brasileiros que festejaram espectativas de forma antecipada e que resultaram em lágrimas sofridas por uma vida desacreditada … e já são tantos os exemplos desta máxima a ter em conta … até aqui em Portugal!...
Argentina e França que final?!... a dinâmica da incerteza dum resultado com o cântico entoado por hossanas bem representado por um duelo inteligente e verdadeiramente apaixonante entre Messi e Mbappé.
Messi, outrora referido por Marias, J. (2007) em que “da sua relação com a bola nascia um poema feito de calções e chuteiras”, Valdano, J.;(2022) acrescentava “ um sábio que encontrou a síntese num jogo de final entre todas as fórmulas que o elevaram aos céus: a simulação, a pausa, a distração, o engano, a capacidade de colocar em acordo o tempo e o espaço, a pontualidade nopasse, o veneno no remate … a quem a cabeça até faz barulho quando se põe a pensar para encontrar a melhor fórmula para fazer golo.”
Da parte da França, sobressaiu Mbappé, essa energia em movimento de alta rotação onde fazia de mira as pontas das botas e com arte, genialidade e imprevisibilidade, deixou a marca do presente para o futuro autenticado pela razão. Pena não ser repartido o triunfo entre os dois finalistas no final do jogo, claramente definido nas marcações dos pontapés de grande penalidade (também questão de treino, como expressei num dos artigos publicados anteriormente).
Da Seleção de (quase) todos nós … SEMPRE A MINHA… creio que fica um amargo de boca pelo facto de não termos tido a capacidade de seguir o caminho das estrelas, algumas cadentes e que se refletiu numa inconstância de compromisso, incapacidade de resiliência, algum azedume a roçar a impaciência e que nada abona em favor de quem poderia ter ido mais longe. Essa capacidade que outrora e em muitas das nossas participações ficou neste mundial ausente, como fazer de algumas adversidades, oportunidades para despertar competências, capazes de gerar num arreganho coletivo suor, rebeldia, paixão e sucesso.
Importa sufragar o presente e enfrentar o futuro sem jamais esquecer quem ao longo do tempo conquistou para o País a brilhante classificação de Portugal Campeão Europeu e Mundial da Liga das Nações, Eng.º Fernando Santos, que sempre soube interpretar um código de valores exemplarmente reconhecido e movido duma generosa convicção para iluminar em sólida esperança outros caminhos para o êxito. Ainda uma nota de solidariedade para o presidente Dr. Fernando Gomes. Talvez o primeiro de milhões de portugueses que mais sofreu com um regresso antecipado desta competição. Não deixa de se lhe reconhecer uma imagem de serena tranquilidade, na forma inteligente como tem gerido a magnitude da sua liderança, responsavelmente partilhada. Estou certo de que a astúcia, perseverança, influência e civilidade que tanto se lhe identificam na sua identidade, se irão converter em símbolos que lhe irão acudir no desejo de preparar o presente para novos êxitos no futuro.
Apenas neste capítulo deixar o registo duma nota para Cristiano Ronaldo. Tenho uma opinião muito própria, mas que pelo respeito à identidade do homem que está por detrás do jogador campeão dos campeões, irei publicamente omitir.
Do que construiu e do que converteu em cada passada uma viagem de sonho para a nossa seleção, elevando espectativas e consolidando convicções, despertando talento e renovadora jovialidade. Numa linguagem de amor e raiva, foi capaz de transformar em sucessivos movimentos de inspiração onde a harmonia do gesto se combinava com uma eficácia emocionalmente excitante, levando em ombros toda uma nação. Isso jamais se deverá esquecer!...
O futuro??? … A Deus pertence!... VIVA PORTUGAL
Muito, mas mesmo muito se poderia incluir neste capítulo referente ao Mundial. Quero apenas deixar mais duas notas referentes a comentários ouvidos e vistos por parte de profissionais do setor. Um deles referia a certo ponto e até de forma absurda, porque repetitiva, que uma equipa é a soma das partes que a constitui …ah…ah…ah… como se a álgebra da soma tem a ver com a relação que das partes se constitui dinâmica empreendedora de sucessos a conseguir, e outro seu companheiro de painel que referia dum determinado jogador, que este não tinha nada a provar a ninguém. Como se fosse possível não ver atestados os sucessos já convertidos com a recompensa de os repetir e porventura melhorar!.... Enfim!...
De enaltecer em termos gerais a forma absolutamente enriquecedora com que muitos profissionais de comunicação se debruçaram no acompanhamento da competição, ajudando a melhor compreender todo este Mundial que já se torna saudade. Uma nota especial para a abordagem séria e descomprometida, eficiente e pedagogicamente assertiva do Treinador Dr. José Gomes no Jornal de Notícias. Aí sim havia uma explicação clara das condicionantes causais pelo resultado sim ou não conseguido e a previsibilidade estratégica e operativa inserida numa abordagem organizacional, anunciando linhas de orientação para o jogo a realizar. Simplesmente fantástico!
Quanto ao retorno competitivo de jogadores que estiveram envolvidos nas diversas seleções, sabe-se que depois de várias semanas de interrupção das rotinas presenciais de treino nos clubes de origem e enquadrados noutros perfis de exigência técnica, tática, competitiva e emocional, com distintas equipas técnicas e por vezes com diferentes objetivos de conquista, podem ver comprometidas ao nível de resposta em termos de resultados a conseguir.
Ainda a anotar as alterações por adaptação aos fusos horários, pelo jet lag existente, que conduzem a situações de maior dificuldade de concentração, maior irritabilidade ao desgaste e demais manifestações de fadiga, maior perceção à ameaça, diminuição do estado de alerta e outras causas porventura associadas aos objetivos positivamente conseguidos ou nefastamente atribuídos, adaptações climáticas, eventuais lesões quer do foro traumático ou músculo tendinosas por excesso de fadiga, teremos sim uma situação de eventual crise de rendimento, caso não se avalie e recompense com um planeamento devidamente personalizado.
É claro que existem planos metodológicos ao nível do treino físico atlético e mental de referência para autenticar a dominante readaptação ao esforço para o retorno a um bom desempenho. E o que é devido constatar, a existência de equipas técnicas de suporte, cada vez mais autenticadas de rigor e competência técnica e científica que são autênticos baluartes de suporte para a readaptação dos jogadores na obtenção da excelência.
Regressou a competição em termos do campeonato nacional … que todos possamos ser merecedores da festa do belo jogo e do qual sobrem notícias de generosidade e duma inatacável honestidade de processos, onde as noções do belo, do estético e do ético estabeleçam acordos para justificar o eco dos resultados a conseguir … exaltando os vencedores, aplaudindo os vencidos. É NATAL!..."
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