Últimas indefectivações

quarta-feira, 3 de julho de 2024

O sonho de jogar no Benfica


"Esta edição da BNews é dedicada a vários temas da atualidade Benfiquista.

1. Reforço anunciado
Pavlidis, avançado internacional grego que representou, na época passada, o AZ Alkmaar, e pelo qual foi o melhor marcador do campeonato neerlandês, é jogador do Benfica e já demonstra conhecer o clube: "Estar aqui é um sonho para mim. Sei que é um dos maiores clubes do mundo, e sei que é enorme. Sei que tem muitos adeptos que o amam."

2. Inspiradoras
Lúcia Alves vai continuar de águia ao peito. Sílvia Rebelo anunciou o fim de carreira, prosseguindo no clube integrada no staff do futebol feminino. E são seis as futebolistas do Benfica constantes na mais recente convocatória da seleção nacional.

3. A um passo do título
A equipa feminina de hóquei em patins do Benfica está a um triunfo de se sagrar hendecacampeã nacional.

4. Treinador do ano
Marcel Matz, pentacampeão nacional de voleibol, foi eleito o treinador do ano pela Associação Nacional de Treinadores de Voleibol.

5. Bom desempenho
Foram 32 os atletas do Benfica medalhados nos Campeonatos de Portugal de atletismo.

6. Título na formação
Os Sub-17 de hóquei em patins do Benfica sagraram-se campeões nacionais.

7. Benfica 1 minuto
A atividade desportiva do Benfica dos últimos dias num minuto.

8. Casas Benfica Golegã e Guarda
A embaixada do Benfiquismo na Golegã comemorou o 20.º aniversário e a da Guarda celebrou 30 anos de vida."

BI: Leandro Barreiro

5 minutos: Leandro Barreiro

5 minutos: Diário...

Zero: Ataque Rápido - Euro24 - Vlog #3 - O EURO do povo (Portugal - Eslovénia)

EuroFut: Euro24 #17 - Oitavos...

ESPN: Futebol no Mundo #354 - Fim das oitavas, análise completa e os jogos das quartas

TNT: Euro24 - Rescaldo Oitavos...

Team Talk: Leão & Félix !!!

Inside de Box: Rio & Figo!

Taça o Volante


"Até um concurso de popularidade de automobilismo, o Benfica continuava a ser o vencedor

Para comemorar o seu 33.º aniversário, a revista O Volante organizou uma homenagem aos clubes participantes do Campeonato Nacional de Condutores de 1958, 'numa demonstração de apreço pelos clubes que, através das suas equipas de automobilismo, concorrem com o mais elevado espírito desportivo', nomeadamente Benfica, Académico Futebol Clube, Clube Arte e Sport, CF Os Belenenses, FC Porto e Sporting.
Com o apoio 'das firmas suas amigas, distribuidoras de óleos e gasolinas, e representantes de marcas de automóveis, de pneus e acessórias', foram criadas taças que seriam distribuídas e estes clubes, por votação, através do preenchimento de um boletim incluído nas edições de agosto. Este concurso suscitou 'o maior interesse junto do público', com a votação a ser encerrada em 30 de Setembro de 1958 e com os resultados a serem divulgados na edição de 5 de Outubro. O Benfica ficou em 1.º lugar, com 501 900 pontos, mais 14 200 pontos que o 2.º classificado, o Sporting.
Numa reunião que se realizou na redação desta revista, os delegados puderem escolher a taça para o seu clube, pela ordem de classificação, 'pois O Volante não quis, por si, dar primazia a nenhuma porquanto, com excepção da taça por si instituído, todas foram oferecidas por amigos que muito preza'. Fernando Amaral Guerra, delegado do Benfica, foi o primeiro, tendo escolhido a Taça O Volante. Os automobilistas também foram contemplados, com o respetivo campeão de cada clube a receber uma das taças restantes através de um sorteio. O automobilista encarnada Fernando José Tordo arrecadou a Taça Peugeot, 'oferecida pela firma F. Marchand, do Porto'.
Este concurso 'atingiu enorme êxito e teve 'o seu epílogo com a entrega das taças instituídas como prémios', em 30 de Outubro, na sede do Clube 100 à Hora. O diretor d'O Volante, Beirão da Veiga, entregou a Joaquim Nunes dos Santos, representante do Benfica, 'a magnífica taça'.
Saiba mais sobre taças por votos na área 26 - Benfica Universal, do Museu Benfica - Cosme Damião."

Lídia Jorge, in O Benfica

O Benfica nunca pára


"O futebol interno até pode estar de férias, mas isso não significa que o Sport Lisboa e Benfica esteja em banho-maria. Enquanto, na Alemanha, vai decorrendo o Euro 2024, os benfiquistas vão tendo várias oportunidades para assistir às partidas dos nossos internacionais que por lá andam. Portugal, Ucrânia, Dinamarca, Turquia e Chéquia são as seleções com jogadores do Glorioso, e convém não esquecer o que se vai passando na Copa América, onde dois argentinos campeões do mundo vão em busca de mais um título com a sua seleção nacional.
Quando acabar o Campeonato da Europa, teremos mais motivos de interesse quanto ao desporto. È que em 26 de julho começam os Jogos Olímpicos de Paris, e a comitiva encarnada é cada vez mais interessante: atletismo, natação, canoagem, judo e triatlo são as modalidades com o SL Benfica representado, e ainda há tempo para mais atletas conseguirem os mínimos de participação.
Por cá, há que nunca esquecer o nosso papel, o dos adeptos. Há tempo para voltar às bancadas da Catedral e empurrar a equipa masculina de futebol para a reconquista do título nacional. Já sabemos como são as pré-épocas, os mercados de verão, as transferências, partidas e chegadas, rumores e fantasias. Seja quem for, seja que equipa for, o objetivo é sempre o mesmo: estar em todas as fases de decisão e, de preferência, ganhar em todas as modalidades. Porque o Benfica nunca pára."

Ricardo Santos, in O Benfica

O meu 26 titular


"Portugal não podia ter arrancado melhor o Euro2024. O 1.º lugar no Grupo F foi a confirmação de que a qualidade coletiva apresentada durante toda a fase de qualificação não foi passageira, nem obra do acaso. Naturalmente, o entusiasmo que já era grande tem vindo a crescer cada vez mais, apesar do grande desapontamento que esta competição trouxe aos adeptos portugueses em geral, grupo de desiludidos onde também eu me incluo. Ninguém estava à espera da imposição repentina desta nova regra: neste Europeu, apenas 11 jogadores podem entrar de início.
Foi uma surpresa enorme, bem sei, e não é fácil gerar consenso neste inédito processo que é ter de escolher apenas 11 atletas para a equipa titular. Tudo seria mais fácil como antes, quando podíamos ir a jogo com o Diogo Costa, o José Sá e o Patrício lado a lado a protegerem a baliza; o Cancelo, o Dalot e o Nélson Semedo, todos os filinha a percorrer o corredor direito; o Nuno Mendes a galgar o esquerdo, o quinteto de centrais composto pelo Rúben Dias, Pepe, António, Inácio e Danilo; um meio-campo controlado pelo Palhinha e pelo Rúben Neves, e organizado em conjunto por Matheus Nunes, Vitinha, Bruno e João Neves; e na frente, um ataque móvel e dinâmico com Ronaldo, Bernardo, Leão, Jota, Conceição, Félix, Neto e Ramos à solta. Se tem sido difícil lidar com esta nova realidade para os adeptos, o leitor imaginar a confusão em que deve estar a cabeça de Roberto Martínez, que agora já não pode entrar em campo com estes 26 craques e cumprirem tudo aquilo que o selecionador lhes pediu para respeitar no habitual 3-9-6-8.
Infelizmente, é mesmo assim, e 15 jogadores têm de ficar de fora, mas nem tudo é mau. Com um Vitinha em grande forma e a roubar espaço ao João Neves, o nosso menino fica protegido de olhares de assédio europeu indesejados."

Pedro Soares, in O Benfica

A nossa selecção


"Com o futebol de clubes em pousio, é tempo de dar lugar às seleções. Este, sim, o tempo certo, e não a meio da temporada, quando as paragens das principais competições de clubes constituem uma tortura para os adeptos, para os treinadores e, acredito, também para a maioria dos jogadores convocados. Acresce que as fases de qualificação de Europeus e Mundiais, tal como estão desenhadas, são hoje totalmente desinteressantes e desequilibradas. E já nem falo dos jogos amigáveis a despropósito, só para preencher as chamadas datas FIFA.
Agora, sim, com os clubes de férias e as rivalidades no congelador, é mais fácil concentrarmo-nos na representação nacional, e sentir o patriotismo a brotar dos relvados. Com o mercado em aberto, torna-se também mais simples olhar para atletas das equipas rivais e vê-los, ainda que circunstancialmente, como nossos - e, em sentido inverso, alguns dos nossos como de outros.
Estamos então em pleno Euro 2024 e embora escreva ainda antes do Portugal - Geórgia, é já garantido que a equipa das quinas marcará presença nos oitavos de final, como 1.ª classificada do seu grupo.
Poder-se-à dizer que, para equipa como a portuguesa, é agora que a competição verdadeiramente se inicia. Deixa de haver margem de erro, cada jogo é uma final, e começam a aparecer pela frente os mais fortes adversários na luta pelo título.
Roberto Martinez, para além de uma tocante simpatia, tem trazido também vitórias. Até ao momento, 12 partidas oficiais, 12 triunfos, 41-3 em golos, qualificação imaculada para a fase final, e apuramento para os oitavos logo à 2.ª jornada. Para já, registo perfeito.
Como será daqui em diante? As próximas semanas vão responder.
Talento é coisa que não falta àquela que é, sem dúvida, um dos melhores plantéis da história da seleção nacional."

Luís Fialho, in O Benfica 

Cidadãos do mundo


"É o que os portugueses dizem que são, e têm boas razões para isso porque, além de terem alargado as fronteiras do mundo, não se deixaram prender por elas e espalharam-se desde sempre por todo o lado.
'Navegar é preciso', sinterizava Pessoa a propósito da inquietude profunda da alma lusitana que tudo busca e sempre procura mais além.
Só um povo assim universal e universalista poderia criar um clube como o Benfica, resistente a crises e impérios, perene no coração dos seus adeptos e respeitado por todos em função de sua grandeza.
Grita-se Portugal e grita-se Benfica nos quatro cantos do mundo, e é portuguesa muita da força inovadora de tantos países que não falam a língua de Camões.
É que os portugueses têm a viagem no coração e gostam tanto do destino como do caminho.
São nos seus atos um povo livro aberto, capaz de fazer-se aceitar e de aceitar o outro independentemente das suas diferenças. É por isso estranho que se ouça falar de xenofobia e racismo em Portugal ou que alguém cuja alma abraça o mundo possa dizer a um seu semelhante 'vai para a tua terra', porque a Terra é só uma e é de todos, como os portugueses ensinaram ao mundo."

Jorge Miranda, in O Benfica

A culpa é do Diogo Costa


"Diogo Costa decidiu que não precisaria de tirar as luvas para salvar o destino da Associação de Apoio a Cristiano Ronaldo. 'Selvagem e Sentimental' é uma página semanal

Diogo Costa conseguiu o que quase todos achavam impossível. Não me refiro aos 3 penáltis defendidos, uma proeza inédita num europeu e uma demonstração de frieza extraordinária que valoriza ainda mais este atleta. Mas tudo isso é fácil quando comparamos com a verdadeira consequência do feito. Antes da decisão, o guarda-redes da seleção conversou com Ricardo, agora treinador de guarda-redes, e decidiu que não precisaria de tirar as luvas para salvar o destino da Associação de Apoio a Cristiano Ronaldo. Para quem não sabe, a entidade designada é aquilo que tem acontecido nesta competição sempre que a seleção portuguesa entra em campo, mas desta vez atingiu-se um novo nível de embaraço patriótico.
Há alguns anos que a principal atividade desta associação consiste em fazer a bola chegar a João Cancelo, Bernardo Silva, ou outro colega encostado numa ala, para que este abdique da sua lucidez e tente mais um cruzamento que acabe milagrosamente entre dois centrais, bola redondinha na cabeça de Cristiano Ronaldo, até que a bola termine no fundo das redes. Só há um problema com esta ideia de jogo, da qual Roberto Martínez continua a padecer: resulta lindamente contra o Liechtenstein e contra o Al-Okhdood, mas revela-se muito pouco eficaz no mundo da alta competição.
Quando a bola não chega às alas, há outra opção. Não resulta desde 2018, num jogo contra a Espanha que serviu para garantir mais meia dúzia de anos de Ronaldo a marcar livres. São agora 60 livres e 1 golo em competições internacionais. Ao longo deste percurso deprimente, têm tentado iludir-nos banhos de estatísticas e recordes para explicar tudo menos o essencial: que esta seleção continua a ter um problema chamado Cristiano Ronaldo. Frente à Eslovénia, esse problema voltou a agravar-se. Depois de uma dezena de livres que só Cristiano Ronaldo podia marcar, ele, o único avançado de 39 anos no futebol mundial que não pode ser substituído, foi chamado novamente para o lance decisivo. Até os mais céticos se convenceram que Ronaldo não falharia o penálti aos 105 minutos, ou não estivéssemos perante a possibilidade de mais um recorde ser batido pelo português, neste caso o de jogador mais velho a marcar um golo numa fase final de um europeu ou lá o que é.
No fundo, trata-se da razão de ser desta seleção conhecida a cada 2 anos pelo epíteto de «melhor geração de sempre do futebol português», mas que por manifesto infortúnio só ganhou um troféu a sério no futebol de seleções seniores. Foi neste exato momento, imbuído deste espírito, que Ronaldo correu para a bola, rematou com a mesma convicção inabalável dos outros quarenta remates que fizera durante a competição, e permitiu a Oblak uma das defesas da noite.
A eliminação começava a ser escrita e, quem sabe, a possibilidade de um país se libertar desta relação tóxica. Como se o falhanço de Ronaldo não fosse um presságio suficientemente forte, poucos minutos depois vimos a carreira de Pepe terminar em pleno relvado, com um falhanço perfeitamente admissível num atleta com 41 anos de idade. Sesko passou o jogo a apostar no insucesso de Pepe e teve finalmente a ocasião de que precisava para pôr fim a este ciclo interminável da seleção portuguesa. Foi então que apareceu Diogo Costa, de forma heróica, para salvar o legado de Pepe. Poucos minutos depois, vieram os penáltis, a noite das noites de Diogo Costa, e a euforia tomou conta de todos e deixou a nação num estado inebriante. Diogo Costa e os colegas agradecem pela oportunidade de salvar o legado do capitão de equipa e estrela do Al Nassr. Em cada rua deste país, os bravos lusitanos prometem aos franceses uma noite de sofrimento na próxima sexta-feira. Voltamos à essência histórica das nossas seleções: esqueçam lá isso do jogo jogado, o importante é irmos passando.
Na conferência de imprensa, Fernando Martínez, ou Roberto Santos, um dos dois, explica de forma assustadoramente convicta que a seleção portuguesa jogou muito bem, aludindo mais uma vez ao péssimo cognome de os apaixonados para qualificar a fraca exibição contra a Eslovénia. Não sei se explicou por que motivo tirou de campo o Vitinha, um dos poucos jogadores desta equipa que se tem apresentado ao nível necessário. Não sei se explicou o fraco rendimento do Bruno Fernandes ou do Bernardo Silva, que continuam a parecer vagamente perdidos em campo, isso ou exaustos, depois de 5000 minutos nos respetivos clubes.
Também não sei se explicou a permanência de Cristiano Ronaldo em campo, mas duvido que conseguisse dar uma justificação plausível. Já achei que Roberto Martínez pensava em todas estas coisas, mas entretanto percebeu-se que a sua verdadeira ideia de jogo é aquele salto de fé que fez do engenheiro Fernando Santos campeão europeu na única ocasião em 100, em que tal desfecho seria possível. Não sei se o selecionador esclareceu estas dúvidas porque entretanto desliguei a tv. Virei-me para as redes sociais. Por um lado, vejo um mundo inteiro, pelo menos a parte que observa a realidade tal como esta é, destratar a seleção portuguesa e aplaudir merecidamente Diogo Costa por uma noite extraordinária. Por outro lado, já em Marte, os erros de Cristiano e Pepe são agora transformados em tratados de autoajuda no Twitter e no Linkedin, a caminho da enésima apropriação do «falhar outra vez, falhar melhor» de Beckett, uma ladainha que por esta altura já devia pagar imposto.
Ronaldo vai à flash interview e diz que marcou o primeiro penálti porque nunca rejeitou as responsabilidades. Encontrou uma forma de virar uma noite desastrosa a seu favor e tornar tudo sobre ele, mais uma vez, porque, veja-se bem, marcou o primeiro penálti. No fundo foi a sua maneira de explicar que vai ser titular contra França, nem que seja de andarilho. Ah, e não se queixem muito. O Mundial de 2026 está quase aí e todos sabemos que Portugal ainda não tem avançados nem defesas centrais.
Ironicamente, a culpa do estado a que chegámos é de todos menos de Diogo Costa, guarda-redes que ontem brilhou para dar a Portugal uma presença nos quartos de final, dando ao seu país uma renovada esperança de que a história de 2016 possa ser revivida. Não consigo partilhar o otimismo, mas tenho a certeza que pelo menos uma parte da história se vai repetir: se houver livres à entrada da área, já sabemos quem os marca."

No Princípio Era a Bola - O jogo de Portugal foi um descalabro sem lógica e Roberto Martínez, com o seu arco-íris nos olhos, não ajudou a seleção. Nem Ronaldo

Terceiro Anel: Euro24 - Dia 15

90m: Portugal...

Vinte e Um - Como eu vi - Portugal...

Jogo Pelo Jogo #46 - Portugal-Eslovénia, Diogo Costa Herói, Lágrimas de Ronaldo

Falsos Lentos - Euro24 - Portugal...

Renascença: Bola Branca - Tertúlia

DePlaca: Portugal...

EuroFut: Portugal...

TNT: Portugal...

RMC: Portugal...

L´Équipe: Portugal...

JKC: Portugal...

Bonetto's: Penalty's....

Zero: Mercado - Joâo Félix, Rui Silva, Archie Gray

ESPN: Futebol no Mundo #353 - Espanha, Alemanha e Inglaterra passam, Brasil melhora e Argentina avança

Diogo Costa atirou água benta para cima de todos os pecados de Portugal


"O guarda-redes da seleção nacional parou três penáltis consecutivos no desempate contra a Eslovénia, depois de um nulo ao final dos 120 minutos, e Portugal está nos quartos de final do Euro, onde vai jogar com a França. Diogo limpou uma série de equívocos cometidos pela seleção nacional e quando foi preciso um herói, ele apareceu a fechar a baliza. Mas há decisões que não dão para apagar. Portugal, uma das equipas com mais talento deste Europeu, vive neste momento de dúvidas, apesar da festa final

Cada defesa de Diogo Costa nos penáltis contra a Eslovénia foi como atirar um jarro de água benta a cada pecado cometido por Portugal neste jogo dos oitavos de final do Euro 2024 - e foram muitos. Uma, duas, três vezes, três vezes se lançou e três vezes impediu a bola de entrar na baliza, dando à seleção nacional mais uma oportunidade, que não fez por merecer, depois de um jogo em que aconteceu um pouco de tudo, muito por culpa própria e auto-infligida.
Houve equívocos, grandes equívocos, houve drama. E houve, no fim, um guarda-redes que se afastou de tudo isto para salvar uma equipa, depois de um nulo que durou 120 minutos. Portugal segue agora para Hamburgo, onde vai jogar com a França nos quartos de final, na próxima sexta-feira. Até lá, há muita reflexão a fazer, se houver vontade para a fazer.
Muito se teorizou sobre a capacidade organizativa da Eslovénia, a facilidade em defender e deixar os adversários desconfortáveis no ataque, mas Portugal nem se pode queixar de falta de espaço, algo que se temia - houve bem mais verde para explorar do que no jogo contra a Chéquia, por exemplo. A equipa começou bem na pressão e reação e o resto foi fazendo Vitinha, impávido mesmo rodeado de camisolas brancas, sempre na busca de linhas de passe, na forma como os seus pés baralharam os pés e os corpos alheios. Os cruzamentos pelo lado direito e as arrancadas de Leão do lado oposto iam permitindo chegar ao último terço, mas aí a seleção nacional falhou. Bruno Fernandes chegou ligeiramente atrasado a um cruzamento de Bernardo aos 13’ e Ronaldo teve várias bolas para golo, sem nunca encontrar com algo que sempre foi uma das suas armas: o timing de impulsão e de ataque à bola. E não é de hoje.
O capitão não esteve, no entanto, longe do golo num livre direto frontal. Só que depois entusiasmou-se demasiado ao tentar marcar outro, agora lateral, de um ângulo quase impossível, desperdiçando o que poderia ser mais uma bola para a área e um lance de perigo para Portugal - e bem sabemos como eles estão caros neste Europeu. Não será preciso ser estatístico para aferir o grau de probabilidade daquele remate entrar, mas Ronaldo ainda assim tentou, com resultados previsíveis.
A Eslovénia, depois de pelos 20 minutos ter intensificado alguma pressão, sem grandes resultados, apareceu já perto do intervalo num lance rápido pela direita, com Stojanovic a ganhar na velocidade à defesa portuguesa e lançar para a área. Salvou Nuno Mendes quando Sporar, que conhece bem, já se preparava para rematar. Pouco depois foi Sesko a surgir em posição frontal (e proibida), com espaço para o tiro, que saiu à figura de Diogo Costa.
A 1.ª parte terminaria com um dos melhores lances e oportunidades para a seleção nacional: Leão, na insistência, passou por dois adversários, cruzou rasteiro e atrasado, com Palhinha a rematar ao poste.
João Cancelo, pela direita, seria um dos grandes animadores da 2.ª parte para Portugal, mas os cruzamentos do jogador do Barcelona tenderam a encontrar adversários pelo caminho. Ronaldo marcou mais alguns livres diretos inconsequentes. Do outro lado, Sesko voltou a assustar, ganhando compreensivelmente em velocidade a um solitário Pepe, mas o mais veterano de sempre a jogar num Europeu ainda teve a capacidade de atrapalhar o avançado esloveno. Não houve muito mais do ataque da equipa balcânica, com as tentativas de transição a serem, quase sempre, bem resolvidas por Portugal.
Mal resolvida, bem mal resolvida, ficou a equipa portuguesa quando, aos 65’, Roberto Martínez tirou Vitinha de campo para colocar Diogo Jota. Pouco depois, lançou Francisco Conceição para o lugar de Rafael Leão, à esquerda. Sem Leão, Portugal perdeu a capacidade de desequilibrar em drible. E sem Vitinha perdeu o cérebro, a capacidade de pensar o jogo. Deixou de dominar a posse, deixou de ter capacidade de baralhar a pressão adversária. Não havendo uma questão física, é incompreensível. E uma pena.
Daí para a frente, Portugal partiu-se, destruturou-se, deixou-se enredar pela dúvida. Só criou verdadeiramente perigo já muito perto do final, num lançamento de Diogo Jota que deixou Cristiano Ronaldo na cara de Oblak. E Oblak, que continua a ser um dos melhores do mundo, defendeu seguro.
No prolongamento, ficou evidente a inexistência do meio-campo de Portugal, com posse mas sem grandes soluções. As alterações vindas do banco apenas lançaram a confusão de uma equipa que teima em não criar rotinas. Bruno Fernandes e Bernardo Silva andaram quase sempre perdidos. O penálti cometido sobre Diogo Jota, entrando sozinho pela área dentro, era, por isso, uma oportunidade de ouro. Cristiano Ronaldo, atipicamente, falhou. Jan Oblak, mais uma vez, mostrou que é um gigante guarda-redes e Ronaldo, pouco habituado a não se encontrar com os 11 metros, chorou. A equipa amparou o capitão no intervalo, quando a confusão tática já se unia à emocional.
Já na 2.ª parte do prolongamento, Palhinha obrigaria o guardião do Atlético Madrid a defesa atenta, mas o jogo agora já não tinha fio, de parte a parte, já era uma tentativa desesperada de evitar o cadafalso. E foi nesta espécie de rame-rame ao contrário que Pepe deixou Sesko fugir em direção à baliza, com a oportunidade de marcar um penálti, mas em movimento, e apareceu então Diogo Costa para o salvamento. Do lado de cá, também há um guarda-redes excecional.
E era apenas o aquecimento para Diogo Costa. Nos penáltis, foi herói, curandeiro, o que quiserem. O primeiro de sempre a defender três penáltis num desempate em Europeus. Roberto Martínez agradeceu-lhe e bem tem de agradecer, porque limpou muitos dos seus equívocos, que podiam ter custado uma eliminação embaraçosa. As lágrimas foram, então, de alegria, mas há tanto para retirar deste jogo que a alegria não pode ser assim tanta. Portugal, uma das equipas com mais talento deste Europeu, vive neste momento de dúvidas, apesar da festa final."

O show de Diogo Costa, a pólvora seca de Cristiano Ronaldo e o que se perdeu com a saída de Vitinha: os números do Portugal-Eslovénia


"O capitão da seleção nacional encaminha-se para quebrar um recorde (negativo) com 20 anos. Perante a desinspiração de Cristiano Ronaldo ao longo do Euro 2024, Diogo Costa teve que realizar uma exibição histórica para colocar Portugal nos quartos de final. Nunca na competição alguém conseguira proteger a baliza durante 120 minutos e ainda nas grandes penalidades antes do guarda-redes do FC Porto. Depois, o problema habitual da equipa portuguesa: gerar oportunidades de golo proporcionais à posse de bola

Qualquer ato que se torne numa estatística tem guardado no bolso um punhado de incerteza quanto ao sucesso ou insucesso da respetiva ação. Pode ser um passe, um remate, um drible ou um corte. Por meros segundos que demore a espera, é sempre preciso deixar escorrer algumas migalhas de tempo para avaliar as consequências de cada gesto. Ainda são as mnemónicas que se dá ao corpo para replicar em jogo o que acontece no treino que conferem um lado previsível a tudo isto. Mas a janela é estreita para, dentro do campo, o relvado não confiar no instinto de sobrevivência.
Por isso, a soma de três nomes foi a solução mágica para Portugal se apurar para os quartos de final do Euro 2024: Diogo Meireles Costa.
O guarda-redes do FC Porto tornou-se o primeiro a fazer três defesas num desempate por grandes penalidades de um Europeu. E mais: nunca antes nos arquivos da competição alguém tinha evitado que as redes pescassem sequer uma bola quando aos 120 minutos de jogo se juntam os decisivos pontapés da pintura colocada a onze metros da linha de golo.
Os números evidenciam padrões e alguns dos comportamentos de Portugal já tinham sido confirmados antes do jogo com a Eslovénia, daí que o impulso de Diogo Costa tenha sido o fator-X.
A seleção nacional voltou a ter a bola por (muito) mais tempo do que o adversário. Segundo a UEFA, os números finais da posse de bola favoreceram os jogadores de Roberto Martínez (68%) em relação aos eslovenos (32%). Entre os pés dos jogadores portugueses pingaram 695 passes – registo díspar face ao adversário (193) –, sendo que apenas 78 foram direcionados ao último terço.
As brechas no bloco esloveno eram poucas para que tanto volume ofensivo entrasse em zonas de definição. Gerou-se um efeito de entupimento que 30 ações dentro da área adversária, de acordo com o portal GoalPoint, não foram capazes de resolver. Tudo somado, a UEFA não atribuiu a Portugal mais do que apenas uma oportunidade clara (excluindo a grande penalidade de Cristiano Ronaldo), o mesmo número que a Eslovénia.
Portugal foi tentando por várias vias alcançar o golo. Das 17 faltas cometidas pelos eslovenos que resultaram em cinco cartões amarelos, a seleção nacional permitiu que Cristiano Ronaldo cobrasse quatro livres diretos, todos eles sem sucesso. O capitão português atingiu os 60 livres diretos tentados em fases finais de Europeus e Mundiais. Apenas por uma vez, no Portugal-Espanha do Campeonato do Mundo de 2018, concretizou uma chance desse tipo - é o equivalente a uma taxa de acerto de 1,7%, segundo a Opta.
De resto, a pólvora seca tem impedido Cristiano Ronaldo de enviar qualquer projétil para o fundo das redes. O avançado do Al Nassr é o mais rematador do Euro 2024, com 20 tentativas de visar a baliza, e não leva qualquer golo. Está muito perto de conseguir mais um recorde, mas este não vai ser um daqueles que gosta de enaltecer: desde 1980, apenas quatro jogadores tentaram mais remates sem marcarem. Deco lidera a lista com 24 tiros sem sucesso no Euro 2004.
A dose de paciência necessária em ocasiões onde o bloco defensivo contrário complica a tarefa aos homens do ataque foi posta em causa por Roberto Martínez aquando da saída de Vitinha. 
O jogador do Paris Saint-Germain, nos 67 minutos em que esteve em campo, foi o jogador com maior eficácia de passe (95%) entre os titulares de ambas as equipas, a par de Bernardo Silva. O médio de 24 anos evidenciou-se ao nível da distribuição média/curta, errando apenas três dos 55 passes que arriscou. Por sua vez, Bruno Fernandes foi quem mais vacilou das escolhas iniciais do treinador espanhol (76% de eficácia no passe) ao longo dos 129 minutos que o encontro demorou antes de ser decidido nos penáltis.
Graças à exuberância de Diogo Costa nas poucas, mas decisivas, situações em que teve que intervir, Portugal vai ombrear com a França por um lugar nas meias-finais."

COP: Paris - Fatoumata Diallo

Águia: Diário...

Visão: Pavlidis...

É tão evidente, que até esta...

O Futebol é Momento - Euro24 #9

Ronaldo: de volta à estaca zero


"Depois de ter ameaçado seguir outro caminho, Roberto Martínez regressou ao mais sagrado dos mandamentos da Federação Portuguesa de Futebol: não desagradarás ao capitão. O que inclui não testar alternativas, não vão estas mostrar um rendimento que reacenda o debate em torno de Ronaldo

Depois do Mundial do Catar, esperava-se que o papel de Cristiano Ronaldo fosse repensado e adequado às características da equipa e não o contrário, aquilo que até aí, muito naturalmente, tinha acontecido, que era construir a equipa à volta do talento e da capacidade goleadora de Ronaldo. Abriu-se uma janela de oportunidade para que a titularidade do avançado não fosse um dogma federativo, mas uma decisão em função dos interesses do coletivo.
Com a entrada de Roberto Martínez tudo indicava que seria assim. O trauma do Mundial teria trazido Ronaldo à terra, lembrando-o da inevitável passagem do tempo e do seu novo lugar no ecossistema da seleção, ainda a principal figura mediática, sempre um dos líderes do balneário, mas não necessariamente o protagonista obrigatório, o titular por decreto, remetido a um lugar mais periférico que teria a vantagem de aliviar a pressão sobre um jogador que, aos 39 anos, já não era o mesmo de há uma década. Os primeiros sinais foram positivos. A fase de apuramento, mesmo contra adversários de outros campeonatos, foi um exercício inteligente desse novo e saudável equilíbrio.
Até que chegamos à fase final e, subitamente, estamos outra vez no Catar. Ronaldo é imprescindível, inquestionável, insubstituível. Rodam todos, menos Ronaldo. Seja qual for a razão – a presença inspiradora do capitão, o medo que supostamente inspira nos adversários ou a necessidade de o manter satisfeito na busca de recordes pessoais – já ninguém se atreve a sugerir que seria uma boa ideia deixar Ronaldo no banco num jogo em que Portugal até tinha garantido o primeiro lugar do grupo.
Há duas semanas, escrevi que, nas circunstâncias que antecediam este Europeu, a titularidade de Cristiano Ronaldo se justificava. E continuo a achar o mesmo, apesar de o rendimento ser questionável. Mas não compreendo o porquê de lhe dar a titularidade contra a Geórgia, um jogo que apenas serviu para o capitão levar um amarelo e exibir níveis patológicos de exasperação com o árbitro, com os colegas, com o mundo.
Depois de ter ameaçado seguir outro caminho, Roberto Martínez regressou ao mais sagrado dos mandamentos da Federação Portuguesa de futebol: não desagradarás ao capitão. O que inclui não testar alternativas, não vão estas mostrar um rendimento que reacenda o debate em torno de Ronaldo. Agora mais do que nunca é preciso fechar os olhos e seguir em frente com a aposta cega no capitão. Tantos anos depois, a seleção continua a ser dependente de Ronaldo, é à sua volta que tudo gira. E não é uma boa dependência. Não é a dependência dos golos e das exibições, mas a dependência do seu estatuto e da obrigação de o preservar a qualquer custo."

Cristiano Ronaldo e as decisões de Roberto Martínez


"A primeira impressão, muitas vezes a correta, é que o selecionador fez trocas pelo estatuto

Cristiano Ronaldo desabou. Não foi, obviamente, a primeira vez que vimos o capitão da Seleção Nacional em lágrimas, mas foi a primeira vez que o vimos num estado emocional descontrolado. Ronaldo pertence àquela elite muito restrita dos jogadores que sabe que falhar faz parte do sucesso. Que cair faz parte do processo que eleva desportistas à condição de imortais.
Podemos já não estar a ver um Cristiano de outro planeta, talvez estejamos a ver mais o homem do que o futebolista, mas isso não invalida duas coisas. A primeira é que Ronaldo elevou o futebol português e, consequentemente os seus jogadores, para patamares que mais nenhum futebolista da História conseguiu. Nesta segunda-feira, Ronaldo mereceu a retribuição de 15 anos a carregar a esperança de um país às costas, quando este entrava em campo para jogar futebol. A segunda é que Roberto Martínez não pode ter receio de ter de tomar as decisões futebolisticamente mais lógicas.
A segunda merece, claramente, mais umas quantas observações. Portugal acabou por passar aos quartos de final do Euro-2024 com penáltis apontados por Cristiano Ronaldo, Bruno Fernandes e Bernardo Silva. Pondo as coisas de modo simples, as três principais estrelas maiores da Seleção Nacional. Porém, deu muitas vezes a sensação de que, cada um deles, em determinada altura do jogo, ou a partir de um certo momento todos, talvez não fizessem sentido estar em campo. A primeira impressão, e muitas vezes essa é a correta, é que o selecionador fez trocas pelo estatuto. Pelo estatuto que Vitinha não tem, por exemplo, apesar de ter mais lógica estar em campo do que, provavelmente, outros elementos.
Não está em causa o valor individual de nenhum jogador, felizmente, há talento suficiente nos 26 escolhidos, está, isso sim, o rendimento dentro de um jogo.
Imagino que Portugal tenha dados físicos estatísticos dos jogadores, como sucede nas melhores equipas do mundo — e a federação portuguesa fará, certamente, parte desse lote — e estranharia se não mostrassem quebras em determinados futebolistas. Mas vamos imaginar que não, que mesmo fisicamente o rendimento não cai aos 70 minutos: há coisas que estão à vista de todos, como o que Portugal ganha com Vitinha em campo — tão notório foi o que perdeu sem ele! Com as trocas, Martínez conseguiu retirar o flanco esquerdo a Portugal — Conceição nunca conseguiu romper como Leão e sente-se claramente mais confortável à direita; e depois ainda se conseguiu apagar a chama de Cancelo, que saiu depois, aí sim, exausto.
No fundo, precisamos de um Roberto Martínez mais treinador e menos gestor de balneário, até porque vem lá a França que, por norma, não tem piedade pelos indecisos, nem se atemoriza quando pela frente possa ter algum monstro. Seja este o peso histórico de Ronaldo, ou as mãos de Diogo Costa, que nesta segunda à noite foram as mãos de todo o Portugal."

Zero: Ataque Rápido - S05E05 - O apagão e a Luz

Daizer: Portugal...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - Cristiano Ronaldo, sim ou não? Como gerir CR7 na seleção

The Casual Fan: Portugal...

ESPN FC: Portugal...

BBC: Portugal...